No mundo e no Brasil, o plástico reciclado está mais caro que o superofertado plástico virgem e assim deve seguir por bom tempo. Em geral, os brand owners recusam pagar mais caro pelo reciclado que destaca suas embalagens como sustentáveis. O consumidor final brasileiro aceita pagar essa conta?
Marcelo Mason
Head of sustainability / ESG da recicladora Deink Brasil
“Bora lá. Vamos começar a responder pelo mais básico.
Tirando-se os produtos de nicho (seja item vegano ou de alto luxo), em regra nenhum consumidor das classes B, C, D, E quer pagar mais caro por um produto, seja nos EUA, Europa ou países emergentes. Haja vista que, quando a crise bate e o poder aquisitivo fraqueja, mesmo nos países ricos as marcas de ponta sofrem.
Aterrisando então na realidade do Brasil, sempre fomos um país de preço. Esta realidade não está na Faria Lima, nos escritórios do Itaim, no mundinho de Pinheiros ou na zona sul do Rio. Ela está na grande massa, na periferia, onde se compra leite por preço. Como falar de sustentabilidade para este Brasil? Como fazer este Brasil pagar mais caro?
É por isso que os modelos europeus de economia circular, recheados de alternativas como retornáveis e compostáveis que tanto a turma anti-plástico prega, são completamente descolados da realidade de um país de dimensão continental, onde mais 60% das pessoas sequer têm saneamento básico.
Antes de mais nada, a economia circular no Brasil passa pelo amplo uso de material reciclado e a bitributação não é a única vilã dele. Empresas são movidas por conveniências de stakeholders (partes interessadas) sim, mas os ganhos de shareholders (acionistas) também contam. Por isso o mundo de hoje vive uma releitura de metas voluntárias. E quando pegamos um viés de baixa (cíclico, ok) ele machuca ainda mais as poucas iniciativas em escala de economia circular. É tudo muito mais caro, a logística, a tecnologia para gerar uma resina de qualidade, etc…
A solução? O Reino Unido implantou um imposto, uma sobretaxa sobre o material virgem. Resolveu? Não. Ao contrário, as empresas pagam e a vida segue. Precisamos urgente da implantação da obrigação de uso do material reciclado. Este será o grande motor. Estará na lei e todos terão de usar. Em um Brasil ideal, onde teremos um projeto de reforma ambiental, a cargo do Ministério da Fazenda, com mais de 100 pontos para tornar o país referência em economia verde (e temos tudo para isso) e modernizar agências regulatórias para ampliar o uso da resina food grade proveniente de reciclagem mecânica (com tecnologia qualificada para tal) e avançada. Isso tem sido feito nos EUA, Europa, Ásia, México etc Será outro grande trunfo para o Brasil.
Tudo isso pode impulsionar muito o setor de reciclagem dos plásticos, trazendo mais investimentos e melhorando significativamente a condição de vida de catadores e cooperativas – ponto relevante para toda a cadeia e o governo. Afinal de contas economia circular no Brasil é questão ambiental e social.”
Ricardo Jamil Hajaj
Diretor da Cimflex
“No mundo e no Brasil a presença de materiais recicláveis e da economia circular está cada dia mais presente nos produtos e embalagens. Mas com as quedas dos preços das resinas virgens nos últimos meses, esta presença ficou mais restrita às empresas e produtos que têm compromissos e metas de sustentabilidade de médio e longo prazo já assumidos. Quanto ao consumidor brasileiro, que vem de um processo de inflação alta e perda do poder aquisitivo, eu creio que, no momento, uma pequena parcela está disposta a pagar mais caro para ter estes produtos mais sustentáveis. A grande parcela vai procurar os produtos de menor preço para poder manter o poder de compra.
Esta é uma enorme razão para os parlamentares dos governos federais e estaduais se tornarem conscientes e atuantes, no âmbito da reforma tributária, quanto à política de incentivos fiscais e tributários para a reciclagem. Afinal, o plástico reciclado tem hoje uma carga de impostos maior que a do virgem. Isso desestimula a reciclagem, tornando a resina para segundo uso menos competitiva e em muitos casos, inviabilizando a recuperação do resíduo plástico pós-consumo”.
