O cultivo do mercado começa a dar certo

Apesar da seca na economia e das limitações da hortifruticultura, o campo está arado para o forro plástico florescer

A Organização Mundial da Saúde encaixa na composição de uma alimentação bem balanceada a presença diária de 400 gramas de hortaliças. As varreduras mais recentes apontam que os brasileiros consomem em média apenas 192 gramas per capita. Tem mais: o Brasil é o 3º produtor mundial de frutas e seu consumo individual não passa de 56 kg/a contra 100 em países desenvolvidos bem menores e de fruticultura acanhada, como a Alemanha, constata a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Mas essa página contraditória caminha para ser virada. Afinal, sobram pesquisas buzinando que o público anda querendo saber mais sobre a origem e qualidade dos hortifrútis, movido pela pregação incessante da alimentação saudável em todas as mídias. Como o cliente é quem manda, supermercados têm alargado o espaço para expor esses alimentos, apregoam seus benefícios à qualidade de vida e começam a ofertar hortifrútis pré-prontos (pré-cortados ou pré-preparados) aos devotos da praticidade.

Essa balançada no comércio tem reflexos condicionados no campo. É o alento sonhado pela cadeia plástica brasileira para o negócio dos filmes de cobertura do solo (mulching) enfim ficar de pé. A vocação deles bate em cima com o oratório da comida saudável, como ferramenta de baixo custo para elevar a qualidade e produção no cultivo de hortifrútis. O revestimento da área do plantio com o filme opaco de polietileno (PE) aditivado reduz a evaporação d’água, erosão do solo, incidência de ervas daninhas e a dependência de herbicidas. O cordão de vantagens não para aí: o forro plástico evita a lixiviação (lavagem de nutrientes da terra pela chuva), reduz a adubação, retém a umidade, mantém o plantio limpo e diminui o ciclo de cultivo. Por ser opaco, o mulch aguça o desenvolvimento das plantas ao elevar o fluxo de calor sobre o revestimento e diminuindo a variação térmica do solo protegido.

Blindagem térmica
“O mulch já é bastante utilizado no cultivo de hortaliças folhosas e produtos de maior valor agregado como tomate, pimentão e melão”, aponta Simone da Costa Mello, professora associada do departamento de produção vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). “O mercado de folhosas precisa ser melhor explorado com produtores rurais de renda menor em algumas regiões, muitas vezes desinformados sobre os benefícios do filme, ou então, sem ter como adquiri-lo”. Ex-aluna de Simone, a engenheira agrônoma Sueyde Fernandes de Oliveira julga que o uso de mulching na fruticultura e no plantio de café ainda é pequeno, se comparado à sua aplicação no cultivo de hortaliças. “Por exemplo, o emprego do filme em maçã, frutas de caroço e uva ainda é incipiente, mas tem grande potencial no país”. Simone retoma o fio assinalando que a cobertura plástica tem espaço em culturas de volume produtivo e valor agregado maiores, a exemplo de alface, tomate, pimentão e melão. “No entanto, o filme de revestimento do solo poderia ser aplicado em hortaliças como as brássicas (repolho, brocólis etc) e salsa”, ela considera.

Hortifrútis: a caminho de sair do segundo plano na dieta do brasileiro.

Em essência, três tipos de filmes imperam em mulching no Brasil. Primeiro a entrar em cena, o tipo preto prima pela alta duração, resistência e elasticidade. Sua cor absorve e bloqueia a radiação solar, reduzindo a germinação de ervas daninhas. Por absorver a radiação, ele aquece o solo e, nas estações de maior calor, este filme pode gerar um aquecimento mais intenso, capaz de queimar, colapsar plantas e causar hipotermia nos frutos. “O mulch preto é recomendado para regiões de clima mais ameno, para elevar a temperatura do solo no inverno, provendo maior absorção de água e nutrientes pelas raízes”, especificam Simone e Sueyde.

Talhado para culturas sensíveis a altas temperaturas, o filme coextrusado com camada interna preta e externa branca proporciona maior dispersão de luz solar, melhorando assim a cor das plantas e barrando a propagação de insetos sugadores. Sua face externa clara faz com que a película esquente menos, impedindo o risco de queimar folhas. Vale o mesmo para o mulching preto por dentro e prata na face externa, considerado uma opção intermediária entre os mulch preto e preto e branco. “O preto/branco e preto/prata são usados em ambientes de altas temperaturas, para evitar superaquecimento do solo e sua camada clara reflete a maior parte da radiação solar incidente sobre o filme e pode ser captada pelas plantas, ampliando a produtividade da cultura”, observam as especialistas. “Por sinal, a camada prata reflete a radiação ultravioleta, diminuindo a visão de insetos como cigarrinhas e tipos vetores, caso do pulgão e mosca branca; com isso, cai a incidência de pragas e doenças viróticas no cultivo”.

