Verdes de carteirinha

Componedores passam a destacar masters para reciclados nos portfólios
Verdes de carteirinha
A profusão atual de lançamentos de masters para plásticos reciclados reflete um modismo passageiro na garupa do ecomarketing ou acha que a produção brasileira de reciclados de melhor padrão vai mesmo aumentar a ponto de justificar assim a oferta de tantos masters de apelo sustentável?
Fabio Patente: A Kolor Flakes surgiu e se especializou em vendas especificamente para esses players; temos em carteira boa parte dos maiores recicladores do país. É um nicho ultra trabalhoso para os componedores de masters, pois muitas vezes o reciclado do cliente muda conforme o material do lote. Isso nos obriga a desenvolver a mesma cor em outra base de reciclado, o que exige mão de obra muito qualificada, algo que a Kolor Flakes dispõe. Vejo na reciclagem uma obrigação da sociedade e não um modismo; o bem estar do nosso planeta depende de ações nesse sentido.

Roberta Fantinati: Plásticos pós-consumo reciclados não são apenas modismo para atender a anseios globais para o apelo ecológico. A partir do momento em que brand owners passem a demandar esse tipo de material, o produto tende a se concretizar cada vez mais em produtos finais, passando também a ser consumidos por fabricantes menores e médios do ramo.

José Fernandes: Não acredito que masters para reciclado sejam modismo. Essa visão voltada à sustentabilidade está incutida na nova geração de executivos que chega ao mercado de trabalho, em particular nas grandes companhias formadoras de opinião. Essa visão mais ecológica que o ecomarketing traz deve ser permanente nas empresas, o que decerto exigirá cada vez mais reciclados em volumes e qualidades apropriadas para atender a essas necessidades. Acompanhamos, inclusive, o movimento internacional de grandes petroquímicas comprando e incorporando aos seus portfólios fabricantes de reciclados.

Transformadores de resina reciclada em geral contam com lotes desse material de diversas origens para a mesma aplicação. Quais as soluções em masters de sua empresa para evitar ou minimizar as variações de cores por lote de reciclado?

Roberta Fantinati: A Termocolor adota procedimentos de recebimento de lotes de reciclado, material analisado já na entrada. Se necessário, será feita a homogeneização das remessas recebidas para um lote uniforme, evitando assim grandes perdas na produção.

José Fernandes: Nesses casos de resinas de diversas origens, a solução dos fabricantes de masters pende para ajudar a minimizar as diferenças de índices de fluidez dos materiais. Também comparecem com agentes acoplantes para melhorar a incorporação de diferentes materiais. Quanto às variações das cores das diversas resinas, cabe ao reciclador providenciar uma homogeneidade nos lotes a serem recuperados para que os masters a serem aplicados neles possam dar uniformidade de cor. Não há maior milagre a ser feito senão a busca da uniformidade do reciclado pelo reciclador.

Roberto Castilho: As resinas Hiflex e Adflex podem ser utilizadas como compatibilizantes de polietileno e polipropileno, melhorando a qualidade de produtos reciclados, mesmo que utilizadas em baixo percentual. Essas resinas possuem fácil processamento, flexibilidade, durabilidade, baixa densidade, alta resistência térmica e baixo brilho, com equilíbrio de desempenho de impacto, rigidez e encolhimento em blendas.

Quais as soluções em masters que sua empresa adota, recomenda ou pretende adotar para ajudar a facilitar a triagem prévia, por cor, de sucata a ser encaminhada para reciclagem?

Roberta Fantinati: A Termocolor trabalha com fornecedores de reciclado cujo material tem um faixa de especificação para recebimento, isso ajuda na hora da destinação do lote na produção. No nosso descarte, os materiais são separados por cor e resina.

Roberto Castilho: O concentrado Polybatch NIR (infravermelho próximo) permite que os plásticos pretos sejam classificados por tipo de polímero no fluxo de reciclagem de resíduos plásticos mistos, sendo assim identificados por sensores ópticos e removidos do fluxo de reciclagem de cores naturais ou claras.

