Ao apoiar promessa de transformar 10 milhões de toneladas de plásticos reciclados em 2025, as representações da economia circular na União Europeia deram a bandeirada de largada numa torrente de investimentos hoje em curso no continente, O grosso dos recursos contempla a reciclagem química, pois considerada a chave para eliminar a sucata de polímeros imprópria para a reciclagem convencional. Este comprometimento paira em torno da fábrica erguida pela empresa Pyro Energy ao norte de Portugal. Dependente apenas de uma licença de operação final para entrar formalmente em cena, ela tem capacidade de recuperar, pela tecnologia de pirólise, até 12.000 t/a de resíduos de poliolefinas e poliestireno pós-consumo, situa Mariano Tieppo, sócio e gerente comercial da Pyro Energy. “Até o momento é a única planta no gênero de escala industrial existente em Portugal e está rodando com licença provisória”, ele sublinha.
A Pyro Energy tomou corpo em 2011, quando o sócio fundador e atual CEO Roberto Sanchez montou sua primeira unidade de reciclagem química de pneus inservíveis. “Depois participamos de mais de 30 projetos desse tipo entre serviços de consultoria, reengenharia e montagem integral de plantas”, retoma o fio Tieppo, inserindo Johanna Castañeda como a terceira acionista. Em 2019, a tiracolo de tecnologia de processo e produto final licenciada pela empresa EPC, a Pyro Energy imergiu no projeto da fábrica de reciclagem avançada, erguida com recursos dos controladores e pronta para energizar a cadeia lusa do plástico. “A principal motivação para o empreendimento foi desenvolver uma solução tecnológica complementar à tecnologia mecânica e que possa contribuir para o cumprimento das metas de reciclagem de embalagens plásticas na União Europeia até 2025”, assinala Tieppo.
A Pyro Energy firmou recente fusão com o conglomerado do empresário Avelino Reis. “Este grupo atua no mercado ibérico nas áreas de gestão de resíduos, produção de combustíveis alternativos, geração de energia elétrica e transporte de cargas”, descreve Tieppo. Hoje em dia, ele complementa, a margem de manobra da Pyro Energy vai da administração de rejeitos ao desenvolvimento de projetos de reciclagem e venda da resina para segundo uso. Conforme expõe sucinto, sua unidade recebe, da Sociedade Punto Verde, a sucata já separada e a recicla para obter o denominado óleo circular. Tecnologia ultra consolidada, o plástico pós-consumo submetido à pirólise resulta em óleos usados tanto como matéria-prima para a formulação de monômeros a seguir remetidos à polimerização de grades premium (inclusive com grau alimentício), sendo também utilizados na composição de combustíveis alternativos.
Tieppo enfatiza que sua operação de reciclagem avançada permite que os fluxos de resíduos plásticos se tornem matéria-prima para a petroquímica, “fechando assim o ciclo de circularidade”. No mais, ele distingue a rota química da reciclagem como a mecânica, cujos notórios pontos altos são o processo simplificado, mais rápido e menos eletroeintensivo. “A reciclagem avançada possibilita o processo de resíduos plásticos mistos e dispensa as etapas prévias de lavagem e secagem requeridas no processo mecânico”.
A Pyro Energy também trabalha em conjunto com a petroquímica espanhola Repsol, visando fornecer óleo resultante de plásticos pós-consumo para a linha de polímeros circulares desta parceira. “Também começamos a reciclar para a Tetra Pak Ibéria suas aparas e embalagens descartadas”. Em paralelo, segue o dirigente, sua empresa acumula projetos em países como México e Chile. “Estamos negociando a contratação de um representante no Brasil e confiamos que desembarcaremos em 2023 no país e na Argentina, onde são grandes as oportunidades de negócios para quem tem acesso a resíduos plásticos, uma questão em geral complexa de resolver”. •
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