< PreviousAgosto/2018plásticos em revista8VISOR“As principais tendências mundiais em plásticos para eletroportáteis têm a ver com a aparência final, efici-ência energética e redução do peso”, alinha Fabio Celso Bordin, gerente de marketing e vendas da base no Brasil da alemã Ineos Styrolution, formadora global em preços e opinião de estirênicos. Para corresponder a essas expectativas, o executivo saca do portfólio soluções do naipe de Novodur® P3H-AT, copolímero de acrilonitrila buta-dieno estireno (ABS) que alia resistência térmica e processabilidade a uma resis-tência química léguas acima dos índices aferidos em grades para uso universal des-se plástico de engenharia. Outro ás tirado da manga por Bordin é a resina de metil metacrilato butadieno estireno (MBS). “É indicada para a injeção de componentes de aspiradores de pó e ferros de passar devido à alta transparência e resistência química e ao impacto”, ele justifica, destacando ainda as credenciais de seu poliestireno de alto impacto Styrolution® ESCRimo, de elevada resistência à fadiga sob tensão.Bordin também nota pendor dos fa-bricantes de eletroportáteis por resinas com aditivo antiestático, porta aberta para seu ABS Novodur®P2H-AT reduzir o acumulo de pó dos aparelhos. Ainda no visual, ele percebe crescimento de aplicações cro-madas ou metalizadas, vocação do grade P2MC da série de ABS Novodur®.No Brasil, distingue o gerente, o campeão de vendas da Ineos Styrolution em eletroportáteis é o copolímero de estireno-acrilonitrila (SAN) Luran®. “Seu principal uso é o copo de liquidificador, em virtude da transparência, facilidade de processamento e de desmoldagem da peça”, indica Bordin.Entre os desenvolvimentos recen-tes da Ineos Styrolution em estirênicos passíveis de pouso em eletroportáteis, Bordin distingue o tipo de ABS multiuso Terluran® GP 35 White. “Sua tonalidade branca padrão provém do teor aproximado de 2,5% de titânio e aditivo UV e assim ajusta-se à condição de material base para a injeção de vários tons de branco e cinza, operação finalizada pelo transformador com o acerto de cor por masterbatches”. ABS também comparece na mistura com poliamida (PA) Terblend®NM12, ressaltada por Bordin pela adequação a Aspirando as tendênciasPerformance e visual incrementam as exigências para resinas e masters plugados em eletroportáteisELETROPORTÁTEIS / MATERIAIS Liquidificadores: principal mercado no Brasil para SAN Luran®Agosto/2018plásticos em revista9barbeadores proporcionada pela resistên-cia mecânica e química e a excelência no acabamento de baixo ou alto brilho. Da família Luran® o executivo pesca o copo-límero de acrilonitrila butadieno acrilato de butila (ASA) S75G Branco. “É muito procurado para aplicações dependentes de alta resistência à radiação UV que garnta a identidade visual do eletroportátil”. Ele fecha o rol de novidades com Styrolution® PS 6220, poliestireno de alto impacto com altíssimo brilho, conferindo acabamento superior aos grades convencionais desse polímero.MINIATURIZAÇÃO INSPIRADORAPara dar uma ideia da magnitude das exigências conectadas a eletro-portáteis, Fernando Ribeiro, gerente de desenvolvimento de aplicações e clien-tes no continente americano da Solvay Polyamides, recorre aos secadores de cabelo e às conhecidas pranchas e cha-pinhas. “Devido à sua função estrutural e ao trabalho sob altas temperaturas de serviço, PA 6.6 preenche a lacuna”, ele coloca. “No entanto, além da performance mecânica esperada,, outros requisitos desafiadores têm sido apresentados por transformadores de componentes e fabri-cantes desses portáteis, entre eles a alta de poliamidas. Um desses avanços, Te-chnyl One JL 218 V50 Natural, foi gestado no Brasil e consta de copolímero 6.6/6T aliado a copoliamida de alta resistência térmica, blend com 50% de fibra de vidro e de elevada estabilidade