< PreviousDezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista18CONJUNTURA20182018 foi mesmo um ano do cão, tanto no sentido do horóscopo chinês como no das sofrências suportadas pelo Brasil. Para variar, aquelas previsões iniciais a 100 graus para o último período foram sendo revisadas para baixo já a partir do segundo trimestre e o plástico, como termômetro extra oficial do consumo, levou as sobras da palidez da economia. Apesar dos pesares, o consumo aparente de resinas, estima a consultoria W4Chem, pulou 4,4% no ano passado, índice equivalente ao garbo da taxa de elasticidade acima de três vezes o PIB de 1,3%. A testosterona por trás desse salto provém das importações, pois a produção e exportação brasileiras de termoplásticos commodities fecharam 2018 no vermelho, evidenciando a pressão cres-cente exercida pela penetração no país da resina internacional, em especial polietileno (PE) e polipropileno (PP), a preços da rota gás com viés de baixa, efeito do excedente norte-americano aditivado com a guerra comercial de Trump contra a China e, do seu lado, a demanda da Europa não dilui o desbalanço. Pelo andar da carruagem, este filme continua em cartaz em 2019. “Após cair por três anos consecutivos, de 2014 a 2016, o consumo aparente de resinas subiu em 2017 e 2018”, constata a analista Marta Loss Drummond, sócia da W4Chem. “No ano passado, alguns mercados importantes reagiram após longa crise, caso da construção civil e setores farmacêutico e automotivo, que impactam positivamente no desempenho de resinas como PVC e polipropileno (PP)”. Entre as frentes com desempenho a desejar, Marta destaca alimentos, varejo, brinquedos e, no plano geral, bens de consumo semiduráveis e não duráveis. “As importações de resinas aumentaram muito no final do ano, refletindo--se em forte expansão do consumo aparente, de toneladas desembarcadas em 2018, com a superoferta internacional e seu efeito domi-nó sobre os preços dessas commodities. Por sinal, George Martin, analista do Icis, portal britânico especializado em petroquímica, também atribui a queda das cotações de po-lietileno norte-americano na América Latina ao impacto da valorização do dólar sobre as moedas locais. “No Brasil, os preços de PP e PE ficaram mais competitivos no segundo semestre de 2018, quando se observaram as maiores quantidades de compras ex-ternas”, percebe a diretora da W4Chem. “As empresas brasileiras importaram um volume de poliolefinas 12% acima do aferido em 2017 e os preços em reais das resinas subiram de modo significativo no mercado interno, influência dos reajustes no câmbio e recuperação das cotações do petróleo”. Como desfecho, ela constata, as importações de PP e PE cresceram mais que o índice da demanda doméstica. O cenário permanece bem parecido este ano, nota Marta. 2019 abriu com PP e PE a preços domésticos menores – reação da Braskem para retomar sua participação de mercado – e viabilizados pelo recuo na cotação do petróleo, considera a consultora. “Porém, as importações tendem a continuar pressionando, numa conjuntura de dólar Marta Loss Drummond: importações de PP e PE superaram a demanda doméstica.mas, provavelmente, parte do volume desem-barcado ainda estava sendo consumido em janeiro de 2019”, ela pressupõe. Marta justifica o salto nas importações brasileiras de poliolefinas, na faixa de 1milhão De volta aos trilhosBalanço do ano passado pode pavimentar um crescimento mais linear e consistente para resinas e transformadosDezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista19em queda e intensa oferta da resina norte--americana”.Poliestireno (PS) foi o termoplástico de pior performance em 2018, distingue Marta. Seu consumo aparente recuou cerca de 3% sobre o saldo de 2017, ela projeta, devido à queda nos mercados chave do polímero, eletroeletrônicos e descartáveis. Innova e Unigel, os produtores de PS no país, atenuaram este baque graças à sua vertica-lização no estireno, deixa patente a analista da W4Chem. “Os mercados do monômero tiveram bom desempenho recente”, ela co-menta. Com a reação esperada este ano na construção civil e setor automotivo, evidencia Marta, o horizonte para estireno configura-se positivo em tintas e elastômeros de pneus, “enquanto PS tende a crescer com mode-ração, em linha com o PIB”, ela