“Por ser mais barato, o preto é o mulching mais comprado pelo agricultor no Brasil”, assinalam Simone e Sueyde. “Mas nos últimos anos, os tipos branco/preto e prata/preto mudaram o cenário, em especial na horticultura, devido às temperaturas inferiores àquelas atingidas pelo filme preto, pois ele absorve mais radiação solar e assim transmite mais energia em forma de calor, aquecendo o solo”. Em paralelo, elas ressaltam o recente ingresso na praça de mulch amarelo, verde, marrom e vermelho. “Devido ao preço superior ao do preto, a difusão deles anda é pequena nas principais regiões produtoras de hortifrútis”, justificam Simone e Sueyde.

Mulching: os ganhos da Agrícola Famosa

Com 10.000 hectares de área de cultivo, a Agrícola Famosa, sediada no semi-árido nordestino, é o maior produtor de melancia e melão do Brasil, além de peso-pesado no cultivo de mamão, banana e maracujá. “Nós utilizamos 50 milhões de metros de filme mulch de 1,20 m de largura”, calcula Luiz Roberto Barcelos, dirigente da empresa e presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Conforme explica, melão e melancia são frutos de ciclo curto, de modo que o prazo de aplicação do mulch é de 60 a 75 dias, ao passo que plantios como os de banana e maracujá demandam a forração de plástico entre 90 a 120 dias, com o filme sendo removido quando as árvores ganham corpo. Barcelos informa não empregar mulch biodegradável devido ao custo elevado, embora reconheça que sua decomposição torne dispensável a trabalhosa remoção requerida pelo filme convencional uma vez cumprido o ciclo do cultivo. Fundada em 1995 e fincada na divisa do Rio Grande do Norte e Ceará, a Agrícola Famosa produz melão, melancia e mamão em área coberta de 43. 386 m² e banana e maracujá em 83.980 m². “Empregamos o mulch por evitar a evaporação, reduzindo em 30% o consumo de água perante as condições de cultivo sem o filme, e por reduzir a infestação de ervas daninhas, capazes de comprometer o desenvolvimento das raízes”, sintetiza Barcelos.

Plantio de inovações
Entre os avanços da hora no forro do plantio, as duas analistas ressaltam os filmes multicamada, “mais resistentes no estiramento pelo comprimento e largura”, e o mulch embossado (gofrado). “O processo confere mais elasticidade e reduza a possibilidade de rupturas, contemplando o filme com mais longevidade”. Simone e Sueyde também enxergam grande potencial para mulch biodegradável, ainda em testes de campo no país.
“Nenhuma empresa brasileira produz mulchs biodegradáveis. São todos importados e praticamente tudo o que tem sido feito aqui com essa tecnologia está a cargo da Ginegar Polysack”, afiança Alessandro Mangetti, diretor de vendas e marketing da subsidiária brasileira dessa múlti israelense estelar em agrofilmes. Seu mulch biodegradável e compostável leva a marca EcoGar e é coextrusado em espessuras de 12 a 18 micra com o bioplástico ecovio da Basf (ver à pág.38). Um de seus chamarizes é a economia de tempo e dinheiro com a dispensa da sua remoção e descarte após a colheita, procedimentos inescapáveis com o mulch tradicional, pois EcoGar não deixa resíduos após o ciclo do cultivo. “Temos trabalhos em várias regiões com o mulch biodegradável em alface, tomates, morango e, em especial, melões”, conta o dirigente. “Mas o ajuste fino é bastante difícil porque a degradação depende das condições climáticas da região e do porte da planta, esta uma condição que modifica a velocidade do processo e não se pode ter a degradação antes do final da colheita”, explica Mangetti. “Fatores como o teor de matéria orgânica, a umidade do solo e a quantidade de radiação interferem no tempo de degradação e por isso estamos trabalhando para ajustar essa tecnologia à realidade de um país continental”.

Uva: potencial para mulch pouco desbravado no Brasil.

