Aura verde de alto valor energético

Leveza e tamanhos menores embalam PET na líder em bebidas não alcoólicas

Não há componedor de masterbatch que ignore o vermelho coca cola. Mas pelo vai da valsa, falta pouco para o verde formar nesta categoria de concentrados de cores. Pelos indicadores do seu mais recente relatório de sustentabilidade, a Coca-Cola Brasil consumiu 149.916,6 toneladas do poliéster em 2016, volume seguido de longe pela lata, com 52.183 toneladas; vidro, com 25.674, e caixa cartonada, com 8.774,7 toneladas. O mesmo estudo revela pistas para o setor plástico pressentir no que vai dar o uso do material na empresa. Por exemplo, a Coca-Cola Brasil pretende ampliar até 2018 a presença de embalagens menores (até 250 ml) a mais de 70% dos seus pontos de venda e, na mesma toada, planeja expandir o uso de PET e de garrafas retornáveis no portfólio de 19 marcas com 152 produtos em seu bojo. No ano passado, esse mix atingiu vendas de 9,3 bilhões de litros. Na entrevista a seguir, Thais Vojvodic, gerente de Valor Compartilhado da Coca-Cola Brasil, descerra uma selfie da mentalidade sustentável da companhia e seus efeitos sobre o uso de PET.

Thais Vojvodic: peso das garrafas PET caiu 17% em oito anos.

PR – Qual a incidência de uso de PET reciclado bottle to bottle (BTB) nas garrafas plásticas da Coca Cola?
Thais Vojvodic – Lançada em 2011, a embalagem PET produzida parcialmente de garrafas do poliéster pós-consumo recicladas foi pioneira no mercado. Na fabricação da resina reciclada (BTB), as embalagens coletadas são selecionadas e trituradas, gerando flocos que passam por rígida limpeza e desinfecção até atingirem o grau de pureza adequado à produção de novas garrafas. Cerca de 35% do portfólio de PET da Coca-Cola Brasil tem hoje 15% de conteúdo reciclado. Nosso objetivo é que esse indicador aumente nos próximos anos, mas o desafio para o crescimento dessa proporção é a estruturação da cadeia informal e o aumento do valor agregado do material.

PR – Como a Coca-Cola Brasil avalia a possibilidade de utilizar PET BTB em garrafas de produtos fora da categoria de refrigerantes?
Thais Vojvodic – Sob a lógica da economia circular, nenhum componente de um produto deve ser encarado como resíduo. Parte essencial do nosso negócio, as embalagens são desenvolvidas considerando todo seu ciclo de vida e são 100% reaproveitáveis, ou seja, podem e devem voltar ao ciclo industrial. Porém, a implementação da cadeia circular é um desafio global. É nosso compromisso atuarmos em diferentes frentes para contribuir, cada vez mais, com este objetivo. Para viabilizar o aumento do uso de matéria-prima reciclada nas embalagens produzidas, é preciso investir no desenvolvimento social e estrutural da cadeia informal e fomentar o trabalho em rede. Coca-Cola e AmBev comunicaram conjuntamente em 4 de outubro ultimo uma parceria inédita de investimento conjunto em apoio a cooperativas de catadores, através da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat) – uma metodologia unificada com o objetivo de otimizar os recursos e a inteligência gerada a partir de uma plataforma que poderá incluir outros players de imediato. O trabalho conjunto da indústria cria condições de conexões de fornecimento de PET (e outros materiais) e prepara as cooperativas para se ajustarem às necessidades dos recicladores.

Coca-Cola vende saúde cada vez mais

Prova recém-saída do forno de como a Coca-Cola está antenada na tendência de saudabilidade em torno de bebidas não alcoólicas, da qual os refrigerantes são a primeira vítima, é a sua entrada em águas flavorizadas através do lançamento de Crystal Sparkling. Ofertada em garrafa PET de 510 ml e em latas de conteúdo menor, consta de uma família de água gaseificada contendo aromas naturais em dois sabores: limão e camomila e tangerina e capim limão. O desenvolvimento dessa bebida sem açúcar, adoçantes e conservantes contou com a participação de especialistas em gastronomia, aromaterapia, plantas e ervas e um bartender.

