Pesquisa de Opinião – Máquinas e Periféricos

No plano geral, a transformação de plástico opera no Brasil com capacidade ampliada em 2020 e com preços altos das resinas, energia cara e instável e sob inflação e dólar e juros elevados. Como sensibilizar as empresas a expandir e modernizar o parque fabril nesse cenário previsto para atravessar 2022?

Silvio Davi Pires
Gerente de vendas da Rulli Standard

É imprescindível que os transformadores continuem investindo para não perder competitividade, mesmo diante de situações adversas como as vivenciadas desde o início da pandemia. A economia brasileira é dinâmica e globalizada, tornando assim imperativo para nossos clientes acompanhar as mudanças, criando estratégias para tomar decisões referentes à aplicação dos recursos na indústria e, entre elas, cabem os equipamentos de maior valor agregado e menor custo de transformação como nossas extrusoras de alta produtividade e baixa manutenção e gasto energético.


 

Newton Zanetti
Diretor comercial da Pavan Zanetti

É uma excelente pergunta e de difícil resposta. A economia brasileira já foi estigmatizada como ‘vôo da galinha’, com anos bons alternando com os de baixo investimento. No momento, estamos na entrada da fase da galinha pousando depois de um 2020 bastante movimentado. A caída forte do poder aquisitivo levou as indústrias, com as exceções de praxe, à ociosidade em seu parque fabril. No caso, falo de transformadores do ramo em que minha empresa atua- sopradoras de embalagens de PET e PEAD. Essa ociosidade, de intensidade variável em alguns setores, faz com que os clientes deixem de investir no aumento de uma capacidade com ocupação insatisfatória. Nessas circunstâncias, a indústria de máquinas em regra busca argumentos para convencer o transformador da necessidade de modernizar o parque industrial com a troca de equipamentos ultrapassados por atualizados, mais produtivos. É uma sensibilização difícil de se conseguir no momento. A alta dos juros, devido à inflação preocupante, atemoriza o empresário quanto a investir e assumir dívidas, mesmo com os atrativos tecnológicos e econômicos das máquinas novas.
Nosso país não tem a cultura do liberalismo econômico, arraigada no empresariado. Vivemos muitos anos com alguma subvenção para encorajar esses investimentos em máquinas, a exemplo de juros subsidiados, prazos prolongados de pagamentos, facilidades fiscais, etc… Hoje em dia, deparamos com os juros ligados ao Finame estão demasiado altos para esse encorajamento, um quadro em que apenas os argumentos técnicos não bastam para motivar a compra de máquinas pela média dos transformadores, exceto alguns cujo problema de custo é tão premente que torna obrigatório esse investimento. Nesse contexto, nosso papel é reiterar os predicados e avanços das sopradoras que oferecemos e a maioria das linhas mais novas tem versão híbrida. Temos promovido, em especial, os préstimos de uma variação denominada Euroline da série de sopradoras Bimatic. Trata-se do modelo BMT 10.0S/H, com avanços como deslocamento de mesa por servomotor, ampliação da força de fechamento, rebarbação automática e aumento de duas para três cavidades de recipientes de 5 litros. É um equipamento mais caro, óbvio, mas de retorno garantido em curto prazo.
Isto posto, nossas possibilidades de enfrentar esse crise se resumem a apresentar máquinas de ponta, esperando que talvez venha algum incentivo do governo para os clientes poderem bancar o investimento.


 

János Szegö
Ceo da Mecalor

A economia mundial atravessa um período de grandes dúvidas sobre o futuro a curto e longo prazo. No Brasil, esta onda de incertezas é exacerbada pelo foco nas disputas políticas com vistas às eleições gerais de outubro. Nesse quadro, entre as prioridades para transformadoras de plásticos sobressai ser a otimização do custo operacional do parque fabril. Os altos preços das resinas, a energia mais cara, inflação e dólar e juros elevados são imponderáveis sobre as quais o empresário tem pouca margem de manobra. Todavia, está sob o controle das empresas melhorar a produtividade, focando em aumento de eficiência energética, redução dos custos de manutenção corretiva, do consumo de água e do tempo parado das máquinas. Eis aqui algumas soluções técnicas para aumentar a produtividade de plantas transformadoras:

  • Boas práticas de engenharia para a otimização do sistema de água gelada e água industrial.
  • Renovação dos equipamentos com consequentes ganhos de confiabilidade e eficiência energética.
  • Possível aumento da produção de determinadas peças injetadas mediante redução da temperatura de água gelada e uso de ar seco para evitar condensação nos moldes.
  • Melhor controle da temperatura do ar de resfriamento na extrusão blow.

