< PreviousAbril/2018plásticos em revista20AGROFILMESESPECIALO cultivo protegido figura entre os sistemas produtivos de melho-res vibrações de crescimento no meio rural, prevê o estudo “Visão 2030-O Futuro da Agricultura Brasileira”, recém lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), respeitado dínamo estatal da inteligência do agronegócio. “Alguns benefícios dessa forma de cultivo, fortemente associada à automação, são a produção em condições climáticas adversas e com intensificação e economia de áreas e recursos naturais”, acentua a pesquisa, apontando ainda para os produtores rurais o potencial no país da agricultura orgânica, caso de hortaliças, a tiracolo da demanda crescente por alimentos mais saudáveis e sustentáveis. O cultivo protegido, reluz o conteúdo de “Visão 2030”, paira sobre as sete megatendências ali apontadas: mudanças sócio-econômicas; intensificação e sustentabilidade dos sistemas produtivos; mudanças climáticas; riscos na agricultura; agregação de valor às cadeias de produtos; protagonismo dos consumidores e convergência de tecnologias e conhecimento no campo.O céu de estrelas antevisto para o cultivo protegido teria tudo para enlevar os filmes de polietileno destinados a estufas, mulching e silos. Só que ainda não. E a cadeia plástica precisa abrir os olhos do mundo rural para, ao menos dessa vez, o Brasil deixar de ser o país que não perde a oportunidade de perder oportunidades, como dizia o economista Roberto Campos. O flanco vulnerável não é o capital intensivo requerido para o cultivo protegido nem a tecnologia submersa nas resinas, aditivos e extrusão dos agrofilmes. O xis do problema está na trava da informação a respeito desse sistema produtivo. Apesar de o cultivo protegido acumular mais de 30 anos de bagagem, permanece indesculpavelmente ralo o conhecimento das suas vantagens no nosso universo agrícola. Na entrevista a seguir, Ítalo Moraes Rocha Guedes, pesquisador em solos, nutrição de plantas e cultivo protegido de hortaliças da Embrapa e um dos co-autores de “Visão 2030” se debruça sobre a timidez do plantio coberto num país listado entre os 10 maiores produtores de frutas e hortaliças do planeta. PR – Qual a sua estimativa da atual área de hortifrútis plantada no país e qual a parcela detida pelo cultivo protegido? Guedes – A área plantada com horta-liças no Brasil tem variado de ano para ano, de 700.000 a 1.000.000 de hectares. Embora ainda não haja estimativas oficiais, a Embrapa, junto com parceiros como o Comitê Brasi-leiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura (Cobapla), estima uma área entre 25.000 a 30.000 hecta-Falta o adubo da informaçãoGuedes: despreparo do agricultor afeta custo/benefício dos filmes.Embrapa constata pouco conhecimento no campo sobre a eficiência dos agrofilmesAbril/2018plásticos em revista21res de agricultura protegida no país, abrangendo os cultivos de hortaliças, cultivos ornamentais e frutíferas. Sem dúvida, há um crescimento expressivo na área cultivada e na adoção de tecnologia, quando se compara com a situação de uma década atrás e surpreende o crescimento do cultivo protegido em algumas áreas, como localidades na região norte. PR – A seu ver, o cultivo protegido de hortifrútis evoluiu ou não na intensidade esperada? Guedes – Embora a evolução seja clara, não transcorre na intensidade esperada. Um dos fatores é a lenta adoção de tecnologias mais adaptadas a regiões tropicais pelos produtores. Em grande parte, essa resistência na adoção de tecnologias se deve ao baixíssimo consumo de hortaliças e frutas por parte da população bra-sileira. Outra justificativa é a dificuldade de os produtores conseguirem preços diferenciados dos alimentos obtidos de ambiente protegido, apesar de serem em geral mais limpos e seguros do que aqueles cultivados em campo aberto. Claro, a falta de organização dos produtores rurais contribui para esses problemas. Pelo fato de haver resistência na adoção de tecnologias, principal-mente por parte de quem se dedica a hortaliças, as empresas não têm oferecido tantas opções em soluções, materiais e estruturas como se vê em outros países. A situação para os produtores de ornamentais (flores) é diferente; em geral, são mais organizados, exportam