Adriano Tanaka
Diretor comercial Raposo Plásticos / Clean Plastic
“O consumidor é quem paga por produtos mais sustentáveis, que não perdem em qualidade na comparação com o produto tradicional, como é o caso de nossas resinas recicladas. A questão é o que o mercado de plásticos, como um todo, está passando por um período de preços em baixa. Por sua vez, o mercado de reciclagem não consegue reduzir valores tão rápido como as resinas virgens. Dessa forma, o mercado tem uma falsa impressão que a resina reciclada está supervalorizada, enquanto na verdade sua precificação também está caindo”.
Giscardi Cavalcante de Souza
Diretor e Sócio da Ecopel Indústria de Plásticos
“A conta paga pela sociedade não é o resultado de uma simples comparação de preços entre resinas recicladas e virgens, ou do contínuo ciclo de preços (alta e baixa) da indústria petroquímica. Esta conta tem como saldo o impacto positivo na vida das pessoas, na melhoria da qualidade de vida e na sobrevivência, que segundo o Dicionário Oxford, trata-se de ‘continuar a viver, existir’.
O avanço tecnológico das empresas de reciclagem mecânica na produção de materiais de alto desempenho aumentou, de forma considerável, nos últimos cinco anos. Uma evolução originária do desenvolvimento de equipamentos, aditivos específicos, melhoria de processos e capacitação da mão de obra. Ainda há muito mais por vir, mesmo com o avanço muito a desejar na execução das políticas da cadeia de resíduos sólidos, seja no Brasil e em boa parte do mundo.
Não tenho dúvida de que os brand owners são os vetores desta transformação nos mais diversos setores, principalmente nas indústrias da construção civil, alimentos e demais bens de consumo. Quanto aos alimentos, eles chegam, em sua maior parte, às mãos da população acondicionados em embalagens flexíveis. O custo delas corresponde, na média geral, a cerca de 1,5% do custo do alimento. Pois essas embalagens promoveram um aumento exponencial da vida útil (shelf life) do conteúdo a um custo em relação ao transporte muito inferior ao das embalagens predecessoras (metal ou vidro).
A capacitação dos profissionais de desenvolvimento de embalagens e marketing dos brand owners e sua aproximação da indústria da reciclagem é fundamental para executar de forma plena o conceito de reciclabilidade e levar esta realidade ao consumidor. Isso implica comunicar a cada faixa da população sobre o consumo consciente e destinação correta das embalagens em questão.
A maior parte dessas embalagens é produzida com o mesmo material, sendo monocamada ou laminada e ambos os tipos são possíveis de serem reciclados e retornar à sociedade com um novo uso, como embalagens secundárias (sem contato com o produto final), de requisitos técnicos já dominados e baixíssimas exigências regulatórias. Entre os exemplos visíveis no varejo em geral, figuram os filmes shrink e stretch ou fardos. Estas embalagens secundárias, representam valores inferiores a 0,1% do custo dos produtos envasados pago pelo consumidor final.
Levando-se em consideração a falta de estrutura no país, em especial logística e fiscal do transporte e transferência de resíduos, o uso deles na produção de resinas recicladas de alta performance torna o preço do material recuperado muito pouco distante das resinas virgens. Se analisada de forma sistêmica e estrutural toda a cadeia de geração, transporte e transformação de resinas, o custo das embalagens contendo reciclado ao usuário final não é representativo, comparado com a resina virgem.
É necessário desenvolver projetos abrangentes de logística reversa junto aos brand owners e, com a ajuda da capilaridade destas marcas, suportar o poder público para promover melhorias na cadeia de resíduos, não apenas com o apelo social aos catadores e cooperativas, mas contribuindo de forma concreta, contínua e sustentável para o desenvolvimento do setor. Ou seja, fazendo com que catadores e cooperativas se desenvolvam como empresas de gerenciamento de resíduos, otimizando processos, agregando valor, investindo em tecnologia e aumento de produtividade. O resultado dessa conta será a redução de custos para o setor e ao consumidor final.
Os caminhos para o desenvolvimento do setor são desafiadores. Porém, antes da reciclagem química deslanchar, os atores que conseguirem desenvolver com antecedência suas cadeias de fornecimento com materiais reciclados e comunicar melhor, sem greenwashing, essa transição (do uso do plástico virgem para o reciclado na mesma aplicação) estarão à frente nessa tendência.Também estarão preparados para mostrar seus resultados ambientais com solidez e livres dessa nova onda de taxação ambiental, já iniciada em parte da Europa e com adesão crescente mundo afora”.
