O rugido não baixa

As ações da Jaguar para voltar a crescer com solidez

Em 2015 e 2016, o Brasil submergiu em recessão técnica; de 2017 a 2019 o PIB patinou e, agora, pelos malefícios do dólar na lua e coronavírus, a unanimidade das previsões crava que ele fecha 2020 no vermelho. Em 42 anos de janela, foram poucas as vezes, como neste quinquênio de freio puxado, que o Grupo Jaguar Plásticos, dínamo da injeção nacional, topou com uma conjuntura embaçada assim. “Além de enfrentar todas as adversidades econômicas de 2015 a 2019, influiu em nossa situação o investimento na segunda planta de injeção, um ônus sentido em particular em 2016, devido à retração das vendas, mais acentuada no negócio de utilidades domésticas, e em virtude da mudança de máquinas para a unidade que partia naquele período”, descreve o diretor comercial Luiz Adolfo Bascheira. Para se resguardar do vento contra, ele prossegue, o foco do grupo presidido pelo fundador Vaner Vítor Versori voltou-se para prospectar os ganhos de produtividade advindos da expansão da capacidade, além de desbastar os lançamentos e, na boleia da sustentabilidade, introduzir versões de seus produtos acabados em resina reciclada.

A estratégia indica estar no rumo certo, pois, como assinala Bascheira, as vendas no ano passado já subiram de leve perante o saldo de 2018. No plano industrial, ele informa, a Jaguar hoje ostenta potencial para injetar 24.000 t/a de resinas (o grosso cabe a poliolefinas) no complexo sede em Jaguariúna (SP) e para reciclar 7.000 t/a de aparas de sua produção e plástico pós-consumo na planta em São Carlos, também no interior paulista. “Em média, esta capacidade total do grupo consumiu 2.000 t/mês no ano passado”, situa o diretor.

Eco Nature: utilidades domésticas com material da recicladora do grupo.

Em suas frentes de injeção, o grupo se diferencia pelo braço estendido há cinco anos na reciclagem de polietileno e polipropileno (PP). Bascheira esclarece que essa verticalização alargou as possibilidades de negócios com seus principais clientes e vingou com a compra de uma recicladora, denominada Jaguar Transforma, qualificada para moagem, lavagem, secagem, aglutinação e extrusão e homogeneização. A unidade opera a cerca de 170 km da matriz do grupo. Por razões como a exigência de licenciamento ambiental e da presença de clientes e fornecedores na região de São Carlos, ele argumenta, o grupo decidiu manter, por enquanto, a recicladora em seu local original. “O mercado impõe aos transformadores o uso de material reciclado e a Jaguar Plásticos enxergou nessa verticalização a possibilidade de utilizar matérias-primas recuperadas com controle de qualidade e origem em seus produtos injetados. Vem daí a linha de cestos de roupa, baldes e lixeiras Eco Nature, 100% de resina reciclada e, para determinados clientes, baldes industriais (exclusive os destinados a alimentos) à base de blend de polímeros virgem e recuperado pela Jaguar Transforma.

Bascheira acalenta para este ano perturbador um aumento nas vendas mais denso que o aferido em 2019 e, para tanto, corteja saltos em suas exportações latino-americanas atiçados pelo câmbio favorável e acena com a chegada de novidades não abertas em suas linhas de projetos a quatro mãos com clientes, em embalagens standard (potes e copos, p.ex.) e em utilidades domésticas. Quanto a este último segmento, o diretor comercial reconhece tratar-se de um mercado bastante movido a preço, disputado inclusive com produtos chineses e com incidência de informalidade. “Para encarar estas condições, temos adotado estratégias como lançar itens de reciclado a preço de venda atraente e ampliar o mostruário de produtos diferenciados pela tecnologia de decoração no interior do molde de injeção (in mold label)”, ele conclui. •

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