Back to 2011 ou 2007?

Com o corte na carne do orçamento doméstico, consumo de PS retrocede muitos anos, expõe diretor da Unigel.
Wendel-Oliveira-de-Souza
Oliveira: mercados de PS caem de 5% a 15% perante 2014.

Poliestireno (PS) mantém cordão umbilical com o consumidor final. Quando anda bem de vida, a tríade de mercados da resina-refrigeradores, embalagens e descartáveis-bate palma. Mas se os bolsos se resfriam, a demanda do polímero estrebucha sob inverno siberiano. Esse comportamento, sem meio termo, ao estilo ou vai ou racha, fundamenta o fatalismo com que Wendel Oliveira de Souza, diretor comercial para estirênicos do Grupo Unigel, dimensiona na entrevista baixo a intensidade do recuo do mercado de PS neste ano que nunca termina.

PR – Por quais razões a Unigel não efetuou em março passado o prometido religamento parcial (120.000 toneladas) de sua fábrica de PS em São José dos Campos (SP)?
Oliveira – O Brasil está atravessando uma crise interna como há muito tempo não víamos e, num momento como este, com várias incertezas no cenário macroeconômico, decisões tomadas em outras ocasiões são adiadas até que se tenha uma clareza maior do rumo que o mercado seguirá. No momento, o mercado doméstico brasileiro de PS está bastante deprimido principalmente nas linhas de bens duráveis, embora também se perceba algum enfraquecimento nos itens de consumo. Além do mais, o mercado internacional de estireno está aquecido e boas oportunidades para exportação surgiram. Por essas razões adiamos para setembro, em definitivo, a partida do trem de PS em São José dos Campos.

PR – O Brasil acusa hoje dois milhões de habitantes inadimplentes, inflação crescente, desemprego em alta, poder aquisitivo em baixa, crédito escasso e caro e fim dos incentivos fiscais setoriais. Diante desse cenário, quantos pontos percentuais deve cair este ano o consumo brasileiro de PS em refrigeradores, embalagens e descartáveis?
Oliveira – Todos os mercados consumidores de PS estão em retração que varia de 5% a 15% em relação a 2014, este um ano com desempenho abaixo do esperado. Dessa forma, é provável que a demanda de PS no Brasil se equipare à de 2011 se houver reação no segundo semestre ou igual a 2007, se permanecer como está. Para exemplificar, todas as empresas de linha branca já entraram em férias coletivas pelo menos uma vez este ano e empresas de descartáveis e de embalagens estão com grandes estoques de resinas e de produtos acabados. O mercado não está para amadores!

PR – Concorrente da Unigel em estireno e PS, a Videolar prepara seu ingresso no segmento de EPS. Por quais motivos a Unigel nunca se interessou em verticalizar-se em EPS, enquanto em acrílicos estendeu seu braço da matéria-prima à transformação de chapas?
Oliveira – A Unigel tem interesse em fomentar a utilização de EPS no Brasil e em ajudar as empresas nacionais a operarem com eficiência e competitividade, evitando assim a crescente importação do material. Os produtores locais de EPS enfrentam diversas adversidades na concorrência com o produto do exterior, desde importações a preços com dumping à venda interestadual do expandido internacional com 4% de ICMS. Ademais, a demanda do EPS no Brasil, hoje na faixa de 100.000 t/a, é baixa perante o índice de diversos países. Há problemas para aumentar o consumo nacional de EPS e eles podem ser resolvidos com o desenvolvimento de normas técnicas para utilização do material na construção civil, criação de equidade tributária do EPS com outros produtos construtivos, fomento para aumento de reciclagem do expandido, entre outras ações que desenvolvemos na comissão setorial deste produto na ABIQUIM. Na visão da Unigel, montar uma planta para produzir EPS ocasionaria um problema adicional para nossos clientes de estireno, pois acabaríamos concorrendo com eles. Não é a forma como entendemos ser benéfica para o mercado neste segmento. •

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