confronta. Estimativas da consultoria MaxiQuim situam o consumo aparente de estireno em 604.000 toneladas em 2018 versus 623.000 em 2017. Na mesma toada, a produção no ano passado fechou em 445.000 toneladas con-tra 480.000 anteriores; a importação ficou em 159.000 toneladas perante 147.000 em 2017 e a exportação, devido também às complexidades do transporte marítimo do monômero, limitou-se a uma tonelada em 2018 frente a quatro um ano antes. Mas uma nuvem carregada paira sobre as expectativas de bons momentos para o monômero. John Richardson, analista e blo-gueiro do Icis, sustenta não haver notícias de capacidades adicionais de estireno nos EUA, onde, tal como na esfera mundial, o mercado de PS padece de anemia. Por isso, ele coloca no seu blog, as exportações do monômero tornaram-se primazia para seus produtores norte-americanos e a China é, de longe, o maior importador de estireno do planeta. Se Trump e o governo chinês findarem o fogo cruzado de barreiras tarifárias, os EUA, para operar satisfatoriamente sua capacidade, do ponto de vista econômico, precisarão embolsar 37% do mercado mundial de importações de estireno no período 2018-2025 e, caso a guerra comercial siga em frente, a participação de mercado necessária subirá para 61%, sustenta Richardson.Tem mais: além das avarias causadas pela guerra comercial, a economia chinesa mudou desde 2018 de intenso para brando o modo de seu crescimento. São más novas para o mercado mundial de estireno, pois, na projeção do analista do Icis, a China permanece a jugular do negócio, devendo responder por 34% da demanda e 15% das importações mundiais do monômero no período 2019-2020. Devido a essa expansão amornada, conclui Richar-dson, o mercado chinês de estireno periga encolher em torno de 1 milhão de toneladas no cômputo cumulativo entre 2018 e 2020. Amarrando-se as pontas, dado o exce-dente norte-americano do estireno formulado com o eteno mais barato do planeta, mérito da rota do gás, o Brasil, pela condição lo-gística e por produzir o monômero pela rota mais cara, da nafta, torna-se um destino a ser considerado mais de perto pelos exportado-res norte-americanos, tal como já ocorre com polietileno linear de baixa densidade (PEBDL) e vale o mesmo, pela linha de raciocínio de Richardson, para monoetileno glicol (MEG), insumo-chave de PET. A recessão na Argentina também deixou sua marca no comércio exterior das resinas brasileiras em 2018. “As empresas argentinas estão carentes de recursos, como demonstram seus distribuidores ao abolir a praxe, sob impacto das altas taxas de juros, de vender termoplásticos a prazos muito longos, mais de 90 dias”, ilustra Marta Loss Drummond. Com a perda no poder aquisitivo Mil toneladas PEBD PEBDL PEAD PE´s PS PP PVC Poliolefinas PET Total grau garrafaPRODUÇÃO 704 814 1170 2688 378 1638 636 4327 566 5907EXPORTAÇÃO 204 269 369 842 60 446 66 1287 137 1550IMPORTAÇÃO 147 381 266 794 26 363 352 1157 44 1579CONSUMO APARENTE (CA) 647 926 1067 2640 344 1555 923 4196 473 5935CA ( ∆ % (18/17) 7,1% 6,4% 4,8% 5,9% -3,2% 5,6% 2,8% 5,8% 1,2% 4,4%PRODUÇÃO ( ∆ % (18/17) -7% -9% -2% -5% -4% -9% -14% -7% -5% -7%EXPORTAÇÃO ( ∆ % (18/17) -21% -13% -3% -11% -1% -19% -52% -14% -24% -17%IMPORTAÇÃO ( ∆ % (18/17) 5% 13% 10% 10% -4% 17% 10% 12% -18% 10%ESTIMATIVAS - MERCADO BRASILEIRO DE RESINAS TERMOPLÁSTICAS - 2018 (EM MIL TONELADAS)fonte: W4CHEMDezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista20CONJUNTURAestimativa para chegar ao crescimento de 2% da transformação em 2018. O que quebrou as pernas da futurologia, deixa claro o dirigente, foi a paralisação do transporte rodoviário em 2018. “A greve esfriou qualquer plano de expansão da economia, considerando que ,depois da recuperação abortada entraríamos numa fase de desaceleração da economia até o resultado nas urnas”. Roriz não ressalta, em seu balanço, o comportamento atípico das importações de poliolefinas no ano passado. “O salto das compras externas de PE não despertou nossa atenção por ter ocorrido num momento em que os preços internacionais acusavam retração, o câmbio brasileiro emitia sinais de recuo e as cotações no mercado doméstico mantinham-se no mesmo nível, enquanto em PP a alta das importações coincidiu com uma fase de aquecimento da demanda interna durante um período de estabilidade