< PreviousAgosto/2018plásticos em revista18SAÚDE PÚBLICAOPORTUNIDADES“Nunca fomos pautados para tratar desse tema”, admitiu a Plásticos em Revista a assessoria de comunicação da Federação Brasileira de Hospitais (FBH). O assunto do qual a entidade se esquivou embute não só um atalho para o plástico agregar valor em sua aplicação, mas uma chance de polir sua espezinhada imagem com uma contribuição de mão cheia para a maltratada saúde pública do Brasil: a adição de agente anti-microbiano nos componentes de plástico que, desde as macas às paredes, piso e forro, reinam absolutos no interior das ambu-lâncias, reduto que constitui uma extensão do ambiente hospitalar e também exposto aos níveis emergenciais de contaminação bacteriana no país. Apesar desses índices vexatórios de infecção microbial, até hoje os órgãos de saúde pública não atentaram para as condições de contaminação dentro de am-bulâncias, constata Liliana Rubio, gerente sênior de desenvolvimento de negócios na América Latina para aditivos de polímeros da suíça Sanitized, turbo global em tratamentos antibacterianos. “O desinteresse tem muito a ver com a ausência de regulamentos e de intensa comunicação para incentivar práticas preventivas concretas na cadeia de fornecimento de materiais e de desenho na estrutura das ambulâncias”, atribui a execu-tiva. “Seria relevante confrontar a quantifi-cação dos altos impactos de infecções com o predomínio de um modelo que promove a produção desses veículos em massa e a baixo custo sem padrões determináveis de proteção e higiene em nível maior”. Liliana lembra ainda que os fabricantes de ambu-lâncias não recebem do mercado a exigência de incorporação de tratamento antibacteriano nem identificam valor de marketing na exibição de um selo comproba-tório de aplicação de biocida no interior do veículo, restringindo seu foco primordial na redução de custos. “Em decorrência, a cadeia produtiva do plástico não provê de forma regu-lar e padronizada o uso de componentes como agentes antimicrobianos e assim não se gera uma dinâmica de ações proativas dirigidas à saúde pública”, ela lamenta, es-corada na penetração internacio-nal das soluções da Sanitized em itens médico-hospitalares como nãotecidos, próteses e filtros. No tocante ao plástico no interior da ambulância, Liliana destaca laminados flexíveis de PVC nos pisos, estofados das macas e até nos sapatos dos enfermeiros. Os exemplos prosseguem com a presença de copolímeros de acrílonitrila butadieno estireno (ABS) e polipropileno (PP) na estrutura de armários, móveis, caixas e na carcaça interna. “O cres-cimento de bactérias e fungos é permanente e aumenta num entorno com maior umidade relativa do ar, temperatura e pressão; ou seja, sempre estamos expostos à contaminação”, ela argumenta. “ Em mercados emergentes, como o Brasil, esse risco aumenta devido ao microclima tropical propício à proliferação microbial”. Nesse contexto, ela transpõe, os biocidas mostram serviço garantindo higie-ne e proteção ao longo da vida útil do artefato de plástico integrante desse pronto socorro em movimento chamado ambulância.“Acredito que o Brasil começa a se preocupar com a infecção bacteriana no interior dos hospitais para estender de-pois este cuidado às ambulâncias”, julga Fernando Brandão, químico da Cipatex, nº1 nacional em lami-nados sintéticos. Ele reconhece que estudos de normatização a respeito ainda estão de chupeta no berçário, mas, por obra do amadurecimento do mercado, devem surgir em breve sinais de conscientização do setor médico hospitalar sobre a necessidade do uso de ferramentas tecno-lógicas para tornar o ambiente mais asséptico e seguro. “Temos realizado, através de clientes, incursões em alguns hospitais de alto padrão para difundir a proteção conferida por laminados acrescidos de agentes antimicrobianos”. A receptividade à ideia é boa, ele nota, mas o uso em ambulância ainda requer maturação Ideia contagianteInfecção em ambulâncias pode ser evitada com plástico aditivado com agente antimicrobianoRubio: órgãos de saúde pública não atentam para o risco de contaminação em ambulânciasBrandão: biocida controla odores, inibe a formação de biofilmes e facilita tarefas de higienização”.Agosto/2018plásticos em revista19do setor e, face ao custo/benefício, as pers-pectivas animam a Cipatex.