Tratam-se de investimentos de custo-benefício garantido e podem resultar em crescimento sustentável do negócio a despeito das dificuldades extramuros.


 

Carsten Mader
Gerente comercial da Windmoeller & Hoelscher do Brasil

Com os preços elevados da matéria-prima, ter máquinas eficientes e automatizadas é o diferencial para o transformador maximizar a produtividade e manter mínimo o nível de perdas, mesmo em um mercado diversificado ao extremo e que demanda diversos set-ups diários. Essas expectativas são preenchidas pelas novas linhas de extrusoras da Windmoeller & Hoelcher (W&H), equipadas com módulos de automação que fazem toda a mudança de formulação (Turboclean) e formato (Easy Change e Die Control Wizard) automaticamente e no menor tempo possível. Também introduzimos recentemente o módulo Turbostart, que executa automaticamente a partida uma extrusora de matriz tubular. Proporciona, assim, uma redução drástica do tempo e consumo de matéria-prima nas paradas e partidas da máquina. Além do mais, este módulo aumenta bastante a segurança do operador, pois os trabalhos manuais e com objetos cortantes são eliminados do processo. Como também customizamos o desenho das extusoras, todo cabeçote é concebido de forma que o tempo de residência seja ideal para cada tipo de termoplástico. Desse modo, controlamos perfeitamente a distribuição de cada camada, ensejando o uso mínimo necessário de cada resina, sem comprometer a qualidade e características do produto final. Por sua vez, a economia energética de nossas linhas é mérito da excelência dos dispositivos eletrônicos e dos isolamentos térmicos embutidos nos componentes das máquinas. Portanto, considerando o atual cenário desafiador, a modernização do parque fabril não configura apenas uma grande oportunidade, mas quase uma obrigação para o transformador manter a produtividade e rentabilidade de sua indústria. Quanto à desvalorização do real perante o euro, a W&H oferta financiamentos diretos com juros baixos e prazos a partir de 5 anos, com pagamentos semestrais, reduzindo assim a exposição do cliente no Brasil à alta volatilidade do câmbio. Além disso o primeiro pagamento ocorre apenas após seis meses da entrega da máquina, para que ela esteja produzindo para se pagar.


 

Alfredo Schnabel Fuentes
Diretor do escritório brasileiro da Arburg

A experiência indica que o fator determinante para o cliente investir em novas máquinas é a elevação da demanda, condição independente de outros fatores conjunturais eventualmente negativos. A demanda traz a segurança necessária para o transformador recuperar seu capital e é isso que temos presenciado no Brasil desde o segundo semestre de 2020 e mantemos a previsão de demanda firme para este ano. Fatores adversos no curto prazo, como inflação, juros, custo de energia e oscilação no câmbio são amenizados pelo horizonte mais longo da vida útil da máquina atualizada e, nesse sentido, a tecnologia de alto desempenho proporcionada por equipamentos de primeira linha como as injetoras Arburg resulta ainda mais compensador. Além isso as taxas de juro para financiamento direto pela nossa matriz não se alteraram e hoje compõem um atrativo adicional para motivar os pedidos que seguimos recebendo no Brasil.


 

Paulo Carmo
Gerente da unidade de negócios de embalagens da Husky no Brasil

É desnecessário nos alongarmos em torno dos sobressaltos vividos em 2020 e 2021. Do ponto de vista da indústria do plástico, a conjuntura econômica trouxe um cenário desafiador, potencializado pela escassez de matéria-prima associada à crise logística global. Mas se inserirmos a indústria do plástico no ambiente maior da indústria de embalagens, notamos ventos soprando a favor. Refiro-me às demandas de consumo familiar. Houve crescimento em categorias e lançamentos de produtos que se tornaram necessários desde o início da pandemia. Hábitos mudaram e houve um rearranjo da matriz de consumo, requerendo investimentos e ajustes por parte da indústria transformadora. Também há que se reconhecer o papel exercido pelo plástico no cenário das embalagens para viabilizar a chegada de produtos num cenário de logística dificultada. Como contraponto ao cenário desafiador para 2022, cumpre considerar que os novos hábitos de consumo e mesmo de vida deverão permanecer. Ou seja, a capacidade instalada de embalagens que teve de ser ajustada será totalmente utilizada. Aprendemos a viver sob novas condições. Se aventarmos que a utilização dessa capacidade tem ocorrido numa conjuntura atípica, marcada também por muitos investimentos e ajustes em eficiência e logística na cadeia de embalagens, fica evidente uma demanda reprimida a ser atendida quando a economia global se reerguer, o que é difícil, mas bem possível de acontecer este ano.

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