dimensional. “É uma alternativa a mercados de portáteis antes dependentes de materiais como PA4.6” ,sumariza o executivo. Outra boa nova é dada por Technyl AF 218 SV 33 Bla-ck, grade nucleado de PA 6.6 de alto fluxo e estabilizado termicamente com reforço híbrido não detalhado. “Combina balanço de rigidez e resistência ao impacto com tratamento superficial em níveis excepcio-nais”, ele ressalta. Por fim, Bordin serve à mesa Technyl A 209 Natural, PA 6.6 com lubrificação especial desembocando em desmoldagem facilitada e superioridade no acabamento e na estabilidade no processo de dosagem.Cafeteira: master preto indestronável em eletroportáteis.Bordin: estirênicos da Ineos Styrolution garantem leveza, acabamento e eficiência energética.estabilidade dimensional com baixo risco de empenamento, visual diferenciado para peças não pintadas e excelência na pintabilidade”, exemplifica Ribeiro. O caldo engrossa com as exigências de melhor performance dos materiais em geometrias complexas e de espessuras e ciclos de injeção em queda livre. A Solvay responde com três novas joias de sua coroa Baruque: PPA Radilon® AestusT substitui PA 4.6 no bocal de secador de cabeloAgosto/2018plásticos em revista10VISORQuatro tipos na classe 6.6, pinça Ribeiro, puxam as vendas de PA Technyl ao mercado brasileiro de eletroportáteis e elétricos em geral. Ele destaca a deman-da pelo grade de alto fluxo Star A205F, talhado para injeção de ciclo rápido de eixos oscilantes de ventiladores, itens de compressores e peças como botões e travas. Por sua vez,Technyl A 218 V30, é um grade termoestabilizado com 30% de fibra de vidro e, tal como Technykl A118 V50 (50% de fibra de vidro), é recomen-dado para componentes estruturais de eletrodomésticos. O quarteto de best sellers fecha com Technyl A60G1 V30, composto V-0 com 30% de fibra de vidro, sem aditi-vos halogenados e focado em itens como conectores e contatores.“O avanço na miniaturização de componentes de equipamentos como ele-troportáteis, o aumento de requisitos como os de flamabilidade e do rigor regulatório técnico e ambiental têm inspirado novas soluções de PA sem insumos halogenados e menos corrosivas e abrasivas na injeção”, expõe Ribeiro. Para indicar para onde o vento sopra, ele enfileira os grades Technyl de PA 6.6/6 BH50H1 e de PA 6.6 A50XI e a copoliamida reforçada One J60X1 V15--V30, todos eles ofertados em diversas cores e opções para marcação a laser de peças como carcaças, plugues, conectores e suportes de bateria. 6 AVANÇA SOBRE 6.6O bocal de secador de cabelo des-pertou na Radici Plastics a sacada de desenvolver poliftalamida (PPA) de alta resistência térmica e baixa absorção de umidade. “É uma alternativa a PA 4.6, que tem esse problema de absorção”, escla-rece Jane Campos, CEO da subsidiária brasileira da corporação italiana. Luis Baruque, gerente de desenvolvimento e marketing, detalha que o grade de PPA Radilon®AestusT absorve em torno de 1,2% de umidade contra 1,8% aferido com PA 4.6. “Ou seja, sua estabilidade dimensional é superior e a diferença de preço pode tornar PPA até 10% mais em conta, a depender da linha de produto para a qual o material foi homologado”.Eletroportáteis integram o espectro de mercados que motivam a Radici a abrir caminho para PA 6 numa conjuntura de in-suficiência mundial de PA 6.6 “Isso decorre de escassez do ingrediente hexametileno diamina, cuja oferta só deve ser revigorada em 2022 ou 2023”, antevê Baruque.Mosca: exigências de maior uniformidade de cores em materiais diferentes de peças externas.Herrero: demanda acesa por preto fosco e intenso.Secador de cabelo: sofisticação de poliamidas da Solvay para corresponder a exigências mais desafiadoras.Liquidificador: estilo retrô com cores combinadas. trarem multifuncionais e mais compactas. Em decorrência, ele amarra, sobem os requisitos