Eles foram pra cima

Uma coisa típica do Brasil é ano atípico. Mas 2023 foi um período tão singular para o setor plástico nacional que o mercado nunca mais será o mesmo depois deles. O divisor dessas águas resultou de fatores embolados cuja realização simultânea é de arregalar os olhos. Até o momento, 2023 é considerado o ano mais quente já registrado, uma fornalha acesa pelas mudanças climáticas que puniram o Brasil e sua cadeia plástica com recordes de seca no Amazonas e de tempestades e inundações no Sul.
No plano do consumo, 2023 foi o ano em que o Brasil, mesmo com inflação e juros de dois dígitos e crédito e poder aquisitivo deprimidos, recebeu volumes descomunais de importações de PP, PE e PVC, efeito da superoferta mundial aliado à oferta doméstica insuficiente dessas resinas, cenário a se manter com a petroquímica brasileira estagnada. 2023 também fica como o ano que deixou visível de vez o redesenho do mapa da transformação de flexíveis, a cargo de capitalizadas indústrias do Sudeste que partiram plantas em Manaus para mamar incentivos fiscais e importações de resinas pelo porto livre local. Desse modo, a Zona Franca já papou a liderança em filmes industriais e não demora a chefiar outros campos sensíveis de flexíveis. Para não alongar listão de fatos atípicos, 2023 também marca como o ano em que toda empresa que se preze se diz sustentável de carteirinha e, apesar disso, o plástico pós-consumo reciclado de qualidade passou a sofrer, no mundo e aqui, com os preços próximos ou até mais caros que o da alternativa preferida da superofertada resina virgem.
Toda essa realidade espinhosa explica porque devem ser encarados de forma diferenciada as empresas e profissionais considerados pelo mercado os melhores do ano, fazendo jus ao Prêmio Plásticos em Revista (PPR) 2023, entregue em evento realizado em 22 de novembro no espaço paulistano Vila dos Ipês.
A organização do PPR é adepta da filosofia de que a perfeição é uma meta. Assim, as feições do evento não são definitivas; sempre há o que melhorar ou atualizar. Essas antenas ligadas na conjuntura inspiraram a estreia este ano de duas categorias na premiação: o reconhecimento da excelência na gestão dos negócios, através da entrega do PPR Top Líder Empresarial, e dos destaques em tecnologias e inciativas sustentáveis, através do PPR Top Plástico Circular. •