seu cultivo e adotam mais tecnologia.PR – Entre o acesso ao crédito rural, know how dos agricultores sobre o cultivo protegido e a carência de especialistas qualificados para assessorá-los a lidar com essa tecnologia, quais desses fatores mais dificultam até hoje o aumento da área coberta no plantio de hortifrútis? Guedes – É difícil estimar quais desses problemas dificultam mais o aumento da área plantada. O que se pode dizer é que as linhas de crédito têm aumentado, mas ainda há uma carência enorme de profissionais da extensão e da assistência técnica, seja pública ou priva-da, com treinamento adequado em agricultura protegida. Mesmo na pesquisa há muito poucos profissionais dedicados ao tema. Isto talvez seja consequência do fato de o ensino de Ciências Agrárias ainda não ter notado o crescimento do setor – são pouquíssimos os cursos de Agrono-mia com a disciplina Cultivo Protegido ou similar.PR – Quais os principais progressos notados nos últimos anos nas caracterís-ticas técnicas e performance dos filmes para o cultivo de hortifrútis?Guedes – Embora aos poucos tenha aumentado a variedade de materiais plásticos com diferentes características no Brasil, há pouca informação sobre a real efetividade destas tecno-logias nas condições climáticas e ambientais do país, devido à escassez de grupos de pesquisa atuando no tema. Algo que tem chamado atenção em algumas áreas é a percepção do produtor de que a forma provavelmente mais eficaz de controle da temperatura em condições tropicais seja o aumento da altura das estruturas protetoras. Essa eficiência parece ser acrescida pelo uso de tecnologias como as telas aluminizadas. Uma outra área que parece estar se desenvolvendo é o uso de controle biológico de pragas e doenças em cultivo protegido. Por fim, nota-se cada vez mais a ado-ção de técnicas avançadas de cultivo sem solo, a exemplo de hidroponia, e o emprego de substratos mais sustentáveis ou de sistemas fechados, com reaproveitamento de solução nutritiva. "EM GRANDE PARTE, A RESISTÊNCIA DO AGRICULTOR AO CULTIVO PROTEGIDO SE DEVE AO BAIXÍSSIMO CONSUMO NACIONAL DE HORTALIÇAS E VERDURAS"ESPECIALAbril/2018plásticos em revista22AGROFILMESESPECIAL PR – No consenso do meio rural, os filmes duram em média três anos na proteção eficaz do cultivo. O que acha dessa vida útil em termos de custo/benefício?Guedes – Esse período é razoavel-mente aceitável. O problema maior é que a falta de preparo dos produtores e a ausência de assistência técnica adequada raramente permitem que se alcance mesmo esse tempo relativamente curto. Não é incomum que os filmes já precisem ser trocados com 12 a 18 meses de uso. Novamente, o baixo consumo de hortaliças e frutas e os preços indiferencia-dos pagos ao produto de cultivo protegido em geral impedem o produtor de investir mais em tecnologia, mesmo na que for mais adequada. Sem dúvida, seria ideal que o produtor adotas-se filmes mais resistentes e duradouros, mas isso nem sempre é possível. PR – Poderia citar indicadores recentes da Embrapa para comprovar os ganhos de produtividade/qualidade dos hortifrútis proporcionados pelo cultivo protegido? Guedes – Há muita pesquisa em andamento na área de cultivo protegido na Embrapa Hortaliças, algumas com resultados publicados, outras em vias de publicação. Já é conhecimento estabelecido o fato de a utilização criteriosa do cultivo protegido e tec-nologias acessórias (gotejamento, fertirrigação etc) multiplicarem a produção por três ou até mais vezes. Menos conhecido e cada vez mais importante é a observação do potencial de economia de recursos naturais possibilitado pelas técnicas de cultivo protegido. Uso mais eficiente de água e nutrientes, no cultivo sem solo e em solo. Temos observado também cultivos com ciclo mais curto, possibilitando um número maior de ciclos de produção, aumentando a produtividade total da área e menos necessidade de expansão nas áreas tra-balhadas. A concentração das áreas de cultivo protegido ao redor dos centros consumidores, diminuindo distâncias de transporte, possibi-lita menores índices de perdas e desperdício de alimentos. PR – Como a Embrapa atua para ajudar a elevar o cultivo protegido no Brasil ao patamar superior, em área Montados pela Piovan somen-te na