O vírus é o senhor da razão

Delivery e saúde pública valorizam os benefícios dos descartáveis de PS

Para flexibilizar o funcionamento de estabelecimentos como bares e restaurantes durante as fases de maior controle da pandemia, protocolos sanitários do governo de São Paulo determinam o uso de talhares descartáveis de plástico como alternativa aos tipos convencionais. A medida deixa claro o reconhecimento da contribuição desses produtos de uso único à higienização, benefício ignorado pela prefeitura da capital paulista ao oficializar em janeiro lei (suspensa por liminar) proibindo, a partir do ano que vem, o uso de descartáveis plásticos em estabelecimentos comerciais do município.

“Temos visto nos últimos anos movimentos contra o plástico, a exemplo de sacolas, saquinhos de frutas legumes e verduras, canudos, copos e demais descartáveis de poliestireno (PS)”, observa Percy Borba, gerente comercial da Spumapac, sinônimo de embalagens de poliestireno extrusado (XPS). “Grande parte das normas proibitivas carecem de aprofundamento na questão, sem analisar o contexto da cadeia envolvida, o impacto na economia e geração de empregos, rendendo-se a projetos de lei populistas”, ele critica. “Banir o plástico é uma atitude simplória e gera uma oneração impeditiva – recorrer à alternativa das embalagens caras e ineficientes. A pandemia serviu para alertar a sociedade para as funções e qualidades do plástico e reiterar que a gestão correta do material pós-consumo pode trazer ainda mais benefícios para um mundo melhor”.

Bombeados pelo imobilismo social, os serviços de entrega de comida pronta (delivery) ricocheteiam direto nas embalagens de fast-food da Spumapac. Borba assinala o crescimento regular dessa sua categoria de embalagens desde 2010 e com intensidade maior nos últimos cinco anos. “Antes da pandemia prevíamos para 2020 aumento de 20% nas vendas dessa linha de produtos sobre o saldo de 2019”, ele rememora. “Com o alastramento do corona, a projeção saltou para 30%, pois muitos restaurantes ingressaram no delivery e, devido às suas características térmicas, mecânicas e higiênicas, a solução dos recipientes de PS tomou espaço de outros produtos e tornou-se a principal alternativa para grande parte dos estabelecimentos não fechar por completo”. Entre as embalagens da Spumapac mais bafejadas por este fogaréu, Borba distingue os tipos herméticos com tampa. “Deslocam louças e metais não descartáveis pelo risco de contágio por higienização insuficiente”, afirma.

Uma vez superada a pandemia, analistas se dividem quanto ao futuro do delivery de comida: enfraquecerá com a reabertura de bares e restaurantes ou manterá o pique atual, pois sai mais barato pedir comida para consumir em casa numa conjuntura de recessão? Borba prefere o caminho do meio. “As vendas de delivery devem cair com a reabertura dos estabelecimentos, mas, em compensação, é preciso atentar para mudanças significativas nos consumidores”. O executivo exemplifica com a queda do poder aquisitivo de grande parte da população, efeito de demissões e reduções salariais, inibindo por um período o hábito de comer fora. Ainda em favor do vigor do delivery, ele acredita que o contingente de trabalhadores em home office crescerá, assim como o receio de sair de casa favorecerá os pedidos de envio de comida e, do outro lado do balcão, pesa positivamente o aumento de estabelecimentos adeptos de convênios com aplicativos de alimentação entregue em domicílio. “Outro estímulo é a percepção do cliente da comida pronta quanto à segurança para a saúde proporcionada pelas embalagens descartáveis”, completa Borba.

Contribuição de EPS
Nº1 em embalagens de polietileno expandido (EPS) no Brasil, a Termotécnica não atua em descartáveis para delivery, mas tem desfrutado a receptividade a seus produtos no mercado de fármacos e, apesar da retração das vendas, e no acondicionamento de frutas, legumes e verduras. Albano Schmidt, presidente da transformadora catarinense, assinala que recente pesquisa de opinião no Brasil a cargo da entidade Produce Marketing Association (PMA) confirma que a maioria dos consumidores preocupa-se com a higiene e segurança dos alimentos e busca produtos mais frescos e embalados de acordo com as especificações sanitárias. “Nossas conservadoras DaColheita são embalagens secundárias, comercializadas aos agricultores para cumprirem a logística requerida para alimentos frescos do campo ao varejo”, esclarece o dirigente. “Asseguram a proteção durante o transporte e armazenamento; atuam feito uma barreira física redutora do risco de contaminação através de contato manual dos produtos acondicionados”.

A Termotécnica também tem contribuído para polir o status de EPS junto à opinião pública pela via do setor médico-hospitalar. “Nossas caixas térmicas e berços para ampolas estão sendo bastante demandadas para a campanha de vacinação nacional da gripe H1N1, garantindo a conservação em rotas de até 120 horas”, salienta Schmidt. “Também são utilizadas para testagem da covid-19”. Na seara da saúde pública, ele enfatiza, EPS é uma solução de acondicionamento sob medida. “Consta de um material 100% inerte e resistente à umidade, proporcionando nível máximo de higiene e conservação dos produtos embalados”, sustenta o presidente da Termotécnica. “Por sinal, uma tendência no mercado de fármacos é a troca de caixas de plástico rígido por conservadoras de EPS movidas por reduções de custo com a eliminação de despesas com frete de retorno, pois EPS é produto de uso único e, ao final da cadeia, pode ser reciclado”. •

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