No melhor dos mundos

O céu é o limite para o mercado de alimentos e produtos para pets. Um setor de fino trato para o plástico

Para alívio e respiro das embalagens flexíveis e acessórios de plástico, está para nascer a cepa de vírus, mudança climática e desgoverno que faça o mercado pet perder as estribeiras no Brasil. Lógico que, como qualquer setor (com a eterna exceção do financeiro), ele não está a salvo da inflação, juros e dólar lá em cima ou custos exorbitantes de matérias-primas, energia e combustíveis. Mas, mesmo com esses tormentos, o crescimento constante e fogoso do planeta pet faz jus a um comparativo, guardadas as devidas proporções, com a vibração do agronegócio. Outro relance sedutor: o apreço do brasileiro por seus pets, aliás acentuado no período de isolamento social, transcende em boa parte das vezes as limitações do bolso, como prova o consumo dominante de produtos não movidos apenas a preço, aliás um atrativo para o ingresso incessante de novos entrantes no setor. É o caso da agroindústria Solito Alimentos. “O mercado pet cresce e amadurece, com os bichos passando de amigos a filhos dos donos”, nota o gerente de marketing Fernando Manfrin. “A Solito acompanha esse movimento e, experiente em alimentar a população com excelência, entrou este ano com rações de alto padrão para o crescimento saudável e qualidade de vida de cães e gatos”.

O faturamento em dólar do setor pet brasileiro aumentou 17,8% em 2020 versus 2019, configurando o país como o sétimo mercado mundial no gênero, atesta pesquisa da Euromonitor Internacional. Também no ano passado, aponta estudo do Nubank, seus correntistas gastaram com pets 19,1% acima do período anterior e o efetivo de compradores de produtos para os animais subiu 73,1%. Ainda no tocante ao comércio, a entidade Instituto PET estima a receita do setor em R$ 40,8 bilhões em 2020, dividida em 48,4% para pet shops menores e médias (máximo de 19 empregados); 17,9% para clínicas e hospitais veterinários e 33,7% para canais tipo megarredes de alcance nacional. Por sinal, a expansão em brasa rendeu R$ 3 bilhões à rede de pet shops Petz em sua oferta inicial de ações (IPO) em setembro e, pelo mesmo motivo, a rival Cobasi recebeu em abril R$ 300 milhões de uma plataforma de gestão de investimentos do Itaú Unibanco.
A atividade fabril na coleira dos pets deve fechar 2021 com faturamento 22% acima do ano passado, estima José Edson Galvão de França, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). “Projetamos uma receita de R$ 34, 2% na qual o alimento completo industrializado participa com 77%; produtos veterinários (pet vet) com 16% e os de higiene e bem estar pegam 7%”, expõe o dirigente, sem enfiar no bojo as movimentações de venda de animais e de serviços veterinários e gerais.

Balança desequilibrada
Rações e petiscos, a joia da coroa da indústria pet, caminham para ampliar em 25,5% sua receita este ano, enquanto o faturamento dos nichos de pet care e pet vet deve crescer, respectivamente, em torno de 12% e 11%, dimensiona França. Retomando o fio dos fabricantes de pet food, ele reitera que o balanço de 2021 fechará negativo. “Os gastos da indústria mostram defasagem aproximada de 30%”, ele argumenta. “Mesmo com o aumento previsto de 12,41% na produção de pet food este ano, chegando a 3,56 milhões de toneladas, os gastos pressionam o segmento”. Desse modo, complementa, “2021 marca como um exercício de grandes desafios com balança de custos alta e desequilibrada”. Um exemplo desses desajustes em 2020, ele coloca, foi o encarecimento das matérias-primas para os alimentos. “A alta superou 160% em ingredientes como vísceras e farinhas de carne e em relação a itens como soja, trigo, milho e farinhas de arroz os preços subiram mais de 70%”.

Com a carteira à mercê do câmbio e inflação, a clientela dos três segmentos representados pela Abinpet acaba optando por produtos standard, mais em conta, em lugar da categoria premium, sustenta França. “Quem tem pet em casa não deixa de cuidar do animal, reduz as idas ao veterinário e a frequência de banho e tosa”. Ainda assim o panorama da demanda pós-pandemia pinta bem animador. “Durante o isolamento, as famílias ficaram mais tempo com seus pets e, em decorrência, investiram mais na saúde e bem estar deles”, considera o dirigente. Durante a fase de medidas sanitárias restritivas, ele repassa, o setor pet foi considerado essencial, razão para a ausência de desabastecimento no período, pois indústria e comércio continuaram funcionando. “Com a flexibilização do distanciamento social, alguns bons hábitos adquiridos no convívio com os pets durante a pandemia devem permanecer, caso de mais passeios e tempo junto com eles e da compra de produtos pelo e-commerce”.

Sem saia justa
Tal como a agroindústria Solito, não faltam fabricantes de alimentos estendendo o braço em rações e diversas empresas de setores fora da órbita pet, como materiais de construção e utilidades domésticas, entram na produção de acessórios para cães e gatos, em regra de plástico injetado. “É um movimento natural e que apenas reforça a importância do setor para a economia e as famílias”, interpreta França. “Os pets representam uma atividade acima de R$ 40 bilhões, se somadas as receitas do segmento industrial, varejo, criação e venda de animais e serviços e produtos veterinários. E o aumento de opções de fornecedores significa uma oferta de mais qualidade e criatividade para o cliente”.
França discorda de que o embarque de supermercados e pet shops em marcas próprias de pet food, procedimento notório no Brasil, ponha o fabricante de ração em saia justa pela eventualidade de ter em seu canal de venda um competidor. “A oferta de marcas próprias é positiva para o setor e o consumidor final, pois, em princípio, o que acontece é o empacotamento de produtos das indústrias brasileiras com o selo ou embalagem do varejista”, considera o porta-voz da Abinpet. “A maneira como esse produto é ofertado pode trazer vantagens para as bandeiras, pois passam a ter condições de apresentar um preço mais acessível”.

