A cereja no bolo dos 10 anos de ativa, a serem completados em 2013, chegou mais cedo para a fabricante de extrusoras Wefem. A coroação da trajetória aconteceu na inauguração, em março último, da fábrica de reciclagem mecânica da Braskem/Valoren, desenhada para recuperar 14.000 t/a de poliolefinas pós-consumo em Indaiatuba SP). Sucede que a Wefem é o único fabricante brasileiro presente entre as máquinas-chave adquiridas. Suas extrusoras ornam o parque fabril ao lado de três craques europeus: moinhos da Lindner, selecionadora de flakes da Tomra e o sistema de lavagem Hot Wash da – sem duplo sentido – STF.
“Os modelos selecionados foram duas extrusoras Platinum, para materiais rígidos e compostos e uma da linha Titanium, ajustada a esses mesmos resíduos e ao processamento de flexíveis”, informa Marcelo Carneiro, sócio executivo da Wefem. Conforme rememora, a equipe de engenharia da Braskem esquadrinhou de alto a baixo o desempenho da tecnologia e a qualidade final do reciclado obtido no cotejo entre o equipamento nacional com concorrentes de renome global. Paulo Francisco da Silva, reverenciado dirigente da consultoria especializada Agora Vai Brasil, comenta que as extrusoras monorosca e de dupla degasagem da Wefem se diferenciaram na licitação pela adaptação tranquila às peculiaridades da sucata plástica brasileira, em muitos quesitos mais complexa para extrusoras internacionais trabalharem que o padrão dos resíduos coletados nos países desenvolvidos onde elas predominam. “Lembro terem solicitado a todos os participantes dois documentos em separado: um contendo o orçamento e dados como prazo de entrega e o outro inquirindo sobre a tecnologia nos mínimos detalhes”, ele assinala. “Os critérios para a compra deram um peso muito maior à parte técnica”.
Silva assessora há bom tempo não só a Wefem, mas diversos recicladores e componedores adeptos da marca. Entre os méritos dessas compactas extrusoras montadas em Campinas (SP), ele destaca não haver limitação de software quando é necessário operar com algumas zonas em extremos mínimos e máximos de temperatura. “A máquina emprega princípios de ionização molecular, seja por indução de temperatura ou imantação, através de cisalhamento gerado por deliberado atrito mecânico dentro do conjunto”.
Mesmo sendo a linha monorosca, assevera o consultor, a homogeneização aferida na incorporação da ordem de 40% de carbonato de cálcio “surpreende pela qualidade em aplicações visando filmes poliolefínicos”. Ainda no cercado de flexíveis, Silva enaltece os reciclados providos pelas extrusoras Wefem resultantes de formulações de polietileno (PE) ou polipropileno (PP) laminado com PET borientado (BOPET). “Os pellets fornecidos são perfeitamente reutilizáveis em fitilhos e chapas”, atesta Silva. Na mesma trilha, ele insere que a operação dessas extrusoras com formulações contendo PP biorientado (BOPP) com 40% de tinta proporcionou redução no tempo de processo e na geração de material reciclado sem gases residuais e pronto para reúso. “No meu último desenvolvimento com um cliente possuidor de uma Wefem monorosca com dupla degasagem, conseguimos um feito em geral obtido com extrusora dupla rosca: recuperar copolímero de PP para uso no corpo de bateria automotiva”.
Em grande parte, estes predicados têm a ver com a milhagem acumulada em mais de 20 anos na transformação e reciclagem pelos fundadores da Wefem. Carneiro explica que o negócio em questão, ainda mantido, é a fabricante goiana de sacos para lixo Bom Lixo. “A extrusora nasceu da necessidade de um equipamento que permitisse o máximo reaproveitamento das aparas geradas em linha, um desperdício da ordem de centenas de toneladas anuais”, conta Silva. Carneiro endossa o retrospecto. “Precisávamos de uma extrusora capaz de processar com mais qualidade as aparas com alto índice de impressão para destiná-las a sacos de melhor padrão e resistência”, ele explica. “Outra motivação veio da escassez de pessoal qualificado para lidar com as extrusoras antigas, difíceis de operar, o que encarecia o processo de reciclagem”.
Carneiro retoma o fio sublinhando o objetivo original de conceber uma extrusora de produtividade, versatilidade, baixo nível de degradação, economia energética e índices elevados de degaseificação e homogeneização inalcançáveis na manufatura nacional no gênero. “Outros diferenciais incluem a garantia de dois anos, assistência rápida e baixa manutenção”, reforça o dirigente.
Foi assim, em suma, que, após muito assuntarem e pesquisarem, inclusive no exterior, Welington Alves (hoje fora da sociedade), Fernando e Efraim Paixão e Marcelo Carneiro (as letras iniciais deles formam a palavra Wefem) instalaram em outubro de 2013 a primeira extrusora da marca na planta em Goiânia. “Hoje ela roda com duas linhas”, ele completa.
De lá para cá, deixa claro Carneiro, tem sido só alegria. O portfólio atual cobre extrusoras de 100 a mais de 2.000 kg/h alojadas nas séries Platinum e Titanium, esta última a mais procurada pela flexibilidade para processar diversos materiais, justifica o dirigente. Em periféricos, a Wefem monta moinhos de facas e pastilhas (shredder). Desde a largada no mercado, a empresa instalou mais de 35 extrusoras no país. “Apenas no ano passado batemos o recorde ao entregar 12 linhas de reciclagem, volume correspondente ao dobro da média anual histórica”, comemora Carneiro. •
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