Não cai de jeito nenhum

Mesmo com a economia na UTI, a indústria de descartáveis higiênicos, porto seguro para nãotecidos de polipropileno (PP) e filmes de polietileno (PE), navega em velocidade de cruzeiro sob a  borrasca. Os santos por trás do milagre chamam-se melhor poder aquisitivo de baixa renda e a taxa de penetração desses artigos, ainda muito aquém da curva dos mercados maduros. No país, para se ter uma ideia, cerca de 30% das crianças continuam a usar a arcaica fralda de pano, constrangimento que evidencia espaço considerável para o avanço do tipo descartável.
Os resultados do setor, engrossado por fraldas geriátricas, produtos para incontinência urinária e absorventes femininos, já exibem robustez nada infantil e estão bem acima do esquelético PIB nacional. Em 2013, as vendas de fraldas descartáveis infantis somaram R$ 4,06 bilhões, 14,8% a mais do que em 2012, informa Luciana Ignez, analista de mercado da consultoria Nielsen. A cifra corresponde a 6,49 bilhões de unidades comercializadas no ano passado, expansão de 4,9% sobre o exercício anterior, ela acrescenta. No caso dos absorventes femininos, a receita bateu em R$ 1,79 bilhão, crescimento de 11,8% na mesma base de comparação, enquanto os volumes aumentaram 4,2% e chegaram a 6,02 bilhões de unidades. “Ambas as categorias são impulsionadas por um movimento de oferta de itens de valor agregado mais alto e por embalagens maiores e promocionais”, ela considera.
Ao longo de 2014, percebe Luciana, os gols contra tomados na economia por ora não afetaram o nicho das fraldas infantis. Seu faturamento subiu impressionantes 17,6% até agosto deste ano sobre o mesmo período de 2013. Por seu turno, a categoria de absorventes higiênicos está crescendo menos, mas ainda apresenta expansão de causar suspiros de inveja a muita gente: 9,3% nos oito primeiros meses, crava o sonar da Nielsen.
Pelo acompanhamento da consultoria, a oferta de fraldas infantis de melhor qualidade, por sinal, fez com que a média de compras diminuísse em anos recentes. Em 2010, o número de unidades adquiridas em um ano por domicílio chegava a 482. Em 2013, não ultrapassou 443. Em contraste, o ticket médio aumentou na categoria, saindo de R$ 16,30 para R$ 21,30.
O reduto de fraldas para adultos ainda é menor em volume e valores, movimentando aproximadamente R$ 1 bilhão por ano no Brasil. Porém, alguns fatores conspiram a favor de sua expansão. Além de as pessoas estarem mais receptivas ao produto, o que incrementa sua fatia de penetração no mercado, a expectativa de vida da população melhorou. De acordo com a analista da Nielsen, de 2010 a 2013, a taxa composta anual de crescimento do flanco das fraldas geriátricas foi de 17%. “Nos últimos anos, o segmento de roupa íntima descartável, as chamadas pants, ganhou proeminência. Esses artigos representavam 1% do faturamento da categoria em 2010 e, no ano passado, o índice saltou a 7%”, ela completa.

 

Ativo fixo no berçário
Baby Roger consolida participação no mercado
de fraldas infantis e geriátricas
Giselle Ferreira: negócio de fraldas infantis cresceu 70% em cinco anos.
Giselle Ferreira: negócio de fraldas infantis cresceu 70% em cinco anos.

Os negócios da Baby Roger, marca de médio porte de fraldas para bebês e adultos e cosméticos infantis, estão longe de um stress daqueles capazes de suscitar incontinência urinária . Os resultados têm se mostrado mais do que satisfatórios, apesar de a grife brasileira estar prensada entre a concorrência com um time de múltis (N.R.- a Kimberly Clark negou entrevista)  e uma infinidade de pequenos fabricantes locais, em boa parte adeptos da informalidade. Com sede em Várzea Paulista (SP), a indústria tem crescido acima da média do seu setor, devido a volumes de venda maiores e comercialização de artigos de valor agregado elevado, argumenta a coordenadora de marketing Giselle Ferreira. Essa expansão exige investimentos contínuos e já resultou na instalação de uma planta em Pernambuco. Maquinário adicional, aliás, será colocado em operação até o início de 2015. O trunfo da Baby Roger, Giselle diz, é compreender a dinâmica da demanda de seu público e refletir essas expectativas em um portfólio em contínua atualização. Na entrevista a seguir, a especialista ainda aborda as evoluções da indústria no plano geral, inclusive em matérias-primas, e mudanças do perfil do consumidor brasileiro.

PR – A Associação Brasileira da Indústria de Nãotecidos e Tecidos Técnicos (Abint) divulgou que o segmento de descartáveis higiênicos, fraldas inclusas, está sofrendo este ano com a desaceleração da economia brasileira e importações chinesas. A Baby Roger sentiu esse impacto nos negócios este ano?
Giselle Ferreira – Não. O mercado brasileiro de fraldas descartáveis cresce a uma taxa muito maior que o PIB. Este ano, o consumo desses artigos aumentou 14% em volume na comparação com 2013. Não existe importação de fraldas descartáveis prontas da China, apenas de matéria-prima.

