Um ano nada memorável para a Braskem

2023 marcou por queda abrupta na rentabilidade e disputa em brasa com importações
Um ano nada memorável para a Braskem

Uma congestão de fatores notórios entre petroquímicas não integradas no petróleo e gás, lesionou o balanço de 2023 da Braskem. O cordão de espinhos compreende as avarias na rentabilidade causada pelo excedente global de PE, PP e PVC numa conjuntura mundial de guerras, demanda moderada e juros e inflação nas alturas, cenário agravado no Brasil pelo crescimento dos recursos reservados pela empresa para gerir o desastre geológico em Maceió que vitimou sua operação de cloro-soda. No plano geral, divulgou a Braskem, seu EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no ano passado cravou US$ 743 milhões ou 64% inferior ao saldo de 2022. Para ilustrar como os números falam por si, a Braskem calcula que os preços internacionais de PE dos EUA caíram 26% em 2023, enquanto o spread (diferença entre o preço da resina e o de sua matéria-prima referencial) desabou 36% e, na mesma trilha, o preço de PP da Ásia recuou 14% e seu spread, 8% e, por fim, o preço e spread de PVC da Ásia diminuíram, respectivamente 25% e 46% no último período.
A operação no Brasil encerrou 2023 com EBITDA de US$ 442 milhões, cifra 63% abaixo da registrada um ano antes. No compartimento das resinas no país, a empresa atravessou o ano passado com ocupação questionável de sua capacidade. No carro-chefe de PE, com capacidade brasileira de 3.005 milhões de t/a, a Braskem produziu no último período 2.199.641 toneladas contra 2.439.374 em 2022. As vendas internas atingiram 1.649.616 toneladas em 2023 versus 1.835.204 anteriores e as exportações fecharam no ano passado em 572.612 toneladas perante as 582.930 no exercício precedente.

No cercado de PP, cuja capacidade nominal no Brasil é de 1.850.000 t/a, a Braskem produziu no país 1.349.615 toneladas em 2023 frente 1.397.811 em 2022. As vendas domésticas alcançaram 1.164.711 toneladas no ano passado contra 1.183.755 anteriores e as exportações minguaram para 227.851 toneladas no último exercício face 243.721 em 2022.
Mesmo com o advento da convulsão geológica em Alagoas, a Braskem segue fixando em 710.000 t/a a sua capacidade nominal de PVC. Em 2023, a produção da empresa limitou-se a 493.457 toneladas do vinil contra 469.849 em 2022. As vendas internas somaram 525.725 toneladas no ano passado, de leve acima das 498.665 precedentes e, por fim, a Braskem zerou exportações de PVC em 2023, em linha com o raso embarque de 598 toneladas no registro anterior.

Desembarque em massa

A Braskem monopoliza a produção doméstica de poliolefinas e lidera em PVC, resina também fornecida pela capacidade de 300.000 t/a da Unipar que, aliás, não libera para a mídia os volumes de seu desempenho anual. Mas uma panorâmica do mercado brasileiro não pode prescindir de um rasante pelas importações, inclusive devido à oferta doméstica insuficiente de determinados materiais. Pelo rastreio da Abiquim a partir de indicadores de comércio exterior do governo, as internações de PP em 2023 emplacaram 509.467 toneladas contra 425.215 em 2022. Entre as origens, a China respondeu por 45.856 toneladas internadas contra 47.518 precedentes; os EUA internaram 25.495 toneladas, bem acima das 6.560 do ano anterior e da Argentina vieram 44.718 toneladas, atrás das 67.374 remetidas um ano antes. No plano dos desembarques por portos incentivados, entraram por Santa Catarina 277.164 toneladas de PP em 2023 versus 216.639 em 2022. Pelo porto livre de Manaus, as importações do polímero acumularam 93.622 toneladas no ano passado perante 87.569 no exercício anterior.

No cercado de PEs, as importações do tipo de alta densidade (PEAD) somaram 449.835 toneladas em 2023 contra 360.239 anteriores. Uma parcela de 109.022 toneladas desembarcou no ano passado por Manaus, aquém das 128.542 toneladas por ali internadas no período precedente, e 185.807 toneladas entraram em 2023 pelos portos subsidiados catarinenses, mais que as 118.090 que por ali ingressaram no país em 2022. Entre os países exportadores, a China compareceu nas importações brasileiras de PEAD com irrisórias 5.495 toneladas no último exercício, atrás das 7.455 registradas em 2022. Dos EUA, entraram 266.079 toneladas em 2023, bem acima das 192.030 trazidas no ano anterior. Por fim, as remessas da Argentina, a cargo do complexo da Dow, alcançaram 77.020 toneladas no ano passado, de leve à frente das 74.862 internadas em 2022.

O monitoramento do governo (Sistema Comex) une no mesmo bojo as importações das resinas de baixa densidade (PEBD) e de baixa densidade linear (PEBDL). A propósito, a capacidade brasileira de PEBD (675.000 t/a) já foi superada há anos pelo consumo interno. Pois em 2023 os desembarques de PEBD e PEBDL fecharam em 417.462 toneladas perante 397.325 anteriores. A China teve mini participação, com 1.021 toneladas trazidas no período passado e 2.383 no saldo de 2022. Em contraste, os EUA colocaram no país 289.533 toneladas em 2023, acima das 268.531 anteriores. Da Argentina, vieram da Dow 39.334 toneladas de PEBD e PEBDL no ano passado, mesmo patamar das 40.598 internadas em 2022. Entre os canais de desembarque, foram internadas em 2023 por Manaus 208.995 toneladas dos dois polímeros, de leve abaixo das 213.721 registradas em 2022. Já pelos portos de Santa Catarina ingressaram no mercado interno 93.379 toneladas importadas de PEBD e PEBDL versus 66.323 em 2022. Os indicadores de PE levantados pela Abiquim não incluem os copolímeros de etileno e alfa-olefinas que, segundo Simone de Faria, diretora da consultoria Townsend, registraram importações brasileiras da ordem de 500.000 toneladas no ano passado.

Em 2023, ano insosso para a construção civil, as importações brasileiras do vinil evidenciaram a insuficiente oferta doméstica da resina – atingiram 425.981 toneladas, volume superior às 351.094 internadas um ano antes, conforme o radar da Abiquim. Por sinal, tal como em 2022, as importações brasileiras de PVC foram lideradas no último período pela Colômbia, com 192.826 toneladas despachadas da planta da mexicana Orbia, controladora também da transformadora Amanco Wavin no Brasil. Bons corpos atrás, o rol dos maiores exportadores de vinil para cá em 2023 se completa com os EUA, com 82.985 toneladas, e Taiwan, com 51.389.

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário

Dacarto Compostos de PVC, Blendas, Masterbatches e Especialidades Poliolefínicas
A Karina Plásticos desenvolve constantemente novas tecnologias e produtos do segmento de Fibras Poliolefínicas
Interplast 2024
Cazoolo Braskem
Piramidal - Resinas PP, PE, ABS - Resinas Termoplásticas
Perfil Abiplast 2022
Grupo Activas