Austrália deixa de produzir eteno

Falência da Qenos também desfalca produção local de PE
Qenos: produção inviabilizada pelo encarecimento do gás australiano
Qenos: produção inviabilizada pelo encarecimento do gás australiano

Instaurados pelo último ciclo, ainda em curso, de expansão da capacidade mundial de poliolefinas, os novos padrões de competitividade em petroquímica estabeleceram contagem regressiva para plantas obsoletas em tecnologia, de custos impraticáveis, não integradas upstream e com escalas hoje vistas como ínfimas. São essas forças que selaram a sorte da Qenos, única produtora de eteno da Austrália, com braço no polímero e considerada em estado falimentar dias após ter sido vendida pela estatal chinesa Chem China, sua controladora por 19 anos, ao fundo privado Laop BidCo Pty Ltd., relata matéria no site Plastics News. Segundo foi divulgado, a quebra da petroquímica foi causada pelos altos preços do gás natural australiano e pelo fechamento, em 2021, de uma refinaria na localidade de Altona pela ExxonMobil, acionista anterior da Qenos com a empresa nativa Orica.

Altona e Botany são subúrbios de, respectivamente, Melbourne e Sydney que sediam as veteranas plantas de PE da Qenos. Remanescente dos anos 1960, o complexo em Altona roda com etano de terceiros duas plantas que totalizam capacidade aproximada de apenas 120.000 t/a de PEAD. Por sua vez, a operação em Botany exibe, com quatro fábricas, capacidade total na órbita de 60.000 t/a de PEBD e cerca de 100.000 de PEBDL. A notícia repassada por Plastics News assinala perdas da ordem de US$ 52 milhões no balanço da Qenos relativo ao ano fiscal terminado em 30 de junho de 2022. E para cavucar mais a chaga aberta, o site em Botany está paralisado desde fevereiro de 2023, devido ao colapso de uma torre de resfriamento, de restauração interrompida, enquanto o parque fabril de Altona funciona apenas com duas de suas quatro unidades desde que a ExxonMobil desligou a refinaria nas imediações.

McGrathNicol, firma especializada em restruturação empresarial e designada para administrar a massa falida, assegurou à mídia que o fundo Laop, novo proprietário da Qenos, honrará todos os compromissos. No embalo, comunicou o final definitivo da produção em Botany e adiantou estar em avaliação o destino a curto prazo da capacidade em Altona. O noticiário da mídia lança a hipótese de que o verdadeiro objeto de desejo do Laop ao abocanhar o controle da petroquímica anciã seria o acesso às áreas dos dois complexos, valorizadas pela proximidade de estrutura ferroviária e reservatórios de água.

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