EUA: arrancada das exportações de gás natural liquefeito

Remessas do combustível acessível devem quase dobrar em 3 anos
Fracking: gatilho da proliferação de terminais para exportar gás nos EUA.
Fracking: gatilho da proliferação de terminais para exportar gás nos EUA.

Em apenas oito anos, os EUA saíram do rodapé à liderança no comércio exterior do gás natural e não é à toa que o país caminha para quase dobrar, em 2027 a sua capacidade para exportar o combustível fóssil, comenta o analista Jorge Bühler Vidal em artigo no relatório de 28 de fevereiro de sua consultoria Polyolefins Consulting. O salto já engatado deve concretizar-se mesmo com a intenção do governo Biden, manifestada em janeiro, de refrear as permissões para funcionamento de unidades exportadoras de gás natural liquefeito, sob a justificativa de melhor estudar os efeitos econômicos e climáticos dessa saraivada de investimentos.

Desde 2016, nota Vidal, produtores norte-americanos de energia ergueram sete plantas de maior porte no Texas, Louisiana, Maryland e Georgia, totalizando potencial para exportar 11.4 bilhões de pés³/dia de gás natural liquefeito, pela medição da agência Energy Information Administration. Por sua vez, cinco projetos para a costa do Golfo dos EUA tiveram aprovação do governo ou já estão em obras para exportar, no total, 9.7 bilhões de pés³/dia. No mais, outras três instalações estão em montagem no México para receber o combustível norte-americano por gasoduto e despachá-lo para o exterior, expõe Vidal.

O gatilho desse eldorado foi o fracionamento hidráulico (fracking) do xisto, tecnologia que brota nos EUA desde meados dos anos 2000 e que, por sinal, dotou sua petroquímica da rota produtiva mais barata do planeta. Em suma, amarra as pontas o dirigente da Polyolefins Consulting, os empreendedores norte-americanos aperfeiçoaram o desempenho do fracking para minerar vastas reservas locais de xisto em meio a uma benfazeja conjuntura de alta dos preços internacionais do gás. Em resposta, explodiu nos EUA a conversão para exportação de terminais originalmente desenhados para importação do gás. O processo de remessa transoceânica marítima requer a liquefação do gás, etapa de realização complexa e com peso nos custos, assinala Vidal. Ocorre, porém, que a rentabilidade da operação é resguardada pelo preço em conta do gás natural dos EUA, bons degraus abaixo da média mundial.

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