Jogada de master

Na garupa de incentivos fiscais e aduaneiros, LyondellBasell compra a Colortech da Amazônia

À margem dos rosnados de quem deles não desfruta, o fato é que incentivos fiscais permanecem no Brasil um meio polêmico, mas lícito, para indústrias de produtos commodities, de margens restritas e vendas em altos volumes, sobrepujarem a concorrência sediada em regiões não beneficiadas e que alojam os principais mercados.

Não é por outro motivo que componedores avantajados de masterbatches operam unidades de materiais de alto giro em locais onde a tributação camarada compensa o ônus logístico da sua distância dos grandes centros de consumo. Formadora de preços e opinião mundiais em poliolefinas, a petroquímica holandesa LyondellBasell resolveu jogar este jogo ao formalizar, ao final de setembro, a compra do controle da Colortech da Amazônia, componedora na ativa na Zona Franca de Manaus. “A aquisição visa ampliar nosso portfólio no Brasil”, declara sem abrir o investimento Roberto Castilho, diretor comercial para os mercados sul-americanos de masterbatches e especialidades em resinas e pós. “Contamos agora com concentrados coloridos e pretos e compostos para aplicações industriais”.

Na ativa desde 1998, a Colortech da Amazônia tem como sócios administradores Dival Rebelatto Junior e Lucineide Alves Constante Rebelatto, segundo registros digitais. Além de coloridos e pretos, produz concentrados brancos, aditivos tradicionais, compostos carregados para poliolefinas, estirênicos e policarbonato, além de prestar serviços de tingimento a clientes do Polo Industrial de Manaus. “Ela está muito bem estruturada e é rápida nos desenvolvimentos”, elogia Castilho, deixando claro a preferência da LyondellBasell por comprar logo um bom player já em funcionamento em vez de aguardar com paciência o trâmite do aval da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para um projeto da construção de fábrica local da estaca zero.

A razão social e gestores da Colortech não serão alterados, afiança Castilho. Conforme justifica, os atrativos da Zona Franca, fiscais e aduaneiros (importações de insumos sob tarifas ínfimas pelo porto livre), e os ganhos de escala trazidos pela componedora manauara viabilizarão a expansão dela na região norte e fortalecerão sua interação com as demais unidades no país da LyondellBasell. Todas baseadas no interior paulista: a fábrica de compostos de poliolefinas em Pindamonhangaba, a de poliéster reforçado em Rio Claro e a de especialidades e concentrados como brancos em Sumaré.

A aquisição da Colortech da Amazônia fecha uma brecha na foto da LyondellBasell em masters no Brasil, confirma Elisangela Melo, CEO da consultoria de estratégia comercial Sales for Life e com bem sucedidas passagens por fabricantes de especialidades da linha de frente. “Faziam falta no portfólio as linhas de coloridos commodities e, em especial, menos convencionais, um fosso fechado com a compra de uma componedora nacional bem estabelecida, com laboratórios e quadro estável de técnicos como coloristas”, ela pondera. “E há a vantagem da localização estratégica na Zona Franca, com as regalias tributárias, importações de insumos a preços diferenciados e possibilitando à LyondellBasell dar um atendimento ao mercado mais personalizado e ágil no desenvolvimento de cores e especialidades”. Ainda na seara do oásis fiscal, ela observa que concorrentes de respeito – globais e locais – da LyondellBasell em masters no país possuem fábrica em Manaus ou outros polos incentivados. A incorporação da Colortech, ela conclui, reforça a competitividade tributária da multi petroquímica para tocar seu negócio de concentrados num mercado gigante e pluricultural. Só que dentro de um país de afamado nó cego nos impostos.

Notório calcanhar de aquiles dos componedores sediados em locais não incentivados é a dependência de importações de dióxido de titânio, o pigmento de produção mundial e nacional insuficiente, vital para formulações brancas e claras de concentrados. No plano geral, bem poucos fabricantes de masters hoje desfrutam, com plantas filiais, acesso preferencial e beijado por incentivos fiscais ao colorante produzido no país apenas no polo da Bahia. Raros também contam com unidades na Zona Franca para usufruir o dióxido de titânio (assim como resinas, auxiliares e maquinário) internado pelo porto livre com benesses alfandegárias, privilégios que a LyondellBasell, global player em PP e PE, passa agora a tirar proveito. “Todas essas variáveis elevam a competitividade de empresas com plantas em locais incentivados, tanto na compra de insumos quanto no faturamento”, intervém Elisangela. “Quando se trata de mercados commodities por excelência, como coloridos, brancos e compostos convencionais, de grandes volumes de compras e preços ultra espremidos, esses benefícios podem fazer a diferença na margem ou até mesmo quitar o custo fixo da planta ou ajudar nos gastos gerais de fabricação”.

Diante do paraíso fiscal ao alcance de quem produz em locais incentivados, Elisangela aponta como alternativas aos concorrentes fora dessas redomas voltarem-se para demandas bem específicas e pisar fundo nos cronogramas de desenvolvimentos de prazos de entrega. “Mas há mercado para componedores de todos os perfis e grandes oportunidades ainda por atender”, ela contemporiza com diplomacia.•

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário

Dacarto Compostos de PVC, Blendas, Masterbatches e Especialidades Poliolefínicas
A Karina Plásticos desenvolve constantemente novas tecnologias e produtos do segmento de Fibras Poliolefínicas
Interplast 2024
Cazoolo Braskem
Piramidal - Resinas PP, PE, ABS - Resinas Termoplásticas
Perfil Abiplast 2022
Grupo Activas