PR – Quanto a receita da Baby Roger irá crescer em 2014 em comparação a 2013? E qual a projeção para 2015?
Giselle Ferreira – O mercado tem um crescimento estimado acima de 10% e costumamos projetar 35%. Mas a expansão não é apenas do volume. Há um incremento nas vendas de produtos com mais benefícios, o que por sua vez possibilita o aumento do ticket médio de venda.

PR – A Baby Roger em 2014 e 2015 fez ou planeja fazer algum investimento em ampliação da produção?
Giselle Ferreira – Sim. Iniciamos em 2014 a compra de equipamentos. Investimentos ainda envolvem atualização do layout da nossa linha de produção, treinamento de pessoal e aumento da infraestrutura para receber o novo maquinário entre o final deste ano e começo do próximo.

PR – Pelo acompanhamento da Baby Roger, qual é a participação atual da fralda de pano nos lares brasileiros? Essa fatia tem diminuído ao longo dos anos?
Giselle Ferreira – Segundo dados que recebemos da 3M, a estimativa de penetração das fraldas infantis descartáveis em 2014 será de 71%. Então, sobram apenas 29% de lares brasileiros que ainda usam o tipo de pano ou não utilizam outro similar. A estimativa para 2015 é de 75% e em 2016, 79%. No começo dos anos 2000, a fatia detida pelo produto descartável era de apenas 20%. Ou seja, em 15 anos tivemos um crescimento da penetração dessas fraldas de 295%. Isso ocorreu porque, em duas décadas, o preço médio da fralda descartável no Brasil caiu de US$ 1 para US$ 0,10. Além disso, houve uma mudança significativa no mercado de trabalho, hoje com incidência bem maior de mulheres. Uma mãe precisa de praticidade para trocar a fralda do filho, seja por não ter tanto tempo ou por deixá-lo em escolinha ou com algum parente.

PR – Qual foi a taxa de crescimento anual de seu negócio de fraldas infantis nos cinco últimos anos? A que atribui o desempenho desse mercado?
Giselle Ferreira – A Baby Roger acompanha o crescimento do mercado e, em cinco anos, acumulamos 70% de expansão em valor. Se focarmos apenas no Nordeste, esse incremento é ainda maior. Agora, verificamos a sofisticação do consumo. Neste ano, o consumo de fraldas descartáveis no país cresceu 14% em volume, na comparação com 2013. Em valor, a expansão é de quase 29%, mostrando um incremento no que se gasta com o produto. O foco sai do preço e vai para benefício. Hoje em dia, o Brasil fica apenas atrás dos Estados Unidos e China no consumo de fraldas descartáveis infantis.

PR – Qual foi a taxa de crescimento anual de seu negócio de fraldas geriátricas nos últimos cinco anos? A que atribui o desempenho desse mercado?
Giselle Ferreira – O mercado de fraldas adultas cresce 20% ao ano e já movimenta mais de R$ 1 bilhão, segundo dados da Nielsen. A população brasileira está vivendo mais tempo e tem mais qualidade de vida. Uma estratégia da empresa é não dialogar apenas com os idosos, pois o problema não acomete apenas a eles. Temos em mente que cerca de um terço das mulheres acima de 40 anos apresenta algum nível de incontinência, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Além disso, precisam desse produto pessoas que passaram por cirurgias, bem como cadeirantes e deficientes. Esse negócio tem crescido anualmente em nosso balanço, tanto em volume quanto em variedade de artigos.

PR – Nos três últimos anos, quais melhorias em fraldas infantis e geriátricas a Baby Roger introduziu? Como os nãotecidos e filmes gofrados para backsheets contribuíram para esses avanços?
Giselle Ferreira – Há constantes melhorias na capacidade de absorção das nossas fraldas descartáveis, tanto nas infantis quanto nas adultas. No último ano renovamos todo o design das  embalagens, deixando-as modernas e visualmente mais ajustadas ao público. Os nãotecidos contribuíram com novos tipos de tratamentos, direcionando o fluxo de líquido, aumentando a absorção e evitando vazamento. Os backsheets ajudaram na suavidade no toque da fralda, dando mais conforto aos usuários.

PR – Em 2012, a Baby Roger aplicava em suas fraldas 10g/m² de nãotecido. Essa gramatura ainda é mantida?
Giselle Ferreira – Sim, essa é a gramatura que utilizamos, o mínimo que encontramos no mercado brasileiro. Ela se tornou um padrão aceitável de qualidade, inclusive porque nunca testamos material com gramatura menor.

PR – Qual é a gramatura padrão do filme gofrado do backsheet utilizado em suas fraldas infantis? Qual era a espessura cinco anos atrás?
Giselle Ferreira – Utilizamos hoje 20g/m². Há cinco anos eram 23g/m². A mesma variação foi verificada nas fraldas para adultos.

PR – Ao comprar uma fralda infantil, qual é a principal exigência do consumidor brasileiro, no plano geral?
Giselle Ferreira – O preço ainda é um atrativo muito grande na decisão de compra. Mas, com mais acesso à informação, o consumidor compara marcas e preços, fazendo escolhas que garantam o melhor benefício. As pessoas estão em busca de produtos de maior qualidade e com preço adequado.