“Estabelecimentos de Goiás e Santa Catarina”, ilustra o técnico, “têm mostrado mais interesse por materiais auxiliares capazes de prevenir a contaminação por fungos e bactérias nos nossos reves-timentos”. Entre os passos da Cipatex nessa direção, Brandão distingue a linha de revestimentos Facto®Med vitaminada com aditivo biocida e acenada para leitos, travesseiros e mobiliário estofado para a área da saúde. “O aditivo controla odores, inibe a formação de biofilmes e facilita tarefas de higienização”, ele sumariza.No embalo, ele vislumbra espaço no meio hospitalar para a proteção e facilidade de limpeza de outra linha de revestimentos munida de tratamento antimicrobial, Facto®Náutico. “Por ser de material bastante resistente, se adequa ao ambiente da ambulância, mais agressivo no plano mecânico”, justifica Brandão. Pela sua estimativa, a aplicação de um agente antibacteriano incide ao redor de 15% sobre o custo em média de material em laminados da Cipatex. Formadora de opinião em veículos especiais, a Greencar já emprega laminado de ABS com agente biocida em diversos modelos do seu mostruário de ambulâncias. “O custo desse revestimento é cerca de 25% mais caro que o tradicional kit de plástico reforçado com fibra de vidro (termofixo), mas pro-porciona algumas facilidades na montagem que otimizam a produtividade”, avalia Lauro Antonio Porto de Oliveira, pro-prietário dessa empresa há 25 anos na ativa e com matriz em São Paulo e filial mineira.Oliveira não concorda com a existência de desinteresse dós órgãos de saúde pública quanto ao risco de infecção no interior das ambulâncias e justifica sua visão com as normas especifi-cadoras dos mate-riais empregados na construção do veículo. “Quan-do ele é libera-do, orientamos o cliente sobre a utilização, limpeza e conservação dos materiais integran-tes da construção da ambulância”, ele assinala. Em regra, fa-bricantes de am-bulâncias não se animam a oferecer, nem como diferen-cial de marketing, veículos com as dependências protegidas contra contaminações. Para o empresário da Greencar, esse descaso acontece “por-que, muitas vezes, falta divulgação sobre os produtos (agentes biocidas) e do modo como podem ser agregados no processo”, opina. A propósito, Oliveira apóia a constituição de regulamentação para tratamento antimicrobiano das dependências internas de ambulâncias.Saulo Sousa, gerente ad-ministrativo e de vendas da paranaense Eurolaf, outro ás nacional em veículos especiais, martela a tecla dos custos para explicar o banho-maria no combate ao risco de contaminação microbial no transporte de pacientes por ambulâncias. “Infelizmente, os órgãos responsáveis sobre o assunto não têm orçamento suficiente para atender com qualidade e atenção a estes detalhes extremamente importantes”, lastima o exe-cutivo dessa montadora há mais de 10 anos na estrada e em condições de transformar 1.200 veículos ao mês. “É conhecida a necessidade de exigências maiores quanto à segurança dos operadores e pacientes das ambulâncias, mas tudo esbarra no preço”. Conforme acentua o gerente, muitas vantagens e diferenciais incorporados pela Eurolaf em veículos para setores que não o hospitalar, melhorias não exigidas por regu-lamentação, “não são em regra vistos como atraentes pelos clientes, principalmente por significar custo maior”, coloca Sousa. “A situação é tão critica que, mesmo exigências regulamentadas não são, em vários casos, requeridas por alguns clientes, pois não há a devida fiscalização do seu cumprimento pelo governo”.Varredura da Organização Mundial de Saúde (OMS) liberada em 2017 não faz ´por menos: infecções hospitalares atingem cerca de 14% dos pacientes internados no Brasil e são a causa de mais de 100 mil mortes anuais no país. Para bom entendedor, a saúde pública aguarda uma ambulância urgente sem saber se virá. •Oliveira: apoio à regulamentação de tratamento contra infecções em ambulâncias.Greencar: caso raro de ambulância munida de revestimento com agente antibacteriano.Agosto/2018plásticos em revista20SENSORPelo andar cambaleante da carru-agem flagrado no estudo Contas Nacionais, compilado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE) a queda do PIB da construção civil flagrada no segundo trimestre constitui uma pedra cantada do quinto ano consecutivo no vermelho para o setor. Desde 2014, o movimento retrocedeu 25% e, com este seu mercado nº1 acamado, a prostração da cadeia de PVC é efeito dominó. Referência em tubos prediais no Centro-Oeste, a