Itália e EUA, os dosadores gra-vimétricos Quan-tum E constituem eminências pardas da produção ideal de flexíveis como agrofilmes. Nesta entrevista, Ricardo Prado Santos, vice-presidente da Piovan do Brasil alinha as cre-denciais desses periféricos de vanguarda. PR – Quais os diferenciais da série Quantum E perante as alternativas de dosagem gravimétrica da concorrência?Prado – Tratam-se de dosadores gravimétricos para extrusão de filmes, perfis e tubos. Aliam a dosagem dos componentes por batch com o controle por perda de peso da extrusora, garantindo a mínima variação do peso por metro do produto extrusado. A série Quantum E possui interface muito amigável, troca de materiais super rápida, funções de partida automática que colocam depressa a extrusora em regime de produção. Um dos principais diferenciais dessa linha é a maior homogeneização dos componentes, graças a um misturador esférico que garante um processo mais estável na extrusora.PR – Quais as vantagens desse misturador patenteado ?Prado – Entre os benefícios, destaca-se o controle de ho-mogeneização. Ou seja, ele pode ser verificado e ajustado para proporcionar o ponto ótimo de monitoramento de processos, a rápida desmontagem para limpeza ou troca de materiais e a alta durabilidade dada pelo aço inox com uma homogeneização que praticamente não gera pó.PR – Quais os principais avanços da série Quantum E perante a geração inicial desses dosadores, lançada em 2015?Prado – As melhorias começam pela forma construtiva, facili-dade de troca de materiais, limpeza rápida, descargas rápidas, etc. Outro ponto chave dessa tecnologia de dosagem gravimétrica é a grande precisão da perda de peso, aliada à altíssima capacidade de homogeneização.PRODUTIVIDADE BEM DOSADAQuantum E: dosagem gravimétrica diferenciada pela homogeneização de componentes. "SÃO POUQUÍSSIMOS OS CURSOS DE AGRONOMIA COM A DISCIPLINA CULTIVO PROTEGIDO OU SIMILAR"Abril/2018plásticos em revista24AGROFILMESESPECIALprotegida e know how, desfrutado pela tecnologia em países como México e Coréia do Sul?Guedes – Além das ações de pesquisa, a Embrapa tem feito esforços para celebrar parcerias para facilitar que os resultados de seus estudos cheguem realmente ao campo e aos produtores. Como isso acontece? Através de cursos direcionados a extensionistas rurais em cultivo protegido de hortaliças e voltados a temas mais específicos, como hidroponia; através de pesquisas focadas em problemas reais, a partir de demandas concretas do setor produtivo; através do diálogo constante com indústrias de insumos como filmes plásticos, levando-lhes a experiência da Embrapa na observação dos problemas do sistema de produção nas diferentes regiões do país. Para completar, temos parcerias com instituições que fizeram a diferença no cultivo protegido internacional, como a estatal Rural Development Administration (RDA), da Coréia do Sul.“Uma prova de como o mercado de agrofilmes ficou mais exi-gente é a mudança da preferência por monoextrusoras para a produção de coextrusados de três, cinco e até sete camadas, atesta Wilson Carnevalli Filho, diretor comercial da Carnevalli, dínamo nacional mo equipamento. Conforme esclarece, a inclinação do transformador desse segmento por linhas de grande porte e pluralidade de cama-das decorre da possibilidade de trabalho com larguras avantajadas aliada a ganhos advindos da produtividade, controle de espessura e economia energética. O diretor repisa que o divisor de águas na produção de filmes para estufas, mulching e silagem é a quantidade de camadas. Ao ensejar o emprego de materiais diferentes nos substratos do filme, ele nota, o transformador ganha acesso a trunfos como o poder de barreira, mediante o uso de poliamidas, e a diminuição dos teores de materiais de custo significativo, como pigmentos e aditivos. Carnevalli Filho também atenta para o nível de automação nas linhas coex para agrofilmes, em patamar antes observado por ele apenas em máquinas menores dedicadas a filmes técnicos. “Por exemplo, o aumento de produtividade provido por medidores e controladores de espessura automáticos, por anel de ar ou matriz viva,como hoje se vêm em filmes coex de mulching”. Na mesma trilha, ele distingue a migração de três para cinco camadas em