Fábio Arcaro Kühl
Fundador e CEO do Grupo Ecological
“Não é apenas uma questão de ‘aceitar pagar a conta’, pois o consumidor final sempre pagará a conta: direta ou indiretamente, à vista ou parcelado. Em momentos como este, de superoferta de resina virgem, precisamos diferenciar o conceito de ‘custo financeiro’ e ‘valor’ do material e atribuir a devida importância a todos os aspectos.
O custo dos impactos ambientais e sociais de uma economia linear e que leva em consideração apenas o ‘custo financeiro’ já está sendo pago pelo consumidor. Até por conta disto, o consumidor mais informado já aceita pagar mais por produtos sustentáveis desde que, claro, não atinja sua restrição orçamentária. Por sua vez, as empresas que adotam práticas sustentáveis, além do impacto positivo em sua imagem e nas vendas, atingem melhores ratings e, assim, conseguem acesso a recursos financeiros mais baratos.
É importante ressaltar que existe muito ‘greenwashing’ e comparações equivocadas entre o plástico e demais materiais. Tratam-se de avaliações desprovidas da devida análise de todo processo de manufatura, caso da Análise do Ciclo de Vida (ACV), ferramenta científica de aferição da sustentabilidade de um produto. Empresas, instituições financeiras, governos e a sociedade no plano geral precisam encontrar fórmulas de responsabilidade compartilhada que levem em consideração todos esses aspectos para não penalizar apenas o consumidor final. Os benefícios de uma economia circular são inquestionáveis, dos pontos de vista ambiental e econômico, e o plástico é um material 100% reciclável e que precisa circular!”
Moisés Weber
Diretor executivo da Plastiweber
“Hoje em dia, o preço do plástico virgem está muito barato, pois, além da conjuntura econômica, o Brasil vem sendo inundado por matéria-prima importada, ao custo de abrir mão de impostos. Isso piora o cenário de reciclagem e solução da destinação de embalagens virgens. Além disso, os EUA descobriram uma nova fonte de matéria-prima para a fabricação de plástico, o gás extraído de reservas de xisto (shale gas), muito mais poluente do que o petróleo. A ampliação da capacidade de transformação desse gás natural em resina possibilitará, entre 2019 e 2024, a operação de várias plantas petroquímicas (nota – e poliolefinas virgens) na América do Norte, um efetivo de capacidade muito superior a toda a quantidade de reciclagem de plástico no Brasil. Com a estruturação desse material, houve uma distorção de incentivo na cadeia do petróleo e o aumento do investimento no setor de plástico virgem por grandes grupos. No Brasil, este material é importado para Manaus com taxa de importação zero e redução drástica no imposto nacional. Isso torna os preços da resina virgem ali desembarcada subsidiados ao custo de imposto público, inviabilizando assim a reciclagem no país e sem solucionar o problema ambiental do plástico no final do ciclo. É impossível para a indústria de plástico competir com esses baixos custos, enquanto a tributação do reciclado é extremamente alta. Já na esfera social, as cooperativas e catadores são afetados, devido à redução drástica na partilha, que, em alguns casos, já caiu de R$ 1.300 para menos de R$ 800 mensais. É importante ressaltar que, pelos dados atualizados, o contingente de catadores se aproxima de um milhão um milhão de pessoas no Brasil.
Enquanto o governo incentiva os materiais virgens importados, via Zona Franca de Manaus, ao custo da desoneração de impostos, ele cobra a solução das empresas nacionais penalizadas por essa concorrência desleal e que, por extensão, afeta as cooperativas e os catadores. Um absurdo sem precedentes. Desse modo, financiamento do despejo do plástico vem de empresas do exterior (nota – exportadores de resinas para o Brasil) e que agem a favor da poluição do material, além de inviabilizar sua reciclagem por serem seus materiais (nota – resinas virgens) mais baratos e não pagarem impostos. Logo, os atores que agem em prol de um futuro sustentável e do meio ambiente são prejudicados e o poluidor é beneficiado com o dinheiro público.
Nesse contexto, o cenário apontado na pergunta vai muito além da disposição das marcas de produtos finais (brand owners) de pagarem mais caro pelo reciclado. É primordial que o governo brasileiro assuma o compromisso com a indústria nacional de transformação, reciclagem e catadores”.