de performance para proprie-dades como estabilidade dimensional e, para teclas externas à luz e resistência térmica, elétrica, ao desgaste e, para evitar curto circuito, à chama. “Também se cobra maior uniformidade de cores em peças de diferentes materiais, como carcaça de ABS e tecla de PA na mesma tonalidade”. A tiracolo dessas demandas, ele completa, ao lado de compostos coloridos e sem Aurelio Giovanni Mosca, sócio e ge-rente comercial da componedora nacional Krisoll, chama atenção para o efeito, nas exigências de performance de PA, do fato de as peças de eletroportáteis hoje se mos-reforço, para teclas de comando externo, os campeões de vendas da Krisoll para eletroportáteis alinham compostos de PA antichama, com fibra de vidro e, por vezes, com resistência ao fio incandescente (glow wire). “São utilizados na injeção de chaves de comando internas”.ELETROPORTÁTEIS / MATERIAIS Agosto/2018plásticos em revista12VISORAPELO RETRÔEm seu retrospecto dos últimos três anos sobre as solicitações de masters para eletroportáteis, Roberto Herrero, coorde-nador do laboratário de cores da Cromex, destaca a procura por tons de vermelho com alto brilho e intensidade, e de preto, também mais intenso e com efeito fosco. No geral, porém, as tonalidades de branco e preto continuam a ditar as vendas de masters da empresas para esta vertente de eletroeletrônicos, nota o expert.Para sair fora da caixas, a Cromex lançou este ano, de olho em portátes como batedeiras, liquidificadores, mixers e multiprocessadores, o concentrado na cor Ultra-Violet, tendência destacada no guia Pantone.cabelo, predominam preto fosco e verme-lho intenso com brilho; para depiladores compactos, tons de branco, rosa e lilás; para batedeiras e liquidificadores, preva-lecem as solicitações de concentrados portáteis e percebe a inclinação, no âmbito de batedeiras, liquidificadores e ferros de passar, de cores vibrantes e sólidas tipo laranja, amarelo, verde e vermelho.PRETO SEMPRE BÁSICO Nos bastidores da cor preta, indes-tronável em eletroportáteis, quem dá as cartas são as linhas de negro de fumo de alta intensidade, grau de pureza e subtons azulados, indica Leonardo Fernandes Luiz de Souza, coordenador de SBB da Birla Carbon. “São altamente recomendáveis para masters dirigidos a peças de eletroportáteis os grades da nossa série Raven® Ultra 2800, 2900,3000 e 3500”, ele enfileira.Souza: portáteis abertos a subtons azulados e alta intensidade da cor preta. Vermelho: apelo retrô varre conotação industrial dos metais.Depiladores: primado de masters de tonalidades suaves. Bordonco: teores menores de negro de fumo não afetam resistência mecânica das resinas. “Eletrodomésticos e portáteis com apelo retrô tiram a alusão industrial do inox e a frieza dos móveis brancos”, interpreta Herrero. “Para secadores de de tons brancos, preto e vermelho retrô”. Do observatório da componedora Ter-mocolor, Wagner Catrasta endossa o ponto de vista de Herrero. Nos últimos três anos, aponta, cresceram os pedidos de cores novas, de alto brilho, requinte e com ênfase no es-tilo retrô para peças externas de eletroportatéis. “Alguns clientes optaram por mesclar cores para dar mais vida ao produto final, a exemplo de liquidificador com botão amarelo, botão seletor azul e copo vermelho”. Catrasta também confirma branco e preto como best-sellers em No balcão rival da Cabot, Wagner Bor-donco, responsável por marketing e serviços técnicos na América do Sul, recomenda para eletroportáteis pretos três grades de negro de fumo: BP 880, de dispersão facilitada; BP 800, de alto brilho e 450A111, de alta intensidade de negrura. No plano geral, ele percebe pulsante em eletroportáteis as por-tas abertas para soluções do pigmento preto que contemplem alto brilho e acabamento e subtons azulados e alta intensidade da cor. “Aplicado em