andamento no nicho dos filmes para silagem. “A estrutura mais complexa conjuga economia por quilo produzido com aumento na resistência e vida útil do filme”, observa. Para corresponder às expectativas do cultivo protegido, encaixa o executivo, o portfólio de máquinas blown da Carnevalli aloja desde monoextrusoras aos modelos coex Polaris Plus, em versões de três e cinco camadas para larguras no limite máximo de 16 metros de diâmetro e matriz de até 2.000 mm. O arremate fica por conta da oferta da coextrusora para filmes tubulares de sete camadas. Na selfie atual da Carnevalli, o carro-chefe para agrofilmes cabe às linhas coex de três camadas para filmes de até 12 metros abertos, munidas de dosagem gravimétrica, medição e controle de espessura que variam entre 3% e 5% em dois signa e produção na faixa de 1.500 kg/h. “Podem custar quase a metade de uma coextrusora importada”, acentua Carnevalli Filho.CARNEVALLI: TAMANHO É DOCUMENTO NA EXTRUSÃO DE AGROFILMESCoextrusoras de três camadas: carro-chefe da Carnevalli para agrofilmes.Hortaliças: resistência dos produtores à tecnologia de cultivo protegido.Alf Ribeiro / Shutterstock.com"A CARÊNCIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E DE PREPARO DOS PRODUTORES RARAMENTE PERMITE QUE AGROFILMES DUREM EM MÉDIA TRÊS ANOS" Amplie sua marca Conecte-se com o mercado via nossas plataformas digitaisCONSULTE-NOS11 3666.8301 Telefax: (11) 3666-8301 | plasticosemrevista@plasticosemrevista.com.br | www.plasticosemrevista.com.brRua Sergipe, 305 - casa 5 - Higienópolis - CEP 01239-001 | São Paulo - SP - BrasilOpt-it diferenciado e qualificado (enviados somente para usuários com interesse nas informações)Cobertura nacionalAudiência Digital37.706 usuários únicos 160.002 visualizações *Fontes: Google Analytics e Locaweb 2017newsletterBANNER 400x100px/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revista• SITE• MÍDIAS SOCIAIS (Facebook, Linkedin, Twitter)• NEWSLETTER (conteúdos inéditos disparados duas vezes por semana)Abril/2018plásticos em revista26ESPECIALÀ frente de um estandarte da gastro-nomia brasileira, o premiadíssimo restaurante paulistano Tordesilhas (www.tordesilhas.com), a chef Mara Salles acumula um conhecimento enciclopédico sobre o paladar nacional. Nesta entrevista exclusiva a Plásticos em Revista, ela pondera sobre as razões do baixo consumo de hortifrútis pela população – entrave para a expansão dos agrofilmes –, sugere novas formas para convencê-la a mudar de atitude e faz sua criatividade reluzir citando os hortifrútis como ingredientes vitais de muitos pratos que tornaram seu restaurante uma estrela guia da cozinha tupiniquim.PR – Por que a população brasileira consome um volume pouco expressivo de hortifrútis tendo a seu dispor alimentos nos quais o país figura entre os maiores pro-dutores mundiais, a exemplo de tomate?Mara Salles – Em alguns lugares do Brasil, de forte tradição rural e pouca oferta de hortaliças e verduras, o hábito é consumir sempre alguma proteína (geralmente carne bovina) com arroz, feijão e farinha. Onde há abundância de peixe, costuma-se consumi--lo com os mesmos acompanhamentos, uma ou outra variação. Principalmente no Nordeste, no Norte e em boa parte do Centro-Oeste, isso se consagrou nas me-sas e é um hábito difícil de reverter. Já nos centros urbanos, com maiores influências de imigrações, mais informação e pessoas inseridas no mundo globalizado, conectadas aos movimentos de comida saudável, os hábitos já são diferentes e o consumo de verduras, legumes e frutas é bem maior e cresce cada vez mais. A tendência é de esse hábito aumentar em todas as camadas sociais, mas temos que nos preocupar com a educação alimentar de crianças e adolescentes, geralmente avessos a este tipo de alimento. É nesta fase que os hábitos alimentares se consolidam. E o pior é que a mídia impõe uma série de péssimos alimentos (processados, ultraprocessados, fast food, molhos e caldas prontos) que viciam meni-nos e meninas, alguns mantendo os péssimos hábitos durante toda a vida. Mas, comparativamente a outros países, creio que no Brasil a preferência ainda é por comida, comida boa, tradicional, saborosa, e isso é extremamente importante. Várias redes de fast food não pegaram aqui, algumas muito