Pensamento construtivo

Grupo Astra faz a ponte entre um imóvel e um lar
Flores: nada substitui a prospecção ao vivo dos anseios do cliente.
Flores: nada substitui a prospecção ao vivo dos anseios do cliente.
Flores: nada substitui a prospecção ao vivo dos anseios do cliente.

Não se encara crise de crista baixa nem retomada de crista alta. O racionalismo e o foco do negócio resumido no verbo morar são as vigas mestras que sustentam o Grupo Astra, um dos transformadores nacionais mais versáteis no âmbito dos processos, em sua rota rumo aos 60 anos de ativa em 2017. De banheiras e piscinas a tubos hidráulicos e de gás, passando por um sem fim de acessórios e soluções sanitárias ou elementos de alvenaria, o conglomerado paulista designa um batalhão de agentes e técnicos para fisgar em contatos ao vivo os caminhos para ampliar um mostruário de milhares de itens, entre artefatos de madeira, metálicos, cerâmicos e, em particular, de plástico. Nesta entrevista, o diretor superintendente Manoel Fernandes Flores explica esse garimpo sem trégua das pepitas de negócios ocultas entre a fundação ao acabamento de uma obra e a política de investimentos da Astra.

PR – Como avalia o impacto da recessão sobre a operação dos produtos do grupo?
Flores – Se a crise tem algo bom, é o fato de ser, relativamente, bem democrática. Atingiu todos os setores com intensidade bastante grande. Na nossa operação, podemos dividir os negócios em dois grupos. Os produtos Astra cobrem o comércio para lojas de material para construção, supermercados, bazares, atacados e distribuidores. O outro grupo é o das soluções para venda às construtoras. Em ambos existe uma queda de receita. No caso das construtoras, as vendas são impactadas pelos lançamentos imobiliários e o andamento das obras comerciais e resdenciais. Os dois fatores, por sinal, vêm caindo substancialmente, como apontam os indicadores do Sindicato da Habitação (Secovi) e do Sindicato das Indústrias de Construção e Mobiliário (Sinduscom). No outro grupo de produtos, o declínio na demanda é menos acentuado, pois, além das novas moradias e empreendimentos, influenciam o balanço a reposição, reformas, as melhorias dos imóveis em geral. Como nossa linha de produtos abrange mais de 5.000 itens, os mais ligados a novos imóveis acusam recuo algo maior que aqueles vinculados, em especial, ao comércio de materiais de construção.

PR – Quais as perspectivas imediatas para este ano?
Flores – Estamos buscando minimizar os efeitos da crise estimulando a área comercial a ir mais a campo, visitar mais vezes os clientes, buscar mais oportunidades de exposição dos produtos e ocupar eventuais brechas não preenchidas pelos concorrentes. Com essas ações, esperamos cair menos que os números do mercado, talvez chegando a um empate técnico, ou seja, o zero azul.

PR – Qual o faturamento total do Grupo Astra em 2015 e como compará-lo com a receita de 2014?
Flores – O grupo é formado por empresas e marcas, como Astra, Japi e Integral. Manteve estável seu faturamento da ordem de R$ 650 milhões em 2014 e 2015. Nas nossas avaliações, a crise teve início em outubro de 2014. Consideramos que o faturamento inalterado nesses dois anos já é um bom indicador.

PR – O grupo tem nome como usina de ideias. Por acaso fatores negativos da conjuntura, como a queda no poder de compra, encarecimento da energia elétrica, ou então, os flagelos criados por enchentes e dengue/zika/chikungunya, têm inspirado novas soluções das divisões Astra e Construtoras?
Flores – Temos um radar muito importante em campo: mais de 250 representantes de vendas espalhados pelo país. A equipe comercial interna também visita clientes com frequência e traz para discussão na fábrica as soluções ansiadas pelo mercado. Nossa área de desenvolvimento de produtos possui mais de 40 profissionais. Esses e outros atributos tornam a empresa multiespecializada em produtos para facilitar o dia a dia das pessoas e proporcionar praticidade e beleza aos ambientes. Pretendemos continuar investindo cada vez mais com esse foco. Nos últimos anos, a Astra vem atuando com força em soluções para economia de água, acessibilidade e utilidades domésticas.

PR – Qual a estimativa do índice de ocupação de capacidade com que o Grupo Astra operou em 2015 e qual a expectativa para este ano?
Flores – A Astra tem, como cultura, nunca operar com 100% da capacidade total. Sempre mantivemos um índice de 20% de ociosidade para atender de maneira saudável os picos de demanda. Em 2015, a empresa trabalhou com cerca de 65% de sua capacidade produtiva e esse número deve se manter em 2016.

PR – Produtos de acessibilidade figuram na divisão Astra. O aumento da população idosa e sua demanda por produtos residenciais específicos motivou a criação dessa categoria?
Flores – Somos referência na fabricação de produtos para banheiro e sempre nos preocupamos em olhar para esse ambiente para desenvolver itens. Veio daí a ideia das barras de apoio retas, de inox. Percebemos depois que poderíamos fabricá-las em outro material dotado da mesma resistência, custo menor e cuja tecnologia dominávamos. Assim nos tornamos pioneiros no Brasil em barras de apoio de PVC. Nossa atuação na categoria da acessibilidade não partiu de dados demográficos sobre o aumento do número de idosos, por exemplo, mas da aceitação dos nossos produtos e do espaço que fomos conquistando. Por isso, aliás, nunca lançamos linhas completas de produtos. Introduzimos dois ou três itens principais, vamos sentindo a reação da demanda e, a partir daí, ampliamos o portfólio conforme a necessidade e o potencial de vendas. Lógico que, hoje em dia, estamos muito mais evoluídos nos estudos e no desenvolvimento dessa linha. O contingente brasileiro da terceira idade é crescente; pessoas acima de 65 anos representam 5% da população. No Japão, por exemplo, esse número supera 30%. Então, a gente sabe que essa demanda só tende a aumentar. Tanto que, mesmo num momento de crise, crescemos 20% no ano passado nessa linha de produtos se comparado a 2014, este também um ano muito bom para ela.
Um fator que tem nos ajudado muito é o aumento da fiscalização nesse reduto por órgãos do governo. Existem leis e normas sobre acessibilidade em locais públicos, e isso reforça nossa crença de que a demanda por itens regulamentados,caso dos produtos da Astra, tende a crescer.