pequenas concentrações, o negro de fumo não interfere na processabi-lidade e resistência mecânica das resinas de engenharia”, ele completa. •ELETROPORTÁTEIS / MATERIAIS Agosto/2018plásticos em revista14CONJUNTURADevido à complexidades na recicla-gem e à proeminência do material em descartáveis e embalagens de uso único, o futuro de poliestireno (PS) hoje perambula pelo fio da navalha da economia circular. Para engrossar o caldo, a sorte do polímero em seu outro mercado--chave, eletroeletrônicos, depende em volume, em essência, apenas de uma frente de aplicações: os componentes internos de refrigeradores. Por essas e outras, entre elas mercados surrupiados por rivais como poli-propileno (PP), hoje escasseiam no mundo investimentos em novas capacidades de PS, prenunciando desbalanço a caminho entre oferta e demanda e, no vai da valsa atual, consequente perda de espaço para o termo-plástico descoberto na Alemanha do século XIX e enquadrado em escala industrial desde os anos 1930.“O cenário para PS nos próximos anos é realmente desafiador”, sustenta Roberto Ribeiro, presidente da Townsend Solutions, consultoria norte-americana especializada em petroquímica global. “A resina vem sofrendo ataques em frentes ambientais, mercadológicas e regulatórias, situação similar à de PVC 20 anos atrás, embora de maior intensidade na ofensiva e, ao contrário do vinil, que acabou se achando em tubos, conexões e perfis, PS não tem uma aplicação para chamar de sua”. Ou seja, ele traduz, para qualquer uso do polímero estirênico existe na praça um potencial substituto, “seja ele mais eficiente ou não”, completa Ribeiro. Manda a lógica, ele arremata, que, com esse clima, petroquímicas hoje repensam o risco de continuar a investir na cadeia de PS. “Desse modo, os aportes de recursos encolhem muito, tornando o cenário ainda mais nebuloso para a esina”.Os pregos na cruz da imagem de PS têm sido martelados por formadores de opinião do consumo mundial. No ano que vem, a Tesco, gigante supermercadista eu-ropeu, promete vetar a entrada do polímero em suas lojas no Reino Unido. Também em 2019 Nova York vai banir poliestireno expandido (EPS) do comércio da metrópole, material aliás defenestrado este ano do ícone de fast food MacDonald´s. A França, por sua vez, aprovou lei proibindo descartáveis de origem fóssil, um império de PS, a partir de 2020. Na ponta da cadeia industrial, a en-tidade International Association of Plastics Recyclers trombeteia cálculo de que apenas 6% de PS pós-consumo descartado são reciclados e considera a resina mais com-plicada de reciclar que PET e poliolefinas. “Imagine esse quadro com a presença da organização não governamental Ellen McAr-thur Foundation (propulsora da economia circular) que, suportada por grandes brand owners e petroquímicas, desenvolve a ini-ciativa ‘The New Plastics Economy’ para re-desenhar o futuro do plástico e esse estudo estabelece que as empresas devem explorar opções para substituir nas embalagens os materiais ditos ‘incomuns’ (uncommon materials), tais como PVC,EPS e PS”.A divisão Soluções e Perspectivas Globais do mega banco norte-americano Citi liberou em agosto o acesso digital a seu novo estudo “Repensando os Plásticos de Uso Único”. No seu último capítulo, dedicado à análise de possíveis materiais Sinuca de bicoEconomia circular põe pedras no caminho do futuro de PSPOLIESTIRENORibeiro: PS sem aplicação para chamar de sua.Solange Stumpf: tendência de estagnação das capacidades de PS.Agosto/2018plásticos em revista15substitutos, a radiografia pega a situação dos copos descartáveis nos EUA. Conforme está registrado, o segmento é dominado em cerca de 52% por papel e PS vem na vice--liderança, com fatia aproximada de 28% e amargando encolhimento da ordem de 3-4% nos volumes dos últimos anos. “O declínio tem sido largamente determinado