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Basta o consumidor sair da defensiva para o setor de descartáveis voltar aos eixos
Basta o consumidor sair da defensiva para o setor de descartáveis voltar aos eixos

Marca registrada do Brasil em descartáveis e flexíveis, o Grupo Copobras possui capacidade total da ordem de 95.000 t/a de produtos, servidos por 13 fábricas e deve concluir 2023 acumulando produção de 61.000 toneladas, passando a 62.000 em 2024, segundo avaliação da agência de classificação de risco de crédito Fitch Ratings. A mesma fonte atribui ao grupo catarinense a liderança em segmentos de flexíveis como pet food e, em descartáveis, destaca a musculatura dos negócios de bandejas e copos convencionais e térmicos. No ano passado, a Fitch registrou queda acima de 12% nas vendas de bandejas da Copobras e subida de 14% no seu movimento de copos. “A indústria (nota: brasileira) de copos e embalagens plásticas tem riscos elevados e é caracterizada por elevada fragmentação, baixa barreira de entrada e ameaças relacionadas a questões ambientais de seus produtos”, constata a agência. Pelo alto calibre de suas credenciais, o Grupo Copobras brota nesse segmento agitado como um fator decisivo para os balanços de PS como um sonar apurado da saúde no país de duas artérias vitais para o polímero: embalagens e descartáveis. Nesta entrevista, Clóvis Cortesia, presidente do Grupo Copobras, comenta a trepidante conjuntura deste ano, afetada pela falta de confiança do consumidor sob inlação e carestia, pela pressão ambientalista e pela devastadora seca desde outubro no Amazonas, onde a Copobras produz descartáveis há 20 anos.

Clóvis Cortesia: Grupo Copobras empenhado em contestar propostas de banir descartáveis plásticos.
Clóvis Cortesia: Grupo Copobras empenhado em contestar propostas de banir descartáveis plásticos.

2023 fecha como um ano de juros e inflação altos e crédito caro e restrito, endividamento recorde das famílias e poder de compra reduzido. Quais os reflexos dessa conjuntura sobre a demanda de PS para embalagens e descartáveis este ano versus 2022?
Para 2023, estimo que o mercado brasileiro de PS mostre uma queda acumulada em torno de 10%, resultado muito influenciado pelo atual poder de compra do consumidor pessoa física. O brasileiro tem restrições claras de consumo alimentar fora de casa ou delivery e isso somado ao aumento de custos dos alimentos este ano explica boa parte da queda de consumo do PS de forma geral. Em menor escala, produtos alternativos ao PS também influenciam esta queda. Aqui, destaco o crescimento de embalagens de papel, concorrendo especialmente no mercado de fast food.

Como avalia o movimento de brand owners de alimentos e bebidas substituindo PS em embalagens por alternativas consideradas mais recicláveis, como PP?
Observando nosso mercado e números, não encontro sinais claros que possam indicar uma migração estrutural de PS para PP. Nem mesmo os preços destes insumos impulsionaram qualquer tendência neste sentido, pois tiveram menor volatilidade este ano, quando comparado aos anteriores. Por outro lado, o tema sustentabilidade ganha sim cada vez mais forças e pode justificar num futuro próximo a preferência ou não por algum material específico. Mas esse movimento não deve ocorrer nos próximos meses, visto que, no mercado de consumo, não há convicção de que um tipo de plástico é ‘mais reciclável’ que outros. Já para embalagens multimaterial, onde ocorre a união de polímeros com características diferentes, há uma pressão maior ocorrendo em prol da simplificação das estruturas, pensando no processo de logística reversa e reciclagem. Visando essa tendência, há alguns anos o grupo Copobras iniciou pesquisas para desenvolver embalagens (flexíveis) monomaterial que atendam a requisitos de barreiras e shelf-life necessários na cadeia de alimentos, com o objetivo de preservar a qualidade do conteúdo envasado e de evitar desperdícios de comida. O projeto foi finalizado e disponibilizado ao mercado em 2022, obtendo enorme sucesso com brand owners.

Continuam a proliferar no exterior normas tolhendo ou vetando o uso específico de PS em produtos de uso único. Quais as ações adotadas pela Copobras ou pela cadeia de descartáveis para evitar a homologação de lei federal desse tipo no Brasil?
Claro que o tema leis de banimento nos preocupa, especialmente pela forma como elas são construídas e tratadas, muitas vezes sem embasamento técnico, econômico e, inclusive, no que tange a impactos ambientais. Afinal, produtos alternativos ainda não se provaram melhores – ao contrário, ao se fazer comparativos (nota: com base na ferramenta das análises de ciclo de vida) o plástico é, indiscutivelmente, a melhor escolha. Nossa posição é totalmente contrária a qualquer tipo de banimento. No entanto, o tema poluição, de forma geral, tem de ser debatido por todos os elos da cadeia, de forma organizada e produtiva a fim de se avançar rumo a um entendimento. A Copobras busca se manifestar contrariamente a estes projetos de leis (PLs) através de suas associações de classe. Dessa forma, buscamos consenso dentro da própria categoria e nos posicionarmos como setor oferecendo projetos alternativos com o mesmo propósito: reduzir poluição e fomentar o uso racional de recursos naturais. Este formato tem conseguido abrir diálogos importantes com o poder público, possibilitando demonstrar inconsistências nos projetos e a realidade dos fatos. Para evitar que ações como PLs ou outras manifestações de desinformação possam gerar impactos negativos à imagem do plástico, estamos buscando impulsionar projetos que demonstrem a circularidade deste incrível material de forma mais ampla, via associações, além de programas pontuais. Há uma iniciativa que tem ganhado força, inclusive contando com aliados como petroquímicas, Associação Brasileira de Embalagem (Abre) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para acelerar estudos sobre uso seguro de plástico pós-consumo reciclado na fabricação de novos produtos, como embalagens, que terão contato direto com alimentos. É um passo relevante para agregar valor à cadeia de reciclagem e impulsionar, em definitivo, a circularidade do plástico, gerando muitos empregos e aumentando a arrecadação da União, revertendo em benefícios à a sociedade, inclusive com recursos e conhecimentos para ajudar a tratar poluições, causadas por outros tipos de materiais.

Em 2023, a produção nacional de estireno e PS foi perturbada por parada da planta da Unigel em São José dos Campos (SP) e pela seca no Amazonas que, desde outubro, tem complicado o suprimento de estireno para a Innova operar a única planta de PS na Zona Franca. Como esses fatores afetaram o desempenho da Copobras, que tem planta de descartáveis em Manaus?
Em nossas operações de PS, o principal impacto de 2023 está concentrado no evento da seca na região norte, situação que deve perdurar até o final do ano, segundo consenso das expectativas. Este impacto, apesar de relevante, não foi maior devido às nossas estratégias de estoques para esse período do ano, em regra marcado por secas sazonais na região. A baixa dos rios locais, sob a seca de 2022, também foi severa, embora de gravidade inferior à do evento atual. Esta experiência nos ajudou a ser mais conservadores no planejamento do negócio de descartáveis em 2023 e por isso esperamos que este problema não interfira nos resultados projetados para o ano. •
 


 

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