Para lustrar as expectativas

Num ano de microcrescimento e turbulência econômica, o setor de limpeza doméstica é dos poucos a se descolar do baixo astral generalizado no país e apresentar bons resultados. Em boa parte, o alívio provém da condição dessas formulações como essenciais à saúde e bem-estar da população. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), o faturamento do setor bateu em R$ 15,5 bilhões em 2013, expansão de 4,4% sobre o exercício anterior. Foi o 11º ano consecutivo de avanço de dois a três pontos percentuais acima do PIB. Pelas projeções da presidente executiva da entidade, Maria Eugenia Saldanha, o feito irá se repetir em 2014, mas em ritmo menor, com elasticidade de um a dois pontos a mais que o indicador da economia nacional. Com isso, o país garante o quarto lugar no ranking mundial no gênero, atrás de EUA, China e Japão.
É uma boa nova para a cadeia do plástico, que supre o setor desde os tradicionais frascos de polietileno de alta densidade (PEAD) e PET até estruturas flexíveis, cuja demanda aumenta com o surgimento de opções em refis. Outra alavanca para o desenvolvimento, encaixa Maria Eugenia, é a melhoria da renda. “Os estímulos econômicos dos últimos 10 anos fizeram com que consumidores optassem por itens que cumprem não só funções básicas, mas agregam valor à rotina de limpeza”, ela percebe. Também entram nesse pacote, insere, artigos que trazem conforto e bem-estar, como amaciantes, desodorizadores e aromatizadores.
Nos últimos cinco anos, a categoria de itens para cozinha foi a que mais cresceu, representando um salto de 117,1%. O incremento dessa demanda, nota a porta-voz, é atribuído à busca por produtos específicos para limpeza pesada. Em contrapartida,  inseticidas líquidos têm perdido espaço para versões práticas e eficazes, como o tipo aerossol, ela pontua.
Por enquanto, o detergente líquido para  roupas, envasado em galões de PEAD, não ameaça a supremacia da versão em pó, suprido em caixas de papelão. “O detergente líquido é novo por aqui e seu uso está associado à maior penetração da máquina de lavar”, comenta Maria Eugenia. O movimento, por sinal, tem sido impulsionado pela melhoria do poder de compra das classes C e D.
Nos últimos anos, as principais inovações em embalagens para artigos de limpeza estão na estética e praticidade para transporte e manuseio, conta a dirigente. O fornecimento de produtos concentrados também chegou com tudo. “Estimamos que esse viés tenha potencial de reduzir em cerca de 30% a resina plástica dos frascos da categoria de cuidados com as roupas”, assinala a presidente executiva da Abipla. De olho nessas mudanças, os transformadores que atendem ao reduto incorporam inovações em seu portfólio para não perderem o bonde.
Outra tendência pulsante aponta para embalagens eficientes e que permitam redução de custos, assevera Renato Szpigel, gerente comercial do Grupo Engra, fera no sopro de frascos de produtos de limpeza. “A prioridade desses clientes é sempre ser mais competitivo”, ele ressalta. Por isso, a diminuição de peso do recpiente é demanda constante. No front da estética, Szpigel observa que o mercado está fugindo do custo dos masterbatches e retornando à embalagem transparente, caso de marcas líderes como Baby Soft, de amaciantes, e Ypê, ele cita. No quesito formato, a transformadora recebeu projetos de frascos ovalados, com grandes espaços para rótulos. “Exemplo é a linha UAU, da Ingleza, que abandonou o modelo cilíndrico para dobrar de volume com o oval, mais chamativo na gôndola”, detalha.
Num relance pelos últimos anos, a categoria amaciantes foi a que mais evoluiu entre os pedidos para a Engra e, por tabela, impulsionou os investimentos da transformadora. “Renovamos um grande contrato que resultou na instalação de quatro máquinas. A quinta sopradora está a caminho”, comemora o gerente. Em contrapartida, coloca, o veto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) à fabricação e venda de álcool líquido de alta graduação ocasionou a queda da produção de embalagens para esse produto. Outro nicho que não cresce há anos é o de desinfetante tipo Pinho. “Artigos semelhantes foram lançados e canibalizaram parte do volume”, justifica Szpigel.
Hoje ameaçado pela inflação e crise, o revigorado poder aquisitivo do brasileiro causou maior penetração de produtos premium, caso de detergentes especiais ou sprays para passar roupa, associa Szpigel.Contudo, o dirigente faz uma advertência. “O fenômeno não acontece necessariamente porque as pessoas estão ganhando mais, mas porque os artigos se popularizam e baixam de preço”.
Em média, avalia o porta voz da Engra,  a clientela desse reduto troca de embalagens a cada quatro ou cinco anos, o que implica crescente agilidade na substituição dos frascos. “Os moldes também ficaram mais baratos”, ele completa.
Por seu turno, a Greco & Guerreiro, outro obelisco das  embalagens sopradas, teve grata surpresa com o chamado atacarejo em exercícios recentes. De acordo com o gerente comercial Alexandre Gusson, produtos envasados em galões de 5 litros, incluindo amaciantes, detergentes e limpadores em geral, ganham cada vez mais espaço nas gôndolas e atingem com força todas as classes sociais. Em contrapartida, o especialista notou desaceleração no consumo de lustra-móveis e ceras. “Foram deslocados por outros artigos mais eficientes e práticos. Além disso, trata-se de mercado restrito a empresas pioneiras e líderes”, ele pondera.
Ao mesmo tempo, os itens considerados não básicos começam a entrar com vigor nos lares das classes mais baixas. “Podemos incluir nessa lista os limpadores perfumados e sabão de roupa líquido”, Gusson exemplifica. Isso, ele encaixa, enriquece o mix dos fabricantes de produtos de limpeza e, por extensão, a cadeia de embalagens. No curto prazo, as faixas de menor renda da população devem incrementar o consumo de alvejantes sem cloro, complementa o gerente. “Também percebo o início da era das versões concentradas e ecologicamente corretas”.
A criatividade e procura por frascos diferenciados são movimentos recorrentes na clientela da Greco & Guerreiro. Contudo, nota Gusson, muitas vezes esse procedimento foge da realidade dos custos. “Produtos de limpeza estão entre as categorias nas quais o consumidor mais pesquisa preço”, considera o porta-voz da transformadora. Muitos clientes levam até Gusson ideias e modelos de embalagens muito bonitos e funcionais, em regra vindos do exterior, mas inviáveis economicamente no Brasil, ele sublinha.
Para garantir um serviço de ponta, a Greco & Guerreiro investiu no último exercício em cinco máquinas de capacidade mais alta, dobrando a fabricação de galões de 1 litro, 2 litros e 5 litros para água sanitária, bem como na construção de um  centro de distribuição com 15.000 m2 e 14.000 endereços de porta-pallets. O portfólio para recipientes de produtos de limpeza da Greco & Guerreiro, estabelece Gusson, engloba modelos de 50 ml a 20 litros. Recentemente, ele encaixa, a empresa assinou uma embalagem para cloro gel com bico direcionado e outra para amaciante concentrado de 500 ml com rótulo sleeve. Outras novidades incluem frascos para removedores e querosenes de 500 ml e 1 litro, bem como  um de PET de 500 ml para álcool, todos com rótulos de BOPP. Na boca do forno, assinala o executivo, figuram embalagens de PET de 1 litro para desinfetantes e de 400 ml para lava-louças.

