Grupo Multi amplia capacidade de injeção

Investimento na planta em Minas marca o início de uma expansão em peças plásticas
Grupo Multi: ênfase na injeção de componentes para um portfólio diversificado de produtos.
Grupo Multi: ênfase na injeção de componentes para um portfólio diversificado de produtos.

Com suas compras dependentes na maior parte de crédito, bens duráveis têm passado maus bocados no Brasil, fustigados desde 2022 pela inflação, Selic nas alturas e consumidores que, no plano geral, mal dão conta do suprimento de bens de primeira necessidade. O tempo fechado não desanima indústrias de bens duráveis capitalizadas o suficiente para ampliar sua participação nos mercados mediante injeção de sangue bom na capacidade. No cercado dos eletroeletrônicos e produtos de informática, o Grupo Multi forma na ala dos adeptos a investir na baixa. Com mais de 35 anos de estrada, ele acaba de aplicar R$ 45 milhões na compra de um lote significativo de injetoras e na montagem de uma estrutura adequada a elas em sua unidade em Extrema, município mineiro notório pela concessão de incentivos fiscais a indústrias. A propósito, esta companhia nacional começou a verticalizar-se na injeção há cerca de dois anos e o investimento recém-concluído na área deve elevar sua capacidade de produção de injetados a 250.000 unidades anuais. Na filial da Zona Franca, a injeção de componentes é terceirizada. Na selfie atual, o mostruário do Grupo Multi agrupa mais de 7.000 produtos, desde drones a churrasqueiras elétricas, alojados em mais de 10 marcas e comercializado por um contingente superior a 40.000 pontos de venda. Nesta entrevista, o incremento do parque de injeção da empresa (ex Multilaser), por sinal possuidora de laboratório de engenharia na China, é dissecado por Rafael Bueno Rodrigues, coordenador de produto – eletroportáteis nacionais.

Rodrigues: nacionalização crescente de produtos exigirá reforço na capacidade de injeção do grupo
Rodrigues: nacionalização crescente de produtos exigirá reforço na capacidade de injeção do grupo
Desde o ano passado, o consumo brasileiro de bens duráveis, como eletroeletrônicos e aparelhos de informática. é afetado pelo crédito escasso e caro, inflação e poder aquisitivo deprimido. Como este cenário por ora não sinaliza mudanças, qual a motivação do Grupo Multi para investir pesado em injetoras para sua fábrica em Extrema?

Mesmo com a retração de muitos mercados e com todas as dificuldades apontadas, o Grupo Multi, como empresa genuinamente brasileira, acredita muito no potencial do mercado nacional. Desde a década passada ele executa um plano sólido de expansão no setor industrial, com a nacionalização de produtos em diferentes segmentos. Esta ampliação visa um modelo de negócio com o respaldo, desde os primórdios da companhia, da excelente estrutura de importação com parceiros capacitados, produtos de muita qualidade e tecnologia acessível a todas as classes.

Quantas injetoras foram compradas para a planta em Extrema, qual a sua origem e a gama de força de fechamento delas?

Adquirimos 13 injetoras hidráulicas chinesas com força de fechamento de 380 a 450 toneladas. Antes da aquisição desses equipamentos para a planta de Extrema, encomendávamos a injeção de todos os componentes plásticos a parceiros especializados. Como tivemos uma ótima resposta do mercado, optamos pelo investimento das injetoras e em toda a estrutura desse parque fabril, para aumentarmos sua capacidade e, em decorrência, o volume e variedade de produtos produzidos, obtendo ainda uma redução bem significativa de custos aliada à agilidade e controle da produção. Tanto é assim que consideramos essas aquisições o início de um projeto ainda maior, pois temos vários desenvolvimentos em curso visando a nacionalização de mais produtos para diversos mercados, de modo que, muito em breve, vamos precisar ampliar a quantidade de injetoras.

Qual a capacidade instalada para injeção em Extrema?

A planta de Extrema tem potencial para produzir até 100 t/mês com aproximadamente 40 moldes. Em Manaus contamos com cerca de 10 moldes de injeção de plásticos distribuídos entre transformadores locais.

Quais as principais peças injetadas em Extrema e em Manaus?

Para a unidade de Extrema, o foco principal de produção do parque de injeção são peças para eletroportáteis para lar e cozinha, mercado em que o Grupo Multi possui muita expectativa em aumentar sua participação com produtos a começar por ventilares e liquidificadores. Mas também temos planos para injeção em Extrema de componentes para diversas áreas como a já muito bem implementada linha de eletrônicos, notebooks, smartphones e itens como, telas. Outros segmentos cujas peças avaliamos injetar em Extrema são o automotivo, puericultura e pets. Para Manaus, a expectativa é a produção dos equipamentos apoiada em incentivos fiscais locais bem como na excelente infraestrutura oferecida na região. Entre os produtos, constam alguns eletrônicos, a linha de informática, de segurança e principalmente, para a produção de aparelhos e caixas de som.

Como a empresa tem lidado com a escassez de determinadas matérias-primas plásticas e componentes como semicondutores que afetam o mercado mundial desde a primeira onda da pandemia, em 2020?

O Grupo Multi sempre teve como pilar a utilização dos melhores fornecedores e o desenvolvimento de sólidas parcerias em toda a cadeia de insumos produtivos e prestadores de serviços, tanto no Brasil quanto no exterior. Infelizmente, devido a essa escassez de componentes e à dificuldade global de sua distribuição, enfrentamos muitos entraves com custos cada vez maiores, resultando em cenários mais complexos e desafiadores para os resultados da empresa. No entanto, a disponibilidade de determinadas parcerias mantidas há bom tempo nos tem permitido superar esses percalços sem atrapalhar nosso ritmo de produção e planos de expansão.

Como situa a participação dos componentes de plástico em seus custos de produção em 2022 versus 2021?

O Grupo Multi utilizou por vários anos a estratégia de produção por meio de CKDs/SKDs (kits de partes não montadas e semi montadas de produtos) e com a aquisição de componentes plásticos junto a terceiros. Esta metodologia resulta numa contabilização dos componentes plásticos diluídos em outras categorias. Foi basicamente no final de 2021 que ingressamos no processo próprio de injeção, ainda que também recorrendo a parceiros, mas com total controle da cadeia produtiva, incluindo a negociação e compra das resinas plásticas. Assim consideramos que começamos muito fortes no processo industrial de ventiladores em 2022, com uma participação de 2% do custo total produtivo para produção de componentes plásticos relacionados à fabricação de ventiladores para a razão 2022/2023. A expectativa para 2023, por sinal, é aumentar a participação para 4% do custo total produtivo para a manufatura de componentes plásticos, pois vamos ampliar a fabricação de ventiladores para a sazão 2023/2024 e, ainda para o período atual, estamos com o lançamento da linha completa de liquidificadores, além de uma série de projetos em implementação.

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