A Ginegar também apalpa a receptividade por aqui para seu mulch embossado, filme (gofrado – relevo a seco) cuja vitrine no país é o backsheet laminado com nãotecido para fraldas descartáveis. A empresa produz mulch embossado em coextrusora cast de seis camadas, com a gofragem na superfície do filme efetuada com ele ainda quente. “O processo de matriz plana incrementa a elasticidade e resistência do mulch, acima dos níveis da coextrusão blown, aumentando muito sua aderência ao solo, evitando bolsões de ar quente entre o filme e os canteiros e terrenos, em geral irregulares, e impedindo o estrangulamento das mudas quando transplantadas, assim como a morte de plantas por hiperaquecimento”, exalta o diretor, arrematando que, se instalado e removido por equipamentos, o embossado baixa o tempo e mão de obra gastos nessas operações pela via manual.

Mangetti sustenta que o grosso da produção brasileira de mulch é de filme monocamada. “Uma referência é o preto, detentor de 80% da venda de mulch no país”. A Ginegar destoa nesse cenário por produzir mulch liso através da coextrusão blown. “No filme mono, a mistura de vários polímeros não provê a maximização dos efeitos desejados proporcionada pela sobreposição de camadas”, confronta o especialista. “A coextrusão nos permite costomizar os filmes por aplicação, a exemplo de mulch de cinco camadas numa combinação de materiais desenhada para atribuições como repelir insetos, ampliar a barreira a gases e à luz, aumentar ou reduzir a temperatura do solo graduando a transmissão de radiação infravermelha”.

MULCH 4.0
A junção da inteligência artificial a agrofilmes como os de mulching é dessas muitas ideias hoje em dia em rumo célere da transposição para a prática. “Os componentes plásticos estão inseridos em processos de produção agrícola como o cultivo protegido, irrigação e embalagens de defensivos e fertilizantes”, pondera Sergio Marcos Barbosa, gerente executivo da ESALQTec, incubadora tecnológica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP). “Nanosensores poderiam ser incorporados a estes componentes, com mecanismos de rastreabilidade dos insumos e informações de indicadores como os de temperatura, umidade, dióxido de carbono e microorganismos. Outra tecnologia merecedora de destaque é a impressão 3D em polímeros de peças e componentes customizados. São inovações de grande interesse da cadeia produtiva do agronegócio”, reitera o especialista, salientando a disponibilidade da ESALQTec para pesquisas e desenvolvimentos a quatro mãos com o setor plástico.

Trava da economia
Com cadeira cativa no mulching nacional, a transformadora Electroplastic gera o filme de forração do solo em coextrusora blown de cinco camadas com espessura média de 25 micra para uso em torno de oito meses em cultivos de ciclo curto, como hortaliças, e de 40 micra para aplicação em plantas de ciclo longo, como café, mamão e abacaxi, com vida útil para o recobrimento da ordem de 24 meses, informa o coordenador técnico comercial José Adelmo Gueiros, também membro do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura (Cobapla). Ainda para este ano, ele encaixa, a Electroplastic aduba o portfólio com novo filme preto e branco opaco para instalações de alta incidência de raios UV e uma película preta e prata da série para ciclos perenes ECOMulching, desenhada para trabalho com banana e palmito pupunha. “Reduz o ciclo em três meses e aumenta de 25% a 30% a produtividade”, acentua Gueiros.

No balanço de suas vendas de mulch em 2019, o técnico atribui participação de 20% para o tipo preto/prata e respectivas parcelas de 40% para os filmes preto e preto/branco. “Nos últimos anos, a procura crescente pelos tipos bicolores implicou a redução da demanda do preto, no passado detentora de 60% e 70% do nosso movimento de mulch”. Projeções gerais do agronegócio deferem ao filme de cinco camadas fração da ordem de 5% das vendas brasileiras de mulch e de 15% para o filme monoextrusado, cabendo a fatia de leão de 80% à estrutura de três camadas. Para Gueiros, a posição de lanterna do filme de cinco camadas, superstar no I Mundo, reflete o peso da economia no desenvolvimento industrial da América Latina. No caso do Brasil, a recessão técnica em 2015 e 2016 e PIB saltitando na magreza de 1% no triênio seguinte falam por si. “Alguns setores do agronegócio seguem em expansão, como grãos, mas a produção de hortifrútis está, conforme o cultivo, estagnada ou com crescimento pífio”. De acordo com a publicação Hortifruti Brasil, o consumo desses alimentos ficou estável em 2019 perante 2018, pois o poder aquisitivo da população não ganhou músculo e ficou aquém do torque dos reajustes nos preços do setor. Assim, o gasto per capita ficou em R$ 82,42 no ano passado contra R$ 70,97 em 2018. Por sua vez, a área plantada de hortaliças recuou de leve em 2019, indica a mesma fonte, efeito da queda na produção de batata, tomate e cebola. Já a área de frutas aumentou 3,2% no ano passado, mérito de investimentos em manga e mamão.

