Cartão vermelho pra quem posa de verde

Presidente da Abief contesta troca de shrink por cartão em multipack de cerveja
Mani: cervejarias mais interessadas no marketing que na essência da sustentabilidade

Nem todas as cervejas descem redondo quando o assunto é sustentabilidade. É o caso daquelas que abraçam ideias consideradas de DNA verde, mas que amarelam diante de científicas prova dos nove da circularidade. Um exemplo dessa enganação agora trombeteada no Brasil são as declarações de marcas consagradas reiterando amor eterno à natureza ao substituirem filme shrink por cartonado em multipacks de suas louras geladas. Nesta entrevista, Rogério Mani, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), serve a verdade sem colarinho e bem encorpada.

1Cada vez mais as marcas de cervejas anunciam no Brasil a troca de shrink por cartão em multipacks, como inciativa sustentável, e adiantam o mesmo para refrigerantes. O que a indústria de flexíveis cogita para contestar e frear esta tendência?
Há várias condicionantes para realmente termos uma migração massiva do shrink para cartonados em multipacks. Os mercados são dinâmicos e entendemos esta troca como mais uma briga entre marcas querendo mudar seu posicionamento nas gôndolas do que uma questão relativa à sustentabilidade. Afinal, o plástico permanece imbatível em qualquer comparativo com materiais sobre análise de ciclo de vida (ACV). No caso em foco, shrink tem a melhor performance, maior produtividade nas linhas de empacotamento, maior segurança para transportar e peso e custo muito menores que os indicadores do cartonado. Tem mais: cabe lembrar que a mudança de materiais implica investimentos significativos nas linhas de produção.
Volto aqui ao principal ponto de atenção: a ACV. Minha preocupação é com a onda de sustentabilidade midiática. Sob influência dela, as empresas estão mais interessadas no marketing que na essência da sustentabilidade. É legitimo, óbvio, que a indústria papeleira busque alternativas e brigue por espaços, mas a decisão dos clientes brand owners (cervejarias, no caso) é a que realmente define se procede ou não a troca de shrink por cartonado como sobreembalagem de mulipacks. Acredito que muitas empresas usuárias do cartonado começam a perceber que o tripé Sustentável/Social/Econômico tem de fechar e, muitas vezes, não fecha. Estamos abertos para debater com brand owners os prós e contras de cada opção de sobreembalagem. O mais importante é termos consciência do que realmente é a solução correta, pois como já mencionei, a decisão final cabe a quem compra a cerveja e é preciso incutir nesse consumidor a certeza de estar levando o produto mais sustentável em ciclo completo. A propósito, notam-se em muitos PDVs multipacks de cerveja sobreembalados com cartonado envolvido por shrink!

2 A notícia da substituição de shrink em cerveja e refrigerantes  também chega à imprensa por  marcas de papel cartão, várias delas detratoras em público dos plásticos. A Abief planeja revidar ou prefere continuar a ver o plástico agredido em silêncio?
Estou no mercado há muitos anos e sempre houve uma ética entre as opções de materiais e o fato é que, ao final das contas, o plástico ganhou mercado de todos os seus candidatos a substitutos. A reação irada deles é normal. Não acho que devamos ir para o confronto, uma forma agressiva desnecessária, antiética e de mínimo efeito concreto.

3Qual a produção brasileira de shrink no ano passado e quais as suas perspectivas?
A produção de shrink em 2021 girou em torno de 200.000 t/a. Teve participação de 9% na produção de embalagens plásticas flexíveis no mesmo período. Trabalhamos com a perspectiva de que ganharemos mais mercado à medida em que o consumo melhorar, pois a resposta da nossa indústria é mais rápida, nossa fonte de matéria-prima é escalável muito superior ao papel e nossa indústria de reciclagem cresce exponencialmente para viabilizar teores crescentes de PE para segundo uso na composição do shrink.

 

Battistini Serviços
Sem essa de filmes de mistério

Pronto-socorro para perrengues na produção e impressão de embalagens flexíveis, a Battistini Serviços acusa, no balanço do atendimento a transformadores de shrink, cinco demandas mais frequentes. “A maior procura é para recuperação de borras de tintas e tintas velhas paradas”, distingue o diretor químico Rodrigo Battistini, A seguir, alinham-se questões sobre redução de aparas e set up de máquinas; treinos para operadores de impressoras e extrusoras; encrencas com filmes lisos durante e após a extrusão (riscos, caroços e acertos de planicidade, por exemplo) e, por fim, chamados para restauração de impressoras. À parte soluções para shrink, duas áreas prometem despontar na atuação da Battistini no ano que vem: a redução de aparas e a recuperação de bobinas impressas. Quanto ao primeiro item, Rodrigo enfatiza seu programa de qualificação do chão de fábrica enfocando cada passo do processo. “Por exemplo. acertos e trocas de bobinas da extrusão até o fim da impressão e refiles na extrusão; se necessário, levamos bobinas ao cliente para ajustar a extrusora”, ele sublinha. Em relação à recuperação de filmes impressos (já cortados ou em bobinas) e alvos de devoluções, o diretor acena com a excelência de formulações desenvolvidas internamente, caso de um verniz recuperador. Rodrigo também encaixa, entre os diferenciais da Battistini, um esquema de recuperação de tintas para flexo e roto que inclui a conveniência de um laboratório portátil levado à planta do cliente.•

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