Bate mais sol na cobertura

Melhora o clima para o roteiro dos agrofilmes esquentar

Uma lacuna crônica da plasticultura brasileira é o deserto de números atualizados, de modo que sua imagem resulta numa foto meio desfocada e que requer algum esforço da imaginação do observador para ter uma noção mais próxima da nitidez da realidade. Jogando esse jogo, a área do cultivo protegido, palco dos agrofilmes, progrediu de 13.000 hectares em 2005 para 30.000 em 2018, atesta a última medição do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plástico na Agricultura (Cobapla), destacando a expansão de estufas e silo bolsa.
Embora o Brasil seja um agrotitã de dimensões continentais e mesmo considerando-se que seu cultivo protegido cresça com moderação ano a ano, o fato é que continua a apanhar feio de países menores e sem a nossa pujança no campo, a exemplo do Japão, México e Espanha. O xis da questão são, em essência, a carência de crédito ao alcance do bolso murcho do agricultor familiar – o pivô do plantio de hortifrútis – e o baixo consumo desses alimentos num país que forma entre os principais produtores mundiais. Mas a visão do copo meio cheio começa a prevalecer. Fala por si a mega instituição financeira cooperativa Sicredi, dedicada a suportar o pequeno e médio agricultor. Ela aplicou R$ 29 bilhões na safra 2020/2021 em 200.000 operações destinadas em 80% à agricultura familiar, sem falar nas fintechs que hoje brotam na horticultura ofertando plataformas de crédito que ligam o produtor à cadeia de insumos. Outro sinal de clima melhor para agrofilmes: a demanda de orgânicos vem saindo da meia luz, movida pela apologia da alimentação saudável e receitas veganas de masterchefs na mídia.
O segmento de agropecuária, no qual constam os agrofilmes, fechou 2020 com 172.000 toneladas produzidas de embalagens flexíveis versus 118.000 em 2019. O comparativo consta de estudo da consultoria MaxiQuim para a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (Abief). De janeiro a junho último, a pesquisa totaliza a produção de flexíveis em 980.000 toneladas contra 1.026 milhão no mesmo período no ano passado. A participação da agropecuária foi projetada em 105.000 toneladas (16% a mais que em 2020) ou 10% da produção geral de flexíveis no primeiro semestre contra 8,8% no mesmo período no ano passado. Ao cruzar esses dados com o toque do agronegócio, Rogério Mani, presidente da Abief, prevê expansão de 10% para o segmento este ano com pista livre para o cultivo protegido decolar. “No plano geral do ranking dos filmes, a parcela dos destinados ao campo ainda é pequena, mas de potencial extraordinário”.

Aditive
Tem de tudo

Masters de estabilizantes UV são os que mais giram na prateleira de soluções para agrofilmes da componedora Aditive. “Lideram a preferência pelo alto padrão na proteção contra raios solares e uma qualidade de performance inalterada mesmo diante de qualquer nível de uso de defensivos, seja baixo, moderado ou alto”, afiança o presidente João Ortiz Guerreiro. Entre as sacadas recém-saídas do seu pipeline, o dirigente cita a série completa de aditivos para filmes de estufas, túneis e mini túneis, uma família que acomoda tipos anti UV, antiestático (M9028), com dois anos de eficácia garantida); antifogging (M2660), para evitar o acúmulo de gotículas de água condensadas no filme, contemplando-o com alta transmitância de luz, e o concentrado contendo difusor de luz (Masterfil M9446). “Distribui a luz de maneira homogênea, contribuindo para o crescimento rápido e uniforme dos hortifrútis”, destaca Ortiz. No arremate, ele encaixa os préstimos de seu master antiviral e anti-UV (SL-L4222) para reduzir a incidência de insetos no interior da estufa.

