Vibe pra cima

Jorro de investimentos prova que, para a Krona, a construção civil é uma eterna obra em progresso

Acossadas pelo dólar, inflação, encarecimento de insumos e mercado imobiliário sedado por uma conjuntura de pandemia e insegurança, entidades da construção civil tocam a revisar para baixo as previsões para o PIB do setor este ano. Pois a julgar pela vibe rolando na Krona, pedra angular no país em tubos e conexões plásticas, o balanço de 2021 ganhará um pedestal no show room da matriz em Joinville (SC).

Além de estar expandindo as capacidades do complexo-sede e da filial alagoana, a empresa já projeta fincar planta no Centro-Oeste e partiu sua primeira fábrica com feições 4.0. Intitulada Krona Ultraterm e em produção crescente desde fevereiro, suas instalações em Joinville absorveram R$ 15 milhões e respondem por uma tacada que sugou aporte de R$ 8 milhões: a entrada da empresa em tubos e conexões de policloreto de vinila clorado (CPVC) para condução de água quente, mercado até então assediado pela Krona apenas com linhas de polipropileno random (PPr). “As conexões de CPVC são injetadas por um parceiro nacional”, abre lacônico o diretor industrial Edson Fritsch. A empresa informa que a produção comercial dos tubos dessa resina vinílica corre a cargo de uma das duas extrusoras colocadas na nova unidade. “A máquina é da norte-americana Milacron e os equipamentos da linha de frente (p.ex., banheiras de calibração a vácuo e de resfriamento dos tubos, puxadores, cortadoras planetárias, embolsadeiras) são da filial brasileira da italiana Primac”, revela o diretor.

Ao embarcar no vagão do CPVC, a Krona adere ao modelo de atuação há bom tempo abraçado pelas marcas do alto escalão do seu setor. Ou seja, comparecer na prateleira dos tubos de água quente com versões de PPr e do vinil clorado. “Havia uma demanda dos clientes e CPVC já estava em nosso radar de projetos”, rememora Gustavo Dias de Sousa, diretor comercial e de marketing. “Mas somente agora conseguimos viabilizar essa linha e encontrar parceiros na matéria-prima com nosso padrão de qualidade”. A conjuntura petroquímica endossa o argumento. Desde os primeiros aprontos do corona campeia no mercado mundial uma disponibilidade retesada tanto de CPVC como do rival PPr para o Brasil importar. A compra externa é incontornável, pois, embora produza PPr no Rio Grande do Sul, a Braskem informa não fornecer os grades desse copolímero vocacionados para tubos e conexões.

Instalação simples
A condução de água quente configura um nicho para tubulações no qual resinas duelam com o cobre, concorrente mais caro, corrosível e de instalação dependente de uma oferta comedida na praça de soldadores especializados. No balcão dos termoplásticos, alinham-se CPVC, PPr e, degraus abaixo, os dutos flexiveis de polietileno reticulado (PEX), estes acenados tanto para água quente como fria. No consenso do setor, o tubo de PPr suporta transportar água até 95ºC e o de CPVC, até 80ºC. No tocante à instalação, as juntas de PPr são soldáveis por termofusão, enquanto no caso de CPVC essa etapa é mais simples e econômica (dispensa termofusora) porque as duas peças são unidas a frio por um adesivo específico. “Quanto às classes de pressões, PPr trabalha com 20 e kGf/cm² e CPVC com 24 kGf/cm2”, diferencia Sousa. Sob pressão de projeto de 9 kGf/cm², a linha CPVC Ultraterm suporta trabalho sob 70º C.

Em cotejo feito pela catarinense Thórus Engenharia, especializada em projetar instalações de imóveis verticais, tubo de CPVC é o mais prático para se trabalhar e o de PPr tem preço de venda menor. Em relação às matérias-primas, a consultoria Platt’s situou o preço internacional médio por tonelada de copolímeros de PP em geral na faixa de US$ 1.990-2.010 na semana de 22 a 28 de abril. Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) informa, baseada em indicadores do governo, que o país importou 3.812,7 toneladas da resina de CPVC em 2020, volume correspondente a US$ 8.379 milhões FOB.

“Nossa linha CPVC visa atender a uma procura relativa à condução de água quente mais voltada a obras residenciais e ao varejo de materiais de construção com facilidade de instalação e qualidade técnica”, esclarece Sousa. “Por sua vez, o tubo de PPr é de maior uso em obras formais, bastante requisitado pelas construtoras”. Com a produção das duas linhas, ele repisa, a Krona comparece agora com um leque completo de soluções hidráulicas, uma conveniência e tanto para uma população mais tempo em casa desde 2020 e, entre os recursos de conforto e segurança por ela prezados nessas condições de distanciamento social, figura o desfrute de água quente, em particular nas estações mais frias.

Conversa de sistemas
A indústria mundial de transformação de plásticos começou a ouvir termos como 4.0, inteligência artificial e aprendizado de máquina (machine learning) há cerca de cinco a seis anos e, desde então, a digitalização se espalha por todos os processos e equipamentos. Na fase embrionária dessa proliferação, transformadores como os brasileiros relutavam a embarcar de imediato na ciber corrente perguntando como aquilo iria render dinheiro ou declarando que, se Indústria 4.0 significa comprar novo maquinário, melhor esperar um pouco mais para entrar na onda.

Palco da produção dos tubos de CPVC, a hiper conectada fábrica Krona Ultraterm comprova já ter sido superado esse estranhamento inicial na indústria plástica, aliás uma reação natural das pessoas face a qualquer inovação disruptiva. “Estamos instalando um sistema para coletar dados de grandeza física em todos os equipamentos e no âmbito das utilidades (energia, ar comprimido e água)”, conta o diretor Edson Fritsch. “Somados aos indicadores de produção, esses dados nos munirão de informações em tempo real para tomarmos decisões para otimização de processos e reduzir desperdícios e custos com manutenção”.
Fritsch assinala estar sendo implantado na planta cinco das nove tecnologias que ele define como habilitadoras do conceito 4.0. Ele abre relação com a internet das coisas (IoT).

“Envolve toda a estrutura de máquinas da fábrica com emprego de sensores de monitoramento independentes entre si”, sintetiza. Outra faceta 4.0 trazida à nova planta em Joinville, ele prossegue, é a tecnologia Big Data & analytics. “Através dela, os dados coletados são armazenados, tratados e analisados para tomada ou prescrição de decisões”. Fritch insere também a tecnologia de computação em nuvem. “Confere acesso rápido a informações de qualquer lugar e por qualquer dispositivo e que serão armazenadas em nuvem e não em servidores locais”. Na mesma trilha, o diretor ressalta o uso na planta da tecnologia de integração de sistemas. “Utilizamos diferentes sistemas em funcionamento coordenado possibilitado pela integração horizontal”, assinala Fritsch. “Desse modo, o sistema de manutenção compartilha com os de controle de produção e gerenciamento de energia os dados dos ativos da empresa, uma conversa que resulta na rápida fluidez de informação entre eles, ampliando a eficiência de cada sistema”. O executivo fecha por ora o cordão dos diferenciais 4.0 da unidade Krona Ultraterm com a chegada até dezembro de robôs autônomos. “Vão operar conectados e o aprendizado de suas tarefas ocorrerá por meio de inteligência artificial”. •

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