PR – E no caso das fraldas geriátricas?
Giselle Ferreira – O público prioriza atributos como segurança e eficiência na absorção. Os consumidores querem um produto com qualidade, que possa ser usado para ir ao trabalho, a um passeio, ou mesmo para dormir sem se preocupar. Por isso, concentramos nossas ações na linha Plus. Modernizamos o mostruário para que as embalagens ficassem mais compactas, para melhorar a exposição na gôndola.

PR – Pelo seu conhecimento, com qual frequência, em média, ocorre a troca diária de fraldas infantis no Brasil hoje em dia e qual era essa frequência cinco anos atrás? Por exemplo, a troca é menos frequente devido à melhor performance do produto ou é mais frequente devido ao maior poder de compra da população?
Giselle Ferreira – Hoje, a troca é calculada em cinco fraldas por dia. Melhor performance do produto só faz diferença durante a noite, no sono do bebê, quando a fralda tem que durar de 10 a 12 horas sem vazar. Durante o dia, mesmo uma fralda com performance de 12 horas será trocada após cerca de três horas de uso. Há cinco anos, muitas mães colocavam a fralda descartável no bebê apenas para ele dormir ou quando saiam para um passeio. No dia a dia, utilizavam uma fralda de pano ou nada empregavam. Hoje, a população tem o poder de compra para utilizar a fralda descartável o dia inteiro.

PR – A Baby Roger continua a importar suas matérias-primas (celulose e gel para absorção)? Em caso afirmativo, de quais países a empresa compra os insumos e por que não opta por fornecedores nacionais?
Giselle Ferreira – Compramos celulose dos Estados Unidos e gel de polímero superabsorvente (SAP) da China e Japão, pois não encontramos nenhum produto similar nacional por aqui.

 

Corpo a corpo é isso
Concorrência refina exigências para filmes
gofrados e laminados para backsheet
Fábrica da Clopay em Jundiaí: capacidade para 1.500 t/mês de backsheet.
Fábrica da Clopay em Jundiaí: capacidade para 1.500 t/mês de backsheet.

