3D em carne e osso

Um projeto do professor Nilo Mestanza Muñoz e 12 pesquisadores na Universidade Federal do ABC (UFABC) deve contar pontos para popularizar a impressão 3D no Brasil. Sem bolsa ou financiamento a tiracolo, o grupo começou há dois anos a desenvolver um equipamento mais barato e versátil que os convencionais na praça. Em regra,  atesta o cientista, impressoras 3D processam copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) ou ácido polilático (PLA). “A nossa máquina utiliza qualquer material com temperatura de fusão de até 500ºC, inclusos poliamida (PA) e PVC”, ele sublinha. O preço do invento gestado na universidade beira U$ 1000, enquanto alguns tipos importados de alta tecnologia chegam a sair por algumas centenas de milhares de dólares, ele compara.
A tacada deu certo a ponto de extrapolar a pesquisa acadêmica e, até agora, o grupo contabiliza quatro equipamentos produzidos e aperfeiçoados a cada unidade montada. Uma das formas de baratear a impressora, detalha Muñoz, é a utilização de software do tipo open source, ou código aberto, cuja licença para uso não é cobrada. O próximo passo buscado pelo grupo de pesquisadores, batizado de Dinama, é a possibilidade de ter na máquina um só bico extrusor que consiga processar mais de um material ou cor na mesma operação. Outras impressoras 3D, esclarece o especialista, mostram-se aptas a lidar com diferentes tipos de termoplásticos, porém sem que estejam juntos.
A impressora 3D montada na UFABC é indicada para prototipagem rápida em diversos ramos, a exemplo do fornecimento de brinquedos e autopeças. Contudo, o projeto que mais ganhou relevância até agora foi a de prótese de mão, de apenas 400g, feita de ABS. O grupo já imprimiu todas as peças de um modelo utilizado para terapia de quem teve esse membro amputado. A inspiração, conta Muñoz, veio do exoesqueleto desenvolvido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, do corpo docente da Duke University, integrante da primeira linha do ranking do ensino superior nos EUA. Sua invenção, aliás, permitiu a um jovem com paralisia nas pernas mover de leve a bola do jogo Brasil x Croácia no Itaquerão, como parte da festa da abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho passado.
Maria Elizete Kunkel, professora da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), já trabalhou com o grupo do professor Nilo Muñoz. A prótese de ABS, ela assinala, ainda não foi regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) porque sua vida útil e resistência, por ora, não foram devidamente estudadas. De qualquer forma, concorda, configura uma opção de confecção rápida e baixo custo em comparação a contratipos de materiais tradicionais, mesmo que apenas usada dentro de hospitais para tratamento de deficientes físicos. Amputados no Brasil chegam a esperar anos por uma prótese definitiva, salienta a doutora.
No plano geral das impressoras 3D, retoma o fio Muñoz, esse é o momento em que o equipamento, antes restrito às indústrias automobilísticas e aeroespacial, começam a se massificar mundo afora. Isso aconteceu, ele assinala, pela necessidade de se fabricar protótipos de forma ágil e acessível, mesmo em pequenas empresas. “Foi também a motivação para criarmos nossas impressoras”, conclui o pesquisador. •

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