goiana Duro PVC repele a pasmaceira de três mo-dos. Afia a economia logística ao deslocar parte da produção para a filial capixaba a ser ativada no próximo ano, lança geoduto para captar água de poços artesianos e se debruça sobre o motor de sua região, o agronegócio, para entrar com polietileno na irrigação localizada. Na entrevista a seguir, Leonardo Brito Ferreira, sócio e diretor industrial da Duro, pincela a rota para contornar o cabo das tormentas da atual conjuntura nos lançamentos imobiliários e reformas residenciais . Como descreve a dimensão atual do negócio da Duro PVC?Com o passar dos anos, a situação econômica do país foi agravada devido a crise, e o congelamento do mercado da construção civil refletiu diretamente em nosso negócio, iniciado em 1995. Por isso, optamos por fechar a unidade de Patos de Minas, no Triângulo Mineiro. Hoje em dia, contamos com 2 unidades: a fábrica com capacidade de 2.500 t/mês e 25 linhas de produção em Aparecida de Goiânia, em Goiás, e a planta em fase final de construção em Linhares, ao norte do Espírito Santo, em condições de produzir 500 t/mês e com perspectiva para partir no início de 2019. A construção civil, seja no setor imobiliário ou de infraestrutura, patina no vermelho há quatro anos. Qual estratégia da Duro para contornar ou ao menos atenuar este desempenho a desejar em seu maior mercado, o setor predial? Com a queda da construção civil, nossas vendas sofreram também queda bastante significativa nos últimos quatro anos, um declínio em linha com o recuo do mercado e o movimento segue estável. A Duro passou então a investir mais re-cursos no agronegócio e no segmento de irrigação. Iniciamos a fabricação do tubo de revestimento, o geoduto, hoje em fase de experimentação, mas acreditamos ter um futuro bastante promissor, apesar das margens de lucro apertadas, por se tratar de um produto commodity.A retração no mercado de reformas e lançamentos imobiliários tem descapitali-zado, desde 2015, boa parte da concorrên-cia da Duro em tubos prediais. Por que a empresa tem optado por crescer mediante a montagem de fábricas novas em lugar de adquirir concorrentes enfraquecidos, de modo a limpar a área e ampliar sua carteira e capacidade produtiva mais rapidamente?A Duro recuou nos últimos anos com o fechamento da filial mineira, mas a fábrica em Linhares é projeto antigo, desenvolvido há mais de quatro anos com recursos próprios. Por conta de sua localização estratégica, optamos por transferir parte da nossa capacidade produtiva para o Sudeste. A intenção é, com a unidade capixaba, diminuir os custos com transporte para o Norte, Nordeste e Sudeste.Alguns fabricantes de tubos prediais na faixa intermediária do setor, onde a Duro Hora de reinventarComo a Duro PVC enfrenta o inverno na construção civilDURO PVCBrito: planta no Espírito Santo parte em 2019.está, têm investido de forma mais agressiva em marketing, seguindo os passos dos líde-res com publicidade na TV e redes sociais e patrocinando até times de futebol da Série A. Para a Duro, esse tipo de ação vale do que o investimento na distribuição e no contato direto com o consumidor formiga ?O marketing da Duro PVC tem tido atua-ção estratégica em PDV’s, feiras do segmento, eventos e com a ferramenta digital (app da empresa, por exemplo). Para cada frente de trabalho é necessário uma análise mais pro-funda. No momento, preferimos não investir em grandes campanhas publicitárias na mídia tradicional. A Duro não possui atuação nacio-nal, portanto o investimento em patrocínios para grandes clubes são inviáveis. Por isso, optamos por realizar uma boa divulgação regional utilizando, por exemplo, mídias em painéis de Led espalhados nos Estados onde atuamos e suas proximidades. Qual a motivação para a Duro entrar agora em geodutos? Em função da capacidade ociosa que tínhamos e do desaquecimento da linha predial, optamos por desenvolver o geoduto. Comparado aos concorrentes de ferro fundido e galvanizados para este tipo de aplicação (exploração de água em poços profundos), o geoduto de PVC mantém as propriedades originais da água, enquanto os tubos ferrosos influem na qualidade do líquido, por oxidarem. Além disso, o geo-duto de vinil não só tem custo menor como é mais leve que o de ferro fundido, o que facilita sua armazenagem e carregamento.As extrusoras de dupla rosca paralela twinEx, da battenfeld cincinatti, adquiridas