Caixa-forte de polietileno

De grão em grão o silo-bolsa deslancha no agronegócio
Fabiana Grossi

Em 2040 seremos nove bilhões de pessoas a serem alimentadas no globo. Para isso, mais de 3.3 bilhões de toneladas de grãos serão produzidas anualmente. Como faremos para armazenar tudo isso?

Esta pergunta hoje no ar realça a necessidade de o agronegócio atentar para uma resposta na ponta da língua do plástico: o silo-bolsa. Afinal, mais do que nunca pensamos na proteção e preservação de alimentos.

Nos últimos três anos, tem crescido de forma significativa o uso do silo-bolsa de polietileno (PE) na agricultura latino-americana. Por seu turno, o produtor rural brasileiro, no passado com olhos apenas para galpões estáticos, já enxerga no silo-bolsa uma solução viável para estocar milho e soja, principalmente. Em regiões do país onde prevalece o clima mais frio, o também chamado “salsichão” de plástico é adotado com intensidade para armazenar forragem destinada aos rebanhos.

Um exemplo ao alcance da mão é a soja, grão do qual o Brasil é vice-líder na produção mundial. Pela malha fina dos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a projeção para este ano, intocada pelo coronavírus, é de 2,4% de aumento na área de colheita e de 8,7% no volume de produção, totalizando 123,3 milhões de toneladas de soja. Ou seja, mais um recorde na série histórica do IBGE e, aliás, correspondente a cerca de 50% da produção total de cereais, legumes e oleaginosas prevista pelo instituto para 2020. Em varredura realizada em 2019, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) desvendou o déficit de 28% na capacidade do agronegócio brasileiro para estocar soja.

O aumento nas vendas de silo-bolsas no país advém, no plano geral, da carência de armazéns estáticos, em especial no Maranhão, Piauí e Tocantins pois lá predominam produtores rurais de pequeno e médio porte.

A maioria deles prefere o recurso do silo-bolsa pois o capital investido é menor. Além do mais, a utilização da estrutura metálica implica maiores riscos de incêndio e explosões provocados pela liberação involuntária de determinados gases.

O milho é outro grão no qual o Brasil é formador mundial de preços. Trata-se de uma das culturas mais vulneráveis a efeitos colaterais da estocagem convencional. Afinal, a poeira no ambiente dos galpões é considerada perigosa devido à alta geração de gases voláteis que, em espaços confinados e com a movimentação dos grãos, podem gerar incêndios. Para completar as dificuldades, a decomposição dos grãos pode gerar fermentação e, em decorrência, mais gases voláteis ameaçando as condições de armazenagem estática. Do seu lado, a agroindústria brasileira não se mostra adepta da secagem sistemática de grãos, uma lacuna que resulta em mais um argumento – a segurança para o estoque- em favor do emprego de silos-bolsas por ruralistas de todo porte.

De acordo com eles, uma importante barreira ao uso de silo-bolsas é a falta de acesso às linhas de crédito. O galpão de metal é considerado pelos bancos um investimento. Portanto, enquadra-se nas condições regulamentadas para financiamentos. Já o silo-bolsa não desfruta este respaldo, pois é classificado como despesa do agricultor.

Em sua atuação mundial com poliolefinas, a ExxonMobil, minha empresa, participa diretamente da evolução da qualidade e do mercado do silo bolsa, através de suas soluções de polietileno linear de alta perfomance: as resinas das séries Enable 2010, 2005 e 2203, além do portfólio de grades Exceed XP, indicados para filmes coextrusados submetidos a condições de uso mais severas. Nossa base de clientes tem experimentado melhoria de dobrabilidade e adequação da ‘conformabilidade’ do material quando o silo-bolsa é enchido (creep resistance).

As exigências de propriedades mecânicas para o silo-bolsa variam de país a país e de cultivo para cultivo. Por exemplo grandes transformadores, como os do Canadá, preferem fornecer filmes de estrutura superdimensionada, em prol da segurança no manuseio do silo-bolsa no campo.

A combinação do combate às perdas de produção no campo com vantagens como a segurança no uso, viabilidade econômica e manuseio facilitado vem adubando a demanda pelo silo-bolsa na América Latina. Tudo caminha para ele se firmar cada vez mais como uma solução completa de estocagem. Afinal, na linha oposta à do armazém metálico, não existe mercado estático.

Fabiana Grossi é líder global do segmento agricultura e filmes espessos da ExxonMobil.

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