por preocupações ambientais, pois PS não é biodegradável e não pode ser reciclado”, atribui o documento. Outro trecho: “atacan-do os problemas de reciclabilidade de PS e do papel, o produtor de copos Berry Global desenvolveu um modelo em PP intitulado Versalite, reciclável e adequado ao envase de líquidos quentes e frios”. No quinto capítulo, sobre a situação da indústria recicladora, o estudo do Citi torna a mencionar as dificuldades para recuperar PS, refletidas na carência de empresas nos EUA capazes de restaurar o polímero para segundo uso.Roberto Ribeiro retoma o fio da sua análise tocando nas consequências, para o negócio global de PS, da hipótese de emagrecimento drástico de um mercado do quilate dos descartáveis e embalagens de uso único. “O primeiro impacto seria econômico, pois as alternativas disponíveis não são tão eficientes quanto PS e EPS em boa parte dessas aplicações, resultando num ônus possivelmente arcado pelo consumi-dor final ”, pondera o consultor “O segundo impacto viria da falta de investimentos em novas capacidades de PS sinalizando, no curto prazo, uma oferta mais apertada, pois o consumo da resina ainda cresce, embora a taxas declinantes, em mercados menos desenvolvidos, podendo convergir para uma situação de escassez capaz de elevar os preços do polímero e instaurando a tendência de substitutos mais acessíveis ameaçarem desalojar PS”. De outro ângulo, Ribeiro coloca na balança a possibilidade de alterações na rota das projeções advindas de investimentos desovados na busca por eco-nomia e condições melhores de reciclagem de PS. Aliás, uma referência nesse sentido é a recente aposta em startups de reciclagem química da resina feita pela alemã Ineos Styrolution, força global em estirênicos. PS não escapa de uma lei da selva petroquímica. Produtores da resina integra-dos a montante (monômero) e/ou a jusante da cadeia (copolímeros e especialidades) empurram cada vez mais os não verticali-zados para a periferia do mercado. No caso da integração a jusante, percebe Ribeiro, é crescente a prioridade dada pelas petroquí-micas de PS a aplicações de estireno. Mas ainda há muita água para rolar embaixo dessa ponte, ele confia. “Não acredito que grandes produtores e consumidores de PS estejam parados, presenciando o aumento dos riscos em seu mercado sem atuar em opções capazes de suportar o futuro do negócio”. Solange Stumpf, sócia e diretora da consultoria brasileira MaxiQuim, enxerga o mercado global de PS na meia-idade. “Está maduro, já não cresce às elevadas taxas passadas e, praxe em termoplásticos, com o tempo ocorre a substituição por materiais mais avançados e competitivos e, no caso de PS, os principais concorrentes são PP e copolímero de acrilonitrila butadieno estire-no (ABS)”, ela distingue. “A tendência é de estagnação das capacidades, pois a deman-da deve crescer a percentuais moderados, dispensando novas plantas a curto prazo”.Na mão oposta da voz corrente, Solan-ge não acha PS material complexo de reci-clar. “Os problemas no seu reaproveitamento envolvem pontos como contaminação, dificuldade na separação de embalagens e a questão do baixo peso versus volume afetando as margens de lucro na reciclagem da resina”. Além disso, ela nota, recipientes termoformados pós-consumo conservam resíduos de alimentos ou gorduras e o encargo de extirpá-los “quase sempre afasta Tesco na Inglaterra: contagem regressiva para PS nas lojas.Souza: descartáveis mobilizam 35% das vendas internas de PS.Agosto/2018plásticos em revista16CONJUNTURAessas embalagens da reciclagem”. Quanto aos copos descartáveis, ela assinala, sua oferta em versões de PP e PS dificulta a seleção por materiais nas linhas de triagem preparatórias para a recuperação da resina. Por essas e outras, deixa claro a analista, a reciclagem de PS, mesmo sem restrições de ordem