em 2015 e 2016, são dirigidas com exclu-sividade aos geodutos? Essas duas máquinas rodam na planta sede e, além da produção de geodutos, aten-dem as linhas de tubos predial, irrigação e de infraestrutura. Nesta última, aliás, a Duro investiu pesadamente para fornecer tubos de até 400mm de diâmeto na linha Defofo, fa-bricados de acordo com a norma ABNT NBR 7665, e na linha Ocre, em conformidade com a norma ABNT NBR 7362. Por que a Duro até hoje não refor-çou o mostruário ingressando em tubos de água quente e pisos de PVC e, como fazem alguns concorrentes, em torneiras injetadas? Quais os planos para alargar o catálogo em 2019? A intenção é manter o foco no trabalho com PVC. Em paralelo, estamos estudando um projeto para entrar em 2019 em tubos de polietileno para irrigação por gotejamento e microaspersão. O objetivo é nos especiali-zarmos ainda mais no agronegócio. •Agosto/2018plásticos em revista223 QUESTÕESComo prova de seu empenho em embarcar na economia circular, a holandesa Unilever, colosso em produtos de rápido consu-mo, articulou o lançamento em diversos países de frascos cinza de sabão líquido soprado com polietileno (PE) reciclado, advindo do descarte incorreto em praias. A estreia aconteceu no Reino Unido e arribou em julho último no Brasil, nas vestes da embalagem de 3 litros de Omo Multiação, produzida com refugo plástico coletado na orla do Rio e Pernambuco. Para o restauro da resina para brilhar no segundo uso, a Unilever laçou a brasileira Wise, empresa que não faz por menos na meta postada em seu site: “ser referência na reciclagem de plásticos com alto valor agregado”. Este foco, aliás, também levou a Braskem a es-calar a indústria sediada em Itatiba, interior paulista, para recuperar PE pós-consumo em condições de dar forma à embalagem do tira-manchas Qualitá, marca do Grupo Pão de Açúcar. Nesta entrevista, Bruno Igel e Amarildo Bazan, respectivamente CEO e diretor executivo da Wise, detalham a experiência com a Unilever e a busca de sua empresa por descolar-se da vala comum em seu ramo pela atualização tecnológica. 1 Qual é a capacidade instalada de reci-clagem da Wise e como a nova linha importada de lavagem e secagem deve influir no processo?A capacidade é de 25.000 t/mês de reciclagem de aparas industriais e plásti-cos pós-consumo e contamos com sete extrusoras. A nova máquina evidencia um movimento de verticalização. Em lugar de comprar material já lavado, integramos o processo dentro da planta, conferindo assim muito mais qualidade e constância ao produto acabado. Com isto, inauguramos mais uma rota de abastecimento, utilizando material diretamente ori-ginário do resíduo sólido urbano. Os investimen-tos nos últimos anos, inclusa esta linha alemã de moagem e secagem, contemplam a Wise com materiais mais estáveis, com especificações técnicas mais restritas, maior índice de rastrea-bilidade e garantia de não migração. Isso significa que conseguimos atingir muito mais segmentos que demandam resinas com propriedades muito próximas do polímero virgem e com certificação de origem da matéria-prima, rastreabilidade, idoneidade trabalhista e ambiental. Estamos, enfim, vendendo um material aliado a um conceito de transpa-rência e boas práticas. Isso inclui, além dos reciclados para frascos e tampas de uso fora da seara alimentícia, materiais para segmentos novos para a empresa, como bens de consumo, automotivo, mobiliário, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. A linha de moagem e lavagem deve ser ocupada de todo em até 12 meses.Obra-prima da matéria-primaWise persegue o estado da arte na reciclagemWISEIgel e Bazan: reciclado superior com verticalização na lavagem.2Como a Wise participou do lançamento, pela Unilever, da série de 18.000 fras-cos de 3 litros de Omo Multiação,à base de refugo plástico coletado em praias do Brasil?A Wise é a única indústria recicladora selecionada para este projeto iniciado há cerca de dois anos como um desafio coloca-do pela Unilever apara adicionar resinas re-cicladas pós consumo às suas embalagens, uma ideia com o intuito de chamar a atenção da sociedade para as externalidades do des-carte incorreto do plástico e de servir como marco para o início da utilização de plástico reciclado pós-consumo pela companhia. A iniciativa da coleta do plástico em praias vin-gou como parceria da Unilever com o World Wildlife Fund e, a seguir, a Wise