Gueiros deixa claro que, na seara dos cultivos de ciclo curto ou longo em temperaturas amenas, é preciso capinar um matagal de empecilhos para o mulch preto/prata se firmar, devido à conscientização ainda a desejar do agricultor. “Apesar de nossas ações em feiras setoriais, dias de campo e treino de revendedores, a comunicação das vantagens desse mulch, concebido para substituir o preto, não avançou como se desejava”. A ascensão do mulch preto e branco também não desfruta pista livre. “Produtores de mudas de ciclos curtos, em particular hortaliças, demonstram dificuldade para entender o custo/benefício da tecnologia e, como em geral verduras não possuem valor agregado, eles se aferram ao baixo custo do mulching preto, mesmo para uso em condições climáticas críticas, como em locais de temperaturas altas”, expõe o coordenador da Electroplastic. “Por insistirem no mulch preto, esses agricultores amargam perdas de até 20% no cultivo, quando poderiam embolsar ganhos mínimos de 30% com o tipo preto/branco”.

Em sua fábrica em Varginha, interior paulista, a Electroplastic coextruda filmes de mulching acrescidos de antioxidantes, estabilizantes UV, auxiliares anti UV, negro de fumo e dióxido de titânio. “É a única indústria nacional de mulch a oferecer garantia real em conformidade com o sistema de gestão ISO 9001:2015”, ressalta Gueiros. O coordenador distingue o progresso trazido aos filmes por grades de polietileno de melhores propriedades mecânicas e ópticas. “Em especial, a geração de grades de baixa densidade linear metalocênicos (PEBDLm), com estruturas bem controladas e assegurando alta performance mesmo em filmes finos”.

Incubadora de hortifrútis

Resinas e insumos auxiliares dirigem o filme que desperta a terra

Nos últimos 10 anos, uma mudança comportamental no agronegócio respingou em bem-vinda renovação da imagem do mulching: de tecnologia antes vista como promissora e merecedora de ser testada nos canteiros, o filme para revestimento de solo ganhou o status de usina geradora de lucro para o produtor de hortifrútis. Além de anos de catequese empreendida no campo pelo setor plástico e do aumento de cinturões verdes em centros urbanos, pesam nesta reviravolta duas frentes do comércio. Uma delas: de itens considerados secundários na dieta do brasileiro, os hortifrútis hoje se alinham entre os badalados alimentos saudáveis. Além do mais, seus cultivadores acordaram para as vantagens econômicas de investir em produtos melhores. Afinal, um número crescente de lojas de alimentação consciente e supermercados vêm abolindo a compra de hortifrútis movida a preço pelo critério do alto padrão. Assim evitam perdas na gôndola, o trabalho de cobrar do fornecedor a reposição e, por fim, fidelizam o consumidor final com a oferta de hortifrútis mais atraentes e cuja qualidade e vida útil – mérito do mulching – validam o custo/benefício.

Único produtor de poliolefinas no país, a Braskem ceva esta tendência com experimentos de campo a quatro mãos com o meio acadêmico e centros de pesquisa. “Já avaliamos com a Universidade Federal de Uberlândia o uso de mulching no cultivo de café”, exemplifica Ana Paiva, responsável por desenvolvimento de mercado da plataforma agro da empresa. “Os resultados foram espetaculares: redução de até 29% nos custos de controle de ervas daninhas e de até 30% no consumo de água para irrigação e, no âmbito do ensaio de stress hídrico, a produtividade aumentou 70%”. No momento, encaixa a engenheira química, a Braskem conduz três testes de campo com mulching em plantas de ciclo longo, como abacaxi. “Dois experimentos estão bem adiantados e os indicadores preliminares apontam para um desenvolvimento das plantas protegidas pelo filme muito superior ao das áreas não revestidas”.

