Dieta verde

Ambientalismo instiga M. Dias Branco a decepar o uso excessivo de plástico

“Aliado ao descarte incorreto o alto consumo de plástico tem gerado impactos ambientais e desconfortos para a sociedade e a análise da origem dessa matéria-prima vem influindo na percepção e decisão de compra do consumidor final”. Daniela Falcão, coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da M. Dias Branco, nº1 em massas e biscoitos no país, define assim a viga mestra da torrente de projetos da companhia para diminuir o consumo de plástico, em especial em suas embalagens nas quais predominam polipropileno (PP) e filmes biorientados desta mesma resina.

Uma panorâmica revela que este grupo de 15 fábricas, 37 filiais comerciais e 19 marcas consumiu em 2018 mais de 12.000 toneladas de filmes, 60 milhões de unidades de embalagens plásticas rígidas e cerca de 100 milhões de unidades de embalagens de papel (caixas de papelão e cartuchos de papel cartão). “Temos cerca de 25 fornecedores qualificados para flexíveis, cinco para recipientes rígidos e 19 para acondicionamento em papel”, descreve Daniela.

Daniela Falcão: desafio de afinar as embalagens sem afetar a proteção do alimento.

“Desde 2016, fixamos a meta de reduzir em 1,2% ao ano o consumo de plástico”, reitera a executiva. Entre as turbinas desse esforço, constam a renovação de equipamentos e readequações nas dimensões e design das embalagens. “Em 2017, diminuímos em 3,4% ou 457 toneladas o emprego de plástico, mesmo com crescimento nas vendas e deixamos de consumir no ano passado 164,6 toneladas de flexíveis, equivalentes a um recuo de 1,3% no consumo de plástico”.

Quanto mais finas as embalagens, menor a quantidade de quilos de plástico por m², associa Daniela. No entanto, ela nota que a exigência de proteção dos alimentos estabelece limites para espessuras mínimas dos filmes para trabalho nas linhas de embalamento disponíveis no mercado. “Por isso, a redução do uso de plástico configura um grande desafio tecnológico”, sublinha a técnica. Numa investida mais radical, repassa, a M. Dias Branco fez em 2016 um projeto para substituir por papel a sacaria de 25 quilos de farinha acondicionada em ráfia e polietileno. No plano mais recente, a modernização do processo na fábrica em Maracanaú (CE) resultou na eliminação do plástico que envolvia o display das embalagens de bolinhos.
Em paralelo, conta Daniela, a M. Dias Branco ativou uma campanha para emagrecer seu uso de copos plásticos descartáveis e o saldo aferido em 2018 foi de queda de 11% sobre os indicadores de 2017, subtração também efeito da distribuição de copos reutilizáveis aos funcionários.

Entre os feitos em 2018 em linha com a sustentabilidade, Daniela destaca que 99,9% do volume consumido pelo grupo de caixas de papelão e papel cartão vieram de florestas manejadas ou da reciclagem. Na esfera do plástico, 91 toneladas de filmes reciclados acondicionaram fardos de massas. “Ainda em 2018, finalizamos um projeto para baixar em 20% o consumo de plástico nas embalagens de todos os bolinhos”, distingue Daniela. “Colocamos este ano um selo informativo dessa ação nas embalagens do Bolinho Treloso, na expectativa de captar o retorno dos consumidores”.

Na selfie atual do portfólio da companhia, sua única embalagem plástica rígida é o pote de PP para suas marcas de margarinas. Daniela revela que estudos em andamento buscam reduzir a quantidade da resina sem comprometer a proteção do creme vegetal acondicionado. “Também temos um projeto para tornar o selo interno de proteção (cover seal) 100% de plástico, sem o alumínio”.

Outra frente cortejada pela M. Dias Branco para suas embalagens é a dos materiais de fontes renováveis e Daniele enxerga como uma solução o polietileno derivado do etanal extraído da cana-de açúcar. “No entanto, o uso de biopolímeros ainda não é tão comum na indústria alimentícia, pois seu custo supera o das resinas de fonte fóssil”, ela coloca . “Por sinal, já realizamos numa planta um bem sucedido teste industrial com biopolímeros em fardos de macarrão”. •

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