Quando a pré-forma mais que performa

Husky turbina produtividade na injeção com inteligência artificial
Husky turbina produtividade na injeção com inteligência artificial

De sete anos para cá, o peso médio das garrafas PET caiu cerca de 20% no mercado interno. Essa projeção da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) traduz a junção das forças dos desenvolvimentos dos atributos do polímero e das tecnologias de sua transformação. Entre elas, a injeção da pré-forma configura capítulo à parte por suplantar uma penca de singularidades para as garrafas sopradas arrasarem no envase bebidas e alimentos líquidos, a exemplo dos ciclos de produção declinantes, escalas ascendentes e a proeza de aumentar a leveza da embalagem sem abrir mão das propriedades vitais para a aplicação. Um rasante pela evolução técnica de mercado da produção das pré-formas e uma radiografia do parque de injetoras delas no Brasil é o prato quente desta entrevista de Paulo Carmo, gerente do negócio de embalagens para sistemas de injeção no Brasil da canadense Husky, pivô do estado da arte nesses equipamentos.

Paulo Carmo da Husky
Paulo Carmo: atualização da indústria de pré-formas ditada por volumes crescentes e economia operacional.

Poderia estimar, em média, o número de injetoras (todas as marcas) de pré-formas na ativa no Brasil, idade média desse parque e se está atualizado ou não?

O universo de máquinas ativas no mercado interno de pré-formas é muito variado em termos de tamanhos e idade do equipamento. Se considerarmos apenas modelos de médio e grande portes – representam 90% do PET transformado –, podemos estimar um número aproximado entre 200 e 250 dessas injetoras em funcionamento. A visibilidade das máquinas de pequeno porte é limitada, devido ao pequeno volume de resina processado por elas.
Entre as máquinas de grande porte, a idade média do parque se situa entre 10 e 15 anos. O mercado brasileiro passa por constantes ciclos de atualização, tendo em vista as necessidades de aumento de volume e redução de custo operacional. Embora muitos equipamentos antigos ainda estejam em operação, é possível concluir que este parque fabril está razoavelmente atualizado. Por sinal, esta observação está em linha com a competitividade, em termos de custo de produção, das empresas localizadas em nosso país.

Vida útil é o parâmetro para checar se a injetora é aproveitável?

Definir a defasagem de um equipamento apenas por seu tempo de uso não é uma forma adequada de fazer essa classificação. Afinal, os ciclos de evolução tecnológica variam no tempo de duração. Podemos dizer que, após ciclos baseados em produtividade e redução de custo operacional, hoje podemos constatar o avanço da injeção de pré-formas no sentido do processamento de PET reciclado.

O excedente global de PET virgem cresce puxado pelas expansões de capacidade que tornarão a curto prazo a China autossuficiente e com volumes maiores da resina para exportar. E os países que hoje suprem a China precisarão desovar suas resinas em outros mercados quando ela atingir a independência produtiva. Isso significa viés de baixa para preços de PET virgem. Qual o reflexo dessa superoferta e preços depreciados sobre a demanda de injetoras de pré formas?

Vale lembrar que mudanças e eventos que ocorrem no exterior chegam filtrados ao nosso mercado. Isso é normal se analisarmos diferentes países e suas características e dinâmicas relativas à oferta interna e mecanismos de proteção, por exemplo. Ao olharmos para o Brasil, já dispomos há algum tempo de oferta da resina PET maior que o consumo. Somente isso já coloca o país fora da curva. Ou seja, efetivamente os efeitos do mercado global serão diferentes no plano local se nos compararmos aos países menos protecionistas. Dessa forma, o mercado global ditará os preços praticados no Brasil, mas sempre estando sujeito ao filtro tributário e alfandegário aqui existente.
PET já se mostrou extremamente competitivo e vem ganhando participação e a preferência como material para embalagem. Na eventualidade de superoferta de resina virgem, a tendência é que haja maior demanda para os sistemas de injeção de pré-formas.
Quanto ao cenário do material reciclado, há muito ele não se configura como uma opção de custo, pois seu preço, em condições de processamento e oferta que o Brasil tem, está associado ao preço da resina virgem. Hoje, o reciclado é uma opção por sustentabilidade e circularidade, parte integrante das estratégias dos grandes brand owners.

Quais os critérios para definir se uma embalagem PET deve ser destinada à reciclagem mecânica ou química?