 

Embalagens de fino trato
As máquinas que dão polimento ao custo/benefício dos frascos
BMT 10.0 D/H: redução do custo por embalagem soprada.
BMT 10.0 D/H: redução do custo por embalagem soprada.

Produtos de limpeza dão brilho não só nos lares, mas na carteira de quem vende sopradoras por extrusão contínua. Afinal, o segmento forma no grid de largada dos recipientes de polietileno de alta densidade (PEAD), posição também creditada ao fato de essa indústria vir crescendo, segundo balanço fechado ao final de 2013, há 11 anos seguidos e com saltos de dois a três pontos percentuais sobre o PIB, mesmo considerando-se a magreza desse indicador nos últimos quatro anos. A solidez da demanda e as baixas barreiras de entrada no setor de produtos de limpeza  puxam os motivos que fazem fabricantes de máquinas salivar diante dele.
“Nosso modelos mais vendidos a fabricantes de produtos de limpeza são as linhas Autoblow 500, 600 e 1.000”, estabelece Fernando Moraes, diretor de marketing da Multipack Plas. Ele atribui essa liderança à produtividade e ao número de cavidades dos equipamentos. “Podem produzir, por exemplo, 24 unidades de frascos-padrão de detergentes por ciclo”, assinala. Entre os aprimoramentos recentes nessas sopradoras, Moraes acena com robô para transferência dos frascos para a esteira. “Além de poupar espaço, pois reduz em 35% a largura do equipamento, o manipulador contribui para a eficiência do processo ao admitir a incorporação dos recursos de pós resfriamento ou de teste de estanqueidade”.
A Pavan Zanetti também tem cadeira cativa nas indústrias de produto de limpeza doméstica. Na foto do momento,  seu carro-chefe na esfera dos recipientes de PEAD é a série de automatizadas sopradoras Bimatic. “O movimento é repartido entre as máquinas BMT 5.6 D/H e  BMT 10.0 D/H e, algo abaixo, as linhas BMT 3.6D e BMT 14.0DH”, aponta o diretor comercial Newton Zanetti. “Operam com moldes de um e dois litros munidos de muitas cavidades, trunfo para a produtividade e, por tabela, para baixar o gasto por unidade produzida, condição vital para uma indústria atrelada a níveis de custos muito baixos”. Em prol do avanço da automação no processo e melhoria da qualidade final, justifica o dirigente, essas sopradoras Bimatic dispõem de itens como extrusoras com buchas de alimentação ranhuradas, cabeçotes com múltiplas cavidades e regulagens frontais, sistema de dreno para encurtar a troca de cores e programadores digitais para redução de peso dos recipientes. Newton destaca ainda o aparato de recursos complementares, a exemplo do emprego de esteiras coletoras de refugo e para saída e reunião de frascos remetidos a seguir à checagem de microfuros, rotulagem e ensacamento.
[quote_box_left]Braskem dá um brilho na embalagem
Recipientes para produtos de limpeza doméstica abocanham a vice liderança no ranking do consumo brasileiro de polietileno de alta densidade (PEAD), constata Marcelo Neves, engenheiro de aplicação para artefatos rígidos de polietilenos (PE) da Braskem, única produtora de poliolefinas do país. “Esse segmento mobiliza 8-10% do movimento nacional de PEAD, a resina mais empregada no setor de higiene e limpeza e sua demanda tem crescido nos últimos anos, apesar da busca pela redução do peso dos frascos e da concorrência movida por outros materiais”, sustenta o especialista.
O chamariz brandido pela Braskem para esse mercado, sintetiza Neves, é o balanço entre propriedades mecânicas e a compatibilidade química. Dentro dessa moldura, ele encaixa a chegada à praça do grade de alta fluidez HS5502XP, vitaminado pela alta resistência química (Environmental Stress Crack Resistance/ESCR) e rigidez  suficiente para garantir, sem aumento do peso, o empilhamento dos frascos. Neves recomenda, em particular, o emprego do novo grade em recipientes de 500 a 2.000 ml destinados ao envase de tensoativos.