Alimentação saudável: gatilho de investimentos na qualidade dos hortifrútis assegurada pelo mulching.

Resistência mecânica é um atributo-chave do mulching, tanto pelos esforços aplicados no filme durante o cultivo como em sua remoção junto ao solo. Em sua colocação, o filme deve ser esticado com tensão específica máxima de 1% e depositado sobre canteiros nivelados, sem torrões de terra e objetos capazes de rasgar e furar a película. A Braskem assegura o desempenho à altura da película acenando com os grades 1509XP e 1809 da série Proxess de polietileno de baixa densidade linear base metaloceno (PEBDLm), especifica Ana Paiva. “Conferem ao filme menor variação de espessura na extrusão e resistência à punctura e ao rasgamento superior à das resinas lineares tradicionais”.

Mulching com barreira
Importadora de famílias de PEBDLm de alta performance, a ExxonMobil enxerga potencial para abrir caminho no Brasil para filmes de mulching com agentes de barreira, estruturas multicamada de PE com poliamida (PA) ou copolímero de eteno e álcool vinílico (EVOH). “Seu uso é corriqueiro nos EUA e México, mas ainda não chegou por aqui”, atesta Fabiana Ramalho Grossi, líder de desenvolvimento do mercado agro da empresa no continente americano. “Nossas resinas lineares Exceed XP série 8000 conferem propriedades mecânicas excepcionais ao filme com barreira e as da série 6000 da mesma família aprimoram a estabilidade do processo de coextrusão blown”, ela especifica. Conforme análises especializadas, filmes de mulch podem atuar como barreira a pesticidas aplicados por fumigação no solo em cultivios como tomates e tabaco. Um filme de alta barreira permite ao agricultor usar menos pesticidas e aumentar a eficácia desses gases esterilizantes mantendo-os em contato com o solo por tempo maior. Uma referência histórica no gênero: a transformadora belga Hyplast foi a primeira a produzir filmes para mulch de sete camadas, assim dispostas: PEBDLm/ adesivo/ poliamida/ adesivo/PEBDLm/PEBDLm.

Fabiana reconhece que, em função de peculiaridades climáticas, sazonais e de cultivo, o emprego de soluções para mulch varia entre as regiões da América. Mas essa diversidade não empalidece os atrativos dos polímeros de processamento facilitado da ExxonMobil para filmes de mulch e fumigação. “Os grades da família Enable sobressaem pela estabilidade garantida ao balão e pelo equilíbrio de propriedades como a resistência à tração e punctura”, ressalta a engenheira química. “Já as resinas da linha Exceed ampliam a vida útil do filme e suas características físicas em geral”. No Brasil, Fabiana constata a consagração do mulching em cultivos como hortaliças folhosas, mirtilo, morango e melão. Sem revelar os produtos, ela informa estar se debruçando sobre culturas que ainda não empregam mulching à larga no Brasil. “A proposta é confrontar, com consultorias e universidades parceiras, o aumento de rendimento em campo aberto e no cultivo protegido”.

Preto no branco
A componedora Termocolor assedia transformadores de filmes para mulching com soluções customizadas em função das singularidades dos cultivos, por produto e região. “O movimento é puxado por masters pretos de baixo custo e brancos que melhoram a dispersão de luz, contribuindo para evitar a proliferação de fungos e bactérias”. Catrasta também acena para mulching com estabilizador de ultravioleta e antioxidantes que podem ser fornecidos na sua condição original ou na cor padrão selecionada pelo cliente.
No balcão rival da Pro-Color, o portfólio para agrofilmes como os de mulching conciliam a performance esperada com custos em declínio, “mesmo se envolvem aditivos mais complexos como anti UV’s, difusores de luz e anti fogs”, acena a gerente nacional de vendas Elisangela Melo. “Os produtos mais vendidos são masters pretos de boa concentração de negro de fumo, controle de tamanho de partícula, cobertura e brilho, como o nosso grade CPE 4170”. Para películas pretas acrescidas da camada branca, a pedida de Elisangela são seus concentrados CPE 2070 e CPE 2075, dotados de altos teores de dióxido de titânio e bom poder de tingimento, cobertura e homogeneização. Para mulching preto/prata, a gerente comparece com o concentrado CPE 30010. “Consta de um master prata de boa estabilidade térmica e que ajuda no processamento tornando a cor mais homogênea e com menos linhas de fluxo”.