técnica, atrai pouco interesse, mas deve ser estimulada para enxotar da resina a aura de vilã ambiental. O encolhimento de PS no mercado de embalagens e descartáveis, sob fogo da artilharia da economia circular, não pinta por ora no radar de tendências da MaxiQuim. “A resina tem aplicações neste segmento onde se mostra a opção mais adequada, difícil de ser substituída, caso dos termoformados para iogurte”, defende Solange. Mas nada é para sempre, advertem exemplos como a Umilk, fabricante há dois anos de nobres iogurtes com ingredientes naturais em Bro-dowski, interior paulista. Guilherme Ferreira, fundador e diretor de marketing, informa vestir sua marca MOO com termoformados de PP, idênticos às embalagens de PS para esses lácteos. Solange Stumpf fecha com Roberto Ribeiro quanto ao pendor de petroquímicas de PS verticalizadas por hoje priorizar as vendas do monômero a mercados em expansão como acrílicos, poliésteres, EPS e borrachas estirênicas. “Para o produtor de PS, a verticalização upstream (a montante) constitui vantagem pelo ângulo dos custos e pela possibilidade de diversificar os mer-cados atendidos”. Os dois produtores brasileiros de PS operam integrados no monômero. “O polí-mero representa 36% da demandas mundial por estireno e, no Brasil, esse indicador che-ga a 60%”, dimensiona Wendel Oliveira de Souza, diretor geral de operações comerciais da Unigel. O impacto de um recuo maiúscu-lo, turbinado em escala mundial pelo mantra da economia circular, no consumo de PS em descartáveis e embalagens de uso único, é ilustrado pelo executivo com o cenário desse segmento da resina por aqui. “É um mercado estratégico, pois descartáveis representam 35% das vendas internas do polímero”. Fúria ecoextremista à parte, Souza abraça o ponto de vista, corriqueiro entre analistas da petroquímica mundial, do vento a favor para PS em mercados emergentes. Entra em campo o Brasil. “Vemos com bastante otimismo a demanda por PS em embalagens de laticínios e, com o aumento de lares com menos ocupantes e a população mais a par das inovações contidas na internet das coisas e ciente da necessidade de reduzir gastos com energia elétrica, a produção de refrigeradores deve crescer e alavancar o consumo de PS na linha branca”. Souza reconhece a força da pressão ambiental sobre o consumo mundial de plásticos em geral, mas reclama do nível de desinformação e distorções nos debates a respeito. Ele exemplifica com o alarido ecoxiita numa herdade de PS: os copos descartáveis, alvo de campanhas incentiva-doras da troca por canecas laváveis de uso compartilhado. “Copo descartável, pelo seu uso individual, é questão de saúde pública, pois especialistas atribuem sua utilização à queda drástica na incidência de doenças transmis-síveis pelo uso em comum do mesmo recipiente”. Tem mais. Presos ao charme da fonte renovável, defen-sores da substitui-ção de plástico por papel em copos monouso, nota Souza, ignoram os meandros da produção. “Copos de papel são recobertos com pelícu-la de polietileno, revestimento que inviabiliza sua reciclagem”. No desfecho, o porta-voz da Unigel assinala que a produção unitária do copo plástico descartável consome 26 ml de água, enquanto a lavagem da caneca exige 1,2 litro e acréscimo de detergente.