O mercado brasileiro de fraldas infantis, carro-chefe da indústria de descartáveis higiênicos, está sendo chacoalhado por um tsunami japonês. O movimento, aliás, afeta toda a cadeia de suprimento, avalia Richard Company, diretor geral da Clopay do Brasil, papa mundial na extrusão de filmes gofrados e laminação de estruturas utilizadas no backsheet, ou cobertura externa, desses artigos. O executivo se refere à recente instalação, em Jaguariúna (SP) da planta da Unicharm, com sede em Tóquio. Trata-se de uma das três maiores produtoras do mundo do segmento, empenhada em firmar-se no país com o fornecimento de fraldas de predicados iguais às supridos pelas líderes Kimberly-Clark (negou entrevista), Procter & Gamble e Hypermarcas. “A Unicharm é integrada em seus processos, tem qualidade diferenciada e assim vai elevar o padrão das fraldas vendidas no país”, antevê Company.
Categorias de fraldas premium deram um salto no Brasil em anos recentes. Por tabela, tomou impulsio o uso de películas gofradas com mais tecnologia embarcada, como as respiráveis, conta o diretor da Clopay, com matriz em Ohio (EUA) e unidades fabris nos Estados Unidos, Alemanha e Jundiaí (SP). Esses filmes, chamados de microporosos, permitem a ventilação e evaporação enquanto mantêm-se impermeáveis. “O produto oferece mais conforto para a criança e para o adulto por diminuir a temperatura entre pele e fralda”, encaixa Fabio Fujimura, diretor de vendas e marketing da subsidiária brasileira do grupo.
O fornecimento de backsheet laminado, contendo nãotecido de polipropileno (PP) e película de PE, foi outra tendência alavancada pelas fraldas top de linha. “Os modelos munidos apenas de  filme no backsheet ainda representam grandes volumes, mas crescem menos. Em regra, são artigos do tipo econômico”, esclarece Company. Outra tendência emergente entre os donos de marcas refere-se às propriedades para impressão, especialmente em fraldas infantis. Aliás, essa exigência da indústria final protege os fornecedores nacionais. Trazer um produto da China demora cerca de três meses e as mudanças no visual podem ser necessárias e de realização cobrada em tempo muito mais curto. “Além disso, as tarifas de importação são altas, a logística é complicada e o câmbio é muito volátil”, assinala o diretor geral da Clopay. De fora, só entra um volume de descartáveis higiênicos sem expressividade de vizinhos do Mercosul. “Mas nem consideramos importações esses desembarques, pois estão dentro do bloco de comércio”, acrescenta o diretor. Pelas estimativas da empresa, o consumo brasileiro de filmes para descartáveis higiênicos está entre 66.000 t/a e 67.000 t/a ante capacidade instalada de 90.000 t/a no país.
Prioridade pétrea no ramo é a redução da espessura do filme sem perda de desempenho, condição ligada ao custo e acessibilidade da fralda descartável a diferentes camadas de consumidores, esclarece Company. “Hoje em dia, a  gramatura dos gofrados usados pelas marcas líderes anda em 16g/m²”, ele situa. Contudo, é preciso lembrar que a maior parte dos fabricantes já usa ou está migrando para o backsheet laminado. “Em regra, essa estrutura possui 16g/m² do filme mais 12g/m² de nãotecido. São cerca de 28g/m² mais o adesivo”, ilustra o porta-voz da Clopay. Segundo ele, as principais grifes de descartáveis higiênicos trouxeram a laminação para dentro de casa. “É uma forte tendência alavancada por questões econômicas”, Company considera. A Clopay, a partir da planta de Jundiaí, fornece tanto a película sozinha quanto o laminado de filme e nãotecido, dependendo da necessidade de cada cliente. Filmes para absorventes femininos possuem gramatura igual à das fraldas infantis, enquanto nas geriátricas o índice varia entre 21g/m² e 22g/m². Pelas contas da empresa, o backsheet representa cerca de 18% do custo de uma fralda, podendo variar caso seja laminado ou não.
Como os líderes em fraldas no Brasil são empresas globais, sustenta Company, os produtos aqui manufaturados e ofertados em nada deixam a desejar em comparação àqueles supridos em mercados maduros, apesar do desnível  na comparação de poder de compra populacional. Os filmes gofrados também refletem o grau de atualização tecnológica. “Nossa produção aqui em Jundiaí é igual à da Alemanha ou Estados Unidos”, garante o diretor. Mas essa evolução é relativamente recente. “Há 10 anos, não havia fralda com filme respirável produzida localmente”, ele recorda.
No segmento infantil, as fraldas da categoria premium detêm aproximadamente 12% de participação no mercado, retoma o fio Fujimura. Abaixo dela aparecem duas categorias intermediárias que, juntas, correspondem a 52%. O restante pertence aos artigos mais econômicos, chamados de low end. “Este último nicho correspondia a 70% do setor 10 anos atrás”, comenta o diretor de vendas e marketing. Para essa sofisticação, contribuíram a melhora de renda, disponibilidade de produto e preço final, ele atribui. Tanto é assim, coloca, que os redutos de maior expansão são os dois  compartimentos intermediários, pois a qualidade é adequada e o desembolso por parte do consumidor não é tão alto.
Em 2014, os resultados da Clopay no Brasil ainda serão positivos, apesar da desaceleração geral da economia. De qualquer forma, a expansão será menor do que em anos recentes. Com menos dinheiro no bolso, a população reduz um pouco seu ritmo de compra, nota Fujimura. Segundo ele, se uma mulher usar um absorvente a menos por ciclo, que requer em média oito unidades, e uma mãe dispensar uma fralda da média de cinco ou seis unidades diárias, haverá uma queda direta de 10% nas vendas desses itens. No entanto, encaixa Company, antes de isso acontecer, as pessoas migram para modelos mais baratos.
Pelo acompanhamento da Clopay, a expansão do mercado de descartáveis higiênicos é de 3% a 4% ao ano. Daqui para a frente, porém, o crescimento será dado a partir do incremento da penetração desses produtos nos lares brasileiros. “Como a taxa de natalidade no Brasil já é baixa, a tendência aponta para menos consumidores de fraldas infantis ao longo do tempo”, projeta o diretor geral. A produção total da Clopay para atender aos redutos de fraldas infantis e geriátricas e de absorvente higiênicos está situada em 1.500 t/mês na unidade paulista. Por enquanto, a base brasileira  importa de  plantas da companhia o chamado filme elástico, cuja composição é sintetizada num mistura de resinas elastoméricas não reveladas e presente na denominada orelha, a parte lateral, de algumas fraldas premium. “O componente é usado para ajustar o produto à cintura da criança, tornando-o mais confortável”, afirma Company. Produzir esse tipo de película no Brasil ainda é inviável por conta do volume. “A capacidade de uma só linha seria maior do que a demanda de toda a América Latina”.
Na percepção de Paul André Reiter, executivo do Packing Group, bólido nacional em flexíveis, sua clientela de filmes gofrados mantém a busca pela redução de espessura e por produtos de toque mais suave. “No reduto infantil, há forte procura por impressões cada vez mais elaboradas”, ele reconhece, em sintonia fina com a visão da  Clopay . A estimativa de Reiter quanto ao consumo anual de backsheet no Brasil ronda 30.000 t/a, destoando portanto da projeção do concorrente. Ponto nevrálgico de convergência entre os competidores no ramo é na ociosidade na indústria. Segundo Reiter, a capacidade instalada no setor é de 40.000 t/a.
De acordo com o transformador, a média da gramatura das películas disponíveis no Brasil está entre 20g/m² e 22g/m². Porém, quando o filme é utilizado em estruturas laminadas, já fornecidas por sinal pelo Packing Group, a tendência é que sua gramatura caia para 14 g/m², Reiter afiança. O laminado ganha em toque e maleabilidade, mas a oferta de nãotecido para tanto é restrita, ele insere. A empresa produz atualmente 10.000 t/a de filmes para descartáveis higiênicos, porém já planeja expansões para 2015. “Esse mercado tem aumentado sua relevância para nosso grupo e estamos bastante atentos a oportunidades”, ele comemora, sem abrir o faturamento. Suas  linhas de extrusão e laminação, por sinal, não refletem a ociosidade do segmento. “Estamos com a produção interinamente tomada”, ele acrescenta.
Entre os diferenciais do menu do Packing Group, fisga Reiter, pinta a coextrusão dos gofrados, conferindo-lhes propriedades mecânicas superiores, e sua impressão de até oito cores. “O mercado atua, no plano geral, com máquinas monocamada e impressão de até duas cores”, ele assevera. Reiter, por seu turno, vê inquieto a entrada de produto importado. Em regra, afirma, ele desembarca com preço mais atraente, remetido por transformadores do Chile e Argentina, por exemplo, com acesso facilitado a resinas mais baratas que os competidores brasileiros. “A petroquímica nacional deveria olhar a situação com grande preocupação”, ele sublinha. Por essas e outras, estima, por aqui, a participação no Brasil do gofrado no custo de uma fralda infantil ronda 15% a 20%, “enquanto para o tipo adulto e absorventes femininos a fatia salta para 30%”, Reiter completa.