Alceu Lorenzon
Presidente da Alcaplast
“Estamos hoje numa encruzilhada, um momento divisor de águas em que os brand owners já perceberam que não podem continuar recorrendo a artefatos transformados, caso de embalagens plásticas como o faziam no passado. Ao mesmo tempo, recusam pagar a mais por produtos sustentáveis, caso dos plásticos reciclados pós-consumo (PCR). Entre pagar mais caro por materiais sustentáveis ou ver suas marcas expostas e até difamadas pelo uso indiscriminado dos plásticos virgens, os brand owners não terão outra escolha a não ser aceitar esta mudança. Entre outras razões, até porque a pequena diferença no custo dos produtos sustentáveis é nada se comparada ao valor de suas marcas ou a perda de mercado que pode acontecer a quem se negar inserir materiais PCR em suas embalagens. Quanto ao custo final dos produtos, a diferença final é tão baixa que nem será perceptível aos donos das marcas ou ao consumidor. Desse modo, eles sempre irão preferir adquirir produtos com conceito sustentável, proveniente de materiais reciclados de origem pós- consumo, em vez dos materiais virgens convencionais que agridem o meio ambiente, mesmo que para isto tenham que pagar um pouco a mais”.
Irineu Barbosa Junior
Diretor comercial da Global PET Reciclagem
“Concordo que, em todo o planeta, o plástico reciclado está mais caro que o de primeira geração e esse cenário não tem data para mudar. Mas discordo da afirmação de que os brand owners não aceitam pagar mais caro por ele.
Entendo que alguns termoplásticos – PET por exemplo – avançaram o suficiente em reciclagem e já permitem o uso irrestrito da versão reciclada. Noto ainda que a escala de produção e a tecnologia mecânica avançaram para processos de baixo custo. Reconheço que o consumo do plástico reciclado pós-consumo (PCR) é a melhor forma de um brand owner comprovar sua participação ativa em toda a cadeia de logística reversa e renovação desta nobre matéria-prima. Por fim, concluo que, no mundo inteiro, governos também entendem desta forma e estimulam (ou obrigam) o uso de PCR em novos produtos.
Após esta breve introdução, fica mais fácil apresentar a tese de que brand owners têm interesse no uso (ou são obrigado a usar) PCR em seus produtos. Esse fato gerou uma demanda crescente para esta matéria- prima circular e que compete com as resinas de primeiro uso. De outro ângulo, as petroquímicas e as resinas de primeiro uso, décadas à frente em capacidade de exploração e produção, contam com novas plantas espalhadas pelo planeta, iniciando as atividades quase que mensalmente e hoje enfrentam forte ociosidade e disputa ferrenha por volume, resultando em preços baixos do polímero virgem. No mercado brasileiro, o Real valorizado também colabora para os baixos preços dessas resinas.
Nada indica que esse cenário mudará nos próximos anos.
Mas algo mudou. Trata-se do engajamento de muitos brand owners na tese da economia circular e da certeza de que a atual capacidade produtiva das resinas recicladas não responderá a uma eventual alta repentina de demanda, seja devido à dificuldade de aumentar a oferta de matéria prima, seja devido ao longo tempo necessário para a instalação de novas estruturas industriais. Desse quadro resultou uma demanda bastante estável do PCR, ainda que o preço atual esteja bastante mais alto que o das resinas virgens.
É do conhecimento de todos a existência de diversos projetos de lei relativos ao uso compulsório de plástico reciclado em análise nas mais diversas esferas governamentais. Cedo ou tarde algum deles será aprovado e, a cada dia que passa, ficamos mais perto deste desfecho. Quando isso acontecer, será uma corrida pela versão reciclada de todos os tipos de plásticos. Brand owners mais responsáveis e os que não querem enviar aos acionistas notas de justificativa por descumprimento da legislação local já estão garantindo o suprimento de PCR de boa qualidade. Contudo, os mesmos brand owners que hoje compram s plásticos reciclados a preço acima do da resina virgem estão observando que os mercados dessas duas alternativas, apesar de contarem com diferentes estruturas de obtenção de matéria prima, acabam por influenciar um ao outro. As resinas recicladas apresentam preços em queda há meses, como uma corrida para o equilíbrio com suas similares de primeiro uso.