tradicionais no mundo todo tem dificuldades, porque temos a comida por kg, os comerciais, os PFs, os bufês – todos em geral com preços competitivos e variedade nutricional muito grande. Em relação ao tomate, creio que o consumo está crescendo, até porque só recentemente dispomos de uma variedade maior e sua qualidade tem melhorado. Mas percebo muita gente com restrição a verduras e legumes que come tomate, principalmente adolescentes. Os pais precisam caprichar na compra e no preparo das saladas para fazer com que a molecada experimente e se acostume a comer, não só o tomate, mas alface, rúcula, agrião, almeirão, brócolis, Comer hortifrútis deve dar prazer AGROFILMES/HORTIFRÚTIS/CONSUMOVerbete da culinária brasileira, a chef Mara Salles defende que o apelo gastronômico na educação alimentar pode ampliar o consumo nacional de hortaliças, legumes e frutasMara Salles: legumes, hortaliças e frutas são fantásticos quando bem comprados e bem preparados.Foto: Iara VenanziAbril/2018plásticos em revista27ESPECIALcebola, quiabo, maxixe, jiló, a berinjela, a abobrinha, a cenoura etc...PR – Há bom tempo, campanhas e ações institucionais e educacionais salien-tam os benefícios à saúde proporcionados por hortaliças, legumes e frutas. No entan-to, o consumo desses alimentos saudáveis permanece a desejar. Por que o esforço de comunicação não surtiu efeito?Mara Salles – O erro talvez seja esse mesmo, de só salientar o aspecto nutricio-nal, de fazer bem à saúde. Alimentar-se, além de matar a fome, é um prazer e todo mundo quer comida gostosa. Por isso temos que equilibrar as coisas nas escolas, colocando, além das nutricionistas, bons cozinheiros e/ou chefs para preparar a merenda. Nutricio-nista, em geral, não sabe cozinhar, e só se preocupa com um aspecto da alimentação, o da saúde. Mas quando as pessoas vão comer, elas estão mais preocupadas com o gosto, com a textura, com o prazer que a co-mida vai proporcionar. Aí entra o cozinheiro, que equilibra os elementos, consegue tirar o melhor das matérias-primas, transforma muitas vezes algo quase insosso numa iguaria, capricha na apresentação. Comida é celebração, é cultura! Por isso legumes, hortaliças e frutas são fantásticos quando bem comprados e bem preparados.PR – Está em alta no Brasil o culto à gastronomia e aos alimentos orgânicos. Como essas manifestações, centradas na esfera do público de melhor poder aquisiti-vo, poderiam ganhar as camadas de baixa renda e assim tirar da timidez o consumo nacional de hortifrútis? Mara Salles – O alimento orgânico só vai se tornar mais popular quando tiver preço mais acessível. Isso só pode ser alcançado com o aumento do consumo e consequentemente da demanda por este tipo de alimento. Quanto mais se consumir, mais se vai pro-duzir, generalizando a cadeia e fazendo cair os preços. Para tanto, o governo deve agir valorizan-do esses produtores, introduzindo esses alimentos nas esco-las, creches, órgãos públicos. Também deve conceder sub-sídios, isentando de impostos, investindo em tecnologia, pes-quisa e informação, tal como é feito para os grandes produto-res. Não sei se essa valorização pode ser responsável pelo aumento do consumo dos hortifrutis, mas o que vai se conseguir com isso é uma melhoria de qualidade, pois, sem dúvida, o alimento orgânico é mais saudável e, no geral, mas saboroso que o cultivado de maneira tradicional. PR – Qual o prato de culinária brasi-leira, tendo acompanhamento de hortaliça e/ou legume, é o mais pedido no restauran-te Tordesilhas?Mara Salles – Pratos com mandioca, uma raiz brasileiríssima e muito gostosa, saem muito a exemplo do bobó de camarão, feito a partir de um creme de mandioca.Temos também um bolinho cuja base é a pura mandioca e pratos com tucupi, feitos a partir da mandioca brava da Amazônia. Nosso cardápio apresenta sempre o Prato Nosso de Cada Dia e um deles é prato ícone: contra-filé acebolado, acompanhado de arroz, feijão, mandioca frita e salada de almeirão, uma delícia!!! A base de tempero da cozinha brasileira é alho, cebola, tomate e pimentão, portanto estes horifrútis estão presentes em quase todos os nossos pratos. Trabalhamos bem com abóbora (cabotiã e jerimum), numa salada ela vai cozida, em outro prato ela vai como quibebe (espécie