empregou cooperativas litorâneas para complementar o volume de plástico necessário. A quanti-dade é pequena, mas o impacto do passo seguinte, colocar reciclado em todas as embalagens do Omo, é enorme. O frasco de polietileno reciclado de Omo Multiação foi soprado pela Brasalpla. A tampa ainda é de polipropileno virgem, injetada pela Plastek, mas está em curso a intenção de produzí-la com reciclado. A Unilever, aliás, já compa-rece com duas embalagens sopradas com PE pós-consumo reciclado pela Wise – além do Omo, o frasco do xampu da linha Seda Pretos Luminosos.Já no âmbito das aparas industriais, está nos planos entrarmos com reciclado na injeção de componentes para eletroportáteis. 3Entre as peças de reciclado produzidas sob a marca Wisewood dormentes sofrem com o crônico descaso pelo modal ferroviário e cruzetas com a expansão sem-pre minguada das linhas de transmissão. Como a Wise cogita lidar com a calmaria nesses segmentos? A infraestrutura brasileira sofre há bom tempo com falta de investimentos não só na expansão, mas até em manutenção. Infelizmente os grupos privados atuantes em ferrovias e transmissão de energia costu-mam ter pouca visibilidade e grandes doses de incertezas regulatórias e contratuais os impedem de efetuar apostas maiores do que já fazem. Mesmo nessas condições, conse-guimos estabelecer um negócio com escala razoável, além de nos prepararmos para um futuro que, se o Brasil quiser crescer, decerto contará com fartos investimentos. •Omo Multiação: frasco de refugo de PE coletado em praias e reciclado pela Wise. Agosto/2018plásticos em revista26ECOPLÁSTICOSESPECIALOs plásticos tornam produtos seguros, baratos e fáceis de manusear e transportar. Mas qualquer material tem prós e contras e a abrangência do consumo das resinas tem sido bombeada por vantagens perante materiais concorrentes como du-rabilidade, peso, custo acessível e o gasto de energia em sua transformação. No entanto, esses predicados também con-vergem para as questões ambientais que, hoje em dia, deslocaram o crescimento puro e simples do mercado como fator primordial para nortear desenvolvimentos e investimentos na cadeia do plástico. Por exemplo, devido à sua longa vida útil, leva séculos para a degradação das resinas se consumar. Por ser material barato, em regra é difícil a viabilidade econômica de coletá-lo e reciclá-lo e, por tabela, vem daí a ira da corrente pra frente pela sustentabilidade com as imagens do plástico ao léu em lixões, entupindo bueiros e boiando nas enchentes e no mar.Acossada por essas pressões, a indústria do plástico não está de braços cruzados. Como se vê nas reportagens a seguir, as empresas tratam de ajustar suas práticas e desenvolvimentos a estratégias embebidas na conscientização ambiental. Afinal, o plástico responde por cerca de 50% do consumo global de embalagens e por volta de um terço das resinas pro-duzidas por petroquímicas segue para o acondicionamento dos chamados produtos de rápido consumo. Referências notórias dessa reação do setor plástico para dançar conforme a nova música são a busca de produtos mais leves, pois demandam me-nos matéria-prima, de reciclagem facilitada e o interesse por polímeros e aditivos de fontes renováveis. Menos falada mas tão relevante quanto, é a contribuição das soluções geradoras de benefícios sus-tentáveis nos bastidores do processo da transformação de resinas, destacadas pelos entrevistados na reportagem. É o caso de insumos auxiliares que, por exemplo, reduzem o ciclo, o consumo energético, o refugo gerado em linha ou que aprimoram a reciclagem de termoplásticos.O setor plástico demonstra assim ser bom aluno das lições da Mãe Natu-reza. Uma delas: um sistema estático está fadado à morte. Para permanecer, ele deve estar aberto às mudanças constantes. Banqueiro e antropólogo no século XIX, Edward Clodd escreveu que “a natureza mata seus fracassos para dar lugar aos seus sucessos”. Já se disse também que a natureza é brutal, um sistema de conflitos, pressões e adaptações entre as espécies. Mesmo assim, quem sobrevive por saber se adaptar prospera na natureza e, por causa disso tudo, ela mostra-se mais resiliente às mudanças no seu caminho. Uma resiliência que, como sabe a indústria do plástico, provém da competição e da colaboração .É preciso dançar conforme a músicaComo resinas e aditivos estão acertando o passo com o desenvolvimento sustentávelNext >