Vento bravo

Temporada de furacões piora cenário complicado para resinas dos EUA

Pesadelo à luz do dia para a petroquímica norte-americana e causa de coices nos preços internacionais de resinas, como o Brasil bem sabe, a temporada de furacões dos EUA, de junho ao final de novembro, prenuncia ser pior que as anteriores não só por sua gravidade, mas por explodir com nitroglicerina logística. Vai juntar a erupção de falhas em modais de transporte no país à fratura exposta do fluxo internacional de produção e comércio, iniciada em 2020 e ninguém sabe quando acaba.
Meteorologistas da universidade estadual do Colorado emitiram à entrada de junho sua expectativa para 10 tornados (metade deles na categoria máxima, de 253 km/h) e 10 tempestades tropicais na temporada deste ano. Seus colegas no front do governo, lotados na entidade US National Oceanic and Atmospheric Administration, cravam firme na crença de 14 a 21 tempestades no período. Essas calamidades climáticas golpeiam a petroquímica do país porque a maioria de suas plantas e refinarias opera na Costa do Golfo dos EUA, nos estados do Texas e Louisiana, próxima do grosso da produção de petróleo e gás natural no Golfo do México. Na temporada do ano passado, a passagem do furacão Ida, em velocidade média de 210 a 250 km/h, fez um estrago em segmentos como como estireno, PVC e alfa olefinas lineares.
Pelo menos quatro plantas de alta escala de polietileno têm partidas agendada nos EUA entre o segundo semestre a meados de 2023, acentuando o excedente doméstico. Feito chuva que dá em furacão, esse quadro preteja quando somado à barafunda logística. Pesquisa de campo empreendida em março último pela entidade American Chemistry Council (ACC) atesta piora no já trôpego fluxo local de suprimentos. No plano geral, respondentes afirmaram estar reduzindo a produção devido ao acúmulo de estoques a jusante da cadeia e clientes declaram estar diminuindo sua operação, por não conseguirem abastecimento suficiente. Segundo o levantamento, o atraso das remessas em portos tipo Long Beach e Los Angeles tem oscilado entre quatro e seis semanas; embarques fluviais dentro dos EUA estão demorando seis dias acima da média; devido ao atendimento e precariedades da infra ferroviária, 75% das companhias dos respondentes mudaram o frete para o rodoviário e quase todas as empresas estão pagando alto a caminhoneiros e 63% delas têm aferido tempos mais longos de recebimento e entrega.
Nada é tão ruim que não possa piorar, reza lei de Murphy. Um contrato trabalhista entre estivadores e companhias de navegação expira em 1 de julho próximo, abrangendo 29 portos nos EUA. Sem consenso na renovação do acordo, o acesso de estivadores aos portos pode ser bloqueado e eles podem revidar partindo para a greve. Em plena temporada dos furacões.
E as incertezas dão cada vez menos o ar da graça na meteorologia norte-americana. Até a década de 1970, conta o escritor Michael Lewis no livro O Quinto Risco, o meteorologista pegava a informação climática disponível, a temperava com sua opinião e proferia a previsão. Mas a partir daí o trabalho dos meteorologistas do governo melhorou de forma drástica, engraxado por dinheirama aplicada em satélites, radares, capacidade computacional e modelos aperfeiçoados de estimativas. Por ironia, bem pouca gente hoje sabe que aplicativos ou empresas privadas como Weather Channel apenas repassam ao público dados copiados do Serviço Nacional do Clima. A nova era ficou patente em 12 de março de 1993, quando o leste dos EUA foi devastado por tempestades e tornados épicos. Pois cinco dias antes, um meteorologista do Serviço Nacional do Clima alertou a mídia, detalhando localização e gravidade, com base em modelo de previsão sem toque humano. Foi esnobado pelos telejornais, aferrados à crença de que o homem do tempo em geral erra. Deu no que deu. •

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