O dono da pole

Compra da planta da Infiana torna o Packing Group nº1 em filmes gofrados no país

O Brasil está barato em dólar – em termos, se considerados os esqueletos no armário das pechinchas: a falta de credibilidade do governo, a politicalha e a economia sem previsão de saída do inferno. Na auditoria dos custos reais, eles perigam inocular no investidor de fora com fábrica no país a sensação de estar rasgando dinheiro num negócio sem futuro. Essa percepção aflora do anúncio vazado no início de fevereiro a respeito da venda da planta baiana de filmes gofrados da alemã Infiana (ex Huhtamaki Films) para a corporação brasileira Packing Group. “Além de ampliar nossa capacidade de flexíveis, a aquisição nos rende a liderança nesses filmes para descartáveis higiênicos”, comemora Paul Reiter, diretor comercial dessa indústria controlada por sua família, dona agora de sete fábricas e sediada em Valinhos, interior paulista. No pano de fundo, a incorporação da unidade de gofrados em Camaçari reforça o poder de fogo do Packing Group, alinhado entre os três primeiros consumidores de polietilenos (PE) do Brasil, para negociar melhor seu suprimento de resinas com a Braskem, único produtor do polímero no mercado nacional.

Paul-ReiterO Packing Group sempre cresceu movido a expansões de unidades existentes ou, caso recente no Centro-Oeste, através da montagem de fábrica zero bala. A compra da planta da Infiana rompe a praxe, confirma Reiter sem abrir o montante da aquisição. “Foi uma boa oportunidade que apareceu e as sinergias são grandes com nossa operação”. A afinação dos instrumentos começa pelo fato de o grupo já dispor de duas fábricas na Bahia e o diretor brande a intenção de não transpor para elas o maquinário da planta agora adquirida. “Muda apenas sua razão social, para Prismapack, marca da Infiana considerada tradicional no mercado de gofrados e com penetração em fabricantes de descartáveis higiênicos como Kimberly-Clark, Procter & Gamble, Hypermarcas e Johnson & Johnson”.

Em comunicado à imprensa, Peter Wahsner, CEO da Infiana, justificou a venda, cuja cifra não também abriu, com o freio imposto a médio prazo pela recessão brasileira no processo de substituição local de produtos commodities pelos tipos premium, justo o foco dos filmes de cunho especial da sua empresa. Conforme foi divulgado, a unidade repassada produz na faixa de 14.379 t/a de gofrados e, antes de embolsá-la, o Packing Group ostentava capacidade instalada da ordem de 110.000 t/a de flexíveis,sendo aliás o nº1 brasileiro em stretch.

Reiter não digere o pretexto trombeteado por Wahsner para passar adiante a fábrica em Camaçari. “A Infana tinha planos de crescer no Brasil, tanto era assim que as conversas sobre negociações começaram após termos sido procurados pelo CEO da empresa, manifestando interesse em adquirir a operação de gofrados do Packing Group para ganhar escala no mercado interno”, contrapõe o dirigente. “Durante as conversas, a mesa virou e acabamos comprando a fábrica da Infiana”. A propósito, Reiter concorda que a transação reflete um processo em curso de rearranjo de players em redutos de flexíveis como gofrados, no qual o Packing Group duela com estamina a mil com as unidades de múltis como Clopay e nacionais como a Soft Film, esta entrelaçada à transformadora Zaraplast. “Esse movimento de consolidação no setor tende a ganhar força”, prevê Reiter.

O centro dessas atenções é conhecido de cor e salteado por Renato Di Thommazo, gerente comercial para PE da Braskem. “O consumo brasileiro de gofrados é estimado em 55.000 t/a e grande parte desse volume segue para o backsheet das fraldas”, ele descortina. “Em torno de 85% da produção nacional desse filme está basicamente concentrada nas mãos de seis transformadores”. Ao longo da última década, projeta o analista, o mercado brasileiro de fraldas descartáveis cresceu em volume à média anual de 3% a 4%. “Mas esse avanço em unidades de fraldas não se reflete diretamente no consumo de PE”, ele ressalva. “De forma concomitante a essa expansão ocorreu intenso movimento de redução da gramatura dos filmes, em alguns casos de até 30%”.Até segunda ordem, evidencia Di Thommazo, os descartáveis higiênicos no país encaram uma sinuca. “Frente ao cenário recessivo, com deterioração da renda líquida, o aumento aferido na última década está fortemente comprometido, inclusive sob risco de reversão dos números”, ele alerta.