É a velha lei da oferta e procura atuando. Mas é absurdo dizer que o consumidor pagará essa conta, especulação aventada na pergunta dessa pesquisa de opinião. Pagar a conta seria ignorar o reciclado devido ao impacto de poucos centavos nas embalagens e optar por financiar um complexo sistema de coleta e destinação correta das próprias embalagens. PET é a mais sustentável das embalagens existentes para as mesmas aplicações que se tem notícia. É reciclável, leve, segura, e consome poucos recursos naturais na sua fabricação. Brand owners, consumidores e o meio ambiente só tem benefícios com essa embalagem. Sua versão reciclada custará mais caro sempre! Mas não me refiro apenas a essa parcela a mais, mas a todo o valor investido no PET-PCR, pois está remunerando milhares ou milhões, de pessoas envolvidas na coleta, logística reversa e reciclagem desta matéria-prima. E isso é ótimo para os brand owners. Afinal, por meio do uso do PCR, estamos despejando na sociedade brasileira milhões de Reais para pessoas que voltarão a consumir produtos destes mesmos brand owners que, provavelmente por ignorarem a existência deste lado da história, ousam cometer o pecado de reclamar destes mínimos centavos a mais na compra do reciclado”.
Paulo Francisco da Silva
CEO da consultoria especializada em reciclagem AVB - Agora Vai Brasil
“Diziam os críticos da religiosidade, séculos atrás, que o maior conflito existente era a oposição entre distopia e utopia. Trazendo essa discussão para a realidade de 2023 e todas as rápidas, profundas e ainda imensuráveis modificações no modo de comércio, produção, geração e utilização de energia e de produtos e bens de consumo, a resposta à pergunta dessa pesquisa de opinião fica mais incerta e obscura.
Há cinco anos, as projeções mercadológicas indicavam um determinado número de unidades petroquímicas considerando vários fatores. Entre eles, o crescimento populacional e econômico. Com base neles, empresas projetaram as unidades que, desde último ano, estamos vendo serem inauguradas e postas em operação.
Surgiu a então a pandemia e ela instaurou o que chamou-se de novo normal em vários aspectos da vida. Recessão na Europa, EUA à beira também de retração e conflito armado na Rússia que está arrastando e radicalizando o mundo em duas frentes e fazem a indústria armamentista ir muito bem em detrimento do restante da cadeia produtiva mundial.
Neste meio tempo, a economia brasileira tem se mostrado reativa aos mandos e desmandos da atual presidência e sua desastrada política econômica, tributária e fiscal.
Ao final dessa cadeia de eventos, resta a pergunta da pesquisa: quem paga essa conta? Erra quem diz que são os governos, erra quem diz que são as indústrias, erra quem diz que é essa ou aquela classe social ou trabalhadora. Quem paga essa conta é o consumidor final, papel exercido por todos nós em vários momentos do dia. Alguns têm mais condições de enfrentar esses aumentos; a maioria não. E é aí que começa o maior problema: o empobrecimento financeiro faz com que as prioridades mudem e o fator preço do produto passa a ser fundamental e o de maior prioridade para toda esta cadeia.
Sentimos isso quando empresas que empregam reciclados em sua linha diminuem drasticamente o seu uso em detrimento da reintrodução do material virgem, cujos preços, em relação a algumas resinas, estão muito próximos das similares recicladas.
As empresas alternam para o uso do plástico virgem por uma questão de custos, produtividade, competitividade e sobrevivência.
Notícias da primeira semana de julho dão conta de que PET virgem está mais barato do que a versão flake dentro das fronteiras norte americanas.
Diante do quadro atual da nossa economia, o consumidor brasileiro vai sempre tentar fazer com que seus recursos possam lhe garantir o máximo de retorno diante da expressão monetária. E, para minha surpresa, vejo na reforma tributária a caminho da aprovação definitiva pelo Senado que a reciclagem, de forma geral, não foi contemplada com nada além do aumento da cobrança de impostos.
As cooperativas não encontrarão, nesse ritmo, para quem fornecer sucata até o final do ano e o país terá um problema socioeconômico muito grande para confrontar.
Resinas commodities, como a poliolefinas, estão sentindo esse impacto enorme pesando em suas operações. Plásticos de engenharia também acusam um movimento forte para baixo, com queda dos preços bem acentuada, mas, mantendo o volumes num patamar bem mais discreto.
É um ajuste sem vislumbre de um ponto final.”