Por ter camarote em bens duráveis, PVC escapa das pauladas diárias desferidas por ambientalistas no lombo dos plásticos de uso único. Mas o vinil também ofega com uma cruz nas costas, colocada pelo seu mega excedente mundial em colisão com uma construção civil mal das pernas até segunda ordem, agonia causada pelo zilionário piripaque imobiliário na China e pelo sufoco nas obras e vendas de residências e imóveis corporativos na Europa e EUA. Em reflexo automático, os balanços de pilares da transformação de materiais vinílicos de construção naufragaram em 2023 e nas esquinas do ramo o consenso é de que não está fácil manter aberta uma fresta e otimismo neste tumultuado 2024.
Os números falam por si. Conglomerado com braço em petroquímicos como PVC e materiais de construção, a múlti mexicana Orbia, líder em tubos na América Latina, fechou 2023 com vendas totais de US$ 8.2 bilhões, cifra 15% abaixo do saldo anterior, relata a nova edição digital da revista Pipe & Profile. Sua divisão de tubos, Wavin, acusou descida de 8% nas vendas do ano passado, estacionadas em US$ 2.7 bilhões, e rentabilidade 27% inferior, da ordem de US$ 142 milhões, resultado atribuído ao mercado de crista baixa na Europa, Oriente Médio e África, com discreta melhora no restante da Ásia e Américas do Norte e Latina.
A Orbia controla mais dois negócios na extrusão de dutos e ambos avermelharam no último período. Com sede nos EUA, a receita da Dura-Line caiu 18%, restrita a US$ 1.125 milhão e lucro operacional 13% menor, da ordem de US$ 279 milhões, reporta o artigo no site de Pipe & Profile. Por seu turno, as vendas internacionais da israelense Netafim, verbete em dutos de irrigação por gotejamento, recuaram 2% em 2023, para cerca de US$ 1 bilhão, enquanto o lucro operacional desceu 32%, cravando US$ 13 milhões.
Nos EUA, o site de Plastics News anuncia o fechamento em agosto, no estado de Kentucky, de uma das três plantas no país da Mikron Plastics, transformadora de perfis para portas e janelas. Por comunicados ao estilo conta-gotas a partir de 7 de junho, 140 funcionários serão demitidos. O adeus da planta é atribuído a pressões de preços e demanda em fogo brando nos EUA, cujo mercado imobiliário demonstra sensível desvalorização, ilustrada pela venda de shoppings imposta pelo e-commerce e prédios corporativos com alta taxa de vacância, efeito do home office. A Mikron foi comprada em 2004, por US$ 205 milhões, pela texana Quanex Building Products. Com suas três plantas, ela faturava à época US$ 215 milhões.
Na Europa, a belga Deceuninck, referência na extrusão de perfis, penou em 2023 com vendas de US$ 946 milhões, mais de 11% inferiores ao período anterior, esclarece a edição digital de Pipe & Profile. Entre as decepções do balanço, despontam os movimentos declinantes na Europa e EUA, respectivamente -1%% e -26%. Já a suíça Georg Fischer aferiu receita de US$ 2 bilhões em 2023 pela sua divisão de tubos, montante equivalente a descida de 16% versus 2022 e, quanto ao lucro operacional, caiu 5%, mantendo-se na faixa de US$ 308 milhões, esclarece matéria em Pipe & Profile. Em 2023, por sinal, a Georg Fischer comprou a transformadora Corys Piping Systems, nos Emirados Árabes Unidos, e a finlandesa Uponor. Esta última, aliás, entrou no modo sofrência no último balanço com queda de 12% no faturamento, que totalizou então US$ 1.3 bilhão, e com US$ 164 milhões de rentabilidade, menos 2% perante o lucro operacional de 2022.