 

O guardião da performance
Evolução de nãotecidos para fraldas e absorventes
está costurada com a melhora do poder aquisitivo
Fraldas: nãotecido influi no conforto e acabamento.
Fraldas: nãotecido influi no conforto e acabamento.

Enquanto a indústria nacional,no plano geral, convulsiona no fundo do poço, o reduto de absorventes higiênicos pinta feito ilha paradisíaca num mar de superlativos. No sismógrafo da consultoria Nielsen, por exemplo, fraldas e absorventes foram os campeões de vendas da categoria de produtos higiênicos no canal farma em 2013. No mesmo período, segundo a fabricante Hypermarcas, o mercado brasileiro registrou compras de fraldas quatro vezes ao mês na média de três a quatro pacotes por semana. Para apimentar  ainda mais a relação desse oásis com os investidores, o segmento de fraldas para adultos cresce à taxa anual de 20% e movimenta em torno de R$ 1 bi. A Sociedade Brasileira de Urologia projeta em 10 milhões a parcela da população com incontinência urinária e, ainda no plano demográfico, os idosos hoje compõem 12% dos habitantes e devem passar a 18% em 2030.
São motivos de sobra para a indústria de nãotecidos, em especial de polipropileno (PP), soltar rojões de alívio num momento de piora generalizada entre mercados seus, que o digam calçados e componentes automotivos. A Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos (Abint) negou entrevista, mas o espírito da coisa é retratado pelo clima na Fitesa, formadora de opinião mundial no ramo e integrante da holding brasileira Évora. À frente de seis fábricas no continente americano, três na Europa e uma na China, a empresa trombeteia a decisão de investir R$ 160 milhões em sua segunda planta de nãotecidos no Brasil e declarou como justificativa na mídia  o florescimento da procura por absorventes higiênicos. Somada à unidade de 54.000 t/a em Gravataí (RS), a futura planta em Cosmópolis, interior paulista, elevará a capacidade da Fitesa para 74.000 t/a. Além de marcar em cima da pinta os principais centros do consumo nacional, ambas as fábricas acham-se próximas de suas fontes de polipropileno (PP), as unidades da Braskem em Triunfo (RS) e Paulínia (SP). “A planta em Cosmópolis estará rodando a pleno no segundo semestre de 2016, o ano de partida da operação, e os planos são de exportar 20% da sua produção para o restante da América do Sul”, antecipa Mariana Mynarski, gerente corporativa de Recursos Humanos e  ex-gerente comercial da Fitesa.
Importações de nãotecidos chineses dão enxaqueca nessa indústria na América do Sul, em especial no Brasil. No entanto, a perspectiva de crescimento na região do excedente exportável da China, para compensar o atual resfriamento da sua demanda interna, não aparentam refrear os planos de vendas internacionais da operação da Fitesa no Brasil, apesar dos nossos reconhecidamente onerosos custos de manufatura, exemplificados pela carga tributária, energia elétrica e matérias-primas. “A competitividade da Fitesa está lastreada na excelência operacional e base tecnológica”, rebate Mariana e, a favor do seu argumento, servem de referência duas linhas Reicofil 4 na ativa em Gravataí, gemas da alemã Reifenhäuser para a produção de nãotecidos spunmelt. Escorada na presença da filial da Fitesa em Tianjin, a gerente contrapõe que, apesar do refreamento em curso da demanda, planejado pelo governo chinês e sem término previsto , “o mercado do país e o asiático como um todo continuarão a crescer nos próximos anos”.

