Cada caso é um caso

Formulações sob medida impulsionam há 30 anos a componedora Petropol
Diretoria da Petropol: Luci Prado circundada por (da esq. para dir.) Rafael Prado, Pedro e Fernando Tadiotto.

Criado embaixo da saia da indústria automobilística, o setor de especialidades plásticas tem sido no Brasil uma rede de balanço para múltis produtoras dos polímeros com braço estendido no beneficiamento. Pela lógica, o espaço para componedores nacionais acontecerem equivaleria ao de um quarto e sala. Mas a vida não segue em linha reta e conforme os manuais, deixa claro o percurso da Petropol, componedora top brasileira de materiais nobres e que, em 30 anos de estrada, hoje ostenta capacidade instalada de 32.000 t/a na sede em Mauá, Grande São Paulo, além de comercializar resinas de engenharia importadas da nata global no gênero.

Presa fácil da volatilidade econômica e inflação indócil e graúda, a indústria automobilística fechou 1990 com cerca de 900.000 veículos montados, abaixo do patamar de um milhão de unidades galgado no longínquo 1986. Apesar dessa meia volta, o engenheiro Rogério Tadiotto e sua esposa Luci Prado, calejados com o setor plástico e os escorregões da economia do país, sentiram firmeza para abrir, 30 anos atrás, a componedora e revendedora de materiais Petropol, em Santo André, no ABC paulista. O começo era a modéstia em pessoa “No pequeno galpão rodavam duas extrusoras monorrosca para gerar compostos de poliamida (PA) e polietileno (PE)”, conta o diretor Fernando Tadiotto. Ele, o irmão Pedro e a mãe Luci hoje controlam a Petropol.

No varejo do plástico, o crachá de distribuidor oficial só costuma ser concedido a alguém após bom período de sua observação nas vestes de revendedor autônomo. A nascente Petropol levou anos nesta condição até ser chancelada como agente oficial para polímeros nobres da Dupont, GE Plastics (hoje Sabic), Basf Poliuretanos e Bayer (hoje Covestro). “Hoje em dia, além de distribuirmos a Covestro, revendemos polímeros de engenharia para complementar as soluções do nosso portfólio de especialidades”, assinalam Fernando Tadiotto e o diretor comercial Rafael Prado Moraes.

O gigantismo da Petropol, interpreta Tadiotto, deve muito à sua política de fidelizar clientes individualizando as formulações. Isto é, indo além das diretrizes básicas de quem as encomenda. “Não se trata, por exemplo, de produzir apenas um tipo padrão de PA com fibra de vidro nos teores especificados, mas de levar o material à contribuir para o processamento e acabamento da peça, inclusive provendo, quando preciso, eventual correção da ferramenta mediante a incorporação de determinado aditivo ao composto”, ilustra Tadiotto. Entre os feitos recentes da Petropol no beneficiamento de materiais, Prado distingue as especificações de compostos de PA da linha Nypol para itens da caixa de câmbio da picape VW Amarok e de maçanetas e alças laterais do Toyota Corolla 2020. No embalo, Rafael Prado empunha o desenvolvimento de grades de PA e polipropioleno (PP) acrescidos de fibras de vidro longas e de compostos à base desses mesmos polímeros resistentes ao fio incandescente e com características antichama.

Em poucos anos, o retorno vindo das especialidades personalizadas tornou o galpão em Santo André insuficiente para acompanhar o torque do negócio. Assim, bastaram cinco anos de ativa para a Petropol mudar-se para área quadruplicada nas proximidades, em Mauá, perto da saída do trecho sul do anel viário Rodoanel. Na selfie atual, expõe Tadiotto, a sede abriga seis extrusoras de dupla rosca modulada com dosadores gravimétricos, somando capacidade da ordem de 12.000 t/a. O aparato de periféricos de secagem, misturadores e para reembalagem totaliza capacidade na faixa de 20.000 t/a para trabalho com polímeros não modificados, prossegue o dirigente. Em meio a esta infra, ele ressalta seis misturadores, dois desumidificadores, injetora piloto, dois laboratórios e a área para mistura e reembalagem. “A capacidade atual de estocagem e movimentação é de 70.000 t/a”, detalha o dirigente, acentuando também o papel do software ERP no controle da produção, movimentação interna e inteligência do negócio. “Destinamos hoje 10% do faturamento anual para investir em tecnologias, P&D, equipe comercial e expansão fabril”, ele encaixa.

Tadiotto sintetiza o estágio da automação da planta da Petropol comentando que, após implantar e parametrizar controles das manufatura, “a maior preocupação do nosso operador hoje é bem mais monitorar a qualidade da produção que interferir nela”. Por sinal, ele emenda, desde 2018 tramita na empresa um plano de adequação aos princípios de automação e digitalização do conceito de Indústria 4.0. “A meta é concluir até dezembro de 2022 a padronização das máquinas, transporte pneumático das matérias-primas ao envase da formulação final e controle de alimentação e parametrização das extrusoras”.
Com compostos de PA como indestronável carro-chefe, o mapa de vendas da Petropol cobre bens de consumo, utilidades domésticas e a trinca de maiores mercados: automotivo agronegócio e construção. ”No histórico desses 30 anos, a indústria automobilística pautou os grandes volumes de vendas”, observa Tadiotto. “Mas diante das crises nesse setor nos últimos anos buscamos novos segmentos”. De cinco anos para cá, ele aponta, o setor elétrico integrado à construção civil é o campo que mais cresceu”.

Compostos à base de resina reciclada a pedido de clientes não são novidade na Petropol. Mas a pregação da economia circular não passa em branco. “Lançaremos este ano o selo Eco Frendly para compostos de resinas recicladas provenientes de fornecedores em fase de homologação, ajustados a uma conduta de sustentabilidade”, antecipa Tadiotto.

Enquanto diversos concorrentes se aboletaram próximos de bons mercados de especialidades afastados de São Paulo, a Petropol preferiu ampliar seu poder de fogo concentrada em sua fábrica sede. Tadiotto deixa no ar que nada é eterno. “Já avaliamos oportunidades de montar unidades filiais no Sul e no Paraguai, mas a instabiilidade do mercado nos últimos anos mantém esses projetos em compasso de espera, em prol das ampliações do potencial da matriz, aqui em Mauá ”, justifica o componedor. “Mas esses planos continuam no nosso radar de investimentos”. •

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