A reciclagem mecânica já é uma realidade há algum tempo, integra a dinâmica do mercado nacional. A reciclagem química ainda está em desenvolvimento e os obstáculos vão sendo retirados. O conceito é muito interessante e devemos ter novidades no futuro próximo, pois existem desafios no balanço energético e na definição do custo do material resultante da reciclagem química.
A definição se uma garrafa deverá passar por reciclagem mecânica ou química passa por decisão econômica. Ou seja, a destinação ocorrerá conforme as oportunidades no mercado.

Quais as oportunidades vislumbradas pela Husky para introduzir recursos de inteligência artificial (IA) em sistemas de injeção de pré-formas?

O uso de soluções envolvendo big data e IA já são uma realidade no portfólio da Husky. Há algum tempo introduzimos em todos os equipamentos um produto chamado Advantage+, ou simplesmente Adv+. Trata se tem um sistema de monitoramento e aquisição de dados operando 24 horas em 7 dias por semana. Através dele são monitorados centenas de parâmetros de processamento em milhares de sistemas em operação em todo o mundo. A IA atua no processamento e correlação desta enorme quantidade de dados com potenciais problemas e falhas. Através do monitoramento, qualquer correlação de dados com potencial de causa de falhas é identificada e o operador da máquina é comunicado de imediato. Dessa forma, é possível evitar algo capaz de resultar em parada de máquina e os elevados custos associados a esse tempo de ociosidade em linha.

Como avalia os progressos na redução de espessura de pré-formas em sistemas de injeção da Husky?

Uma série de fatores justifica a crescente escolha de PET como material de embalagem. No entanto, poucas soluções de embalagem evoluíram tanto em termos de custo e redução de peso. Reduzir o peso de uma garrafa está associado em geral à redução de espessura da pré-forma. Pré-formas mais leves apresentam desafios para injeção, como velocidades maiores. Se considerarmos uma janela de três anos por exemplo, houve no Brasil a introdução de garrafas de água sem gás de 500 ml na faixa de 7 g. Os equipamentos de injeção de pré-formas para essa apresentação vêm sendo introduzidos há alguns anos. Hoje, os sistemas de última geração da Husky, por exemplo os da família HPP (modelos HPP5e e HPP6e), podem injetar virtualmente qualquer pré-forma projetada para qualquer nova garrafa.

Como a Husky avalia a possibilidade de reforçar sua presença na cadeia PET e em periféricos estendo o braço em equipamentos auxiliares para separação de sucata PET e para etapas de sua reciclagem mecânica?

A estratégia da Husky é focar no desenvolvimento das tecnologias como líder na injeção de pré-formas. Ou seja, nosso foco é o desenvolvimento de máquinas, moldes e equipamentos auxiliares diretamente associados. Também atuamos na engenharia, projeto, instalação de fábricas de injeção. Trabalhamos em sintonia e muito próximos aos parceiros na área de reciclagem, buscando sinergias entre nossos equipamentos. Entendemos que o reciclado é uma realidade e desenvolvemos tecnologias para seu melhor processamento, mas atuar em equipamentos de reciclagem não faz parte de nossos planos.

As tecnologias de injeção de pré-formas da Husky hoje admitem a possibilidade de trabalho com teores de qual percentual máximo de PET reciclado bottle to bottle (BTB), visando embalagens em contato com alimentos?

Nossos sistemas de injeção da geração HPP6e estão habilitados a processar até 100% de PET BTB.

A plataforma HyPET 6e é a última palavra da excelência da Husky em sistemas de injeção de pré-formas. Quais as principais diferenças e avanços concretos apresentados por este novo sistema em comparação com as gerações anteriores?

O grande ‘motto’ (lema) da geração HyPET6e é a otimização no processamento de resina reciclada, associado ao menor consumo energético da indústria, além dos menores ciclos e incremento do número de cavidades por tonelagem de fechamento. Na edição deste ano da feira americana NPE demonstramos uma máquina HyPET400HPP6e rodando um molde de 144 cavidades e injetando pré-formas de 5.9g de PET reciclado em ciclo pouco acima de 4 segundos.
Esta plataforma apresenta inúmeros desenvolvimentos que permitem a performance acima, tais como os novos sistemas de potência e de recuperação de energia cinética e elevados níveis de controle, interface e monitoramento, permitindo até mesmo a leitura da cor da pré-forma produzida e sua alteração/correção através da dosagem de pigmento em tempo real. Na mesma ocasião apresentamos o sistema Advantage+, monitorando a máquina em operação no estande.
Por último, mas não menos interessante, devemos lançar em breve uma patenteada tecnologia de secagem de resina PET. Ela inova em termos da alta regularidade operacional e redução de consumo energético e de frequência de manutenção, atributos que a tornam excelente opção para secagem de resinas 100% virgens até 100% recicladas ou com qualquer nível de mistura. •

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