no preço internacional”. Segundo o dirigente, como o preço doméstico das resinas é for-mado com base no custo de oportunidade da importação (inclusa toda a proteção tarifária em vigor), os aumentos da já elevada diferença (spread) entre preços internos e internacionais causados por comportamentos discrepantes, como os notados em 2018, convertem-se numa ocasião favorável para 2018dos transformadores argentinos, as impor-tações brasileiras de resinas da Argentina aumentaram 15% perante os desembarques de 2017. “Os volumes trazidos de PP subiram 33%; de PE, 10% e de PVC, 13%”, delimita a pesquisadora. “Por sua vez, o Brasil enviou 23% a menos de resinas para a Argentina e tudo leva a crer que 2019 não será diferente”.Em relação ao mercado interno Marta elege como prováveis campeãs do consu-mo este ano as resinas voltadas para bens duráveis, caso de PP e PVC, a tiracolo da ansiada reativação da indústria automobi-lística e construção civil. “O consumo de PE também deve expandir, na cola da melhora prevista no desempenho de seus principais mercados: alimentos, cosméticos e produtos de higiene e limpeza”, alinha a consultora. No plano geral, a W4Chem projeta para 2019 crescimento na média de 4% no consumo aparente de resinas sobre o total de 2018, calibrado por avanço de 2,3% no PIB.TRANSFORMAÇÃO: OTIMISMO REDIVIVOJosé Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), não fazia por menos. Entrou em 2018 com a expectativa de o setor da transformação de resinas crescer 5% sobre o consumo aparente de 6,5 milhões de toneladas de artefatos compilado em 2017, volume 4% acima do saldo de 2016. “Ao longo do ano observamos a evolução aquém do previsto no número de pedidos e, para completar o quadro, estourou a greve dos caminhoneiros, quebrando o ritmo de retomada da economia brasileira, e o de-senrolar do período eleitoral, com grande divisão popular e incerteza, tendo ao fundo o alto índice de desemprego”. Noves fora, ele amarra as pontas, as indústrias retraíram iniciativas como investimentos, analistas foram revendo para baixo suas projeções para o PIB e, na corrente, Roriz moderou sua compra de matérias-primas a preços mais atraentes. “Entretanto, o comportamento das importações de poliolefinas não apresentou, no ano passado, relação com o aumento na demanda para a produção de transformados plásticos”, ele percebe. O presidente da Abiplast projeta cres-cimento médio da ordem de 2,5% 3% na produção de artefatos plásticos este ano. “Realizamos uma sondagem mensal de expectativas dos associados e a mais recente veio com uma boa surpresa: o transformador manifesta otimismo quanto à contratação de pessoal e realização de investimentos, postura não vista na indústria desde a crise iniciada em 2015”. Pelo sonar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a transfor-mação nacional de plástico cresceu apenas 0,8% no ano passado, quando produziu 6,17 milhões de toneladas, a reboque do balanço negativo de setores chave para o consumo do material,como alimentos (-5,1%), bebidas (-0,1%) e do esfriamento da economia causado por eventos como as eleições. No arremate, a Abiplast informa que as importações de transformados atingiram 747.000 toneladas em 2018 ou 8,9% acima do saldo de 2017, enquanto as exportações registraram 276.000 toneladas no último exercício ou 4,3% acima do ano anterior.DISTRIBUIÇÃO SUPERA HISTÓRICO Mesmo a greve dos caminhoneiros e, a seguir, a economia hibernada até a vitoriosa votação de Jair Bolsonaro não impediram a revenda autorizada de termoplásticos de fechar 2018 sem traumas: crescimento de 6% nas vendas sobre o volume de 2017, dimensiona Laércio Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins (Adirplast). O dirigente arredonda o último desempenho dos seus filiados na órbita de 422.000 to-neladas, volume traduzível na receita de R$ Roriz: produção de transformados aumentou 2% em 2018.Gonçalves: distribuição de resinas e BOPP totalizou 422.000 toneladas.4 bilhões e que agrupa 389.151 toneladas de resinas e 22.175 de filme biorientado de polipropileno (BOPP). Na raia específica dos polímeros termoplásticos, o saldo de 2018 fica abaixo das 396.685 toneladas pré-crise, em 2014, e das 389.745 computadas em 2016. Mas supera as 377.880 toneladas na pirambeira de 2015 e quase empata com as 389.169 aferidas pela Adirplast em 2017. No imutável pano de fundo, outros números falam por si: o Brasil produzia 7,1 milhões de toneladas de transformados em 2014 e, três anos depois, o volume recuava 1 milhão de toneladas, tendo subido módicos 2% nas projeções sobre 2018.