Viés de alta
Thiago Teixeira, diretor comercial da Negreira, motor turbo na transformação nacional de filmes para estufas, mulch, túneis e silagem, trabalha com a expectativa de crescimento intenso este ano. “O uso do plástico no cultivo protegido melhora o aproveitamento de água no plantio, vantagem tornada ainda mais oportuna pela estiagem que castiga o Centro/Sul”. No pódio dos mercados de agrofilmes, lente setoriais atribuem a São Paulo 50% da demanda, seguido pelo Sul e Minas com respectivos nacos de 20%. Quanto ao seu movimento de silo bolsa, o executivo comenta que a abundância de crédito para grandes produtores rurais, a safra superior a 200 milhões de toneladas de grãos, a dificuldade de escoamento dessa produção e o encarecimento do frete rodoviário para sua comercialização (agravado pelo déficit de estocagem estática) aditivam a temporada de caça à silagem em PE. De volta à horticultura, o único senão que Teixeira levanta é a penúria de crédito e subsídios à agricultura de menor escala, retardando assim sua evolução.
A frequência de reajustes nos preços e de insuficiência de PE virgem têm alargado o acesso da resina reciclada aos agrofilmes, um respiro para os custos de produção num negócio de baixa rentabilidade, argumenta o diretor da Negreira. “Muitas vezes, o próprio produtor rural requisita produtos não de primeira linha ou contendo teores maiores de reciclado em sua composição, como alternativa para evitar um aumento considerável nos preços dos filmes”.
Filmes de uma a três camadas predominam com folga na plasticultura nacional. Como o clima no Brasil oscila muito menos que no Hemisfério Norte, alega Teixeira, a exigência de uma quantidade maior de camadas para suportar drásticas variações térmicas é bem menor por aqui. “Diante disso, a qualidade do filme para uso na agricultura brasileira tende a estar mais ligada ao desempenho do PE que ao número de camadas”.

Cromaster
Expansão bem tramada

A depender da sazonalidade e entressafras, o agronegócio hoje abocanha de 15% a 20% dos volumes vendidos de concentrados da Cromaster, trem expresso nacional em materiais auxiliares. “Essa participação cresceu mais de 70% durante os últimos cinco anos”, constata o sócio e diretor comercial José Fernandes Basílio. O reduto da plasticultura em que a Cromaster mais atua é o de concentrados de cores base polipropileno, eventualmente aditivados para resistir ao intemperismo, destinados a sacos de ráfia. O dirigente exemplifica com marrom juta para açúcar, amarelo para batata, vermelho para cebola e verde para limão. “Também é procurado nosso concentrado aditivado para evitar o fibrilamento excessivo do fio no corte do tecido, o que prejudica muito a produção da trama na tecelagem da sacaria”. No arremate, Fernandes enaltece seu portfólio de masters pretos, com teores de negro de fumo específicos para proteger PVC e polietileno das condições ambientais de trabalho em dutos de irrigação.

Cegueira nos tripes
PE polariza as atenções no cultivo protegido e lonas de silagem. Produtora da poliolefina, a Braskem para esse campo, em especial, com variantes de polietileno de baixa densidade linear metalocênicos (PEBDLm). “Conciliam as propriedades necessárias à aplicação com a possibilidade da redução de espessura”, sumariza Ana Paiva, coordenadora de desenvolvimento de mercado para o agronegócio. Fora do canteiro das resinas lineares, ela recorre ao grade PEBD TX7001, de propriedades ópticas e peso molecular elevados. “Garante excelência na performance e processamento de filmes de grandes dimensões e é a pedida para estufas, por razões como sua facilidade para permitir a passagem e espalhamento da luz no viveiro”.
Entre os hits da temporada na plasticultura, Ana cita o consumo acima de 144.000 unidades de solo bolsa em 2020. “Uma demanda mais de 36% superior ao resultado anterior”, ela compara. No front das sacadas saídas do pipeline da Braskem, ela fica com o filme de PE beneficiado com agente anti-inseto para banana, resultante de parceria com a transformadora Multinova e Basf e validação experimental com a Universidade Estadual Paulista. “O aditivo interfere na visão do inseto tripes, impedindo-o de localizar a fruta e dispensando, portanto, a necessidade de inseticida”. Em paralelo, seguem os trâmites da implantação, formalizada em acordo em fevereiro de 2019, do denominado Centro de Pesquisa de Plasticultura, por parte da Braskem e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). Cada uma investirá R$ 800.000 anuais no empreendimento por 10 anos e Ana prevê de que o centro esteja ativo em 2022, alojado numa universidade ou instituição de pesquisa em São Paulo.

“Cromex”
Retrato em branco e preto

Quando o assunto é plasticultura, a Cromex comparece com um retrato em branco e preto. O arsenal da mega componedora para o segmento inclui masters brancos para silo bolsa, pigmentado com dióxido de titânio específico para prover o filme de polietileno da necessária resistência ao intemperismo, frisa Giovanni Dias, coordenador de tecnologia de produto. Do lado dos masters pretos, ele distingue no mostruário os tipos de alto poder tintorial e dispersão dirigidos a mulching, os grades que auxiliam no processamento de tubos de irrigação e os concentrados que viabilizam o aumento da vida útil de geomembranas. No compartimento dos filmes para estufas, Dias exalta o desempenho de aditivos da Cromex como o tipo antitérmico. “Reduz a temperatura no interior do viveiro, elevando assim a eficiência de determinados cultivos”. No canteiro da sustentabilidade, o técnico acena para filmes de cultivo protegido com os masters da linha rC-Black. “Empregam negro de fumo recuperado de pneus descartados e apresentam dispersão diferenciada e intenso poder tintorial, conjugando a perfeição no desempenho com a economia circular”.