Blindagem contra degradação
“Ainda é grande no Brasil o espaço para trabalharmos em favor da adesão a filmes mais duráveis para mulching”, percebe Daniella La Torre, especialista técnica para a América do Sul da Basf, titã global em aditivos para plásticos. “Eles contribuem para aumentar a retenção de água e o nível do controle de temperatura do solo, favorecendo assim o crescimento uniforme das plantas”. Em linha com este avanço, Daniella distingue o arsenal de soluções patenteadas pelo grupo alemão para reduzir a vulnerabilidade de agrofilmes, como os de mulching, contra a radiação UV na presença de produtos químicos mais agressivos. “Por exemplo, enxofre e halogênio interferem na eficiência da maioria dos estabilizantes à luz convencionais (HALS)”, ela expõe. “Para incrementar a vida útil desses aditivos, a Basf desenvolveu a tecnologia NOR™ HALS de estabilizantes à luz menos desprotegidos à ação de defensivos agrícolas, prolongando portanto a durabilidade dos filmes nos mais diversos cultivos”. Na voz corrente no campo, o mulching tradicional resiste em oito meses, a partir de sua instalação, à degradação causada pela radiação UV, enquanto para filmes empregados no revestimento do solo em cultivos de longa duração, caso de mamão e café, a vida útil mínima requerida chega a dois anos.
O mais recente avanço da Basf em soluções para estabilização à luz leva o codinome Tinuvin™ NOR® 356. “Protege e alonga a vida útil de agrofilmes expostos a índices elevados de radiação UV, calor e tratamento de cultivos − prevenção de doenças e fertilização do solo − com enxofre elementar e compostos para agricultura orgânica certificada”, esclarece Daniella. No arremate, ela enaltece os predicados dos estabilizadores Tinuvin® NOR™ 371 e XT 200 para filmes de mulching submetidos a altos teores de pesticidas e os tipos Tinuvin® 11 e 783 para prover às mesma películas resistência moderada a agroquímicos.

Remoção dispensada
Mandrake da agromagia, mérito de cultivos impensáveis no deserto, Israel deita cátedra no emprego de filmes biodegradáveis para mulching de frutas e vegetais, tecnologia há anos em estágio experimental no Brasil com bobinas importadas da transformadora israelense Ginegar (ver à pág.28) e cuja matéria-prima é uma patente da Basf: ecovio, bioplástico produzido na Alemanha e diferenciado no gênero por atributos como a resistência mecânica e à umidade. “Consta de um blend do polímero compostável ecoflex, à base de poladipato co-tereftalato de butileno (PBAT) e ácido polilático (PLA) derivado do amido do milho”, elucida Murilo Feltran, gerente de marketing e produto de materiais de performance. “Os grades de ecovio incorporam apenas aditivos deslizante e antibloqueio para a extrusão blow desse biofilme mulch”.

Após o ciclo do plantio, o filme mulch é removido manualmente ou, em casos como os de áreas extensas, por equipamentos. Feltran encaixa que o mulching de ecovio dispensa remoção, pois se decompõe por inteiro, ingerido por microorganismos presentes no solo que identificam alimento metabolizável na estrutura da película. “Após a colheita mecânica, o biofilme mulch também pode ser arado no solo, o que acelera sua degradação e compostagem e reduz o enorme trabalho e custos de retirada exigidos pelo mulch convencional para eliminar os resíduos deixados no meio ambiente quando o uso termina”. Comparativos da Basf com o filme tradicional de mulch contemplam o similar de ecovio com maior controle de ervas daninhas, menor consumo de água e herbicidas e, nos ensaios com tomates, um incremento da ordem de 20% na produção, repassa Feltran. “O Instituto Federal de Tecnologia de Zurique atesta que filmes de ecovio aumentam a resistência dos cultivos a doenças fúngicas, melhoram o desenvolvimento da raiz e o crescimento das plantas, proporcionam qualidade homogênea aos frutos e reduzem o tempo de colheita”, ele conclui. •

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário

Dacarto Compostos de PVC, Blendas, Masterbatches e Especialidades Poliolefínicas
A Karina Plásticos desenvolve constantemente novas tecnologias e produtos do segmento de Fibras Poliolefínicas
Interplast 2024
Cazoolo Braskem
Piramidal - Resinas PP, PE, ABS - Resinas Termoplásticas
Perfil Abiplast 2022
Grupo Activas