“O mercado paralelo permanece uma pedra no sapato dos agentes autorizados”, retoma o fio Gonçalves. Ainda aferrado à marca das 422.000 toneladas, ele enfatiza que a performance no ano passado coloca o setor acima do seu crescimento histórico correspondente a três vezes o PIB. A pro-pósito, entre os pontos que atropelaram as expectativas originais da Adirplast para 2018, o presidente lista o crescimento do PIB abaixo do esperado, a greve dos caminhoneiros e a atuação da revenda autônoma, alimentada por transformadores, como alternativa de fornecimento de resinas. As importações de resinas, em especial PE e PP, não so-bressaltaram o varejo, sustenta Gonçalves. “O aumento desses volumes trazidos deve estar mais no mercados de tradings, grandes transformadores e petroquímicas globais, sendo bem menos visível em quantidades capilarizadas na distribuição”.Se o PIB de 2019 pular 2,5%, como es-pera o FMI, Gonçalves confia em crescimento de 7,5% da distribuição, um acréscimo da ordem de 30.000 toneladas no movimento do setor. “O cenário é otimista”, ele acentua. Com o Brasil acercando-se mais dos EUA, argumenta Gonçalves, é provável um au-mento no país da oferta norte-americana de PE e PP, os termoplásticos mais consumidos. “Os preços praticados para resinas nacionais e importadas andam bem próximos, desse modo cabe ao varejista decidir se vende para fazer volume ou lucrar; é isso que determinará sua rentabilidade e participação de mercado em 2019”. •Dezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista22SENSORA poda dos custos e a reformulação dos impulsos para a compra estão decretando contagem regressiva para embalagens ditas secun-dárias, como caixas de papelão ou sacos plásticos, e recursos protetivos, tipo plástico bolha e poliestireno expandido (EPS), no e--commerce de produtos ditos de consumo rápido, a exemplo de alimentos, cosméti-cos e artigos de limpeza. Por extensão, a realidade do comércio digital já cobra a concepção de embalagens talhadas para este canal em irresistível ascensão mundial sobre a saturada loja física. Nesta entrevis-ta, Alvaro Azanha, dirigente da Howtopack, consultoria da nata em inovação e desen-volvimento de embalagens, descortina as guinadas a caminho e as premissas para a cadeia de embalagens plásticas não perder o trem bala que já passa bem à sua frente. Como enxerga o futuro das embalagens secundárias e recursos tradicionais de proteção e acolchoamento na racio-nalização de gastos e apoio ao desen-volvimento sustentável buscados no e-commerce de produtos de consumo? As embalagens que hoje encontramos no comércio eletrônico (caixas de papelão, materiais de acolchoamento, fitas etc) se-rão, num futuro bem próximo, substituídas ou até mesmo eliminadas, visando melhor atender as expectativas do consumidor internauta e reduzir gastos desnecessários deste canal. Todavia, ainda não percebo, por parte das indústrias brasileiras de bens de consumo, uma estratégia defi-nida com relação à estas embalagens. A prática adotada tem sido a mesma dos canais tradicionais (varejo físico), apenas com redução do tamanho das caixas, pois, neste novo canal do comércio virtual, a quantidade de produtos por unidade de venda é bem menor. Qual a explicação para este alheamento dos fabricantes de bens de consumo a uma tendência inescapável? Aparentemente, a indústria tem se preocupado, em essência, com a integrida-de do produto até o seu destino final, sem considerar a experiência do “desencaixotar” (em inglês “unboxing”). Entretanto, a expe-riência da compra vai além disso. É óbvio que o consumidor não quer receber seu produto danificado, amassado ou vazando, mas estes são apenas requisitos compul-sórios a serem atendidos. No varejo físico, é raro o acesso do consumidor à caixa de papelão, muitas vezes amassada e cheia de etiquetas para identificação. A indústria precisa compreender o estilo de vida, comportamento, tendências e anseios do consumidor internauta, de forma a encantá--lo em toda a experiência da transação e, com isso, impulsionar