Wortex: excelência sempre vende

Com melhora contínua das extrusoras, a empresa contorna clima embaçado na indústria de reciclagem
Wortex extrusoras Compounder 165MM-42L/D: especialização no trabalho com materiais considerados impróprios para reciclagem mecânica.
Compounder 165MM-42L/D: especialização no trabalho com materiais considerados impróprios para reciclagem mecânica.

Apesar de haver quem defenda não fazer sentido confrontar preços de resinas virgens com os de recicladas, por se tratarem de materiais de origens distintas (embora destinados em regra às mesmas aplicações), o fato é que, quando o consumo afunda, quem dá as cartas na praça é a velha e boa lei da oferta e da procura. Mundial e local, a sobra de polímeros novos em folha e suas cotações imbatíveis hoje surrupiam dos plásticos recuperados nacos graúdos da sua clientela de fé, escalpelando assim a rentabilidade dos recicladores. Para eles, uma saída de emergência desse beco passa pela economia de escala e qualidade, injetando sangue novo no antiquado parque fabril do ramo. Vem daí o azul que tinge as vendas das extrusoras da Wortex nestas horas escuras do setor, nota na entrevista abaixo o presidente da empresa, Paolo De Filippis.

Quantas linhas de extrusão estima que hoje operam em reciclagem mecânica de plásticos no Brasil e qual a idade média delas?

Paolo De Filippis
Paolo De Filippis: em média, cada reciclador tem 3 extrusoras, sendo duas defasadas.

Acreditamos que em torno de 2.000 extrusoras estejam em operação entre transformadores e recicladores. A propósito, considere que, em regra, cada reciclador tem três máquinas, das quais duas defasadas. No plano geral, a idade média desse parque oscila de 10 a 15 anos. O setor brasileiro de reciclagem de plásticos está defasado, mas tem buscado se atualizar. Essa demora na modernização se deve ao alto custo do financiamento e à expressiva insegurança para investir em tecnologias adiantadas, não havendo qualquer incentivo para essas aquisições no tocante a juros baixos, com condições especiais de crédito ao setor de reciclagem ou algum alivio animador na questão da carga tributária. Um ponto que vale ressaltar: algumas empresas, mesmo quando investem em equipamentos zero km, acabam optando, por conveniência de custo, por equipamentos relacionados a projetos antigos, de tecnologia defasada). No mais, também influi no ritmo moderado desse interesse por renovar as máquinas o fato de um grande número de clientes utilizar recursos próprios.

Como reparte as vendas atuais de extrusoras de todas as marcas entre recicladores e transformadores/convertedores verticalizados na reciclagem?

O cenário está bem dividido entre ambos os lados, em partes praticamente iguais. Embora o segmento dos recicladores tenha crescido muito nos últimos anos, em função da valorização do material recuperado, a indústria de transformação também acompanha essa expansão, movida pela necessidade de reciclar internamente aparas antes vendidas ou recuperadas por encomenda a terceiros.

Pelo seu acompanhamento, transformadores/convertedores têm adquirido extrusoras de reciclagem principalmente para recuperar aparas ou plásticos pós-consumo?

Em geral, eles adquirem as máquinas para reciclar suas próprias aparas e trazer de volta a resina ao processo de transformação; somente alguns acabam recuperando as próprias aparas para revendê-las a preço melhor. Em alguns casos também reciclam plásticos pós-consumo, reutilizando o polímero obtido em seus produtos acabados, para diminuir o custo de fabricação e cumprir exigência ambientalista. Entretanto, esse transformador em regra acaba por encontrar certas dificuldades, devido à qualidade a desejar do material e à baixa demanda por plásticos pós-consumo no mercado.

Fontes do setor comentam que transformadores/convertedores mais capitalizados têm investido na reciclagem interna de aparas por insatisfação com a qualidade, prazos de entrega e políticas de preços estabelecidos em geral pelos prestadores desse serviço. Esta interpretação procede?

Sim, procede. Quando a empresa transformadora envia a terceiros suas aparas para reciclagem, além de toda a logística e demais complexidades de transporte envolvidas, ela depara com o custo alto do serviço de mão de obra na reciclagem, perdas de material no processo e, fator principal. a baixa qualidade do material granulado entregue pelo reciclador. Muitas vezes, as aparas não foram processados em equipamentos adequados e tecnologia apropriada. Esse refugo pós-industrial dos transformadores é constituído por materiais de alto padrão e valor agregado que exigem um processo de reciclagem condizente.

Com crédito caro, juros nas nuvens e o consumo interno enregelado, as superofertadas resinas virgens devem ficar por bom tempo mais baratas que recicladas. Como esse quadro se reflete na demanda brasileira por extrusoras para reciclagem este ano?

Isso prejudica totalmente o mercado e são esses pontos levantados na pergunta que armam o quadro relatado a nós pelas empresas que projetam a aquisição de equipamentos para reciclagem. Isso sempre acontece nesse mercado. Ele tem muita oscilação e volatilidade, mais acreditamos que o baixo preço da resina virgem é hoje o fator que mais afeta e inibe o mercado do reciclado. Em decorrência, as empresas acabem segurando os investimentos em novos equipamentos, sejam para reciclagem ou para transformação e conversão. Enfim, a conta hoje não fecha. Afinal, toda a cadeia produtiva de reciclado pós-consumo já arca com custo muito alto, desde a coleta a separação do resíduo à sua lavagem e granulação.

Como a Wortex procura reagir a esta conjuntura preocupante?

Uma das premissas abraçadas pela Wortex chama-se “Tecnologia em Movimento”. Estamos envolvidos em constante melhorias e desenvolvimentos relacionados aos equipamentos de reciclagem. Oferecemos ao cliente planos de manutenção periódica preventiva, retrofit das suas linhas e, entre as inovações introduzidas, destaco o recurso da dupla filtragem e a tecnologia de dupla degasagem com sistema especial de homogeneização-plastificação. Avanços desse tipo geram um reciclado pós-consumo de alta qualidade e, por tabela, contribuem para aquecer nossas vendas de equipamentos de reciclagem mesmo na crise atual. A propósito, nossas linhas recém-lançadas processam com eficiência e economia operacional materiais ainda hoje considerados inadequados para reúso, sendo portanto destinados a aterros ou a artefatos plásticos sem rentabilidade real, a exemplo de BOPP metalizado, impresso e multicamada; PS; laminados de PET/PE, ou polímeros expandidos. Uma referência concreta: fomos bem sucedidos em ensaios com máquinas projetadas para reciclar plástico pós-consumido, com filtragem de até 150 mesh e degasagem que resiste a até 280 bar de contra-pressão e sem o plastico retornar pela saída de gases. Uma dessas linhas é a extrusora Compounder 165MM-42L/D, capaz de produzir 1.200 kg/h com até 150 mesh de filtragem e resistência máxima de 250 bar de contra-pressão, ao custo energético médio de 0,35 Kw por quilo produzido.

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