Começou a aliviar

Há menos pedras no caminho da importação de injetoras elétricas

Desde os esboços da quarentena, batem no coração do mercado as visões de futurólogos sobre o mundo após a flexibilização. Na esfera da transformação de plástico, um raro consenso entre os palpites é de que, sob capacidade ociosa e concorrência piorada por uma demanda em convalescença e pisoteada pela recessão, a caça aos ganhos de produtividade deve passar de obrigação a obsessão. Apesar da sangria desatada na economia e dos pregos do câmbio na cruz das importações brasileiras, a conjuntura emana uma brisa que refresca os argumentos de venda para uma tecnologia cujo custo/benefício compensa de sobra o capital inicial: as injetoras elétricas. E há outro alento batendo à porta: o governo oficializou em 1 de abril o Ex-Tarifário que zera o imposto de importação para injetoras elétricas a partir de 380 toneladas. No Brasil, apenas a Romi monta este equipamento, com forças de fechamento até 300 toneladas.

“Com esta resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o interesse do mercado por essas máquinas de maior porte deve crescer”, espera Fabricio Soprano, diretor da Plastic Solutions, agente da Woojin Plaimm, fabricante sul-coreana de injetoras, entre elas modelos 100% elétricos agrupados em três séries. “ A linha TE-K contém versões de 50 a 410 toneladas; a TE, de 30 a 450 toneladas e, por fim, a série premium TE-A5, com máquinas elétricas de 110 a 850 toneladas.”

Soprano sublinha que os benefícios a bordo de uma injetora elétrica superam o entrave da atual anemia cambial do real, ao lado do rand sul-africano, a moeda mais desvalorizada frente ao dólar no mundo em pandemia. “São exemplos dessas vantagens dessa máquina o nível de ruído e gasto de energia inferiores aos da injeção hidráulica e a total sobreposição de movimentos precisos que abrevia os ciclos de produção”, ele ilustra. Para suavizar o torniquete do câmbio para o transformador, Soprano acena com linhas de crédito direto da Wookim Plaimm ou de instituições bancárias com correspondentes no Brasil, como o Korea Eximbank.

“Aumentaram de leve este ano as consultas sobre injetoras elétricas e notamos que o Ministro da Economia tem trabalhado pela industrialização do país ao reduzir a burocracia e restrições à importação desses equipamentos”, constata Marcelo Pires, diretor de vendas da Saucer Máquinas, representante da taiwanesa Victor Taichung, cujo portfólio alinha injetoras elétricas de 50 a 200 toneladas. “Elas são uma boa saída para se baixar custos e aumentar a produção”, ele reitera, engrossando o coro no ramo. “Quanto ao peso do câmbio, vale ponderar que, se a indústria transformadora retomar o pique produtivo, vai depender de mais máquinas e a escolha delas será norteada pela produtividade, vida útil e menos manutenção, requisitos supridos pelas nossas injetoras”.

Entre os predicados das suas linhas elétricas taiwanesas, Pires exalta a ultra decantada economia de energia não só do equipamento em si, mas proveniente de componentes fabris como ar condicionado e água de resfriamento. “Devido a um módulo de potência regenerativa inteligente, a energia da frenagem durante a desaceleração da pinça é recuperada, armazenada e reutilizada”, acentua o agente. “Além disso, nas linhas elétricas a operação simultânea é inerente aos servomotores, resultando em maior precisão e estabilidade na injeção sob alta velocidade”. O diretor da Saucer acrescenta que, nas injetoras Victor Taichung, o eixo do servoconversor elétrico opera com alta dinâmica de forma independente. “Cada eixo operacional dispõe de acionamento individualizado, o que permite a realização simultânea de todas as suas funções e a redução do tempo de espera”, assinala o representante.

Entre a maioria dos clientes das injetoras elétricas Toshiba, era praxe reivindicar o Ex-Tarifário para a importação dessas máquinas japonesas com base em diferenciais técnicos inexistentes nas linhas nacionais, afiança Edilson Lyra Martinez, gerente da representação Alfainjet. “Mas desde o segundo semestre de 2019, verificamos que as entidades setoriais relacionadas à manufatura doméstica dessas máquinas tem contestado menos os pedidos de Ex-Tarifário para importações, demonstrando crescente desinteresse por se montar no Brasil injetoras elétricas além de 300 toneladas”. A Toshiba, arremata o agente, é das poucas marcas na praça a montar essas linhas de aguda repetitibilidade com forças de fechamentos acima de 2.000 toneladas e sua escora na assistência pós-venda é realçada pela filial no Brasil com equipe graduada no Japão.