“Quando se pensa em sustentabilida-de, o grande segredo está na reciclagem”, pressupõe Cláudio Rocha, diretor de operações da Innova, produtora de PS integrada no monômero e com braço em EPS. “Não podemos deixar com que a superficialidade com que o tema é em geral abordado na mídia despreze o fato de PS ser 100% reciclável e isso abre uma pauta nova e de efeitos positivos”, sublinha o executivo. “De fato, a reciclagem demanda grande mobilização na sociedade e requer mudanças de hábitos; tudo muito difícil, mas com a contrapartida de excelentes Schlickmann: consumo de PS em descartáveis e embalagens não arrefece a curto prazo. Motta: Ineos Styrolution prioriza aplicações de PS em eletroeletrônicos.Rocha: superficialismo permeia debate ambiental.POLIESTIRENOAgosto/2018plásticos em revista17resultados possíveis”. Do seu lado, a In-nova trata de lapidar sua verticalização na cadeia, prometendo duplicar para 420.000 t/a sua capacidade de estireno, concentrada no complexo gaúcho de Triunfo, a partir de maio próximo.Formadora de preços e opinião global em estirênicos como PS, integrada desde o monômero até ABS e especialidades, a Ineos Styrolution burila o planejamento de seu negócio de PS por um enfoque regional, explica Paulo Motta, diretor para a América do Sul da corporação petroquímica. “Essa estratégia reparte as frentes de atuação entre América, Ásia-Pacífico e Europa/Oriente Médio/África”, ele delimita. Nessa trilha, a Styrolution vislumbra oportunidades a longo prazo para PS em eletroeletrônicos e eletro-domésticos em mercados emergentes, caso da China e sudeste asiático. “Prova disso é o recente anúncio da compra de duas fábri-cas de PS na China, vendidas pelo grupo francês Total e que somam capacidade de 400.000t/a”, ilustra Motta.A atuação da Styrolution em es-tirênicos é calibrada pela plataforma denominada Triple Shift. “Consta de três pilares: foco por regiões, desenvolvimen-to de soluções estirênicas e ênfase nos mercados automotivo, eletroeletrônico e eletrodoméstico”, esclarece o diretor. Na seara das embalagens, Motta comenta que a empresa enxerga em EPS o flanco de PS mais vulnerável em termos ambientais. Por sinal, na busca de entrosar-se com a economia circular, a empresa investe nos EUA na pesquisa da reciclagem química da resina, em parceria com a Agylix Cor-poration e, conforme divulga seu relatório de sustentabilidade, com a canadense Pirowave, para estudo da despolimerização catalítica de PS por micro-ondas. “Além disso, buscamos, aliados a representações ligadas à cadeia da resina, sensibilizar a opinião pública nos EUIA e Europa para a viabilidade da reciclagem mecânica de PS”, completa Motta.Do observatório dos transformado-res, Mário Schlickmann, presidente do Gru-po Copobras, nº1 nacional em descartáveis, considera que a discussão sobre o futuro de PS na era da economia circular exige um debate abrangente sobre a reciclabilidade do polímero e os efeitos da proliferação em curso na oferta ainda restrita de alternativas biodegradáveis, hoje a custos vistos por ele como proibitivos para a realidade bra-sileira. “Podemos então pressupor que não procede a hipótese de estagnação a curto prazo do mercado de PS em descartáveis e embalagens”, julga Schlickmann. “Deve surgir uma intensa discussão de caminhos a seguir para garantir a logística reversa, hoje praticada em níveis muito baixos”.Num cenário teórico de restrição do uso global de PS em descartáveis e recipientes de uso único, raciocina Schlick-mann, a indústria desses artefatos precisa passar por um ajuste de rota. “O foco poderá ser a substituição de PS por resinas mais recicláveis e acessíveis, movimento dependente de altos investimentos e, se ocorrer, será lento e gradual”.Um dos maiores consumidores nacionais de PS, Schlickmann acha que a suposição de queda expressiva da pro-cura da resina para o mercado-chave de embalagens e descartáveis, imposta pelo credo da sociedade na economia circular, inviabilizaria as petroquímicas do segmen-to. “Suas estruturas são específicas para a geração de PS e a redução dessa demanda, mesmo considerando-se a alternativa de novos subprodutos estirênicos, encarece-ria a operação a ponto de impossibilitá-la”, argumenta o comandante da Copobras. “Dentro dessa situação hipotética, essas mega indústrias de PS terão que se rein-ventar, rumando para especialidades e isso não será uma tarefa simples”. •Next >