o crescimento das vendas e, por extensão, da sua marca.Pode citar referências internacionais nessa direção? Algumas empresas norte-americanas, como a Amazon, têm desenvolvido o programa “Frustration Free Packaging”, numa tradução direta, “Embalagem Livre de Frustrações”. Isso abrange desde a Delete o passadoPor que o e-commerce já é um divisor de águas para as embalagensALVARO AZANHAAzanha: embalagem precisa ser repensada para o comércio eletrônico.aparência externa, facilida-de de abertura, garantia da integridade e arrumação do produto, além da otimização dimensional e uso de mate-riais mais sustentáveis, como reciclados e de fonte renovável, reduzindo também seus custos e impactos ambientais. Nos EUA, empresas de bens de consumo rápido já lançam produtos específicos para o e-com-merce, cuja apresentação dispensa a necessidade de embalagem secundária para ser entregue no lar do consumidor. Devido à inescapável massificação do e-commerce, a tendência mundial é de que essas indústrias finais adotem embalagens exclusivas para o comércio digital e não mais aquelas adaptadas das embalagens originais, concebidas para a loja física? A tendência será de redução destes custos, pois a adaptação feita hoje para atender ao comércio eletrônico incorporou gastos antes inexistentes, como a caixa de papelão para apenas uma ou duas unida-des de produto e os materiais de acolcho-amento, mantendo-se a embalagem atual de exposição e uso.Não é novidade para ninguém que as embalagens são poderosa ferramenta de marketing e exercem função fundamen-tal no processo de compra no ponto de venda tradicional. Num hipermercado, por exemplo, a grande maioria dos milhares de produtos expostos nas gôndolas depende apenas da embalagem para chamar a Caixas de papelão com plástico bolha e EPS: risco de extinção no e-commerce de produtos de consumo. Dezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista24SENSORatenção do consumidor e comunicar a respeito do seu conteúdo e marca. Existem desta forma, alguns requisitos específicos que a embalagem deve atender para com-petir no ponto de venda. Exemplos: design, qualidade da impressão, brilho, estabilidade de gôndola, resistência a empilhamento, tamanho aparente, “facing”, diferenciação da concorrência. Como ficam esses valores ao passar da loja física para a on-line?No comércio eletrônico, o consumidor recebe outros estímulos para chamar sua atenção, como um “pop-up” que surge na sua tela, uma promoção recebida por e-mail, uma publicidade paga numa barra lateral da tela do PC, etc. Nesse contexto, uma vez efetuada a compra, não há necessidade de que a embalagem do produto continue apresentando todas as características relacionadas acima.A partir do momento que as indústrias começarem a dar atenção a isso, as emba-lagens desenhadas especificamente para esse mercado tendem a mudar em prol da maior conveniência, otimizações dimen-sionais e estruturais, redução de custos e, em decorrência, de menores impactos ambientais em toda a cadeia. Veja o caso do Tide Eco-Box da Procter & Gamble (ver quadro). Houve redução significativa da quantidade de resina plástica e do tamanho e peso da embalagem. Também se obteve uso conjugado do cartão e, devido à con-centração do produto, menor quantidade de água transportada. Tudo isso decerto diminuiu os gastos e pegada ambiental em toda a cadeia.Pode-se também optar por impressões mais simples, com menos sofisticação, que também impactarão em custos menores. É essencial, entretanto, que não se perca a identificação do produto com o consumidor, pois, como já disse, ele enxerga tudo como uma coisa só – não dissocia produto e embalagem.Quais os principais exemplos de requisi-tos obrigatórios no desenvolvimento de uma embalagem para o ponto de venda físico e que se tornam supérfluos numa embalagem para sites de e-commerce?No varejo convencional, conforme já mencionei, os consumidores têm o contato visual e físico com o produto e isso faz parte do processo de decisão de compra. Já os consumidores on-line têm esta experiência completa apenas quando o produto chega em casa. Do ponto de vista conceitual, portanto, tudo o que estiver presente na embalagem – desde a estrutura de materiais, resistências físicas e mecânicas, design, decoração, rotulagens especiais, dimensões