[quote_box_left]Masters e adesivos que lapidam as fraldas
Neymar dos masterbatches no país, a Cromex aumenta o assédio sobre o segmento de nãotecidos. “Incrementamos  recentemente a oferta de concentrados brancos de alta dispersão, para atender a demanda carente de materiais capazes de evitar o entupimento de fieira”, expõe Giovanni Dias, especialista de brancos, pretos e aditivos da componedora. “Também cobrimos nãotecidos com aditivos antiestáticos e antioxidantes e, para hidratação, contamos com extratos de vera e camomila”. Na esfera dos filmes gofrados, Dias brande novidades tipo masters brancos com tecnologia antilacing, para zerar a possibilidade de microbolhas nas películas, além de cargas minerais soft touch e tensoativos para proteção da pele, provendo melhor distribuição do líquido no backsheet de descartáveis higiênicos.
A influência da colagem na qualidade final do nãotecido inspirou o lançamento da série de 12 adesivos inodoros hot melt Higimelt pela Adecol. “As fraldas, por exemplo, empregam cola na sua construção, posicionamento e no elástico”, aponta o diretor comercial Alexandre Segundo. “Higimelty entrega soluções de características diferentes para cada uma dessas etapas e sem risco de afetar as partes íntimas”.
Na composição de Higimelt, solta conciso o diretor, entram  ingredientes como polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) metalocênico e copolímeros de bloco tipo estireno/isopreno  e estireno/butadieno. A formulação permite ao equipamento de aplicação do adesivo trabalhar com capacidade máxima, assegura Segundo. “A série Higimelt prima pela resistência em presença de umidade, não sofre carbonização no coleiro, não exala fumaça nem forma fios (cabelos de anjo) durante o uso”, sustenta o executivo. “Além do mais, requer temperaturas inferiores às exigidas pela concorrência para chegar ao ponto de aplicação”. Como a introdução de Higimel é recente, argumenta Segundo, o raio de suas vendas por ora se circunscreve a fabricantes menores e médios de descartáveis higiênicos. “Mas prevemos forte fornecimento aos grandes do setor em 2015”, ele confia.  [/quote_box_left] O desembarque de nãotecidos e produtos acabados da China, considera Mariana, pode impactar alguns campos de atuação da Fitesa, mas não a totalidade da base de clientes. “Do ponto de vista de nãotecidos, nossos parceiros (fabricantes de descartáveis higiênicos) prezam qualidade, serviço e relacionamento de longo prazo”, ela argumenta. “Por sua vez, clientes regionais e globais dispõem na Fitesa de uma solução integrada e de padrão de atendimento  imutável em qualquer  lugar do planeta”.  No plano específico do Brasil, concorda Mariana, o mercado de nãotecidos é atazanado há alguns anos pela concorrência chinesa. Pelo flanco das exportações brasileiras do produto, a gerente aponta  obstruções no caminho de sua empresa a cargo das barreiras comerciais da Argentina. O charme do  mercado interno, no entanto, compensa todos esses torcicolos, deixa claro a porta-voz da companhia. “O consumo brasileiro de descartáveis higiênicos tem sido impulsionado pelo aumento da renda e envelhecimento da população”, distingue Mariana. “Além disso, se entrar na categoria de fraldas e absorventes, dificilmente  esse consumidor sairá, reduzindo assim o impacto da crise econômica sobre o movimento desses produtos”. No embalo da cintilação dessas estrelas, a gerente serve à mesa a estimativa de um crescimento médio acumulado de 3,3% na demanda doméstica de nãotecidos para aplicações higiênicas entre 2013 e 2018. “Para o período de 2012 a 2017”, ela intercede, projetamos aumento médio acumulado de 2,7% para a demanda de fraldas infantis”. Com esse respaldo, amarra Mariana, “a Fitesa acredita que em todo momento de crise existe uma oportunidade e, por isso e para poder acompanhar a evolução da procura por nãotecidos, seguimos ampliando nossa capacidade”.
Pelo andar da carruagem captado no sonar da Fitesa, a fralda de pano, apesar de enaltecida por opositores ao plástico, tem seu raio de alcance circunscrito a regiões muito pobres do Brasil, situa Mariana. Por seu turno, ela coloca, a fralda descartável desfruta taxa de penetração ao redor de 70%, estimativa lastreada numa quantidade mínima de uso diário do produto. “A penetração aumenta de acordo com a melhora do poder aquisitivo”, frisa. No tocante à fralda geriátrica, embora declare carecer de informações mais precisas, a executiva projeta a atual taxa de penetração ao redor de 7%. Por fim, na esfera dos absorventes femininos, Mariana indica penetração aproximada de 65% na população, projeção também calibrada por um número mínimo de uso diário desse tipo de descartável higiênico.
Nãotecidos têm contribuído para o desempenho das fraldas e absorventes manufaturados no Brasil, influindo em atributos como  conforto, acabamento, retenção de líquidos e redução de vazamentos e espessuras. Uma referência nesse sentido, solta Mariana, são nãotecidos mais suaves. A Fitesa, por sinal, desenvolveu em Gravataí esse tipo de produto para componentes críticos de fraldas, caso de orelhas e coberturas internas e externas. Trata-se, segundo a empresa, de nãotecido spunbond mais macio, resultante de recursos como padrão de calandragem suave C-ROD e colmeia. Outra alternativa acenada: o nãotecido bicomponente (PP/ polietileno) com padrão suave de calandragem. Na mesma trilha dos aprimoramentos em descartáveis higiênicos, Mariana destaca sistemas de fechamento mecânico e o emprego de materiais elásticos. Novamente, a Fitesa forma opinião no setor com seus nãotecidos de alto alongamento, baixa gramatura e propriedades elásticas para as coberturas de fraldas infantis. De acordo com a empresa, constam de nãotecidos a partir de tecnologia de cardados consolidados termicamente (thermobond) e fibras extensíveis especiais. No gramado da sustentabilidade,  a triangulação entre Fitesa, Braskem e a norte-americana NatureWorks resultou na introdução, desde setembro de 2013 em descartáveis higiênicos nos EUA, de um nãotecido bicomponente, mérito da junção de dois polímeros de fonte renovável: capa de PE verde, formulado pelo grupo petroquímico brasileiro com eteno gerado pela rota do etanol, e núcleo de ácido polilático (PLA), o plástico biodegradável mais consumido no mundo e cuja produção a NatureWorks lidera.

