O corona e suas mexidas viscerais no cotidiano da população ricochetearam no setor plástico a ponto de tirar os sistemas e serviços de saúde do rodapé das frentes de consumo do material. Uma referência estelar dessa reviravolta é a performance da Centralpack Embalagens, controlada do Grupo Prati-Donaduzzi, ás de ouros nacional em medicamentos genéricos. “Antes da pandemia, prevíamos 20% de crescimento nas vendas este ano, uma expectativa mantida em função dos mercados em que atuamos e do comportamento do consumidor durante a quarentena”, coloca Gimenes Silva, diretor da transformadora há 15 anos na ativa em Toledo, no oeste paranaense.
A Centralpack manobra em três direções: plásticos, cartonagens e alumínio (fitas, p.ex.) para os mercados de fármacos, produtos de higiene pessoal, alimentos e entretenimento. Dispõe de impressão offset e flexográfica. O portfólio de produtos transformados com resinas, distingue Silva, engloba potes, frascos, dosadores e tampas, fornecidos por quatro injetoras e oito sopradoras. “No ano passado, consumimos em média 125 t/mês de polipropileno (PP) e polietileno de alta densidade (PEAD), volume correspondente a 65% da capacidade instalada”, situa o diretor.
“Tal como o mercado farmacêutico, o de alimentos considerados essenciais foi contemplado com forte demanda no primeiro semestre, por conta do aumento do consumo nos lares resultante da quarentena”, atribui Silva. “Vale o mesmo para o segmento de higiene e limpeza, em razão da maior preocupação com a assepsia pessoal e dos ambientes de convívio”. Foi no segmento dos cinemas que a situação pretejou. “A queda em nossas vendas foi brutal devido ao fechamento das salas de exibição e também sentimos a redução nos pedidos de embalagens para cosméticos e alimentos essenciais, contrapõe o dirigente. “Mas na composição geral do nosso portfólio, os mercados de melhor desempenho mais do que compensaram os de saldo negativo, promovendo um importante crescimento para a Centralpack na primeira metade do ano”, ele constata. De janeiro a maio último, por sinal, as vendas da Centralpack expandiram 28% sobre o mesmo período de 2019, encaixa o diretor como base para o negócio fechar de novembro próximo de 20% a 25% maior. Outro alívio destacado por Silva: “a grande maioria dos clientes tem mantido a dinâmica de seus negócios sem pedir para prorrogar prazos de vencimentos, o que nos livra de fazer o mesmo com nossos fornecedores”.
Hoje em dia, reparte o diretor, 70% da produção da Centralpack é destinada aos fármacos genéricos da Prati-Donaduzzi, também sediada em Toledo. “Nossa meta é reduzir em cinco anos essa participação a 60% e servir outros mercados com os 40% restantes, a partir de uma estratégia de abertura comercial amparada na solidez financeira do grupo”, adianta Silva.
O alastramento da pandemia não inspirou o desenvolvimento de embalagens pela Centralpack no primeiro semestre. Mas o corona e a economia deprimida não impediram a participação da empresa num lançamento-chave da Prati-Donaduzzi: o frasco âmbar da solução de oral de canabidiol, a primeira no país com produção autorizada, oficializada em 22 de abril, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). •