de purê mais leve, sem manteiga); e ainda com abobrinha brasileira, de vários usos aqui na casa. O coentro, de largo uso na cozinha brasileira, está presente no Tordesilhas em molhos, vinagretes, nas moquecas. Outras folhas (todas orgânicas) são usadas em saladas, acompanhamentos etc. Destaque para a couve, que acompanha não só a nossa feijoada nos almoços de sábado, mas alguns outros pratos.A diferença entre a couve orgânica e não-orgânica é gigantesca. E couve a gente ‘assusta’, não refoga, não cozinha, não frita, só assusta rapidamente numa frigideira ou numa panela boa com alho. Não podemos esquecer das PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) como a taioba, a mostarda, a ora-pro-nobis. Todos estes elementos são muito apreciados porque trazem equilíbrio ao prato. Imagine feijoada sem couve e sem laranja para dar um contraponto.Feijoada: só fica completa com couve e mandioca.Abril/2018plásticos em revista28ESPECIALAGROFILMES/TRANSFORMAÇÃO-PACIFILCom nome e cama feita no pampa argentino, onde responde por perto de 50% da armazenagem de grãos, o silo bolsa ainda tem chão pela frente no agronegócio brasileiro, pois sua participação como solução de estoca-gem nem chega a 10% nos radares do ramo. No entanto, seu avanço por aqui tem aper-tado o passo, na cola da oferta insuficiente de galpões estáticos para acondicionar grãos. Falam por si indicadores como este da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab): para os 243,3 milhões de toneladas de grãos estimados para a safra 2016/2017, a capacidade aferida de armazenagem limitava-se então a 158 milhões de tonela-das. Noves-fora: o mega saldo negativo tinha de jazer ao ar livre ou seguir direto do campo para o mercado. “Nos últimos anos, o déficit na estocagem de grãos tem sido constante, razão pela qual o silo bolsa se torna uma alternativa interessante para o produtor”, ar-gumenta Gustavo Bazzano, diretor comercial da Pacifil, sumidade nacional em silagem plástica. “Desde 2010, o sistema se conso-lida com vendas crescentes”, assinala. “O movimento caiu em 2015, devido à quebra da safra, mas reagiu nos anos seguintes, comprovando a eficiência para suprir a falta da estocagem convencional”. Para as próximas safras, ele confia em subida nas vendas de silo bolsa proporcional ao volume de grãos produzidos e espera que as oscilações na procura por ele prove-nham das variáveis tidas como habituais Bazzano: silo bolsa não é solução paliativa.Silo bolsa: carência de silos estáticos esquenta a demanda.O paiol de plásticoAgricultor abre a porteira para o silo bolsano agronegócio, a exemplo da capacidade de armazenagem no momento da colheita, preço do grão e situação da demanda internacional.Segundo estimativas do ramo, as vendas brasileiras de silo bolsa, aptos a guardar 200 toneladas em média, levitam com garbo: da faixa de 30.000 unidades em 2011, subiram a 50.000 em 2012 e, para não encompridar a sequência, beiraram as 60.000 unidades em 2016 e 80.000 no ano passado. O movimento tem esquentado pela soma da pressão do déficit nacional de estocagem com predicados desse paiol de polietileno como ferramenta de rápida instalação e mais barata que o galpão tradicional. “No geral, as culturas que mais recorrem ao silo bolsa são soja, milho e arroz, devido aos altos volumes de produção”, distingue Bazzano. Ainda assim, ressalva o noticiário recente, o silo bolsa não é bem uma unani-midade no meio rural. Entre os porta vozes do setor, Arlindo Moura, ex CEO da Terra Santa e hoje dirigente da Santa Colomba, dois colossos na produção de grãos e fibras, já ventilou na mídia achar o silo bolsa uma solução não ideal, de curto prazo e alvo de furos por animais. Ele negou entrevista a Plásticos em Revista e Gustavo Bazzano não deglute esse parecer do dirigente. “Considerando que o sistema é utilizado à larga em praticamente todos os países produtores de grãos, convivendo de forma pacífica como alternativa a silos estáticos, afirmo que o silo bolsa não é uma solução provisória”, ele sustenta. “Sua vida útil depende de fatores como a qualidade e umidade do grão estocado, condições da área de acondicionamento e os cuidados tomados pelo agricultor no momento de embolsar a colheita. Uma referência do seu