O canteiro de Flores

Três anos de crise atenuaram um pouco, mas segue de pé ...
Flores: 34 anos de realização profissional
na Astra

Três anos de crise atenuaram um pouco, mas segue de pé uma impaciência típica da Geração Y no âmbito da realização profissional: pular de emprego em emprego se o trabalho frustrar e promoções não pintarem céleres. Confrontada com tanta pressa, dá o que pensar a trajetória de Manoel Flores, diretor superintendente da Astra, pois, praticamente, sua carreira nunca cortou o cordão umbilical com uma empresa que escreveu – e assim continua – capítulos a rodo da penetração do plástico em materiais de construção no país.

Em 60 anos de estrada, a Astra, fundada e controlada pela família Oliva, virou um totem cercado de números caixa alta. Com seis fábricas em Jundiaí, interior paulista, ela faturou R$508,6 milhões no ano passado, quando consumiu 10.000 t/a de 20 resinas dirigidas a todos os processos de transformação. É a nº1 em assentos sanitários e foi pioneira no país em transformados como caixas d’água rotomoldadas e tubos de polietileno reticulado para água quente e fria. Ainda em 2016, lançou mais de 200 produtos, ofertados em 33.500 pontos de vendas, e investiu R$ 4,8 milhões no parque industrial. Um ponto-chave de inflexão na rota da Astra, que estreou em 1957 com artefatos de madeira, foi o pé enfiado na canoa do plástico a partir da década de 1960, por entrever no material um jogo de ganha ganha, por economizar custos e melhorar seus produtos, diz Flores.

“Depois da passagem por um negócio imobiliário da minha família, debutei numa indústria ao estagiar por dois anos na fábrica de pincéis Tigre”, conta o dirigente. “Entrei na Astra aos 24 anos, em 1983, como engenheiro recém formado. Soube da vaga na faculdade, por dois amigos contratados meses antes pela empresa”. Flores sublinha, a propósito, ter se graduado em engenharia de produção mecânica e, até então, sem a menor noção do universo de materiais de construção. “Casa com a vocação da Astra para preparar seus quadros. 99,8% da mão de obra, diretoria inclusa, foram formados internamente”. Isso também ajuda a explicar a alta incidência de pessoal há décadas na ativa no grupo jundiaiense.

Flores não subiu no organograma num passe de mágica, naquele ritmo prezado pela Geração Y. “Entrei como engenheiro trainee na área de planejamento e controle de produção e três anos depois passei a gerência industrial. Em 1996, fui promovido a diretor industrial, mudando para diretor comercial em 2015 e em 2010 me tornei diretor superintendente”.
Com essa milhagem de voo, Flores entrou então na tela do radar dos talentos assediados na praça para sair do grupo. Na década de 1980, por sinal, entre um punhado de concorrentes, a Astra enfrentava, em especial, duas empresas com triplo do seu tamanho, as extintas Goyana e Cypla. Mas Flores acabou fisgado de vez pelas chances de crescimento e pela peculiar política de RH desenhada por um dos fundadores da Astra, Francisco de Assis Cechelli Oliva. “Por exemplo”, ilustra Flores, “cismei um dia de partir para um negócio próprio, uma concessionária de veículos. O Dr. Oliva soube e perguntou se vender carro era mais rentável que uma indústria. Como neguei, ele propôs ser meu sócio numa indústria que toquei em paralelo ao trabalho na Astra”. Foi assim que os dois parceiros abriram uma firma para usinar peças de alumínio, produção mais tarde desdobrada em itens como espelhos e esquadrias do mesmo metal e, resumo da ópera, a empresa acabou incorporada pela Astra.

No périplo pelos cargos que exerceu, Flores, de uma forma ou outra, participou de desenvolvimentos com que a Astra demarcou linhas divisórias em materiais de construção, a exemplo de sistemas de descarga, chicotes hidráulicos e elétricos e utensílios domésticos para cozinha e lavanderia. “Participei diretamente do projeto dos assentos almofadados ( recheio de espuma de poliuretano com casca de copolímero de eteno álcool vinílico/EVA e tampa de polipropileno), lançados em 1987 e até hoje na preferência do consumidor”, ele distingue.

Flores salienta que a Astra sempre expandiu com recursos próprios. De um lado, essa prudência a livrou dos juros pátrios na lua, mas, do outro, nota o diretor superintendente, talvez essa característica tenha feito a Astra ampliar menos do que poderia. “Mas crescemos com uma base muito sólida e rentabilidade satisfatória”. O melhor canteiro para a carreira de Flores florir. •

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