Reciclagem mecânica: vem aí a Clean Film

Adriano Tanaka

Em seu terceiro ano de ativa, a indústria recicladora de poliolefinas Clean Plastic salta fora do quadrado por já agregar duas unidades no Paraná e três respectivamente alojadas em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Sul. Centrada em reciclados de alto padrão homologados nas principais indústrias de bens de consumo, a empresa pretende agora incrementar a presença, até aqui discreta, na reciclagem mecânica de flexíveis recolhidos por catadores investindo numa planta específica já denominada Clean Film. Nesta entrevista, Adriano Tanaka, sócio executivo da Clean Plastic, explica a decisão de investir na sexta fábrica do grupo mesmo na atual conjuntura turvada por estagflação e oferta instável de poliolefinas virgens.

Qual a necessidade de a Clean Plastic investir numa sexta planta de reciclagem, dessa vez para resíduos flexíveis?
Nós já trabalhamos com aparas de filmes e resíduos pós-consumo de polipropileno biorientado (BOPP). O foco agora é expandir o leque produzindo matéria-prima para reúso a partir de rejeitos de flexíveis pós-consumo. A proposta é contar com uma planta específica para cuidar desses materiais e oferecer um reciclado prime. Optamos por entrar nesse segmento devido à carência de fornecedores, pois a grande maioria dos recicladores de flexíveis prefere atuar diretamente na recuperação de aparas para a linha de produção do filme que as originou. Ainda estamos na fase de seleção dos equipamentos, mas posso adiantar que a razão social da sexta unidade será Clean Film e ocupará um terreno de mais de 45.000 m² ao lado da sede da Clean Plastic, em São José dos Pinhais (PR).

Sucata flexível é lixo plástico menosprezado pelo catador, complicado de coletar e reciclar. Além disso, ambientalistas pressionam para banir flexíveis descartáveis. Diante desse cenário, qual a perspectiva para viabilizar a Clean Film?
Concordo que um dos grandes problemas de flexíveis é a quantidade de embalagens e multimaterial produzidas no mercado, o que acaba prejudicando a qualidade do reciclado originário desses resíduos. O plástico, no plano geral, tem sido cada vez mais discriminado pela sociedade. Mas, para nós, que somos recicladores e componedores, acreditamos que o material nunca acabará. O que precisamos melhorar é a classificação para que o rejeito pós-consumo chegue regularmente ao reciclador em melhores condições para ser trabalhado. No nosso caso, aliás, o mesmo núcleo de cooperativas que nos abastece de rejeitos rígidos de PP e PEAD entregará refugo flexível de PEBD para a Clean Film.

Qual o caminho para flexíveis deixarem de ser coadjuvantes no volume de plástico sdubmetido à reciclagem mecânica no Brasil?
Na Europa, regulamentações ambientais já determinam que embalagens plásticas contenham teores de reciclado pós-consumo em sua composição de materiais. Em linha com essas normas e com seu comprometimento com a sustentabilidade, os brand owners (companhias donas de grandes marcas de bens de consumo) se empenham em aumentar os teores de plástico recuperado em favor da sustentabilidade de suas embalagens. Acredito que essa adequação ao uso de reciclados pós-consumo rígidos e flexíveis caminha para se tornar habitual no Brasil, aumentando em decorrência a demanda por plástico recuperado para reúso.

Deixe um comentário