desempenho é a garantia de 24 meses na intempérie dada aos silos bolsa da Pacifil, um período acima da média histórica de armazenagem”. Abril/2018plásticos em revista29ESPECIALESPECIALSem alarde, a subsidiária no Brasil da Ginegar Polysack, fera israelense em agrofilmes e telas de sombrea-mento, testa o mulch (cobertura de solo) biodegradável. “O trabalho começou ao final de 2016 e abrange estudos em culturas como melão no Nordeste e, na região sudeste, café e morango em Minas Gerais e hortaliças de folha e fruto em São Paulo”, revela Alessandro Mangetti, diretor de marketing e vendas da operação sediada em Leme, interior paulista. “O biomulch deve ser lançado em breve”, ele deixa no ar.O uso de auxiliares biodegradáveis em agrofilme, avalia o executivo, consti-tuem uma tendência em países de severa legislação ambiental e nos quais a Ginegar atua em parcerias com fabricantes de aditivos para comparecer com tecnologias sustentáveis. A transformadora israelense, salienta Mangetti, é formadora de opinião mundial em ferramentas para minimizar ou zerar impactos negativos de microclimas ou ambientes desfavoráveis para o cultivo protegido proporcionar rentabilidade e melhor escalonamento da produção. “A implementação do uso de filmes biodegra-dáveis não destoará dessa linha de ação e a liderança desse projeto aqui é partilhada por dois engenheiros agrônomos com doutorado e o corpo técnico da matriz”, expõe Mangetti.A vocação da Ginegar, ele frisa, não é vender filme, mas soluções ao agricultor. “Não nos importamos apenas com resistên-cia mecânica, espessura e vida útil, mas em conferir as maiores garantias contra radiação UV do mercado e precisar o impacto levado pelo filme a cada tipo de planta, de modo a incrementar a produtividade e quali-dade do cultivo, reduzir a incidência de doenças e insetos, melhorar a quantidade e distribuição da radiação solar difusa, diminuir a deposição de poeira, obter precocidade e aprimorar o rendimento da mão de obra”. Em regra, ele acrescenta, o agricultor ainda se preocupa muito e primordialmente com a vida útil do filme. “Não adianta dispor de uma película capaz de durar cinco anos ou mais se, em vez de ajudar, ela prejudica o desen-volvimento das plantas”.À parte o biomulch na reta final do pipeline, Mangetti busca acordar os agricultores para o pleno rendimento potencial con-tido no controle microclimático proporcionado pelos seus filmes difusores antiestáticos, de cinco camadas e alta transmissão de luz. Na esfera dos filmes fotoseletivos, por exemplo, recomendados para estufas e cobertura de solo, ele distingue a linha de filmes Santherm, para desacelerar à noite as perdas das ondas de calor produzidas durante o dia no ambiente do cultivo protegi-do. No período diurno, por sinal, esse filme não eleva a temperatura dentro da estufa ou mulch. Já o mostruário da marca Suncover, cita o executivo, inclui filmes que abrigam aditivos como anti UV, antivírus e agentes específicos para melhorar a distribuição de luz no ambiente do cultivo, ampliando a taxa fotossintética e a incidência de luz nas folhas baixeiras, reduzindo assim a queima de frutos e folhas. O tipo Suncover AV Blue, por sinal, consta de filme fotocon-versor cinzelado para regiões mais quentes e sem longos períodos nublados. Altera o espectro de luz e reduz a temperatura no ambiente do cultivo, sendo recomendado para culturas como tomate, pimentão e pepino. O diretor salienta ainda os préstimos da linha Suncover, filmes fotoseletivos de cobertura, com atributos como antigotejo, termicidade, antivírus e antineblina. No embalo, ele insere seus mulch fotoseletivos nas combinações amarelo/marrom, verde/marrom, prata/preto, branco/preto, marrom/marrom e verde/verde. “Nossos filmes para ambiente protegido conferem máximo apro-veitamento e rendimento a custos inferiores de trocas periódicas ou limpeza”, assegura o especialista. Pelos seus cálculos, por sinal, agrofilmes em regra não incidem além de 4% no valor total de um projeto de estufa, mulch ou túnel. Filme é culturaAs soluções que ganham o mando de campoAGROFILMES/TRANSFORMAÇÃO-GINEGARGinegar Polysack: filmes de alta difusão de luz asseguram homogeneidade das mudas.Mangetti: mulch biodegradável será lançado no Brasil.Next >