Ativistas rechaçam propaganda enganosa de companhias abertas

Acionistas ambientalistas levantam suspeitas de greenwashing
Kraft Heinz: reciclabilidade das embalagens contestada por acionista individual nos EUA.
Kraft Heinz: reciclabilidade das embalagens contestada por acionista individual nos EUA.

Ativista ambiental, a engenheira química Jan Dell se escora em sua condição de acionista individual da Kraft Keinz, brand owner norte-americana em alimentos, para instar a companhia a rechecar a coerência dos dizeres sobre reciclagem de suas embalagens, sob ameaça de sofrer caros processos baseados em greenwashing, informa o site Inside Climate News. O pleito de Jan será alvo de decisão preliminar dos controladores da Kraft Heinz se deve passar pelo crivo da assembleia anual de acionistas no início de maio. A meta da proposição da investidora é baixar a vulnerabilidade jurídica da empresa a ações de propaganda enganosa, levando-a a repensar suas embalagens plásticas de modo que façam jus efetivo à classificação de recicláveis.

Jan Dell ilustra a nova fornada de investidores no mercado de capitais que, com cabeça feita pelo ambientalismo, atazanam as companhias abertas nas quais investem como minoritários com voz ativa, exigindo-lhes, amparados em sua participação acionária, práticas mais sustentáveis de negócios. No caso da Kraft, o ponto de partida para Jan Dell montar sua proposta é o questionamento da veracidade do clássico triângulo de setas com simbologia associada à reciclagem plástica e adotado em massa por brand owners de bens de consumo rápido em suas embalagens. Essa postura, assinala o artigo no portal Inside Climate News, anda cada vez mais trôpega pois, para ser conclusivamente bem sucedida, a reciclagem deve ser precedida e garantida pela eficiência na coleta, tecnologia e viabilidade comercial do processamento do plástico pós-consumo, predicados que Jan Dell não percebe em embalagens da Kraft Heinz.

A ativista não é um ponto fora da curva no mercado financeiro  dos EUA e Europa. Fala por si o fundo norte-americano Green Century Capital Management, com ativos totalizando US$ 10 trilhões e signatário em meio a 185 firmas de investimentos de um impositivo comunicado a empresas listadas em bolsa. Em suma, o abaixo assinado cobra abordagem mais radical quanto às  propaladas intenções das companhias de reduzir o consumo de plásticos de uso único e reivindica ainda a implantação por elas de sistemas de reúso de embalagens e iniciativas para eliminar insumos químicos nocivos da composição dos plásticos que empregam.

Em depoimento ao mesmo site, Douglass Guernsey, analista da Green Century, prevê que a incisiva interferência de ativistas ambientalistas nos negócios será algo a ser considerado a sério pelas empresas nos próximos anos, uma situação que requer resoluções práticas o quanto antes, pois não se pode esperar sentado por regulação a respeito. “Reciclagem é um óbvio conceito fantástico, mas o diabo mora nos detalhes”, ele diz. “Ao verem o símbolo das setas da reciclagem nos rótulos, os consumidores  em regra pressupunham que as embalagens eram recicláveis, uma percepção hoje em declínio entre o grande público diante do temor com problemas potenciais de saúde na hipótese de que os plásticos com que as pessoas entram em contato se decomponham e acabem em micropartes entranhadas no corpo humano”.

As brechas na lisura ambiental da máquina pública e universo corporativo viraram um prato cheio para o Judiciário se esbaldar nos EUA. Em 2022, o procurador geral da Califórnia, Rob Bonta, abriu com alarde investigação sobre a reciclabilidade das sacolas plásticas que resvalou até em petroquímicas. No mesmo ano e no mesmo Estado, advogados representando consumidores entraram com ação coletiva contra o supermercadista Walgreen por vender sacolas plásticas não recicláveis, burlando lei californiana. Em 2023, Keith Ellison, procurador geral de Minessota, processou o varejista Walmart e a indústria Reynolds Consumer Products acusando-os de propaganda enganosa por venderem como recicláveis determinados sacos de lixo que não eram. Uma referência para completar a descrição da magnitude da encrenca é Letitia James, procuradora geral do estado de Nova York. Ela sapecou em novembro passado processo contra a Pepsico, colosso em refrigerantes e snacks, alegando que a empresa enganou o público trombeteando soluções para a poluição plástica enquanto tem aumentado o consumo de embalagens de uso único do material para seus produtos.

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