 

Os grades que não dão furo
Desempenho das fraldas e absorventes
deve muito à ourivesaria de PE e PP

especial5Cadeira cativa de polietileno (PE) em descartáveis higiênicos o filme gofrado consagrou-e no backsheet, ou cobertura externa de fraldas e absorventes. Acontece que a Dow Chemical foi além e hoje seus grades têm grande potencial de uso em outros componentes desse reduto. Nº1 mundial em PE, o grupo norte-americano está atacando as partes de nãotecidos (ver à página 40), cadeira cativa do polipropileno (PP), tanto em topsheet (a cobertura interna), quanto em estruturas laminadas filme/nãotecido no backsheet. Outra frente de avanço de PE: os filmes elásticos nas orelhas de fraldas, elemento que proporciona melhor ajuste ao corpo e, por isso, aprimora a capacidade de contenção de fluidos, explica Beatriz Goldaracena, gerente de marketing das áreas de higiene e medicina da Dow na América Latina. “Hoje em dia, os filmes elásticos são muito utilizados em artefatos premium”, ela assinala. Embora esses filmes, feitos de elastômeros com base em PE das famílias Infuse, Versify e Affinity da Dow, não sejam produzidos no Brasil, eles aparecem cada vez mais nos descartáveis higiênicos vendidos por aqui, constata a porta-voz.
Para o mercado de descartáveis higiênicos a empresa desenvolveu Agility 6047, grade de polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). “Em combinação com polietileno de baixa densidade (PEBD), a resina permite baixar a gramatura dos filmes, enquanto evita seu alongamento e confere, ao mesmo tempo, maleabilidade”, Beatriz descreve. Aliás, essa diminuição de gramatura do gofrado é demanda incessante no Brasil e países vizinhos, sob o atrativo da redução de custos. Fora da esfera do preço, intercede a executiva, o público de descartáveis higiênicos procura discrição, por isso as espessuras estão, de forma geral, cada vez menores. “As pessoas não querem que outros percebam o uso de um absorvente ou de um produto para incontinência urinária”, justifica a gerente da Dow. Segundo ela, não há receita ideal para as blendas com teores  de PEBDL, PEBD e polietileno de alta densidade (PEAD) aplicadas em gofrados para fraldas e absorventes. “PEBD traz processabilidade, enquanto o tipo linear garante o balanço entre rigidez e maleabilidade. PEAD, por seu lado, assegura resistência”, ela alinha.
A principal função do backsheet, prossegue Beatriz, é reter todo o líquido dentro da fralda ou do absorvente. Por isso, uma das principais exigências das marcas é que o filme não fure. Pode parecer óbvio, mas essa necessidade é um desafio para transformadores e produtores de matérias-primas, pois a película gofrada entra em contato direto com o gel superabsorvente que, antes de captar o líquido, apresenta-se como uma areia e pode provocar microfuros na película. “Se deixar vazar, o backsheet não cumpre seu papel primordial”, condiciona a especialista da Dow. Além disso, as blendas precisam ser ajustadas para não permitirem o alongamento do filme, atributo que contribui para a estética e evita distorções na impressão. “Essa característica também é importante na fabricação dos descartáveis higiênicos, pois indicam aos sensores do maquinário onde começa e termina cada produto”, ela esclarece. Outras propriedades fundamentais cobradas de PE em gofrados incluem  flexibilidade, para ajuste ao corpo, e a ausência de ruído, particularidade relacionada à discrição no uso.