“Máquinas elétricas barateiam a produção devido à economia de energia e ganhos de produtividade”, enfatiza Christoph Rieker, diretor da base de vendas no Brasil da grife nipo-alemã Sumitomo Demag. “Mesmo durante a quarentena nossas fábricas mantiveram uma produção equilibrada, possibilitando-nos praticar previsões de entrega bastante atraentes e condições melhores de negociação, como modalidades de pagamento a longo prazo”, assinala o dirigente, reconhecendo no dólar volátil e caro um entrave danoso a fornecedores e compradores de maquinário importado, um enredo cujo desfecho é o ônus arcado pelo consumidor final, “pois o peso do câmbio acaba diluído no preço do produto acabado”, completa Rieker. Mas nem tudo é adversidade, ele atenua. “Vemos uma abertura maior para a obtenção de Ex-Tarifários, evidenciando uma estratégia do governo para aumentar a competitividade da indústria brasileira mediante o acesso facilitado e menos oneroso a equipamentos de alta tecnologia, a exemplo da injetora elétrica”.

A Sumitomo Demag tem cadeira cativa entre os principais fornecedores desses equipamentos no Brasil. “Os modelos mais vendidos aqui da nossa série InElect são os de 200 a 350 toneladas, mas as novidades no mostruário são as linhas acima de 450 toneladas”, distingue Rieker. “Elas também fazem jus ao Ex-Tarifário sem imposto de importação e sobressaem também pela injeção de peças de parede fina em ciclo rápido”.
Renato Flausino, gerente comercial para a divisão de injetoras da base de vendas no país da alemã KraussMaffei, reconhece que o novo Ex-Tarifário para linhas elétricas tem repercutido no mercado, ajudando a preencher uma crônica lacuna doméstica. “Essas máquinas importadas contam com tecnologias relevantes para aprimorar os processos, em especial no âmbito da economia de energia, e infelizmente ainda disponíveis nas injetoras elétricas montadas aqui”. Entre as frentes para suas linhas elétricas desbravarem no Brasil, na garupa de sua precisão e produtividade, Flausino distingue os artigos médico-hospitalares e componentes cuja injeção requer ambientes descontaminados (clean room).

São aplicações sob medida, ele associa, para as injetoras elétricas PX da KraussMaffei. Dos seus pontos altos, Flausino fisga o sistema de recuperação de energia e o recurso denominado Controle Adaptativo de Processo (CAP). “Ajusta automaticamente e no mesmo ciclo a compressão específica do material processado, adaptando o ponto de comutação e a pressão de retenção para prover o molde com um volume estabilizado durante a produção do injetado”.

Alfredo Adolfo Schabel Fuentes, diretor geral do escritório comercial no Brasil da alemã Arburg, talismã global em injetoras, deixa claro considerar prematura a análise dos possíveis efeitos novo Ex-Tarifário para injetoras elétricas de 380 toneladas em diante. “Até o momento, não notamos maiores facilidades na concessão de Ex-Tarifários”, sustenta, “Apesar do discurso oficial de flexibilização, o processo ainda é muito burocrático, lento e pouco voltado aos ganhos de produtividade proporcionados à indústria nacional pelo acesso ao maquinário de ponta”. Qualquer pedido de Ex-Tairfárfio, ele repisa, pode ser contestado por um fabricante nacional. “Basta ele apresentar uma ficha técnica, catálogo ou oferta comercial; o princípio é baseado, praticamente, numa autodeclaração sem comprovação de performance equivalente”, acentua Fontes. “Pode ser que o trâmite seja mais rápido para tamanhos maiores de injetoras elétricas, apenas porque falta este modelo no portfólio do produtor local, inibindo sua contestação do pedido de Ex-Tarifário para importações”.

Líder nas vendas brasileiras de injetoras elétricas da Arbrug, o modelo de 200 toneladas Allrounder 570 E Golden Electric é evidenciado por Fuentes como capítulo à parte no gênero. “Além dos opcionais para a produção inteligente e da economia de eletricidade viabilizada por recursos como o sistema cinético de recuperação de energia (Kers), a máquina dispõe de motores elétricos refrigerados a água, garantindo a estabilidade térmica, acionamento sem uso de correias de transmissão, reduzindo o atrito, e banco hidráulico integrado à base da injetora para acionamentos secundários, como um macho hidráulico”.

Fuentes não digere a ideia do câmbio como uma muralha indevassável para o transformador desejoso de importar uma injetora elétrica digna do nome. “A maioria dos fornecedores desse mercado cota seus produtos em moeda estrangeira, de modo que a situação do câmbio não é o principal fator para decidir esse investimento”. O principal senão, elege o diretor da Arburg, é a volatilidade das cotações. “Seu impacto psicológico leva o cliente a adiar a compra para um momento de câmbio mais estável, um quadro esperado no mundo inteiro após o pico da pandemia e a retomada gradual das atividades”. •

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