PR – Por quais motivos o grupo sempre concentrou os investimentos no complexo sede em Jundiaí, em lugar de montar plantas filiais para atender mercados mais afastados?
Flores – O crescimento físico da Astra foi sempre pautado por duas diretrizes: a constante necessidade de mais áreas de estoques e produção e a atenção requerida por artigos dependentes de tratamento especial e isso inclui uma estrutura específica de manufatura. Por exemplo, a linha de banheiras e spas foi contemplada com fábrica própria. De volta ao cerne da pergunta, a primeira unidade da Astra foi construída numa área inabitada, mas com o desenvolvimento da cidade, ela acabou virando um bairro. Com a fábrica localizada em meio a casas, prédios e lojas, a necessidade de ampliação nos obrigou a buscar outros espaços no município, pois ali não havia mais como crescer. E, assim, nossa expansão foi acontecendo dentro da cidade de Jundiaí, onde hoje, por sinal, operam sete plantas da Astra. Mais recentemente, iniciou-se um estudo para expandir o negócio em outros Estados, não por conta de custos operacionais ou logísticos, mas por causa de incentivos fiscais. A montagem de alguma operação em outro Estado não está fora de cogitação.

PR – Quantas máquinas para transformados de plástico o grupo possui?
Flores – O parque fabril conta com mais de 140 máquinas para transformação de plástico, entre injetoras, sopradoras, extrusoras, vácuo formagem e rotomoldagem. Somos uma empresa de mão de obra intensiva; empregamos em torno de 2.500 colaboradores. Além das operações industriais, o grupo conta com atividades na área financeira e na construção civil; somadas elas empregam em torno de 4.000 pessoas.

PR – Qual a sua estimativa do atual volume de consumo de resinas pelo Grupo Astra ?
Flores – Devido à variedade de processos e quantidade de produtos diferentes, a companhia trabalha com mais de 20 tipos de resinas, entre nacionais e importadas. Desde plásticos de engenharia a commodities, como polipropileno, polietileno, poliestireno, PVC, EVA e poliuretano, são consumidas aproximadamente 1.000 t/mês.

PR – Quais os principais investimentos engatilhados pelo Grupo Astra para o exercício atual?
Flores – Não nos empolgamos demais quando o mercado está bom, mas também não nos deprimimos em momentos de crise, como o atual. Por isso, devemos manter esses investimentos anuais na ordem de R$ 10 milhões, a média dos últimos períodos. Com isso, ganhamos também em produtividade, redução no consumo de energia e automação de processos. Nessa fase de retração, é importante nos prepararmos para a retomada.

PR – A construção civil acusou queda de 3,6% em 2015 e perda de meio milhão de postos de trabalho. Anamaco informa que o varejo de materiais de construção recuou 5,8% no ano passado, desempenho que só não foi pior graças ao segmento de reformas residenciais. Perante esse cenário, quais as principais iniciativas que o grupo adota este ano para evitar ao máximo o baque da crises?
Flores – Pesquisas apontam que a maioria das decisões de compra é tomada dentro do ponto de venda. Por isso, a Astra sempre buscou fortalecer a atuação nas lojas e trabalhar ações promocionais em seus clientes, através de representantes de vendas. Nos últimos anos, intensificamos esse trabalho, com a oferta de cada vez mais formas de exposição, com foco em praticidade e custo baixo. Hoje em dia, o maior problema na exposição em qualquer loja, das menores às gigantes, é a falta de espaço. A concorrência para ganhar um cantinho aqui, outro ali, e estar ao alcance dos olhos do consumidor é muito grande. Temos para isso uma área com designers e publicitários. Ela fornece suporte aos representantes comerciais e clientes no desenvolvimento de soluções para exposição no ponto de venda. Isso cobre desde expositores e displays, passando por caixas expositoras e banners, até projetos específicos e showroom personalizado. Essa cobertura está sendo incrementada este ano.

PR – Como o grupo avalia a hipótese de estender o braço no comércio (ou loja própria) de materiais de construção, tal como o fazem fabricantes de materiais de construção no Brasil?
Flores – A relação da Astra com o mercado é B2B. Temos enorme respeito pelos nossos mais de 37.000 clientes. Sempre fomos questionados sobre a possibilidade de criação de loja própria ou e-commerce. Acreditamos, no entanto, que nosso papel é de ajudar os clientes a vender mais, e não de concorrer com eles. Por isso, buscamos ferramentas capazes de ajudá-los a crescer, como políticas comerciais diferenciadas, atendimento personalizado, incremento na linha de produtos, ações no ponto de venda etc. Por exemplo, estamos desenvolvendo nesse sentido um trabalho através de plataforma de e-commerce. •

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