Entre as categorias de produtos de limpeza de expansão mais potentes, destacam-se os sabões para lavar roupas, hoje presentes em mais de 50% dos lares brasileiros,tendo emplacado faturamento à beira de R$5 bi em 2013,vaticina pente fino da Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla). No balanço de 2012,a entidade atribuía participação de 11% à versão líquida desse produto, deixando subentendida folgada dianteira do sabão em pó, nicho cultivado por filmes laminados de PE. Na retaguarda, a Braskem comparece nesse campo com um menu de todos os tipos de resinas lineares (PEBDL). Entre elas, Fábio Agnelli, gerente de engenharia de aplicação do grupo, empunha o grade base metaloceno Flexus 9212XP. “Marca pela excelência em propriedades mecânicas e ópticas, além da soldabilidade e da maior estabilidade do coeficiente de frição (CoF), apurando o deslizamento do filme nas linhas de envase”, ele ressalta. Na trincheira de polipropileno, Lucia Keiko Ino Cutrupi, engenheira de desenvolvimento de aplicações do polímero, acena aos transformadores com os ganhos embutidos nos grades da série Maxio, efeito da redução de ciclos, custos de eletricidade e de peso da embalagem. [/quote_box_left]

A gradual ascensão de PET em embalagens de produtos de limpeza  também não passa em branco para a Pavan Zanetti. Ela marca essa tendência com as linhas automáticas de sopro e estiramento PETmatic, cinzelados para prover recipientes de até dois litros. “Os modelos 4000 e 5000 são os de maior saída e a mais recente melhoria em seu desempenho é mérito do comando por servomotor, por reduzir o uso de ar comprimido e elevar o grau de repetitibilidade do processo”, atribui Newton Zanetti.
A Romi também transita com sopradoras nessa serra pelada para PEAD denominada produtos de limpeza doméstica. O assédio ao setor é exercido com a série ROMI C, com destaque para o modelo C5TS, distingue o diretor vice presidente William dos Reis. “Com capacidade volumétrica de até cinco litros, ele sobressai pela moldagem com grande área de molde e a possibilidade de operar com cabeçotes de maior quantidade de cavidades”, descreve. “Os pontos altos da máquina estendem-se pelos ganhos de produtividade embutidos no emprego da hidráulica com acumulação e no controle proporcional em todos os movimentos”. Dotada também de sistema de rebarbação de série, a sopradora C5TS conta com o comando CM 10 como ás na manga para afiar a precisão e controle das embalagens fornecidas. “Ele permite a programação de parison no limite máximo de 512 pontos e controle individual de até 21 zonas de temperatura no cabeçote”, completa Reis.
No ano passado, os acordos fechados pela Bekum do Brasil em torno do fornecimento para grandes projetos industriais contemplaram o versátil modelo BM 704D como sua sopradora ideal para o setor de produtos de limpeza doméstica, considera  a gerente de marketing  Romi Kuhlemann. “Oferece produção em escala para diferentes tipos de recipientes, com ou sem alça, a exemplo de detergente, água sanitária ou amaciante”, enfatiza a executiva. Além da configuração compacta do equipamento, ela ressalta seu consumo energético abaixo de 0,4 kWh/kg na produção de 6.000 frascos/h com sete cavidades em cada lado.Tal como todas as linhas da Bekum, a sopradora BM 704 teve seu desempenho turbinado por recursos a exemplo de guias lineares, sistemas de pesagem automática e o aumento do número de cavidades, expõe Romi.

 

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