Vento a favor
Tela quente em pet food com a marca Magnus, a Adimax não se exalta com a disputa com marcas próprias. “O mercado é muito amplo, de crescimento constante e aberto à competição por igual de todas as marcas”, contemporiza o gerente de desenvolvimento de embalagens Leonardo Dalmagro. “Por sinal, nós trabalhamos hoje com a linha Qualidy, marca premium de alimentos secos, sachês e snacks da Adimax, comercializada por distribuidores e direcionada ao autosserviço, proporcionando proximidade e praticidade aos tutores”. O executivo acrescenta que a empresa nada tem a divulgar por ora, mas não está alheia às muitas oportunidades por explorar no universo pet fora do casulo dos alimentos, caso de pet care, pet vet ou acessórios.

O portfólio Magnus reúne alimentos da categoria econômica à super premium, “o que nos permite atender a clientes de todos os perfis”, completa Dalmagro, assinalando que, no plano geral, todos os tutores buscam qualidade, praticidade e preço justo. “O confinamento durante a pandemia resultou no aumento dos cuidados com os pets, considerados membros da família pelo apego emocional”, observa o gerente. “ Tudo isso conspira para que a busca por serviços e produtos de qualidade seja permanente, fidelizando o tutor à marca que preenche suas expectativas”.

Dalmagro reconhece que o impacto econômico da pandemia levou a maioria da população a adaptar hábitos de compra. Além do mais, deixa claro, reajustes nas embalagens e outros insumos encareceram o preço final de pet food, efeito dos variados percentuais de repasses desses custos realizados individualmente pelos fabricantes. “O cliente passou a buscar um item de menor preço, mas que ainda assim atendesse aos requisitos de qualidade desejados e, assim, as categorias premium e premium especial de pet food tiveram um crescimento exponencial de vendas, mérito do custo/benefício”, descreve Dalmagro. Conforme detalha, houve uma tendência ao downgrade na compra pelo tutor, o que gerou um crescimento mais tímido da categoria super premium. “No entanto, as categorias premium e premium especial continuam em ascensão”.

Extensão natural
Para estrear este ano em pet food, a agroindústria Solito Alimentos montou uma unidade de ponta na matriz em Santa Cruz do Rio Pardo, no interior paulista. “Lançamos três marcas para cobrir o mercado nos diferentes canais”, explica o gerente de marketing Fernando Manfrin. “Na categoria premium, temos a marca Óttima, com vendas exclusiva no autosserviço, e a marca Unna, voltada para o canal de pet shops e casas especializadas, tal como a nossa marca Nutrive, esta da categoria premium especial”.

Manfin informa que o fornecimento das embalagens das três marcas é exclusividade da Videplast, convertedora formadora de opinião em flexíveis. “As embalagens de 1, 2 e 5 quilos constam de laminados de polietileno de baixa densidade (PEBD) com filme biorientado e mate de PET (BOPET), pormenoriza o executivo. “Já os sacos de 10 a 20 quilos são de PEBD com polietileno de alta densidade (PEAD) fosco”. Um senhor diferencial da estrutura fabril da Solito é o sistema de empacotamento FFS (form/fill/seal) destoando do convencional ensaque de embalagens pré-formadas (ver à página 32).
Com 60 anos de tradição no fornecimento de arroz, farinha desse grão, feijão e farofas prontas, conta Manfrin, a Solito está aberta a inovar em processos, produtos e serviços. “Olhando para dentro da empresa, percebemos muitos predicados para sermos relevantes no crescente mercado pet”, argumenta o gerente. “Estamos bem localizados, temos experiência no varejo, excelência em logística e produzimos um dos principais ingredientes de pet food de alta qualidade – o arroz”.

Numa boa
Projeções setoriais contemplam produtos de higiene e bem estar (pet care) com 7% do faturamento total deste ano pelas indústrias dedicadas no Brasil ao universo pet, atuantes também nos segmentos de alimentação (pet food) e produtos veterinários (pet vet). Sob afrouxamento da restrição sanitária e mesmo com o sufoco da inflação e reajustes nos custos de produção, a expectativa oficial é de crescimento de dois dígitos para as vendas de artigos de pet care.

Com apenas quatro anos no ramo, a Petroyale nada tem a objetar. “Desde a constituição da empresa, a receita e volume de vendas crescem à média anual de 20%”, comemora o sócio fundador Filipe Maffei. “Para acompanhar esse aumento da demanda, a produção dobrou de 2017 até hoje”. Indicados para cães e gatos, os produtos profissionais da Petroyale (xampus, condicionadores, finalizadores e colônias) são envasados, na sua maioria, em frascos de polietileno de alta densidade (PEAD). “O suprimento de embalagens deve aumentar de 7% a 15% este ano”, situa o dirigente da indústria sediada em Bariri (SP).
Maffei põe no topo do ranking de vendas os xampus neutro care e neutralizador de odores. Uma prova da receptividade alcançada, ele demonstra, é o lançamento este ano desses produtos em recipientes de 20 litros. “O tamanho econômico melhora o custo/beneficio para o cliente final”, justifica Maffei.

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