A Braskem marca em cima o pulso dos gofrados com um arsenal de polietilenos. Entre eles, Marcelo Neves, engenheiro de aplicação de PE em flexíveis, destaca o grade de baixa densidade (PEBD) BF2021 e o de alta densidade (PEAD) 3000S, este dotado de rigoroso controle de géis, rigidez adequada e sobressaindo pelo acabamento proporcionado ao filme. Na esteira, o técnico encaixa ainda os predicados para gofrados do polietileno de média densidade linear LH537, grade também disponível na chamada versão verde (eteno derivado do etanol), tal como a resina 3000S.

A indústria de transformação de gofrados tende a incrementar a especialização de modo a produzir filmes de gramaturas cada vez menores, julga Beatriz Goldaracena, gerente de marketing para a área de Higiene & Médica da Dow América Latina, maior exportadora de PE para o Brasil. O domínio dessa tecnologia, ela acredita, estabelecerá uma diferenciação entre os produtores de gofrados no país que, aos olhos claros da executiva, são em número bem acima da média latino-americana no gênero. Isso tem algo a ver com a diversidade do mercado brasileiro de higiênicos descartáveis, infere Beatriz. “O país é o terceiro consumidor mundial de fraldas descartáveis e a alta produção local leva a um aumento proporcional na cadeia dos transformadores, tanto em volume movimentado como em termos do surgimento de mais concorrentes”.
Dados coligidos pelo Instituto Euromonitor, cita como referência a gerente da Dow, estimavam em 2013 o consumo brasileiro na órbita de 9.9 milhões de fraldas em 2014,configurando subida de 3%. “Nos últimos anos, os índices de crescimento populacional e a mudança de perfil e hábitos de consumo do brasileiro contribuíram para ganhos de robustez nas métricas desse setor e para a expectativa de que esse crescimento siga consolidado”, argumenta Beatriz. “A quantidade ascendente de usuários levará, proporcionalmente , ao aumento no volume produzido no país de gofrados, elásticos, não tecidos e demais componentes dos absorventes descartáveis”. À guisa de ilustração, ela projeta, com base numa estimativa de consumo unitário da ordem de 9,5 milhões de fraldas para 2015, cada unidade absorvente conteria cerca de 2,025 gramas do filme de polietileno.

Do pipeline da Dow saem resinas que assediam os descartáveis higiênicos por todos os flancos. Os polímeros funcionais Amplify, por exemplo, auxiliam na camada de distribuição do fluxo e aprimoram sua absorção e distribuição na camada absorvente. Os plastômeros Affinity e os copolímeros Versify e Infuse acenam para esses descartáveis com maior elasticidade para seu melhor ajuste ao corpo. Na esfera de PE, o emprego de resinas de PEBD, PEBDL bases octeno (Dowlex) e metaloceno (Elite) gera filmes mais finos para a parte externa (backsheet) das fraldas. Ainda no âmbito do backsheet, Beatriz Goldaracena realça as virtudes do grade de PEBDL Agility 6047, cujo comportamento reológico favorece o controle de espessura por toda a largura do gofrado em sua extrusão, de maneira superior àquela possibilitada por blends de PEAD/PEBDL/PEBD. Em mistura com PEBD, acrescenta, Agility 6047 “assegura a maleabilidade, evita o alongamento e baixa a gramatura do gofrado”. Outro ás na manga para a Dow brilhar em descartáveis higiênicos, arremata a gerente , é a família de resinas de fibras de PE Aspun. Destinam-se à produção de nãotecido para o top sheet (parte internas) e seus chamarizes são o conforto e suavidade ao toque proporcionados.

“Se pensarmos no Brasil amadurecendo seu perfil de compra de fraldas e absorventes”, pressupõe Beatriz, “teremos o aumento contínuo do consumo desses protetores diários e, em decorrência, dos filmes gofrados”. O Packing Group decerto assina embaixo. •

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