China: enfraquecimento não abala poderio mundial em PE

Não há alternativa à altura do país para sustentar a demanda da resina
China: predomínio de idosos reduz consumo interno e fortalece exportações de resinas como PE.
China: predomínio de idosos reduz consumo interno e fortalece exportações de resinas como PE.

Em contragolpe no blackout financeiro global em 2009, o governo de Pequim engendrou uma das maiores bolhas de investimentos imobiliários conhecidas, total dos aportes estimado em US$ 44 trilhões. A alegria geral acabou em 2021, refletida na quebra da incorporadora Evergrande, com endividamento projetado em US$ 30 bilhões, suficiente para abalar os pilares da construção civil, responsável por 29% do PIB da China, atribui em artigo John Richardson, blogueiro do site da consultoria Icis. Apesar desse estrago e dos sufocantes endividamentos contraídos junto ao poder central por governos locais, sem falar no inibidor do consumo interno causado pelo predomínio da população idosa e do elevado desemprego entre jovens, o fato é que a China continua a dar as cartas, como produtora e transformadora, nos balanços mundiais das resinas commodities. Em PE, por exemplo, deve fechar 2024 respondendo por 34% da demanda global, complementada por parcela de 35% referente ao III Mundo sem China e, por fim, uma fatia de 31% fica para o I Mundo, reparte Richardson. No início do último ciclo petroquímico (1992-2021), ele compara, a China detinha apenas 7% da procura mundial por PE.

Outra faceta da supremacia chinesa levantada por Richardson. O populoso país deve atravessar 2024 com renda per capita de US$ 13.56 e consumo individual de PE da ordem de 29 kg. Por sua vez, ele calcula, o I Mundo deve mostrar este ano renda por habitante de US$ 50.683 e consumo per capita de 33 kg de PE. Por fim, o III Mundo ex China, sustenta o blogueiro, vai carimbar 2024 com renda per capita de US$ 9.730 e consumo individual de 8 kg da poliolefina.

O fim da festa nas obras civis e o envelhecimento prevalente no povo traduzem, para Richardson, o término da era de crescimento anual de dois dígitos no consumo chinês de PE (motor da última torrente de expansões na petroquímica mundial) doravante fadado à evolução na faixa de um dígito. O blogueiro também enxerga uma enxaqueca para exportações chinesas de PE (o país caminha para a autossuficiência na produção do polímero) este ano por dois fatores: a propensão ao protecionismo, visível em diversos países importadores constantes da resina, e o crescente descolamento da China por parte de investidores em indústrias como as de transformação, agora seduzidos pelos movimentos de reshoring, que favorecem os EUA, e nearshoring, que bafejam Índia e México.

A fatia da demanda global de PE detida no ano passado pelos países do G-20 também comprova o poderio chinês. Pela lente dos terminais da Icis, repassa Richardson, os países considerados pobres e antigos (Rússia e, em especial, China) mobilizaram participação de 36% em 2023. Por sua vez, a ala das nações vistas como carentes e jovens (Brasil, Índia, Argentina, Indonésia, México, Arábia Saudita, Turquia e África do Sul) detiveram parcela de 17% e, por fim, um quinhão de 25% na demanda mundial de PE contemplou os países vistos como antigos e ricos (EUA, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia do Sul, Espanha e Reino Unido). Na calculadora da Icis, a demanda mundial de PE deve somar 125 milhões de toneladas este ano, vindo 43 milhões da China, 44 milhões do III Mundo ex-China e 38 milhões do I Mundo. “Mas o clima hoje errático, com agravamento de secas e enchentes, vai afetar o consumo global de PE pelos próximos 30 anos”, acrescenta Harrison. “Isso pode punir países emergentes, como a China, com muitos trabalhadores a céu aberto e finanças insuficientes para mitigar os impactos das mudanças climáticas”.

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