A.M. Rosenthal, editor executivo do New York Times entre 1977 e 1986, andou certo tempo aporrinhado pela equipe comercial e pelo publisher Arthur Ochs Sulzberger, filho do fundador do jornal nº1 do planeta. O diário andava então mal das pernas nas finanças e Rosenthal era volta e meia cobrado para aumentar a circulação e, assim, atrair anunciantes indispostos a investir apenas pela tradição e status do jornalão. Entre as ideias para engordar a receita, azucrinavam o editor com pedidos para incrementar a cobertura regular dos esportes, até então encorpada apenas nos fins de semana com reportagens dos jogos disputados. Só que Rosenthal abominava esportes e, desde que entrou para o jornal como office boy da Redação, jamais deu as caras sequer numa mesa de pingue-pongue. Injuriado com a situação, o editor cismou de lançar de súbito, para pasmo geral de marqueteiros e da cúpula do veículo, um caderno dedicado à cobertura de Ciências. Ninguém entendeu lhufas até que, meses depois, os EUA disparavam na corrida aeroespacial e não demorou muito para o Vale do Silício desabrochar e qual era a única mídia de plantão para acompanhar a fundo e faturar a rodo com essas duas revoluções?
Entre as muitas lições, o caso de Rosenthal ensina que veículo de imprensa nenhum pode ser dado como perfeito e completo e, como reza a lei do show business, quando se dá o que o público quer, a casa enche. Amarrando essas pontas e em busca de um perfil com que a nova geração de leitores se identifique de todo, Plásticos em Revista surgirá reinventada a partir do ano que vem. A publicação mensal que o mercado conhece há mais de meio século será revigorada através do entrosamento com um portal de conteúdo jornalístico de impacto, renovado em ciclo rápido e com o estilo e abordagem que a cadeia plástica admite não achar em qualquer outra mídia.
E por que revista tradicional já era? Porque não tem mais vez na realidade atual. Sobram sinais dessa extinção na grande imprensa. Forbes, por exemplo, só é lembrada ainda pelo ranking anual de zilionários; Time só ganha olhares com as capas de personalidade do ano; as matérias de The Economist são mais lidas quando reproduzidas sob licença em jornais que no todo da revista original. No Brasil, títulos mensais e quinzenais sumiram, os poucos mensais restantes são zumbis e quem compra livro em vez de tênis, tatuagem ou cel é pra lá de esquisito.
Por essas e muitas outras é que, guardadas as devidas proporções, Plásticos em Revista rejeita se conservar em naftalina. A nova geração de leitores, de inegável poder menor de concentração, prioriza o noticiário digital, em tempo real e clama bem mais pelo fato quente do que por sua interpretação complementar e, quanto mais direta e breve ela for, melhor. Portanto, em vez de ficar no xororô diante dessa cultura da ligeireza que seduz o público (fala por si o ibope dos seriados X filmes), nós vamos jogar o jogo. O portal Plásticos em Revista embarca na aventura de ofertar informação condensada com análise e assinatura próprias.
Tal como a transição da fonte fóssil para a renovável, uma publicação passar de revista tradicional para a junção com um super site não implica um rompimento com seu conteúdo jornalístico. Não só ele continua como o princípio de que são dignas de publicação todas as notícias que dão à indústria plástica o que pensar.
De um memorando de A.M Rosenthal: “Nosso negócio são fatos, aprendemos a buscá-los, a cavar seu significado, a relacioná-los com outros fatos, a analisá-los e colocá-los em perspectiva. Também aprendemos que um movimento social, mudança de estilos de vida, tendência em música ou arte, emoção se espalhando por pessoas, podem ser tão reais quanto um fato ou um protesto. Jornais sempre foram bons em reportar o que se fala e diz. Agora reportamos o que as pessoas pensam – teologia, pensamento cientifico, o sentido da lei – porque o que elas pensam influencia o que afirmam e fazem”.
Estamos aqui para isso. •
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