aparentes a itens como acessórios antifurtos – deve ser questionado no desenvolvimento de uma solução de acondicionamento específica para o e-commerce. Até barreiras especiais que aumentem a vida de prateleira podem ser repensadas, caso haja, por exemplo, redução no tempo total de distribuição comparado com o varejo tradicional. Se um destes fatores incorporar custos desneces-sários e puder ser otimizado, sem perda da sua identidade e valor aparente, a melhoria poderá ser implementada.E quais as diretrizes chave para se criar uma embalagem para o comércio virtual? Os requisitos prioritários no comércio eletrônico só são possíveis de ser iden-tificados a partir do conhecimento mais abrangente dos anseios e comportamento do consumidor. Quais as expectativas nele geradas ao visualizar o produto on-line e capazes de impulsionar a compra? Pode ser um formato mais amigável para estocar na despensa, facilidade e praticidade para abrir a embalagem externa, quantidade mínima de descarte após a abertura, dicas e receitas de preparo, dizeres legais e nu-tricionais com maior destaque etc. A propósito, as indústrias têm uma chance única de encantar o consumidor mostrando um cuidado diferenciado no preparo da encomenda encaminhada pelo Atacarejo: exposição e cuidados nas gôndolas diferem dos supermercados.ALVARO AZANHADezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista25símbolo da marca, melhor se posicionando frente ao consumidor também deste canal.Embalagens “tamanho família” para os produtos de consumos mais frequentes, como de limpeza, também se destacam como exemplos de adequação ao poder aquisitivo dominante no atacarejo. Afinal, oferecem mais economia ao consumidor e um custo de embalagem por quilo de produto mais vantajoso para a indústria. •NASCIDA PARA VENDER ON-LINEA Procter & Gamble abriu em janeiro as vendas apenas pelo e-commerce, do detergente líquido concentrado Tide na versão Tide Eco-Box. É entregue numa caixa cartonada que aloja no interior um frasco selado de 105 onças (cerca de 3 litros) do lava roupas. Ao picotar uma aba, o usuário tem acesso a um copo de dosagem e a uma torneira que não pinga. Para facilitar a operação de dosagem, a caixa contém uma base de sustentação que aumenta sua altura, de modo a permitir que o copo se encaixe com facilidade debaixo da torneira. Conforme divulga a P&G, que negou entrevista, Tide Eco-Box contém 60% a menos de plástico e 30% a menos de água do que o frasco conven-cional do detergente e dispensa a proteção de embalagens secundárias, como caixa de papelão corrugado ou plástico bolha, além de seu design ocupar menos espaço no caminhão de entregas.Tide Eco-Box: dispensa de plástico bolha ou caixa de papelão corrugado.site. Um simples bilhete de agradecimento ou até, pensando em produtos de maior desembolso, como um celular, um vestido ou eletrodoméstico, por que não imprimir algo personalizado, que o faça se sentir especial, do tipo “feito pra mim”? Tecnolo-gias existentes, como a impressão digital, permitem isso e decerto fidelizam o cliente!A ascensão do atacarejo no Brasil ainda não inspirou o desenvolvimento de em-balagens específicas para este canal, embora muitas de suas características destoem do supermercado. Isso tende a acontecer?Certamente que sim! Talvez por uma questão da complexidade e custos envol-vidos numa alteração de embalagens na indústria de bens de consumo, esta esteve à espera da consolidação efetiva do canal atacarejo, como agora percebemos. Logo, já é hora de as indústrias se voltarem com mais atenção para esse canal, buscando adequar suas embalagens, produtos, quantidades e processos logísticos. O ata-carejo não oferece os mesmos serviços de exposição e cuidados nas gôndolas vistos em supermercados. A maioria dos produtos é exposta diretamente nos paletes oriundos das fábricas e movimentados por empilha-deiras dentro das lojas. As prateleiras são mais altas e a iluminação menos eficiente, o que dificulta a identificação clara do produto e sua marca. Um dos setores mais procurados neste canal é o de bebidas e percebo alguns movimentos interessantes de marcas tra-dicionais de cerveja, como Heineken, que aumentou o tamanho da estrela vermelha nas embalagens, e Itaipava, que apresentou novas cores e incorporou uma coroa como Next >