PR – Uma medida de economia e sustentabilidade, a redução de peso das garrafas hoje é uma obsessão dos setores de alimentos e bebidas. Quais os principais exemplos recentes nesse sentido em garrafas de produtos da Coca-Cola Brasil nos últimos dois anos?
Thais Vijvodic – Estamos evoluindo no desenvolvimento de embalagens cada vez mais leves. Esse avanço está alinhado à nossa estratégia de diminuir o uso de matérias-primas na produção de nossas embalagens. Tem a ver também com o apoio ao princípio da economia circular de preservar e aprimorar o capital natural, controlando o uso dos recursos finitos. De 2008 a 2016, conseguimos reduzir a gramatura das embalagens PET em 17%, em média. Em relação às garrafas de vidro, também inovamos nos processos de produção e obtivemos, nos últimos anos, na embalagem de 290 ml, por exemplo, uma redução no seu peso de 36%. O processo, denominado light weight, ao mesmo tempo em que torna as embalagens mais leves, aumenta sua resistência. Vale destacar que cada inovação de light weight passa por inúmeros testes para assegurar que o novo peso da embalagem não trará prejuízos ao produto. Após a aprovação, a embalagem pode levar até três anos para ser adotada por todas as fábricas. Em 2015, quando foram desenvolvidas as primeiras garrafas sob este conceito, o percentual de implantação era de 5%, hoje se encontra entre 60% e 70%.

PR – Pelos indicadores setoriais de 2016, falta pouco para a produção nacional de água mineral ultrapassar a de refrigerantes, efeito do apelo da saudabilidade. Em paralelo, cresce ( aqui e no mundo ) a pressão da saúde pública e classe médica para diminuir o consumo de refrigerantes mediante tributação sobre bebidas açucaradas. Na visão da Coca-Cola Brasil, sob efeito dessas pressões, o consumo de refrigerantes deve continuar a crescer no país (mesmo a taxas menores), arrefecer ou estagnar nos patamares atuais?
Thais Vojvodic – Em todo o mundo, estamos evoluindo para nos tornar uma companhia de bebidas completa, reformulando a estratégia de crescimento e modelo operacional para alinharmos às mudanças no gosto e nos hábitos de compra do consumidor. A marca Coca-Cola será sempre o coração e a alma da The Coca-Cola Company, mas a empresa foi além. O Sistema Coca-Cola Brasil, por exemplo, é o maior produtor de bebidas não alcoólicas do país e atua em nove segmentos – água, café, chás, refrigerantes, néctares, sucos, lácteos, bebidas esportivas e à base de proteína vegetal – com linha de mais de 152 produtos, entre sabores regulares e versões zero ou de baixa caloria. Essa é a nossa meta, impulsionar o crescimento, construindo e trazendo para o mercado marcas “centradas no consumidor” – incluindo mais opções com baixo ou nenhum teor de açúcar e bebidas de categorias emergentes.

PR – Em mercados desenvolvidos como os EUA, é significativa a venda de sucos líquidos em embalagens plásticas, mais simples e baratas de reciclar que as caixas cartonadas, embalagem hiper dominante em sucos líquidos no Brasil. Por que a Coca-Cola Brasil, dona dos sucos Del Valle, não adere aos recipientes soprados para diferenciá-los da concorrência em caixa cartonada e fortalecer seu engajamento no desenvolvimento sustentável?
Thais Vojvodic – A embalagem cartonada tem um papel bastante importante em relação à segurança alimentar e durabilidade de conservação do produto. Sua reciclabilidade vem crescendo no Brasil, conforme a evolução de tecnologias de beneficiamento do material e aumento do mercado. No cômputo de nove segmentos de atuação, apresentamos 152 produtos e 30 opções de embalagens. Essa grande diversidade de embalagens da Coca-Cola Brasil, tanto em tamanho quanto no tipo do material, oferece ao consumidor opções mais seguras e adequadas às suas necessidades, ao seu perfil e às diferentes ocasiões de consumo. Em paralelo, estamos constantemente nos desafiando para aumentar o índice de sustentabilidade das embalagens. Por exemplo, a Coca-Cola Brasil lançou em março passado os sucos Del Valle 100% Suco (Uva, Laranja e Maçã) e Laranja Caseira em garrafas PET de 300ml. A marca aposta em inovação: saem as embalagens cartonadas e entram garrafas PET com uma película protetora à luz (que não afeta a reciclabilidade do plástico). Com a nova apresentação, a Del Valle traz um produto que mantém a segurança, facilita o consumo e, assim, proporciona maior conveniência a quem busca um suco nutritivo e tem uma rotina cada vez mais corrida.

PR – Décadas de pedagógica catequese da população em prol da destinação correta de garrafas vazias pós consumo acusam resultados a desejar. Diante desse saldo frustrante, como a Coca-Cola Brasil enxerga a hipótese do estabelecimento de medidas punitivas (multas, por exemplo) para esse descarte incorreto?
Thais Vojvodic – Acredito que não cabe à indústria opinar se medidas punitivas são a solução para a mudança de hábito da população. A Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê o papel da população como responsável por separar resíduos orgânicos e inorgânicos em seus lares. Porém, a cadeia toda tem desafios complexos e precisa evoluir em paralelo. O processo de educação das pessoas deve ser um esforço coletivo.•

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