Acima da média
Talismã da tecnologia nacional de extrusão blown, a Rulli Standard tem na máquina para gerar filmes coex de três camadas e oito metros de largura útil o seu carro-chefe para o agronegócio, indica o gerente comercial Silvio Davi Pires. “O movimento deste ano deve bater o de 2020”, ele confia.
Entre as aplicações mais focadas para esta coextrusora, ele destaca filmes para estufas e silos. No plano dos diferenciais do equipamento, Pires se vale do poderio da TI embarcada, motores de baixíssimo consumo de energia e resistência mecânica e vida útil dessa linha acima da média da concorrência. “Trata-se de um equipamento de excelente controle da variação de espessura na produção econômica de filmes de qualidade superior”, ele frisa.

“ExxonMobil”

PE nobre da ExxonMobil nina e nutre o cultivo protegido

Formadora de opinião global em poliolefinas, a norte-americana ExxonMobil bombeia e catalisa com polietilenos lineares (PEBDL) de elite a evolução de filmes para estufas, mulch e silos bolsa e fardo. Uma panorâmica dos desenvolvimentos tirados do forno é descortinada nesta entrevista por Fabiana Grossi e Igor Xaia, respectivamente líder global de desenvolvimento e especialista no desenvolvimento do mercado agrícola.

Quais os avanços nas características técnicas de seus grades de PEBDL para sacaria de fertilizantes e sementes?
O saco liso oferece um empacotamento mais eficiente, de excelente barreira à umidade e com possibilidade de reciclagem pós-consumo. Nossas soluções com a linha de polímeros de alto desempenho Exceed XP™ melhoram a integridade física dessa embalagem e conferem redução de até 36% da espessura da embalagem em relação ao padrão de mercado. Ou seja, dupla economia de matéria-prima e com menos perdas no campo durante a armazenagem e uso dos insumos. A família de produtos Exceed XP™ também sobressai pelas propriedades mecânicas e oferece ao transformador de filmes a opção de agregar a elas resinas oriundas de fontes recicláveis, como aparas industriais e resíduos pós-consumo). O excelente desempenho mecânico dessa linha permite esse tipo de incorporação no material extrusado para a sacaria lisa, aliando assim circularidade com funcionalidade.

O cultivo protegido e silagem têm inspirado desenvolvimentos nos grades diferenciados de PEBDL da ExxonMobil?
Introduzimos recentemente o grade Enable™ 2203 com o atrativo do excelente balanço entre propriedades mecânicas e estabilidade de balão na extrusão tubular. Por seu turno, a já referida linha Exceed XP™ contempla os transformadores com filmes para estufas que sobressaem em propriedades físicas como a resistência à perfuração, ruptura e às intempéries, suportando o processo de instalação do viveiro e o trabalho sob condições climáticas extremas. No âmbito de mulching, transformadores em busca de diferenciação podem utilizar materiais para desenvolvimento do revestimento impermeável de solo (total impermeable mulch), cujo poder de barreira acarreta vantagens para cultivos muito dependentes de recursos como pesticidas, fungicidas e água. Por fim, filmes para silo bolsa também integram a vocação das resinas lineares Exceed XP™ e Enable™. O avanço de suas propriedades mecânicas possibilita a redução de espessura e custos da película, mantendo ou até melhorando seu desempenho, diminuindo ainda para o transformador a necessidade de combinar essas nossas soluções com PEBD para extrusar o filme para silagem.

Como suas resinas para agrofilmes correspondem às expectativas em quesitos como diminuição de parede e duração?
Nosso portfólio contém soluções especificas para filmes ultra resistentes e elevada vida úti, até mesmo em menores espessuras e expostos à ação de luz solar e defensivos. A título de referência, o grade Exceed XP™ 6026 possui excelente resistência ao fundido e permite a produção de filmes sob medida para estufas e mini túneis, de impecáveis características físicas, espessuras entre 80-220 micra e elevadas larguras úteis. Por sinal, a série Exceed XP™ foi desenhada para substituir os blends de PEBDL/PEBD ou reduzir a dependência do uso de PEBD na extrusão, permitindo aos transformadores aumentar a produtividade e otimizar suas formulações. Nesse ponto, aliás, a resina Enable™ 2203 se impõe devido ao balanço superior entre atributos mecânicos e condições de processamento, inclusas a estabilidade do balão e a facilitada extrusão blow.

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