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PP que se cuide
A norte-americana Dow Chemical desenvolveu uma família de polietileno (PE) grau fibra, chamada ASPUN, para produção de nãotecidos com tecnologia spunbond monocomponente e bicomponente. As resinas têm potencial para substituir o polipropileno (PP), polímero consolidado em descartáveis higiênicos em partes como topsheet (a cobertura interna de fraldas e absorventes) e no backsheet (cobertura externa) laminado com filmes de PE. No último caso, o nãotecido de PE oferece toque mais macio e suave versus PP, além de assegurar melhor caimento ao corpo, explica Beatriz Goldaracena, gerente de marketing para o segmento de higiene e medicina da Dow na América Latina.
Na região, aliás, o trabalho para promover essa migração embute uma ofensiva na cadeia. Começa pelos produtores de maquinário e passa por fabricantes de nãotecidos e convertedores até bater às portas dos formadores de opinião em descartáveis higiênicos. O parque de máquinas latino-americano é em regra monocamada e desenhado para processar PP, mas com ajustes poderia alterar o material. “Só é necessário fazer modificações nos parâmetros de processo para trabalhar com PE”, esclarece Beatriz. Segundo ela, o mercado está muito inclinado a adotar o nãotecido de PE mas, como a indústria de descartáveis higiênicos é intimamente ligada a aspectos de saúde, toda mudança demora um pouco para acontecer. “Porém, já percebemos um engajamento da cadeia inteira”, ela comemora. Já na Europa e Estados Unidos, onde os equipamentos são bicomponente, o nãotecido de PE já é aplicado. “Há estruturas que têm PP por dentro e PE por fora”.
A vantagem para o convertedor está no reaproveitamento das rebarbas de produção. Como o nãotecido é do mesmo material que o filme, as aparas podem voltar ao início da linha, comenta Beatriz. Outros benefícios podem chegar com o barateamento do PE nos EUA devido à obtenção de eteno via gás de xisto, mas o repasse dessa redução de custo ainda depende da eficiência da transformação, conclui a gerente da Dow.

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O mostruário brasileiro de fraldas infantis e adultas e absorventes femininos, sustenta Beatriz, está em linha com similares ofertados ao redor do mundo. “Diversos fabricantes de descartáveis higiênicos, transformadores e fornecedores de resinas são empresas transnacionais e, por isso, a tecnologia é compartilhada por todos os cantos do planeta. Creio que a América Latina esteja até mais avançada no quesito baixa gramatura, devido a questões de custo e sustentabilidade”, ela nota. Na região, a tendência de laminação do filme com nãotecido no backsheet veio para ficar. “Algumas fraldas ainda permanecem somente com o filme no backsheet mas todas devem migrar, com o passar do tempo, para a estrutura laminada”, ela antevê. “O consumidor está cada vez mais exigente, buscando conforto, suavidade e conveniência”. O nãotecido no backsheet tem a função de proporcionar maciez ao toque, como se fosse um tecido de verdade, esclarece Beatriz.
Para calibrar sua investida, a Dow se escora em projeções como a da consultoria Euromonitor. Ela aponta para um crescimento médio do mercado de descartáveis higiênicos em 3% ao ano na próxima década. De acordo com Beatriz, esse viés ascendente está alinhado à expansão do PIB e melhora do poder aquisitivo de baixa renda, com consequente acesso a novos produtos. “O consumidor brasileiro é muito inclinado a experimentar e se começa a usar fralda descartável não volta atrás”, observa a gerente. No caso das mulheres, um impulso que ganha força na América Latina é o uso de protetores diários. “Nos Estados Unidos e Europa, esses artigos já estão consolidados”, compara Beatriz. Outra mudança cultural está nos produtos para incontinência urinária, antes fora do radar dos consumidores brasileiros. “Esses itens trazem conforto para adultos ativos, melhorando sua qualidade de vida”, ela completa.
No portfólio de PE da Braskem, o hit da temporada para filmes gofrados toma corpo no grade de alta densidade aditivado HD3000S. Fabio Agnelli Mesquita, engenheiro de aplicação de PE do grupo, recomenda a resina para o backsheet de fraldas por aprimorar a rigidez das películas, entre outros pontos altos em características mecânicas, além da facilidade de processamento. Sob a alegação de constituírem informações confidenciais, Mesquita emudece quando questionado sobre o mercado de gofrado em descartáveis higiênicos, padrão doméstico e internacional de espessuras da película, tipos de blendas adotadas no filme e suas peculiaridades para uso em absorventes femininos, fraldas infantis e geriátricas.
Muito menos arisco, Gustavo Lombardi, gerente comercial para polipropileno (PP) da Braskem, atribui a nãotecidos o naco de 10% do volume de vendas internas desse termoplástico da empresa. Desse quinhão, ele esmiúça, descartáveis higiênicos embolsam cerca de 60% e, para o quinquênio 2013-2018, o executivo projeta para esse reduto crescimento médio de 4%. Pelo flanco das melhorias na resina para trabalho com nãotecidos, Lombardi comenta o fluxo, pelo pipeline do grupo, de desenvolvimentos com vistas à redução de paradas para limpeza de linhas, trunfo para a vida útil de esteiras e filtros, ou então, grades passíveis de contribuir para a maciez e resistência do nãotecido a menores gramaturas. O desafio, ele deixa claro, está embutido na avantajada e multifacetada infra de processo em alta velocidade, compreendendo a extrusão plana de filamentos de baixo título depositados em esteiras, submetidos a seguir à calandragem. As bobinas jumbo resultantes vão para a etapa complementar do corte. “Buscando minimizar os impactos das paradas parta limpeza e set ups, PP deve conferir, mediante distribuição de massa molar e índices adequados de fluidez e aditivação, estabilidade e resistência aos filamentos na extrusão, formando a manta de nãotecido”, assinala. “Além disso, a formação de oligômeros (tipo de cera que se acumula) no processo deve ser ínfima, de modo a prolongar a produção entre as paradas para limpar a máquina”. •

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