Para não virar na corredeira

Seminário de Competitividade vai mostrar como a globalização, economia circular e tecnologia digital estão redefinindo a indústria do plástico

Medalhista olímpica da equipe canadense de caiaque, Anna Levesque postou em seu blog um texto no qual sustenta que não se deve parar de remar ao se descer uma corredeira e, ao ouvirem que devem manter o remo na água, os novatos em regra o deixam arrastar na água, feito uma versão piorada de um leme, e põem o barco em perigo. “Para aumentar a estabilidade numa corredeira, é importante avançar tão ou mais rápido que a corrente. Ao usar o remo como leme ou deixá-lo arrastando na água para tentar dirigir o caiaque, você perde o impulso e isso aumenta o risco de virar”.

O mesmo vale para a vida real, aproveita o mote o jornalista Thomas Friedman, analista da reconfiguração atordoante do mundo no século XXI. “A única maneira de conduzir o barco”, ele defende, “é remar num ritmo igual ou mais veloz do que o que dita as mudanças na tecnologia, na globalização e no meio ambiente”.

A indústria do plástico está bem no olho do furacão e, como tudo nesta vida, o reconhecimento de suas fraquezas e forças, senões e virtudes, assim como dos fatores que instauram a zona de turbulência, é o primeiro passo para ela acertar o rumo do barco na corredeira. Uma oportunidade e tanto para esta autocrítica sair do papel sobe à tona em 18 de setembro próximo, durante o oitavo Seminário de Competitividade, fórum de inteligência do mercado montado anualmente por Plásticos em Revista e a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

O caldeirão de inquietações a 1.000ºC inspirou a cisão da grade temária do evento em quatro partes interligadas. De início, um rasante sobre a economia circular e a pressão crescente pela adoção de seus valores exercida em especial pela nova geração de consumidores e seus reflexos sobre os critérios de desenvolvimento e uso consciente de produtos transformados. Um sinal da virada da maré: a indústria alimentícia, mercado nº1 de embalagens plásticas, depara com a desconfiança dos millenials quanto à qualidade da comida industrializada e a rejeição desse público a produtos inócuos, como água mineral, devido à poluição marinha atribuída a garrafas de PET. E não há marca global de produtos de rápido consumo que hoje não papagueie na mídia a meta de banir em poucos anos as embalagens plásticas de reciclagem complexa e/ou onerosa.

Por força de novos hábitos de consumo e formatos de comércio, o futuro do plástico está sendo repensado nos canais de venda, foco de outra seção do seminário. As transfigurações no meio físico transcorrem, sob pressão endurecida da recessão desde 2014, em especial no atacarejo, cobrando adaptações vitais nas embalagens. Por seu turno, outra sacudida está em ascensão no varejo através do e-commerce, levando à reformulação de uma fieira de atributos estéticos e mecânicos nas embalagens para a exposição, compra e entrega dos produtos.

O roteiro de apresentações será completado no seminário por duas vertentes da manufatura também atreladas, de certa forma, à sintonia buscada pelo setor plástico com os preceitos da economia circular: a Indústria 4.0 e a impressão profissional 3D. Nos dois compartimentos, crescem as exigências de setores finais, em especial no âmbito de autopeças, para que a transformação brasileira de plástico não perca o bonde da produção inteligente. Não importa que os transformadores hoje penem com alta ociosidade, capital de giro e margens no osso e que a economia brasileira esteja pobre feito letra e música de rock. A tecnologia é como a Mãe Natureza, não perdoa quem não se adapta.

Não tem cabimento o setor plástico enfiar o remo na água para usá-lo como freio, enquanto desce a corredeira dessas mudanças. O Seminário de Competitividade visa contribuir para evitar que o caiaque da indústria se desestabilize e saia da rota de um futuro navegável.•

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