Apesar de suas peculiaridades econômicas e culturais, o Nordeste pouco destoou, em seu consumo de laticínios, das demais regiões assoladas pela pandemia no primeiro semestre. Um scanner preciso dessa aferição é o desempenho da cearense Betânia Lácteos, maior indústria no gênero do mercado nordestino, com cinco fábricas na região e líder nas vendas locais de leite UHT. Além do avanço no movimento de derivados lácteos a Betânia, atenta a comportamentos do público inalterados pelo corona, sentiu chão firme no mesmo período para bancar um pioneirismo no setor alimentício nacional: o uso da embalagem plástica da sueca Ecolean, sem contratipo doméstico, para envasar sua vitamina batida Bat Gut, contendo cereais, frutas e iogurte.
Durante a infestação do covid 19 na primeira metade do ano, Bruno Girão, CEO da Betânia, constatou um crescimento da demanda por seus produtos em duas frentes. “No compartimento de leite, iogurte e bebida láctea, os consumidores nordestinos associam estes produtos à saudabilidade e recorreram a eles durante a pandemia como forma de se alimentar bem e zelar pelas condições físicas”, percebe o dirigente. “Também houve uma alteração em hábitos de consumo através da migração de embalagens individuais para familiares, muitas vezes devido à redução de idas ao ponto de venda e a dificuldades no armazenamento”. O outro empurrão nas vendas da Betânia, completa Girão, veio da ala de produtos que constituem ingredientes de receitas. “Por exemplo, leite condensado e creme de leite”, encaixa o CEO. “Com os restaurantes fechados na quarentena, todo mundo resolveu se arriscar na cozinha”.
Entre os lácteos da Betânia que mais perderam espaço nas compras do consumidor nordestino no primeiro semestre, Girão distingue manteiga, coalhada, queijo, aromatizados e leite pasteurizado. “Estes dois últimos foram os mais penalizados em volumes absolutos”, ele aponta. “As vendas de aromatizados recuaram por causa da queda no consumo de embalagens individuais, que respondem por 81% do volume de vendas da linha, em particular quando o consumo ocorre fora do lar, caso de merenda escolar ou durante o deslocamento de pessoas, duas situações minadas pela pandemia”.
Ganhos na praticidade
Já entre os campeões de vendas nos seis meses iniciais, Girão elege petit suisse, requeijão, leite condensado, em pó e fermentado e, por fim, bebidas lácteas. É neste último nicho que a Betânia estreia no país a embalagem flexível Ecolean Air 1000 na apresentação dos dois sabores (goiaba com cereais e morango com banana e aveia) da vitamina Bat Gut. “Avaliamos os hábitos do público do produto, até então ofertado apenas em sachê, e percebemos oportunidades para proporcionar mais praticidade”, justifica o empresário. “Afinal, a embalagem dispensa a necessidade de uma jarra para conservar a vitamina na geladeira e vem com uma alça que melhora a experiência na hora de servir. Além disso, o clipe abre e fecha aprimora a conservação da vitamina no refrigerador”. Pelo flanco da sustentabilidade, Girão enaltece a leve embalagem sueca, com shelf life de 45 dias, em razão do consumo reduzido de plástico, água e energia em sua manufatura. “Seu resíduo pós-consumo pode ser reciclado ou incinerado para gerar energia”.
A Betânia investiu cerca de R$1,5 milhão na vitamina Bat Gut, montante que também inclui a importação do equipamento de envase da nova embalagem. Ela está sendo produzida na unidade de Morada Nova (CE), com máquina também provida pela Ecolean e cuja capacidade é dimensionada pelo CEO em 3.000 unidades/h. Girão afirma ter alguns projetos em andamento para estender o uso de Ecolean Air 1000 a outros produtos da Betânia. “Por enquanto, porém, estamos avaliando a performance da embalagem na vitamina”.
Filme coextrusado
Lucimar Molina, diretora de vendas da Ecolean para a América do Sul, esclarece que a Betânia adquiriu a linha de envase EL1+. “Ela integra uma série de máquinas de consumo de utilidades e nível de perdas reduzidos”, explica a executiva. “As embalagens vêm da Suécia pré-formadas em bobinas, prontas para serem colocadas na linha trazida pela Betânia”. A propósito, encaixa a executiva, a Ecolean já oferta uma nova versão da EL1+, apta a envasar até 7.000 unidades/h de embalagens de 500 ml, 1.000 ml e 1.500 ml com tempo de mudança entre volumes de 10 minutos na máquina.
Ecolean Air 1000, a embalagem não asséptica escolhida para o projeto da Betânia, consta de um filme coextrusado sem barreira e com a participação de polietileno e polipropileno, revela Lucimar, sem abrir o número de camadas, especificar os grades e a disposição dos substratos. Bruno Girão assinala que a embalagem é constituída em até 35% (em peso) por carbonato de cálcio, carga mineral que proporciona resistência, rigidez e brancura à solução de envase sueca. “Ecolean Air 1000 não possui alumínio em sua estrutura, permitindo o aquecimento direto no micro-ondas”, insere Lucimar. Ainda na esteira dos diferenciais da embalagem, ela enfatiza o dispositivo SnapQuick. “Trata-se de um lacre que contribui para conservar o conteúdo envasado”, ela define. “Depois de aberta a embalagem, basta dobrar a ponta e pressionar os dois botões de plástico para fechá-la e guardar no refrigerador até o próximo consumo”.
Com formato de jarro e alça rígida cheia de ar, garantindo a funcionalidade no manuseio, os recipientes da Ecolean se mantêm de pé, mesmo quando quase vazias, acentua Lucimar, acrescentando que o shelf life, contado após o envase, é definido pelo fabricante do alimento. “As embalagens permitem o consumo quase total do conteúdo e, quando isso ocorre, elas tornam-se planas feito um envelope, o que significa menos resíduo gerado”, finaliza a diretora. •