O lastro da rejeição

Santander esclarece sua oposição a plásticos de uso único
Carolina Learth: liberação de crédito também considera resiliência do cliente às mudanças climáticas.

Um complicador para o setor plástico reagir à aversão mundial ao material é o fato de o repúdio pipocar de forma pulverizada, um emaranhado contendo governos, celebridades e empresas privadas dos setores mais diversos. Entre os mais ativos influenciadores desse movimento constam os grandes bancos transnacionais, arautos da governança ambiental e social e corporativa (ESG). No Brasil, o Banco Santander forma opinião na matéria e ilustra sua convicção sustentável com medidas que dão o que falar e pensar, como a expulsão de plásticos de uso único de suas dependências. Na entrevista a seguir, Carolina Learth, responsável pela área de sustentabilidade do banco, cuja operação brasileira fechou 2021 com lucro de R$16,347 bilhões, alta de 7% sobre 2020, pondera sobre o posicionamento que lastreia a ojeriza do Santander a descartáveis plásticos.

1Quais os produtos plásticos de uso único banidos pelo banco, quais os substitutos selecionados e por que foram considerados mais sustentáveis?
O projeto “Desplastifique” teve como objetivo eliminar o uso de descartáveis de uso único dentro dos prédios administrativos do Santander. Os principais itens, por terem um volume expressivo de consumo, foram os copos plásticos, substituídos por copos de papel, e bebidas em garrafa plástica, como água e sucos, trocadas por garrafas de alumínio e de vidro. Assim, funcionários aderiram à cultura de trazer suas próprias canecas, xícaras e garrafas de água.

2Cresce no mundo o número de instituições financeiras que, alinhadas com a sustentabilidade, se esquivam de bancar investimentos em plásticos petroquímicos e produtos de uso único fabricados com eles. Aqui no Brasil, o Banco Santander já abraça ou cogita abraçar essa tendência?
A história de sustentabilidade do Santander começa em 2001. Desde então, ao longo das duas últimas décadas, nos consolidamos como uma das referências no tema e fomos reconhecidos inúmeras vezes pela capacidade de inovar a partir da interação de tendências e desafios socioambientais com o mercado e autoridades reguladoras. Com um olhar atento aos riscos e oportunidades, viabilizamos R$ 51,6 bilhões em negócios sustentáveis em 2021, crescimento de 96% em relação ao total viabilizado em 2020 (R$ 27 bilhões). Esse resultado é fruto do desenvolvimento de soluções financeiras inovadoras propostas por diferentes áreas do banco. O Santander Brasil usa um sistema de classificação ESG para as empresas que avalia, afetando diretamente seu score de crédito. O modelo considera práticas da cadeia de abastecimento, multas, terras degradadas e perfil de gestão ambiental e social. Também leva em conta fatores climáticos de duas formas: (1) uma calculadora de estresse hídrico, que considera a atividade econômica do cliente, a (s) bacia(s) em que está localizado, bem como as medidas adotadas para economizar água; e (2) uma avaliação da resiliência do cliente às mudanças climáticas em geral, como novos padrões climáticos, legislação ou preferências do consumidor.
Somos membros fundadores da Net Zero Banking Alliance (NZBA), acordada pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI) e concebida para apoiar a mobilização do setor financeiro na construção de uma economia zero em emissões de carbono, entregando as metas do Acordo de Paris. Em 2021, o Santander publicou suas primeiras metas de descarbonização com a ambição de, até 2030, deixar de oferecer serviços financeiros à geradoras de energia que tenham mais de 10% de sua receita dependentes de usinas térmicas a carvão, assim como eliminar mundialmente toda a exposição à mineração de carvão e alinhar o portfólio de geração de energia ao Acordo de Paris. O banco definirá metas também para outros setores até setembro de 2022, incluindo óleo e gás, transportes e mineração.
Somos carbono neutro desde 2010, ao compensar totalmente nossas emissões do escopo 1 e 2. Em 2021, também eliminamos o plástico de uso único de nossas agências. Contudo, não há restrições para o financiamento de produção de matérias-primas derivadas de petróleo e artefatos de plástico, já que são cadeias produtivas de extrema importância para o mercado e necessitarão de todo o apoio para realizar sua transição para modelos mais eficientes e menos carbono intensivos.

3Como o Banco Santander avalia a possibilidade de financiar em condições mais atraentes  e diferenciadas investimentos na coleta seletiva, logística reversa e reciclagem de plásticos pós-consumo no Brasil?
Já temos mecanismos e governança interna para identificar e marcar as operações que fomentem boas práticas ESG. Na área de Atacado, por exemplo, as operações de crédito que tenham compromisso ESG vinculados são beneficiadas com uma redução na taxa após comprovação de atingimento dos compromissos assumidos. •

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