Amanco Wavin confia na decolagem do saneamento no Brasil

Chamariz do acesso à água potável e tratamento de esgoto acende investimentos da líder em tubos de PVC na América Latina
Saneamento básico: revisão do marco legal resvala no cronograma da universalização do acesso aos serviços.
Saneamento básico: revisão do marco legal resvala no cronograma da universalização do acesso aos serviços.

Até hoje, o segmento de infraestrutura configurou uma nota de rodapé na divisão do mercado brasileiro de PVC. É uma posição coadjuvante a ser varrida de cena a curto prazo, na garupa do exame final este ano, pelo Senado, das criticadas alterações inseridas em abril último pelo presidente Lula no corpo do marco regulatório do saneamento básico, aprovado pelo Congresso sob aplausos gerais em julho de 2020. Nº1 em tubos de PVC na América Latina e expoente nesse reduto no Brasil, a Amanco Wavin, controlada do grupo mexicano Orbia, forma na corrente dos que, apesar dos solavancos da política e economia, apostam que versão final da lei viabilizará a retirada gradual de cerca de 35 milhões da relação de brasileiros sem acesso à água potável e de um contingente arredondado em 100 milhões sem serviços de coleta de esgoto. A convicção da empresa no sumiço dessa chaga aberta no padrão nacional de vida nacional é exposta nesta entrevista pelo diretor comercial Adriano Andrade e Fabiana Castro, diretora de desenvolvimento de negócios.

Como avalia a propensão de empreendedores em investir em obras de saneamento depois do governo atual ter efetuado contestadas mudanças, em prol da permanência de estatais sem capacitação financeira, do marco regulatório homologado em 2020? A insegurança jurídica gerada por isso tende a dificultar as decisões de investimento?
Adriano Andrade: infraestrutura capta a maior fatia dos investimentos da Amanco Wavin no Brasil.
Adriano Andrade: infraestrutura capta a maior fatia dos investimentos da Amanco Wavin no Brasil.

Adriano Andrade: Vemos o novo marco regulatório, que atualiza a legislação de 2007, como um impulsionador das parcerias público-privadas trazendo a possibilidade de introdução de novos serviços e tecnologias para aumentar a cobertura e atingir as metas de universalização do acesso a água e esgoto, bem como a preservação dos recursos hídricos. A proposta de mudanças feita pelo atual governo, para voltar ao antigo formato que não trazia avanço ao setor, teve dois pontos derrubados pela Câmara dos Deputados e o projeto ainda deve passar por mais ajustes no Senado. Dessa forma, entendemos que o marco deve ser mantido como foi concebido, considerando que investimentos já foram realizados este ano e muitos outros estão prontos para serem colocados no mercado. O que demonstra que investimentos de estatais, assim como as privatizações, devem continuar, ainda que em uma velocidade menor. Confiamos, portanto, que o modelo do novo marco legal, deva prosseguir.

Como a Amanco Wavin se posiciona nesse cenário?

Adriano Andrade: Nossa participação em projetos de saneamento, seja por meio de produtos ou serviços, nos permite aproximar da sociedade em geral e colaborar para o o alcance das metas do marco regulatório. Com isso também atendemos a um importante pilar do propósito da Wavin: melhorar a distribuição de água potável, para tornar o saneamento acessível a todos. Nesse contexto, disponibilizamos a linha de tubos Amanco Biax), solução exclusiva no Brasil para condução de água potável fabricada com PVC biorientado, tecnologia que alia maior resistência, baixo impacto ambiental e economia de matéria-prima. Estimamos que os investimentos em saneamento permitirão um aumento de 32% na capacidade produtiva dos tubos Biax a partir do ano que vem.

O prazo original para cumprimento da meta de universalização dos serviços de saneamento é o final de 2033. Pelo que foi feito desde 2020 e diante das mudanças introduzidas pelo governo atual no marco regulatório acha que o cronograma será cumprido?

Adriano Andrade: Os prazos previstos no cronograma não devem ser cumpridos, pois os investimentos ainda estão longe do que seria necessário – três vezes mais que a média pré-marco – e isso ainda não aconteceu.

Tubos Biax: desempenho econômico e ambiental superior ao do ferro fundido.
Tubos Biax: desempenho econômico e ambiental superior ao do ferro fundido.
A capacidade instalada para PVC no Brasil é insuficiente para atender a demanda interna, como provam as importações de 600.000 toneladas em 2021 e, reflexo da crise na construção, de 350.000 em 2022. Além do mais, escasseiam os investimentos globais na produção de PVC. Como fica, então, o suprimento seguro e suficiente do vinil para as obras de universalização dos serviços de água e esgoto?

Adriano Andrade: A importação de PVC sempre foi uma prática no mercado brasileiro, seja a resina trazida do Mercosul ou de outras regiões, deixando o mercado daqui sempre abastecido e em plena condição de atender a demanda por tubos e conexões. Além disso, nos últimos anos, a capacidade produtiva de PVC aumentou mundo afora, gerando ainda mais oferta. Fora isso, no Brasil a petroquímica de PVC Unipar (nota: tem planta também na Argentina) anunciou a intenção de expandir sua capacidade local do polímero. Do lado dos fabricantes de tubos de PVC, existe uma ociosidade nas plantas para produtos de infraestrutura e um plano de investimento em curso para tornar o mercado capaz de atender às demandas atuais e as que virão na esteira do novo marco legal.

Como avalia a capacidade instalada no Brasil para tubos vinílicos de infraestrutura e a participação da Amanco Wavin no segmento?

Adriano Andrade: A capacidade atual é mais do que suficiente para atender o mercado interno. Como não temos informações dos concorrentes, nos valemos dos nossos dados de inteligência para projetar nossa fatia em mais de 30% do segmento de tubos de infraestrutura. Temos muitos investimentos engatilhados para os próximos anos e infraestrutura, em especial, é o segmento mais contemplado. Por sinal, a Amanco Wavin investe este ano o mesmo montante aplicado no Brasil em 2022. Ou seja, R$ 200 milhões destinados, lançamentos, marketing, tecnologia e potencial produtivo, a exemplo do plano de aumentar em 32% a capacidade dos tubos Biax a partir de 2024.

Fabiana Castro: soluções para reduzir escassez de água potável em regiões de disponibilidade intermitente.
Fabiana Castro: soluções para reduzir escassez de água potável em regiões de disponibilidade intermitente.
Quais os produtos marcantes para saneamento lançados pela Amanco Wavin sob estímulo do marco regulatório?

Fabiana Castro: O produto mais revolucionário é a linha de tubos Biax Pn12,5 e PN16. Ela compete com o ferro fundido e o supera em termos de sustentabilidade incorporada à obra, mediante a redução do uso de material e ganho de energia. Outra inovação trazida para infraestrutura: a área de serviços em saneamento Wavin Services, com foco em gestão de ativos e redução de perdas de água. Uma de suas duas frentes de atuação, o Wavin Water Network Management (WWNM) passa a oferecer este ano o serviço de gerenciamento de qualidade de água, com análises de atributos como transparência, grau de acidez (PH) e potabilidade e avaliações da incidência de elementos químicos, metais pesados, algas etc. Esse serviço se soma ao outro pilar do WWNM: soluções para evitar perdas. Portanto, vamos atuar de maneira preventiva, aumentando a disponibilidade e qualidade da água potável de forma a reduzir sua escassez em regiões com intermitência no acesso.

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