A pausa que refresca

Filme biodegradável indiano retarda deterioração de hortifrútis exportados

Nº1 do Brasil na produção de melão e melancia e na exportação de frutas in natura, a cearense Famosa Agrícola tem tudo para também largar em primeiro numa frente do desenvolvimento sustentável. Após prolongados experimentos, ela já avalia o transporte marítimo para a Europa de papaia embalada em FlexFresh, patenteado filme da indiana Uflex que se biodegrada quando submetido à compostagem. “Papaia é uma espécie muito sensível e, com base nos ensaios bem sucedidos, enxergamos a oportunidade de oferecer FlexFresh para outras frutas e vegetais no mercado brasileiro”, adianta N. Siva Shankaran, vice-presidente da Uflex.

Na ativa desde 1985 e sediada em Noida, cidade satélite de Nova Delhi, a Uflex é a maior transformadora de flexíveis da Índia, com faturamento da ordem de U$1 bilhão e, além das bases no país de origem, possui fábricas nos Emirados Árabes Unidos, Polônia, México e EUA, sendo verbete global em filmes como os biorientados de poliéster (BIOPET) e polipropileno (BOPP). FlexFresh é produzido desde 2014 em Noida para suprimento mundial e a hipótese de transpor a película a outras plantas da múlti indiana depende do volume de pedidos e da base de clientes no continente em vista, condiciona Shankaran.

Em parceria com a holandesa Perfotec B.V, a Uflex concebeu FlexFresh para ampliar a vida útil de alimentos frescos da Índia. Os pesquisadores constataram que nenhum polímero convencional testado para ampliar o shelf life de frutas in natura apresentava, em separado, desempenho igualmente satisfatório nas funções de barreira à água e ao oxigênio. As soluções de flexíveis então conhecidas duelavam com o problema de condensação da água no interior do saco e os frutos assim protegidos acusavam intensa transpiração. A tecnologia de atmosfera modificada foi reprovada nos ensaios pelo alto teor de dióxido de carbono dentro dos sacos, alterando as propriedades organolépticas, um ponto crítico devido à necessidade de oxigênio para manter o produto em condições aeróbicas. Durante a transpiração, a umidade libera e condensa no interior da embalagem, infeccionando o alimento fresco com fungos e bactérias.

Romãs para exportação: economia com frete marítimo viabilizada por FlexFresh.

A partir de não revelado polímero de fonte renovável, FlexFresh foi cinzelado como embalagem capaz de assegurar as requeridas barreiras ao oxigênio e água em alto nível. Ao conservar 98% da umidade no interior da embalagem, o biofilme mantém o conteúdo totalmente seco, zerando a possibilidade de condensação da umidade e, por tabela, assegura baixa perda de peso ao alimento envasado que, por sua vez, continua a respirar no oxigênio hidratado no interior do saco. FlexFresh alia a ferramenta da atmosfera modificada ativa aos préstimos do medidor de respiração rápida e do sistema de perfuração a laser, tecnologias providas pela Perfotec B.V. O medidor verifica a taxa de respiração do produto envasado, informação utilizada para o sistema a laser adaptar a permeabilidade do filme polimérico com auxílio da matriz de perfuração. A compostagem da embalagem transcorre na média de 180 dias.

“A principal vantagem de FlexFresh é proporcionada pela logística, através da mudança da remessa aérea para a marítima, economizando custos e mantendo o frescor do produto embalado com mínima perda de peso sob o transporte mais demorado”, salienta Shankaran. “Além do mais, salienta, o filme é 100% biodegradável e supermercados no mundo inteiro cobram incansavelmente embalagens sustentáveis para alimentos frescos”. Ao reduzir o teor de oxigênio no pacote, reitera o vice-presidente, FlexFresh retarda a incidência de oxidação, garante menor perda de umidade e afasta a possibilidade de a condensação causar a deterioração do conteúdo. “Até hoje desconhecemos filme monocamada biodegradável capaz de atender a um espectro tão vasto de alimentos”, acentua o dirigente.

Na Europa, distingue Shankaran, sacos de FlexFresh são empregados para o transporte de itens como aspargos, brócolis, blueberries, couves, cerejas, ervas feijão, cebola ou ervilhas, caminhos abertos pela Uflex aliada a supermercadistas e agricultores. “Na América Latina, o filme faz sucesso em banana e abacaxi da Costa Rica, blueberries, uvas, romãs e cerejas no Chile e flores no Equador”, alinha o executivo.

As flores, por sinal, são vistas como um jardim sob medida para FlexFresh brotar. No caso, a típica cadeia de suprimentos parte do agricultor com escalas morosas nas centrais atacadistas, revendedores e floriculturas até chegar ao consumidor. As plataformas de e-commerce encurtam este trajeto, aproximando o reduto do cultivo ao público final e, no embalo, a Uflex acena com a proposta de se remeter pelo correio flores encomendadas on line e embaladas em FlexFresh sem água, evitando o risco de contaminação cruzada no contato com outros produtos nos malotes postais. Pelas análises da transformadora indiana, o biofilme preserva as flores despachadas por 10 a 15 dias, prazo por sinal suficiente para revendas e floristas planejarem estoques para vendas em datas temáticas.

A Perfotec B.V responde pela distribuição oficial de FlexFresh no continente americano. “Isso se deve à necessidade de um trabalho conjunto para assegurar que a tecnologia de expansão de shelf life seja aplicada com base nos procedimentos que estabelecemos”, justifica Shankaran. “No entanto, pretendemos contar com um distribuidor local que possa trabalhar com a Uflex e a Perfotec para começar a desbravar o mercado do Brasil. No momento, temos agentes locais no Chile, Peru e Argentina e o Brasil integrará esta lista em breve”. •

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