Ráfia: recuo atípico no balanço de 2022 da Afipol

Reposição de estoques de sacaria e big bags foi abalada pelo temor de recaída na pandemia
Ráfia
Ráfia: pandemia debelada pavimenta volta do setor ao crescimento na garupa do agro.
Kattan: demanda de fertilizantes deve reagir na safra de grãos 2023/2024.

No plano do desempenho, a safra de grãos de 2022/2023 não negou fogo e seu crescimento, como de praxe, abriria caminho para a indústria de ráfia, ligada por cordão umbilical ao agronegócio, ser contagiada por esta expansão. Mas houve um porém no ano passado. Temeroso de uma recaída da pandemia voltando a conturbar o suprimento de sacaria costurada e big bags, problema vivenciado nos dois anos anteriores, o mercado rural se preveniu contra esse risco em 2022 abarrotando estoques das das embalagens de fibras de PP. Em efeito dominó dessa hipótese, a demanda de ráfia esfriou e contemplou este segmento com um  balanço a desejar no último período. O desconjuntado cenário operacional de 2022 e a tendência de normalização este ano são dissecados nesta entrevista por Eli Kattan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Poliolefínicas (Afipol), cujos 17 filiados respondem por 70% do mercado nacional de ráfia. Kattan também é sócio diretor do Grupo Zaraplast, casa de força da manufatura nacional de big bags e sacos de ráfia.   

Como avalia a demanda de ráfia e bigbags pelos filiados á Afipol em 2022 e 2021?

Para o ano passado, as projeções da demanda indicam 43.316 toneladas para sacaria contra 65.225 em 2021. Quanto aos big bags, a estimativa é de 42.617 toneladas em 2022, abaixo das 51.898 do balanço anterior. 

Quais os segmentos de maior crescimento e declínio e por quais motivos?

A tabela abaixo detalha em números o desempenho dos nossos 10 principais segmentos. Note que nenhum deles teve crescimento em 2022 comparado a 2021. A diminuição de volume deve-se ao fato de a maioria das empresas usuárias de sacaria e big bags ter passado super estocada de um ano para o outro, com medo de reincidência da falta de embalagens sofrida durante a pandemia. (A primeira onda do vírus transcorreu em 2020 e as restrições sanitárias amainaram apenas a partir da segunda metade de 2021.)

Como dimensiona a capacidade instalada de ráfia pelos integrantes da Afipol no ano passado versus 2021, nas pegadas da expansão do agronegócio?

A capacidade brasileira é bem dividida em praticamente todas as regiões e, como em qualquer segmento ligado ao campo, constatamos mais crescimento nas áreas mais incentivadas. No plano da extrusão de ráfia, a capacidade instalada total dos membros da Afipol totalizou 160.824 toneladas em 2022 perante 123.792 no período anterior. Em termos de laminação, a capacidade virou o ano passado na marca de 33.756 toneladas, um avanço diante das 30.900 precedentes. Por fim, na categoria da tecelagem, a capacidade do parque relacionado à Afipol somou 155.748 toneladas em 2022 contra 122.640 em 2021. 

A safra de grãos rondou 272.428, 6 milhões de toneladas no ano passado. Qual a participação de ráfia e big bags das filiadas à Afipol neste volume total em 2022 versus 2021?

No ano passado, a demanda dos membros da Afipol totalizou 85.933 toneladas e suas exportações de sacaria e big bags fecharam em 6.099 toneladas. Já em 2021, a mesma demanda acumulou 117.123 toneladas e as vendas externas limitaram-se a 5.700 toneladas. Por seu turno, o faturamento de R$ 200.400 milhões em 2022 resultou 28% menor que o de 2021, da ordem de R$ 262.300 milhões.

Qual a produção total de sacos e big bags pelos filiados à Afipol em 2022 qual a fatia detida pelas importações?

A produção dos membros da Afipol atingiu 82.845 toneladas no ano passado e as importações de sacos e big bags totalizaram 19.670 toneladas.

Com a guerra na Ucrânia, o encarecimento de gás natural e amônia da Russia impactou o mercado mundial de fertilizantes. Como o encarecimento e menor oferta internacional afetou o consumo brasileiro desse insumo em 2022? E quais as perspectivas para este ano, do ponto de vista do setor de ráfia?

No inicio, houve dificuldade por parte do agronegócio brasileiro em encontrar alternativas para o fertilizante russo, fato que acabou elevando os preços desse produto. Assim, alguns players do mercado tiveram queda significativa nos volumes, o que impactou numa queda no consumo local. Para 2023, esperamos um crescimento significativo nesse setor, com o investimento de grandes empresas no Brasil e o constante crescimento do agro nacional.

A catarinense Packem (não filiada à Afipol) inaugura este ano planta de big bags de PET reciclado na Índia, em joint venture com player local. Já que o consumo de ráfia como Índia ou Vietnã está fervendo, por que os fabricantes brasileiros de ráfia e big bags não se animam a ingressar com plantas em mercado externos de alto potencial?

O setor de ráfia no Brasil é bem desenvolvido e os clientes exigem alta qualidade. O mercado faz muito bem a gestão de importação de tecnologias, pegando o que tem de bom no mundo e casando com as vantagens do Brasil. Vale lembrar que o Brasil protege bastante a indústria local e incentiva a exportação, tornando o país competitivo para atender mercados como América do Sul e Norte, Europa etc.

O IBGE prevê para a safra de 2023 o total de 296. 2 milhões de toneladas de grãos ou 12,6% acima do saldo anterior. Qual a sua expectativa para o setor nacional de ráfia este ano?

2023 será melhor, em função de as empresas dependentes de sacaria costurada e big bags não terem virado o ano com estoques. O agro no Brasil não para de crescer, o que contribui muito para o nosso setor.
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