Quais as soluções em masters que sua empresa adota, indica para suprimir o mau cheiro dos lotes de sucata comercializados para reciclagem?

Roberto Castilho: Para isso, temos o auxiliar Polyfresh EA, com a função de capturar maus odores. Aproveito a deixa da pergunta para destacar materiais passíveis de melhorar as características de desempenho do polímero, caso de antioxidantes como Polybatch AO 25 A para polietileno e Polybatch PAO 3360 para polipropileno. Esses masterbatches minimizam a degradação térmica das poliolefinas que dão origem à oxidação, cross-linking, formação de géis, perda das propriedades mecânica e surgimento de partículas carbonizadas e mau odor. Além disso, minimizam o acúmulo de material degradado na matriz. Por causa desses atributos, os dois masters possibilitam aumentar o percentual de uso de material reciclado. Na mesma trilha, vale menção aos masters branqueadores óticos Polybatch AO5 PE para polietileno e Polybatch AO5 PP, para polipropileno, ambos contribuem para minimizar o amarelamento dos reciclados. Há casos em que é aconselhável o uso de masterbatch dessecante Polybatch AR 5711, para capturar possível umidade da resina recuperada.

Grandes marcas de produtos finais, como refrigerantes e artigos de limpeza, já defendem a eliminação mundial de cores de suas embalagens para facilitar a reciclagem. Como encara esta ameaça a um dos principais mercados de masters de cor?

Fabio Patente: Não vejo isso como uma ameaça, se não pigmentarem esses produtos na confecção das embalagens elas com certeza terão de ser pigmentadas na sua reciclagem, seja de branco, preto ou colorido. Precisamos estar preparados para as demandas do mercado, sejam elas por coloridos, brancos ou pretos.

Roberta Fantinati: Essa tendência pode gerar impactos no mercado de masterbatches coloridos, porém não os eliminará de todo devido ao apelo de marketing dos produtos finais envasados. Além do mais, ainda são ofertados para esses frascos os masterbatches aditivado (para adequar a performance da embalagem transparente) e o fumê, ambos capazes de suprir a saída da cor.

José Fernandes: Não acredito nessa hipótese de eliminação geral das cores dos frascos. Afinal, do ponto de vista mercadológico, a cor é importante para o resultado final das vendas do produto final. Aquela máxima de que a cor cria identificação da marca e, exposta na prateleira, ajuda muito o cliente final a fazer sua escolha, é verdadeira e sempre atual. Pode haver alguma variação nos volumes, mas não acho que o mercado em geral responda bem a essa estratégia de suprimir as cores das embalagens.

Wagner Catrasta: Tem sido estudado como o cérebro humano identifica e entende as cores de diferentes formas, influindo no despertar de emoções, sentimentos e desejos. Segundo o consenso em pesquisas na área, mais de 90% dos consumidores consideram que a aparência visual é o fator que mais contribui para a decisão final de compra. ‘A cor representa 85% da razão pela qual você comprou um produto específico’, atesta o influenciador Neil Patel, da consultoria Quick Sprout. Desse modo, não encaramos o risco de supressão de cores de frascos plásticos como uma ameaça, mas como uma razão para desenvolver uma solução inovadora e sustentável no gênero.

Roberto Castilho: Identificamos uma tendência quanto à redução do uso de masterbatches coloridos como ação para facilitar o processo de reciclagem. Para apoiar essa vertente, a LyondellBasell conta com resinas especiais que podem conferir um toque de sofisticação, com soft touch e aspecto mate, ou então, capazes de proporcionar excelente transparência e brilho à embalagem, além de maior flexibilidade ou rigidez, a depender da aplicação. Para segmentos em que masters coloridos são imprescindíveis, temos opções em base de resinas certificadas quanto à redução da pegada de carbono e opções com certificação do balanço de massa de resinas a partir de fontes renováveis, da família Circulen. •

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